Erom Cordeiro e Silvio Guindane (foto: Carlos Fofinho)

Com narrativa ágil e realista, a série é de tirar o fôlego, já que é curta e cheia de reviravoltas.

A Globo não está de brincadeira quando investe no mercado de séries para streaming. Logo depois de Aruanas, chega o novo lançamento do Globoplay, a igualmente ótima A Divisão, coprodução entre AfroReggae Audiovisual, Multishow e Hungry Man. A primeira temporada, 5 episódios curtinhos, estreou no Globoplay em 19/07. A segunda temporada (já pronta), está sem data de estreia, mas espero que seja logo (quero saber o fim dessa história!). Em 2020, A Divisão vai para exibição no Multishow. Há ainda o filme A Divisão, uma outra trama com o mesmo elenco, também com lançamento para 2020.

José Júnior (o criador), Vicente Amorim (o diretor) e alguns atores receberam a imprensa para a apresentação de A Divisão. No evento, falaram sobre as dificuldades de gravação, sempre em ambientes reais. Chamou a atenção o relato de José Júnior sobre negociação com bandidos para poder gravar em favelas. Os diretores abriram mão de gravar na comunidade Tavares Bastos, onde as novelas sempre recorrem, por ser pacificada (caso de A Força do Querer e Vidas Opostas).

Marcos Palmeira e Dalton Vigh (foto: Carlos Fofinho)

A Divisão dramatiza a ação do DAAS – divisão antissequestro da polícia do Rio de Janeiro – sobre o sequestro de uma adolescente, filha de um político, nos anos 1990. A série é baseada em histórias e personagens reais e aborda a onda de sequestros que aterrorizou o Rio no final da década de 1990, quando aconteciam 11 sequestros por mês na cidade. Impressiona o realismo das ambientações, interpretações e narrativa. A Divisão não “passa pano” para ninguém, bandido ou mocinho, mesmo porque, nessa trama real “não há mocinho, só vilão” e “os fins justificam os meios” – palavras dos próprios diretor e criador. “A diferença entre polícia e bandido é uma linha tênue“.

Assim são retratados os policiais protagonistas, vividos por Silvio Guindane, Erom Cordeiro, Marcos Palmeira, Natália Lage e Thelmo Fernandes – todos em atuações “viscerais”. Além de preparadores de elenco, os atores tiveram longos treinamentos e assessoria e entrevistas com pessoas nas quais seus personagens foram inspirados. Até pela importância na trama e carga dramática de seus personagens, Silvio Guindane e Erom Cordeiro são os que mais se destacam. Sabe quando o olhar fala mais que as palavras?!

Foto: Carlos Fofinho

O primeiro episódio apresenta os personagens e introduz a trama. A chapa ferve a cada novo capítulo, marcado por reviravoltas, até o ápice no penúltimo e o gancho de tirar o fôlego no último. A Divisão não perde tempo com firulas, mesmo porque a trama é compacta, o tempo urge e os policiais precisam resgatar a menina com vida…

Um dado real importante, passado por José Junior, é que a força tarefa do DAAS foi a única ação de segurança pública que deu certo no Rio de Janeiro, fazendo cessar os sequestros naquele momento. “O sequestro não é um bom negócio“, concluiu um personagem. Muito mais ultrajante que a violência, por vezes explícita na série, é a bandidagem dentro da polícia escancarada na trama: os conchavos, articulações e negociações com bandidos para obter lucros. E o “sequestro do sequestro”, algo estarrecedor.

“As coisas só vão começar a mudar quando a delegacia de entorpecentes parar de traficar e a antissequestro parar de sequestrar”, fala do personagem de Bruce Gomlevsky, um delegado.

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