Sinopse

A milionária Ingrid Von Herbert vem ao Brasil procurar o filho desaparecido, que lhe havia sido tomado na Itália, pelo pai da criança, na época da Segunda Guerra. Aqui, ela conhece e se apaixona pelo mecânico Fran, mas resiste a esse amor, pois desconfia que ele possa ser seu filho. Existem outras suspeitas, mas esse mistério perdura toda a trama. Um fato inusitado muda o rumo da história: o pai de Fran, Sandro, tem seu carro sabotado e morre em um acidente.

Ao final, descobre-se que o culpado foi Tarquínio, morador da fazenda vizinha. O irmão de Fran, o caipira Tonho, estava prestes a se casar com a esnobe Regina, filha de Tarquínio, que, por sua vez, queria esse casamento para se livrar da falência. Sandro sabia das reais intenções de seu vizinho e tentou alertar a todos. Porém, o motivo maior do crime foi a vítima ter descoberto que Tarquínio estava planejando matar a própria esposa, Belinha.

Por fim, quando Fran vai remexer os papéis do pai que havia morrido, descobre toda a verdade sobre o mistério do filho desaparecido de Ingrid. Ele estava bem próximo: tratava-se de seu irmão Tonho. Meio-irmão, já que Tonho é filho de seu pai, mas não de sua mãe, e sim de Ingrid. Sandro era o homem que, no passado, havia tomado de Ingrid o seu filho na Itália e trazido para o Brasil.

Bandeirantes – 19h
de 16 de abril a 30 de dezembro de 1979

novela de Vicente Sesso
direção de Jardel Mello e Arlindo Pereira Silva

Novela posterior no horário
Pé de Vento

FERNANDA MONTENEGRO – Ingrid Von Herbert
LUIS GUSTAVO – Fran
DÉBORA DUARTE – Regina
DAVID CARDOSO – Tonho
ROLANDO BOLDRIN – Orestes
IRENE RAVACHE – Zeny
ANTÔNIO MARCOS – Nando
FÚLVIO STEFANINI – Dudu
CÉLIA COUTINHO – Márcia
EDSON FRANÇA – Tarquínio Mendes Carneiro Assunção Fonseca
MÁRCIA DE WINDSOR – Belinha
MARIA ISABEL DE LIZANDRA – Carolina
RAYMUNDO DE SOUZA – Zé Roberto
WANDA KOSMO – Amália
CARMEM SILVA – Milu
ROBERTO PIRILO – Julinho
DAVID JOSÉ – Carlos
TAUMATURGO FERREIRA – Bruno
FAUSTO ROCHA JR. – Fábio
BABY GARROUX – Natércia
ANA MARIA NASCIMENTO E SILVA – Tatiana
LÍBERO RÍPOLI FILHO – Sandro Borelli
MARIA DO ROCIO – Delly
VALDIR FERNANDES – Rafael
MIDORE TANGE – Sanai
BETTY SADDY – Carla
ARLINDO BARRETO – Ronaldo
ANDRÉ LOUREIRO – Johnny
RUTHINÉIA DE MORAES – Mimi (Isméria)
JOÃO KLEBER – Camané
OSMAR DE MATTOS – Bebeto
RICARDO LEITE – Jece
DINAH RIBEIRO – Dorora
JEFFERSON RICART PEZETA – Juca
EDITH SIQUEIRA – Maria Totonha
ROBERTO BOLANT – Lúcio
AFONSO NIGRO – Júnior
MÁRIO MARCOS – Tico
ELEU SALVADOR – Padre

e
ANDRÉ LEÃO
CÁSSIA KISS – empregada de Ingrid
DAVID LEROY
DIMAS ANTÔNIO
FELIPE LEVY
HELÔ PINHEIRO
JOSELITA ALVARENGA
LUPE FERREIRA
MARIA HELENA STEINER
NATHÁLIA TIMBERG – Renée (amiga de Ingrid)
RAUL TOLEDO
SEBASTIÃO CAMPOS – Raul Polandrini (ex-marido de Márcia, pai de Delly e Júnior)
Álvaro (filho de Cândida)
Cândida (amiga de Amália)
Chulé (matador)
Cremilda (empregada de Amália)
Doutor Coelho (advogado)
Katia (amiga de Regina)
Jaqueline (amiga prostituta de Mimi)
Josefa (empregada de Milu)
Suely (amante de Tarquínio)

Novo mercado

Em 1979, a TV Bandeirantes, sob a direção de produção e programação de Carlos Augusto Oliveira (o Guga, irmão do Boni, da Globo), abriu um núcleo de produção de dramaturgia aproveitando que a TV Tupi dava seus últimos suspiros, perdendo vários profissionais, sem emplacar uma novela de sucesso e deixando a Globo isolada na liderança da audiência.

Para tanto, a Bandeirantes lançou com grande promoção a novela Cara a Cara, que reunia um elenco estelar, com atores da Tupi e Globo. Era a retomada da emissora na produção de novelas depois de oito anos – a última havia sido As Asas São Para Voar, em 1970.

A produção era esmerada e o elenco se esforçou ao máximo para dar ao autor Vicente Sesso a mesma projeção que tinha na Globo, onde escreveu novelas de sucesso às 19 horas (Pigmalião 70, Minha Doce Namorada e Uma Rosa com Amor, entre 1970 e 1973).

Mudança de horário

Cara a Cara estreou às oito da noite, mas era inviável concorrer com a novela Pai Herói da Globo, no auge de seu sucesso. Um mês depois da estreia, a trama da Bandeirantes passou para as sete horas.

A oito dias da estreia, a emissora solicitou à Censura Federal que a novela, que havia sido liberada para as 20 horas, passasse a ser exibida às 19 horas. A justificativa da Bandeirantes: “O fato das emissoras concorrentes terem uma audiência cativa na faixa das 20 horas” e uma nova filosofia de abrir novos espaços “para garantir nossa proposta de ampliar o mercado de trabalho”.

O documento, assinado por Carlos Augusto de Oliveira, fazia referência às novelas Feijão Maravilha, da TV Globo, e O Direito de Nascer, da TV Tupi, e o diretor acreditava ser Cara a Cara “perfeitamente compatível com as exigências do horário”.
(“Beijo Amordaçado – A Censura às Telenovelas Durante a Ditadura Militar”, Cláudio Ferreira)

Elenco

Fernanda Montenegro retornava às novelas, das quais estava afastada havia nove anos. Comentou-se à época da estreia de Cara a Cara que o salário oferecido pela Bandeirantes era irrecusável. A atriz estava em evidência: no cinema com o filme Tudo Bem, de Arnaldo Jabor, e no teatro com a peça É…, de Millor Fernandes. Um afastamento não intencional, como revelou à jornalista Ana Maria Tahan para o Jornal do Brasil, de 17/04/1979 (TV Pesquisa, PUC-Rio):
“Deixei de trabalhar na televisão apenas pelas circunstancias. Não sou contra ela, como meio de expressão, mesmo porque trabalhei vinte anos seguidos na TV, de janeiro de 1951 a janeiro de 1970. Apenas não dava mais tempo de conjugar minhas outras atividades, principalmente o teatro, com a TV. Nesse intervalo, fiz apenas dois teleteatros: Joana D’Arc, na Tupi, e Medéia, na Globo.”

Por seu trabalho na novela, Fernanda Montenegro foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor atriz de 1979 – juntamente com Nicette Bruno, por Como Salvar Meu Casamento, Cleyde Yáconis, por Gaivotas, e Regina Duarte, pela série Malu Mulher.

Presença no elenco do cantor Antônio Marcos, que ainda assinou a direção musical da novela e escreveu e/ou gravou algumas músicas da trilha sonora (como o tema da abertura). Na história, seu personagem, o mecânico Nando, se torna cantor.
Antônio Marcos era então casado com Débora Duarte (pais da também atriz Paloma Duarte), que também atuava na trama, mas em outro núcleo. Esta foi a segunda e última novela do cantor: em 1970, ele atuou em Toninho On The Rocks, na Tupi. Antônio Marcos faleceu em 05/04/1992, vítima de insuficiência hepática.

David Cardoso, na época famoso como ator e produtor de filmes de pornochanchada, teve aqui sua segunda experiência como ator de novelas. A anterior foi em O Grande Segredo, na TV Excelsior, em 1967.

Estreia na televisão dos atores Taumaturgo Ferreira, Raymundo de Souza e Valdir Fernandes e da atriz Cássia Kiss, em um pequeno papel (empregada da protagonista).
Primeira novela da então atriz, apresentadora e jornalista Baby Garroux.
Também o primeiro trabalho de Afonso Nigro (com 9 anos na época), que mais tarde fez carreira musical – participou da boy band Dominó e depois seguiu carreira solo.
Ainda, o único trabalho como ator na TV de João Kleber, que tornou-se apresentador de televisão, com programa próprio.

Crítica

Trecho da resenha da crítica Maria Helena Dutra, no Jornal do Brasil, em 15/06/1979 (TV Pesquisa, PUC-Rio)

“Fernanda Montenegro ainda não encontrou aqui cenas de muito brilho individual. Mas atuando 10% do que sabe, dá o seu toque de classe ao entretenimento. David Cardoso aproveita bem a oportunidade e se apresenta como galã a um grande público que não vai à pornochanchada. Débora Duarte e Luis Gustavo estão perfeitos, repetindo suas especialidades, e Fúlvio Stefanini, embora bem mais bonito do que em outras novelas, está abusando de um sotaque chorão. Irene Ravache ainda está desperdiçada, Márcia de Windsor muito correta, Carmem Silva aprimora sua velha meio doida, João Kleber é uma ótima revelação.

A parte técnica não rende igual, sendo o maior defeito um persistente problema de som em cenas fora do estúdio. Há também alguns tropeços em imagens e ritmo. Mas nada que chegue a atrapalhar demais o esforço geral. A trilha sonora é igualzinha às da Globo e isso não é um sintoma positivo. O melhor em toda essa aventura da Bandeirantes no muito percorrido caminho da novela é que ela não entrou em nenhum atalho amadorístico, mas oferece ao público uma realização que, mesmo não estando isenta de erros, é extremamente profissional.”

Abordagens

Muito antes da novela Mandala (Globo, 1987-1988), Cara a Cara já aguçava a expectativa do público com a suspeita de incesto na trama, por meio da personagem Ingrid (Fernanda Montenegro), que procurava pelo filho desaparecido e se apaixonava por um rapaz, Fran (Luis Gustavo), desconfiando que fosse ele o seu rebento. Porém, no final, diferente do que ocorreu na novela da Globo, não houve incesto: o filho de Ingrid era outro e ela pôde viver o seu amor por Fran.

Cara a Cara pegava carona na onda das discotecas: a exemplo de Dancin´ Days, do ano anterior, uma boate foi um dos principais cenários da trama.

Locações

De acordo com o codiretor Arlindo Pereira (em entrevista a Ana Maria Tahan, Jornal do Brasil, 17/04/1979, TV Pesquisa PUC-Rio), apenas 30% das gravações ocuparam o estúdio de 800 metros quadrados da TV Bandeirantes. 70% da novela foi feito fora dos estúdios, em fazendas, discotecas, hotéis e ruas de São Paulo.

Merchan na abertura

O merchandising era explícito na novela, inclusive na abertura, com propagandas dos jeans US Top e da bicicleta Caloi. Nas reprises, esses anúncios foram suprimidos da abertura.

Exibições

Primeira novela exportada da TV Bandeirantes. Na Itália fez grande sucesso. (Jornal do Brasil, 16/09/1995, TV Pesquisa PUC-Rio)

Cara a Cara foi reexibida em três ocasiões. A primeira reprise aconteceu de 06/10/1980 a 07/08/1981, na íntegra, inicialmente às 14 horas e, depois, transferida para as 11 da manhã. A segunda aconteceu no segundo semestre de 1983, às 18 horas, bastante editada. E a terceira, em 1991, pelas manhãs.

E mais

Além da novela, a Bandeirantes batizou de Cara a Cara um programa de entrevistas apresentado por Marília Gabriela entre 1987 e 1995.

Trilha sonora nacional

01. CARA A CARA – Antônio Marcos (tema de abertura)
02. EU, A VIOLA E DEUS – Rolando Boldrin (tema de Tonho)
03. ACENDA O FAROL – Tim Maia (tema de Fran)
04. CAMPEÃO DOS CAMPEÕES – Sérgio Sá
05. MENINA DOS SONHOS – Cão Fila
06. ORELHÃO DE AVENIDA – Carlinhos Vergueiro
07. UMA FESTA PRA MIM – Débora Duarte
08. NA HORA DO ALMOÇO – Belchior (tema de Tarquínio e Belinha)
09. FOLHETIM – Gal Costa
10. REVELAÇÃO – Fagner
11. TEMPO DE VOAR – Maria Marta e Antônio Marcos
12. CIGARRA – Simone

Trilha sonora internacional

01. WHO’S LOVIN’ YOU – Dobie Gray
02. SHAKE YOUR GROOVE THING – Peaches & Herb
03. LOVE TAKE TIME – Orleans
04. GLI AMORI FINITI – Ornella Vanoni (tema de Ingrid e Fran)
05. WHEELS OF LIFE – Gino Vanelli
06. LOVE IS THE ANSWER – England Dan & John Ford Coley
07. SHOOTING STAR – Dollar
08. PARIS AT 21 – Peter Allen
09. EVERYTIME I THINK OF YOU – The Babies
10. LOVE’S BEEN GOOD TO ME – Rod McKuen
11. DON’T CRY OUT LOUD – Melissa Manchester
12. THIRD MELODY – Steven Schlaks
13. SPECIAL SONG – Danny Rush
14. ITE MISSA EST – Martin Circus

Coordenação de produção: Sérgio Lopes
Direção musical: Antônio Marcos

Temas originais da novela

01. CARA A CARA – Antônio Marcos (tema de abertura)
02. GRÁVIDA – Débora Duarte
03. UMA FESTA PARA MIM – Débora Duarte
04. TEMPO DE VOAR – Antônio Marcos e Maria Martha

Ainda
CIAO – Pupo

Tema de abertura: CARA A CARA – Antônio Marcos

Cara a cara, cara a cara, cara a cara
Eu quero ver
Cara a cara, cara a cara, cara a cara
É pra valer

Vamos falar sinceramente sobre nós
Vamos gritar até ferir a nossa voz
Não vê que a festa começou
Só você se escondeu, se guardou

Nosso passado entrou na dança e vai mostrar
Derrotas que nós dois tentamos não contar
Agora é tarde prá fugir
Sem fingir, sem mentir, sem sangrar

Vai tem que ser cara a cara rodada na decisão
É pra valer minha cara
Esse jogo não tem perdão
Tem um de nós escondendo uma carta maior na mão
É isso aí, tá na cara, na mesa e no coração

Cara a cara, cara a cara, cara a cara
Eu quero ver
Cara a cara, cara a cara, cara a cara
É pra valer

Vamos gritar até ferir a nossa voz
E nas trapaças descobrir quem somos nós
É muito tarde pra pensar
Vem jogar, se arriscar, vem sangrar

Vai tem que ser cara a cara rodada na decisão
É pra valer minha cara
Esse jogo não tem perdão
Tem um de nós escondendo uma carta maior na mão
É isso aí, tá na cara, na mesa e no coração

Cara a cara, cara a cara, cara a cara
Eu quero ver
Cara a cara, cara a cara, cara a cara
É pra valer…

Veja também

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Pigmalião 70

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Minha Doce Namorada

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Uma Rosa com Amor (1972)