Sinopse

A irreverente Dulcinéa luta para manter seu teatro de revista, o Mambembe, cujo prédio pertence à tradicional família Maldonado. O patriarca, Salvador Maldonado, homem conservador, leva o clã a rédeas curtas, mantendo o controle sobre os negócios e os filhos: Joana, mulher elegante e esnobe, a maior defensora das ideias do Paizão, como os filhos o tratam; Téo, que sempre acatou calado os desmandos do velho; Walter, dominado pela irmã mais velha e o preferido do pai; e Lalucha, a caçula, estudante de cinema, contestadora e contra a caretice da família.

O conservadorismo de Maldonado acaba por minar o casamento de Walter com Belinha, por não conseguirem dar um tão desejado neto ao velho e por Belinha não aguentar mais a passividade do marido diante dos desmandos do sogro. Téo, por sua vez, se vê envolvido com duas mulheres. É noivo há seis anos de Maria do Carmo, retraída filha do Dr. Júlio Sampaio, médico e amigo da família. Para não desmanchar seu compromisso com Maria do Carmo, o que iria decepcionar o pai, Téo inventa uma doença que, em crises momentâneas, o faz agir como uma criança.

Téo mente para a família que faz terapia e que só se casará com a noiva quando estiver curado. E assim, vai empurrando seu compromisso com Maria do Carmo enquanto namora a geniosa Pepita, sobrinha de Dulcinéa e estrela do Mambembe. Dulcinéa não vê com bons olhos o namoro, pois entra em constante atrito com a família Maldonado, que lhe cobra os aluguéis atrasados do teatro, sempre em crise financeira. Desbocada e impulsiva, a empresária vive batendo de frente com o velho Maldonado e com a pose de Joana, que não tolera seus modos e espontaneidade.

Porém, Dulcinéa descobre um trunfo que pode salvar seu show da falência: uma carta de amor de uma antiga amiga vedete ao Sr. Maldonado e a revelação de um filho bastardo, o que põe o velho em maus lençóis. Em troca do silêncio de Dulcinéa, Maldonado perdoa a dívida e ainda empresta dinheiro para incrementar os shows do Mambembe, o que acaba por surpreender toda a família. Contudo, a morte do Sr. Maldonado e a abertura do testamento faz o segredo vir à tona: seu filho bastardo é Zeca, um empregado de confiança, braço direito de Maldonado nos negócios.

É quando a unida família começa a desmoronar, na luta pela herança e divisão de bens. Atordoado com a revelação de que é filho do patrão, Zeca encontra apoio no amigo Jaci, que trabalha no teatro de Dulcinéa e esconde um segredo: se faz passar por homem, mas na realidade é mulher. Para competir no mercado de trabalho e ajudar o pai doente e pobre, a jovem assumiu a identidade de um falecido irmão. Tornando-se o protegido de Zeca, Jaci não resiste à paixão e sofre calada, principalmente quando Zeca começa a namorar Sônia, sua prima, dançarina do Mambembe.

Bandeirantes – 19h
de 23 de junho a 29 de novembro de 1980

novela de Ivani Ribeiro
direção de Henrique Martins e David José
supervisão de Wálter Avancini

Novela anterior no horário
Pé de Vento

Novela posterior
Dulcinéa Vai à Guerra

DERCY GONÇALVES – Dulcinéa
YONÁ MAGALHÃES – Pepita
FÚLVIO STEFANINI – Téo
RODOLFO MAYER – Salvador Maldonado (Paizão)
MÁRCIA DE WINDSOR – Joana
ROLANDO BOLDRIN – Alberto
KITO JUNQUEIRA – Zeca
WANDA STEFÂNIA – Jaci
JORGE DÓRIA – Barbosa
WALTER PRADO – Walter
CARMEM MONEGAL – Belinha
MARTA VOLPIANI – Lalucha
MAXIMIRA FIGUEIREDO – Maria do Carmo
NEWTON PRADO – Dr. Júlio Sampaio
CARMINHA BRANDÃO – Dedé
ETTY FRASER – Elisa
ALDO CÉSAR – Roque
GUILHERME CORRÊA – Porfírio Padilha
RAFAEL DE CARVALHO – Viriato
ALZIRA ANDRADE – Sônia
REGINA DOURADO – Ivonete
JACQUES LAGOA – Xande
OSWALDO CAMPOZANA – Lambari
EDUARDO ABBAS – Vitório
DOUGLAS MAZZOLA – Juca
e
ARLETE MONTENEGRO
CELSO PERDIGÃO
CRISTINA PRADO – Cristina
EWERTON DE CASTRO – Corisco
LUPE FERREIRA – Luísa
MÁRCIA MAY – Márcia
PAULO LEITE – Dudu
WÁLTER SANTOS – Alemão

– núcleo da empresária DULCINÉA (Dercy Gonçalves), ex-vedete de teatro rebolado, hoje administra a sua própria casa de shows, o Mambembe. Mas pena para pagar os alugueis atrasados do espaço. Mulher sem papas na língua, fala o que pensa, desbocada, de modos por vezes grosseiros. Mas tem um bom coração – apesar de seus métodos nem sempre lícitos:
a sobrinha PEPITA (Yoná Magalhães), estrela da companhia, dançarina bela e talentosa, de personalidade forte como a tia, porém mais educada
o ex-marido BARBOSA (Jorge Dória), sujeito aproveitador que a abandonara há muitos anos. Retorna na segunda metade da trama. Para o seu desespero, pois ela o odeia
os funcionários do teatro: VIRIATO (Rafael de Carvalho), espécie de faz-tudo. Homem simples, tem uma queda pela patroa,
XANDE (Jacques Lagoa), diretor dos espetáculos,
e LAMBARI (Oswaldo Campozana), assistente de Xande
a dançarina IVONETE (Regina Dourado).

– núcleo da rica família Maldonado, que aluga o prédio para o Mambembe e com a qual Dulcinéa entra em constante atrito, tentando negociar os alugueis atrasados:
o patriarca SALVADOR MALDONADO (Rodolfo Mayer), homem orgulhoso, conservador, moralista, autoritário e rígido com os filhos. Acaba vítima da chantagem de Dulcinéa quando ela descobre que ele tivera um caso no passado com uma vedete, amiga sua. Ela o obriga a perdoar suas dívidas e a, inclusive, investir em seus shows – para a surpresa dos filhos, que estranham a mudança repentina de comportamento do velho. Morre no decorrer da trama
os filhos que o chamam de PAIZÃO:
TÉO (Fúlvio Stefanini), trabalha com o pai na empresa da família. Na frente dos familiares, é extremamente sério e responsável. Pelas costas, é um tipo bonachão, gozador e farrista. É noivo, há seis anos, de uma moça amiga da família. Mas não a ama, por isso vai empurrando o compromisso. Finge uma doença psicológica para adiar o casamento. É, na verdade, apaixonado por Pepita, com quem tem uma relação conturbada por causa do gênio intempestivo dos dois. Mas não tem coragem de assumi-la diante dos parentes, para não decepcionar o pai, de quem morre de medo,
JOANA (Márcia de Windsor), a filha mais velha. Mulher elegante, arrogante e esnobe, está sempre do lado do pai. Solteirona e recalcada, anulou-se para cuidar da família após a morte da mãe. Conservadora como o pai, faz o que pode para manter a paz em casa, o que constantemente gera conflito com os irmãos,
LALUCHA (Marta Volpiani), a caçula. Jovem contestadora e rebelde, estudante de Cinema. É contra a caretice de sua família e vive batendo de frente com o pai e a irmã mais velha,
e WALTER (Walter Prado), amante de cavalos, passa boa parte do tempo no haras da família. O preferido do pai, é um fraco, incapaz de contestar a autoridade do patriarca
a mulher de Walter, BELINHA (Carmem Monegal), com o casamento em crise por causa da passividade do marido. É contra o conservadorismo da família Maldonado
o braço direito e seu homem de confiança na empresa ZECA (Kito Junqueira), rapaz trabalhador que cresceu na organização graças à sua honestidade e competência. Após a morte do velho, descobre-se que ele é seu filho bastardo e que tem direito a parte da herança dividida entre os filhos legítimos
o funcionário PORFÍRIO PADILHA (Guilherme Corrêa), sujeito simpático e esperto, apaixona-se por Dulcinéa e almeja ser sócio dela no Mambembe
o empregado no haras da família, JUCA (Douglas Mazolla).

– núcleo de JACI (Wanda Stefânia), moça que se passa por homem para melhor concorrer no mercado de trabalho e sustentar o pai doente. Para tanto, assume a identidade de um falecido irmão gêmeo. Vai trabalhar como iluminador no Mambembe. Zeca se interessa pelo jeito retraído e reservado do rapaz e eles iniciam uma forte amizade. Mas nem desconfia que o amigo é uma mulher. Ela acaba apaixonada por ele:
o pai ROQUE (Aldo César), aposentado, doente, não pode mais trabalhar. O único que sabe que a filha se passa por homem. Desaprova a atitude dela
a prima SÔNIA (Alzira Andrade), que vem do interior e passa a morar em sua casa. Vai trabalhar no Mambembe como dançarina e começa a namorar Zeca – para o desespero de Jaci, que sente ciúmes e tem medo de Sônia descobrir a sua farsa.

– núcleo de ALBERTO (Rolando Boldrin), advogado, amigo de Maldonado. Apesar de estudado, é um homem simples, morador do campo. Entra em conflito com Joana, pelos temperamentos opostos. Mas acabam apaixonados:
o irmão mais velho DR. JÚLIO SAMPAIO (Newton Prado), médico de Maldonado, amigo da família
a cunhada DONA DEDÉ (Carminha Brandão), mulher do Dr. Sampaio, fofoqueira e maledicente. É dona de uma rotisseria próxima ao Mambembe
a sobrinha MARIA DO CARMO (Maximira Figueiredo), filha do Dr. Sampaio e de Dona Dedé. Moça retraída, religiosa, de poucos atrativos físicos, vive dentro de casa. Noiva de Téo, enrolada por ele há seis anos
a atendente no restaurante de Dona Dedé, ELISA (Etty Fraser), simpática, faceira, adora “gente de teatro”
o empregado na fazenda de Alberto, VITÓRIO (Eduardo Abbas), homem rústico e simplório.

Dercy

Feliz e deliciosa comédia que aproveitava o humor histriônico de Dercy Gonçalves, nessa primeira oportunidade no gênero telenovela, em uma personagem criada especialmente para ela: Dulcinéa, empresária de um teatro de revista, cheio de vedetes – nesse ponto, a trama tinha afinidades com a vida da artista, não que fosse baseada nela.

Cavalo Amarelo estreou no dia do aniversário de Dercy, 23 de junho, de 1980, quando ela completou 73 anos. A comediante faleceu em 19/07/2008, aos 101 anos.

Por sua atuação, Dercy Gonçalves foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor atriz de 1980 – juntamente com Tônia Carrero, pela novela Água Viva, e Regina Duarte, pela série Malu Mulher.
Também foi premiada com o Troféu Imprensa de melhor atriz – juntamente com Dina Sfat, por Os Gigantes.

O sucesso da personagem de Dercy foi tanto que a atriz emendou uma novela na outra: Dulcinéa Vai à Guerra, substituta no horário, era uma espécie de continuação de Cavalo Amarelo. Nessa nova produção, Dulcinéa se via às voltas com crianças abandonadas. Porém, essa novela foi um grande fiasco. Ivani Ribeiro não aceitara fazer a continuação e Sérgio Jockyman assumiu o texto (sendo mais tarde substituído por Jorge Andrade, acionado para tentar salvar a novela).

Censura

Por causa da presença no elenco de Dercy Gonçalves, Cavalo Amarelo foi visadíssima pela Censura do Regime Militar. O pesquisador Cláudio Ferreira narrou no livro “Beijo Amordaçado – A Censura às Telenovelas Durante a Ditadura Militar”:

“Os censores (…), ao examinarem o capítulo 15, fizeram uma observação curiosa: ‘Recomendamos que seja solicitado o abrandamento dos pronunciamentos de Dulcinéa que, além de fugirem constantemente do texto previsto, estão a cada dia se tornando inconvenientes para o horário a que se destinam. Informamos que a personagem é representada pela atriz Dercy Gonçalves’.

A fama de desbocada da comediante a perseguiu durante toda a novela. No capítulo 26, os censores retiraram as expressões ‘xiriba’ (umbigo) e ‘lelé da cuca tá a sua progenitora!’. Argumentaram que ‘os tais termos ficam engraçados pela maneira que estão colocados e pela personagem da atriz’.

No capítulo 32, a censora Eni Martins França Borges foi mais direta ao vetar a expressão ‘porque não sai nem com bicarbonato’. Ela justificou: ‘Em se tratando por personagem interpretada por Dercy Gonçalves, tal frase tem sentido conotativo direto com ejaculação’.

Elenco

Destaque para a atuação de Wanda Stefânia, ao interpretar Jaci, uma moça que se passava por homem para garantir o sustento da família. O texto da personagem denunciava o machismo no ambiente de trabalho, em que a mão de obra masculina é mais valorizada.

Cavalo Amarelo contou com algumas participações especiais do meio artístico brasileiro: Moacyr Franco, Hebe Camargo, Maria Alcina, Nelson Gonçalves, Tim Maia, José de Vasconcellos e Dudu França.

Reprises

A novela foi reapresentada em três ocasiões: em 1983, pelas manhãs;
de 02/01 a 21/07/1989, em 145 capítulos, de 2ª a 6ª feira, às 16h50;
e de 02/01 a 22/03/1996, em forma compacta, em 70 capítulos, de segunda a sábado, às 19h45.

Trilha sonora nacional

01. RODA DA FORTUNA – Kleiton e Kledir (tema de abertura)
02. INCOMPATIBILIDADE – Oswaldo Montenegro (tema de Téo)
03. CONDENADOS – Fátima Guedes (tema de Jaci)
04. PELA VIDA AFORA – Raul Ellwanger
05. LUGAREJO – Nana
06. CHOVENDO NA ROSEIRA – Banda Bandeirantes (tema geral)
07. MADRUGADA TROPICAL – Rubão Sabino
08. MUITAS PESSOAS – Secos & Molhados
09. O DIA SEGUINTE – Paulinho Nogueira (tema de Joana)
10. INFLAÇÃO – Belo Xis
11. SEGREDO – Cacá Bloise e Aroldo Santarosa
12. SOU APENAS UMA SOMBRA – José Léo

Trilha sonora internacional

01. WHY NOT ME – Fred Knoblock
02. PASTURES GREEN – Rod McKuen
03. DREAMING – Stacy Lattisaw
04. YOU GOT TO LOSE – George Thorogood
05. LOVE AT THE FIRST NIGHT – Sally Townsend
06. SCARBOROUGH FAIR – The September Strings
07. NATURE BOY – Jon Hendricks
08. MY WORLD IS EMPTY WITHOUT YOU, BABY – Mary McCaslin
09. HERE, THERE AND EVERYWHERE – Rod McKuen
10. MOMENTS OF HAPPINESS – Rosalie Sorrels
11. CHANCES ARE – Sally Townsend
12. McARTHUR PARK – All That Brass

Coordenação de produção: Sérgio Lopes
Direção musical: Roberto Rosemberg

Trilha sonora complementar: Fundos Musicais

01. PARTIDO ALTO – Orquestra Daniele Patucchi
02. CASTIGO – Orquestra Ritz Ortolani
03. ALL BY MYSELF – Orquestra 88
04. PEPPERMINT RAINBOW – Orquestra Daniele Patucchi
05. CASANOVA AND COMPANY THEME – Orquestra Ritz Ortolani
06. GRACE – Orquestra Armando Trovaioli
07. TEM DENDÊ – Orquestra Daniele Patucchi
08. ADESSO E’ TUTTO QUI – Orquestra Daniele Patucchi
09. CASCATE E FIORI – Orquestra Daniele Patucchi
10. GODDESS WOMAN – Orquestra Armando Trovaioli
11. SMALL TOWN PLEASURES – Orquestra Stelvio Cipriani
12. HONEY MOON IN THREE – Orquestra Armando Trovaioli

Trilha sonora complementar: Temas Originais

SEGREDO – Aroldo Santarosa e Cacá Bloise
CHORA PALHAÇO – Maria Odette
O DIA SEGUINTE – Paulinho Nogueira
POR QUE? – Dimensão 5

Ainda
TEMA DE BELINHA – Stelvio Cipriani

Tema de abertura: RODA DA FORTUNA – Kleiton e Kledir

Em pleno século vinte
Eu quero mais é viver
Compro a felicidade
E o resto pago pra ver
Meu coração tem segredos
É um cofre sem solução
E sei cobrar cada beijo
Com juros e correção (ah, ah!)

Já bebi o fogo no gargalo do pavor
Em solução ácida sou um diabo a todo vapor
Mas o carinho tem o alvo que destrói
Em meio alcalino sou um menino, um herói

No meio desta cidade
Ah, nada mais tem valor
E essas paixões descartáveis
A gente chama de amor
Enquanto engorda a poupança
Destilo meu coração
Sei que no fundo a fortuna
É a roda da ilusão…

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