Sinopse

Tom é sequestrado no dia de seu casamento, deixando a noiva Gelly no altar. O sequestro era uma farsa planejada pelo rapaz para meter a mão no dinheiro da rica família da noiva. Só que ele não contava que os Grimaldi Prado Almeida estivessem falidos e vivessem de aparências. Apesar de Tom e Gelly se amarem, não conseguem realizar esse amor. Enquanto ele se aproxima de Léa, mulher charmosa, rica e mais velha, Gelly é assediada por Guto, o ex-noivo, ainda apaixonado por ela.

A mãe de Gelly, a interesseira Agda, vislumbrando livrar a família da derrocada financeira, tenta arranjar um casamento para a filha com o rico americano Paul Cleveland, sem desconfiar que o gringo é, na realidade, o camelô Zico, que vende nas ruas os produtos criados pelo inventor Belmiro, pai de Gelly. Zico, porém, se apaixona pela empregada da casa, a romântica Jacira, que corresponde ao sentimento, encantada com o (falso) americano.

Os encontros e desencontros de Tom e Gelly são entremeados com a história de Lúcia. Jornalista, amiga de Gelly, Lúcia tenta se levantar do casamento desfeito. Até que o baiano Amaro, um aspirante a cantor, simplório e sonhador, vai morar em sua casa por engano, transformando sua vida. Os dois acabam apaixonados e Amaro é finalmente alçado à carreira musical, como o cantor popular Ted Lover, o que acaba por minar a relação do casal.

Globo – 19h
de 3 de março a 6 de setembro de 1980
158 capítulos

novela de Carlos Eduardo Novaes
roteiro de Walther Negrão
direção de Roberto Vignati e Reynaldo Boury
direção geral de Gonzaga Blota

Novela anterior no horário:
Marron Glacé

Novela posterior
Plumas e Paetês

TONY RAMOS – Tom (José Antônio Barata)
SÔNIA BRAGA – Gelly (Maria Angélica Grimaldi Prado Almeida)
RENATA SORRAH – Lúcia Gomes
OSMAR PRADO – Amaro / Ted Lover
ROSAMARIA MURTINHO – Léa
THAÍS DE ANDRADE – Rosa
RENATA FRONZI – Agda Grimaldi Prado Almeida
CLÁUDIO CORRÊA E CASTRO – Belmiro Prado Almeida
NEY SANT´ANNA – Guto
FELIPE CARONE – Dr. Gomes
DANIEL DANTAS – Tatá (Otávio Grimaldi Prado Almeida)
HENRIQUETA BRIEBA – Cândida Prado Almeida
RUY REZENDE – Zico / Paul Cleveland
SÔNIA DE PAULA – Jacira
ELZA GOMES – Tia Lili
BRANDÃO FILHO – Jaime
NÁDIA LIPPI – Vilma
GILBERTO MARTINHO – João Barata
CHRISTIANE TORLONI – Cristina
REYNALDO GONZAGA – Roberto
ROBERTO BONFIM – Hércules P. Pereira (Pepê)
ALICE VIVEIROS DE CASTRO – Edna
GRACINDA FREIRE – Dona Valda
ANA ARIEL – Madame Zoraida
PAULO GONÇALVES – Souza
RUTHINÉA DE MORAES – Cacilda
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – Thomas
EDGARD FRANCO – Pablo Herrera
ESTELITA BELL – Dona Vitória
MARIA CRISTINA NUNES – Norma
DULCE CONFORTO – Patrícia
HELOÍSA HELENA – Carmem Gomes
TEREZINHA MOREIRA – Berta
AUGUSTO OLÍMPIO – Romeu
MARIA CRISTINA GATTI – Lurdes
GUGU OLIMECHA – Tarzan
TONY VERMONT – Cupim
GILDA SARMENTO – Dona Conceição

o menino EGON ASZMANN JR. – Andrezinho

e
AGNES FONTOURA – Leda (ex-mulher de João Barata, mãe de Tom)
ANA MARIA KREISLER – Silvia
ANTÔNIO CARLOS PIRES – Tito
ARMANDO BÓGUS
ÉRICA KUPPER – Myrian
FERNANDO JOSÉ – Tubarão
FLÁVIO MIGLIACCIO – motorista do táxi pego por Gelly, que vai atrás de Tom, no segundo capítulo
ILKA SOARES
JOÃO CARLOS BARROSO – Luís César (garçom do buffet Marron Glacé, contratado para o casamento de Gelly, no primeiro e segundo capítulos)
JONAS MELLO
JOSÉ MAYER – repórter que escreve uma matéria sobre Gelly abandonada no altar, no segundo capítulo
JOSÉPHINE HÉLENE – Bárbara (secretária do Dr. Gomes)
LAERTE MORRONE – Waldomiro (garçom do buffet Marron Glacé, contratado para o casamento de Gelly, no primeiro e segundo capítulos)
LEONARDO JOSÉ – repórter que grava uma matéria para TV sobre Gelly abandonada no altar
LIMA DUARTE – Oscar (garçom do buffet Marron Glacé, contratado para o casamento de Gelly, no primeiro capítulo)
LUIZ ORIONI – Tião (treinador de Cândida)
MARIA JOSÉ DA CONCEIÇÃO – Maria (empregada na casa de Léa)
MICHELE NAILLI – Alice
MILTON GONÇALVES – padre que celebraria o casamento de Tom e Gelly, que não aconteceu
NEY LATORRACA – Jonas (ex-marido de Lúcia, que a deixa, no segundo capítulo)
SCHULAMITH YAARI – Fátima (empregada de Hércules)
SILVIA SALGADO – Virgínia
SILVINHA PINHEIRO – Tânia
SUELY FRANCO
VERA BRITO – Helô (funcionária da loja de Léa)
YARA CÔRTES – Madame Clô (proprietária do buffet Marron Glacé, contratado para o casamento de Gelly, no primeiro capítulo)

– núcleo de TOM (Tony Ramos), rapaz cheio de ideias, criativo e brincalhão. Metido a esperto, tem planos mirabolantes para se dar bem e sempre acredita que seu grande momento está próximo. Ama a noiva, mas quer dar um golpe na família dela, que acredita ter muito dinheiro:
o pai JOÃO BARATA (Gilberto Martinho), homem um tanto amargo, se sente derrotado. Funcionário público aposentado, vive em casa, de pijama, cuidando de seus animais de estimação. Tem uma relação difícil com o filho, a quem não entende. Sonha para Tom uma vida diferente da que teve: um lar, mulher, filhos, caderneta de poupança e emprego fixo
a irmã de criação VILMA (Nádia Lippi), moça humilde, esforçada, tímida e romântica. Toma conta do pai, cuida da casa, trabalha e estuda à noite. Sente uma paixão reprimida pelo irmão
a namorada de Barata, CACILDA (Ruthinéa de Moraes), que ele conhece ao longo da trama. Mulher bondosa e paciente
a ex-namorada ROSA (Thaís de Andrade), com quem se relacionou no passado, mas ela ainda o ama. Hoje vive em uma cadeira-de-rodas e Tom custeia seu tratamento, fato que ele esconde de todos
a mãe de Rosa, DONA CONCEIÇÃO (Gilda Sarmento)
o amigo ROMEU (Augusto Olímpio), mineiro medroso que vive criticando-o, mas que também o inveja. Sócio com Tom em uma dedetizadora, aberta devido à sua mania de limpeza. Tem uma quedinha por Vilma
os funcionários da dedetizadora de Tom e Romeu: TARZAN (Gugu Olimecha) e CUPIM (Tony Vermont).

– núcleo de GELLY (Sônia Braga), moça de temperamento forte, alheia aos valores materiais de sua família, que já fora rica, mas agora está na ruína. Noiva de Tom, foi abandonada no altar no primeiro capítulo, como parte do golpe dele, que fingiu ser raptado para arrancar dinheiro da família dela. Porém, Tom não esperava que seus pais estivessem falidos. Com Tom, tem uma relação de gato e rato, cheia de idas e vindas:
os pais: BELMIRO (Cláudio Corrêa e Castro), entomologista, professor e cientista. Inventor, tem uma oficina no porão onde trabalha para criar algo que o faça enriquecer. Vive de aparências em uma mansão com vários objetos valiosos, vendidos à medida em que necessita de dinheiro. É um homem pacato, distraído e dominado pela mulher,
e AGDA (Renata Fronzi), mulher esnobe, vive aparentando mais do que tem. Frequenta chás de caridade e reuniões sociais. Às escondidas, lê fotonovelas, joga no bicho e pesquisa o horóscopo. Superprotege o filho caçula, a quem deseja ver seguindo a carreira diplomática, e procura um marido rico para a filha, para livrar a família da penúria financeira
o irmão TATÁ (Daniel Dantas), rapaz desligado, preguiçoso e relapso. Vive dando em cima da empregada e está sempre tentando passar a perna na mãe, de quem tira proveito por ela mimá-lo demais. Aficionado por futebol, é um dos líderes da torcida do Flamengo, a Flavela, função que disputa com Tarzan
a avó CÂNDIDA (Henriqueta Brieba), mãe de Belmiro. Velhinha moderna e ativa, mora sozinha, pratica cooper, e leva uma vida saudável. Exerce uma espécie de liderança na família. Irrita-se com a discriminação que sofre por tentar conseguir emprego, apesar da idade
a tia LILI (Elza Gomes), tia de Agda. Mora com a família em um quartinho minúsculo. Vive em uma cadeira de rodas e, com a idade, ficou surda. Apesar disso, está sempre tentando conversar, mas ninguém lhe dá atenção
o mordomo JAIME (Brandão Filho), está com a família há gerações. Solteirão, gosta de ler, estuda inglês e poupa dinheiro. É a ele que todos recorrem quando precisam de grana
a empregada JACIRA (Sônia de Paula), moça romântica que sonha com um casamento. Vive fugindo do assédio de Tatá. Esforçada, estuda à noite. Sente-se no direito de trabalhar pouco em casa, já que os patrões vivem atrasando seu salário
o amigo de Tatá, HÉRCULES P. PEREIRA, o PEPÊ (Roberto Bonfim), detetive particular de segunda, metido a espertalhão. Sonha se tornar o James Bond brasileiro. Criado no subúrbio, malandro e galanteador, fica deslumbrado quando começa a circular na alta roda.

– núcleo de LÚCIA (Renata Sorrah), melhor amiga de Gelly. Jornalista, trabalha na editoria de uma revista de moda. Vive em conflito com seu pai, um empresário, pois ele insiste que ela assuma os negócios da família. Viúva do primeiro marido, com quem teve um filho, sofre com a separação no segundo casamento:
o filho pequeno ANDREZINHO (Egon Aszmann Jr.), do primeiro casamento
o segundo marido JONAS (Ney Latorraca, participação), cansado da rotina de casado, não se entende mais com a mulher, a quem larga para recomeçar a vida em outra cidade
os pais: DR. GOMES (Felipe Carone), exportador de instrumentos musicais, dono da empresa Cuíca de Ouro. Capitalista ferrenho, só pensa em dinheiro. Não se cansa de repetir que veio do nada e que o dinheiro abre todas as portas. Seu grande sonho é levar o carnaval brasileiro para o exterior,
e CARMEM (Heloísa Helena), mulher engajada em movimentos de defesa dos animais. Discorda do marido, que é a favor da morte de gatos para fazer tamborins
a irmã PATRÍCIA (Dulce Conforto), garota fútil. Como o pai, só pensa em dinheiro. Faz balé, ginástica, jazz e vive em discotecas
a tia BERTA (Terezinha Moreira), irmã de Carmem. Viveu muito tempo nos Estados Unidos e, sempre que pode, conta suas experiências no exterior
a empregada LURDES (Maria Cristina Gatti), que começa a namorar Romeu
a secretária do Dr. Gomes, BÁRBARA (Joséphine Hélene).

– núcleo de AMARO (Osmar Prado), músico baiano, rapaz simplório e sonhador. Vem para o Rio de Janeiro tentar a vida como cantor. Vai morar na casa de Lúcia por engano. Os dois acabam apaixonados. Lança-se na carreira musical como o cantor popular TED LOVER, o que acaba minando sua relação com Lúcia:
a mãe DONA VALDA (Gracinda Freire), super protetora. Vive em Salvador, de onde fica monitorando o filho, para quem liga todo dia. Não aguentando ficar longe dele, parte para o Rio para visitá-lo e acaba ficando
a ex-namorada EDNA (Alice Viveiros de Castro), baiana simpática, expansiva e alegre.

– núcleo de LÉA (Rosamaria Murtinho), viúva bem de vida, dona de uma loja de móveis rústicos. Mulher bela, elegante e charmosa, assediada por muitos homens. A princípio, antipatiza com Tom, mas acaba caindo em sua lábia, já que ele decide conquistá-la:
os filhos: CRISTINA (Christiane Torloni), a mais velha, moça de personalidade forte. Dondoca, nunca precisou trabalhar. Tenta se realizar por meio do marido e vive estimulando-o a subir na vida. Faz análise, ginástica e não abre mão de um bom padrão de vida,
GUTO (Ney Sant´Anna), ex-namorado de Gelly, ainda apaixonado por ela. Não se conforma de ter sido trocado por Tom. Almofadinha e capitalista, trabalha em uma financeira. Vai se tornar o grande rival do Dr. Gomes quando decide concorrer com seu negócio. Ciumento da mãe e das irmãs, vive se metendo em suas vidas. Alvo do interesse de Patrícia, apaixona-se por Vilma, mas ela evita revelar-lhe que é irmã de Tom, seu desafeto,
e NORMA (Maria Cristina Nunes), a caçula. Estuda Comunicação e estagia na revista editada por Lúcia. É amiga de Patrícia e sofre o assédio de Tatá. Sente-se atraída por homens mais velhos
o genro ROBERTO (Reynaldo Gonzaga), marido de Cristina, com quem ele tem uma relação tempestuosa motivada pelo ciúme de ambos. Diretor executivo da firma do Dr. Gomes, seu objetivo é a presidência quando o patrão morrer. Alia-se ao cunhado Guto para dar um golpe em Gomes
a mãe DONA VITÓRIA (Estelita Bell), mulher inteligente e ativa. Começa namorar Jaime, o que levanta na família a discussão sobre o amor na terceira idade
os pretendentes: THOMAS (José Augusto Branco), diretor da revista onde Lúcia e Norma trabalham. Um tipo conquistador, eterno apaixonado por ela,
e PABLO (Edgard Franco), homem charmoso, alto executivo paulistano que vem trabalhar no Rio
a funcionária de sua loja HELÔ (Vera Brito)
a empregada MARIA (Maria José da Conceição).

– núcleo de ZICO (Ruy Rezende), camelô que fica amigo de Gelly. Vende os inventos criados pelo professor Belmiro. Para despistá-lo da família e da imprensa, Belmiro inventa a história de que ele é o rico americano PAUL CLEVELAND, vice-presidente de uma multinacional. Agda interessa-se em casá-lo com Gelly, sem saber que ele é na realidade um camelô. Gelly leva na brincadeira, mas a empregada Jacira se apaixona por Paul, acreditando na farsa, e Zico corresponde:
os pais: SOUZA (Paulo Gonçalves), motorista de táxi, homem trabalhador e um tanto simplório. Tem um cacoete: pisca um dos olhos repetidas vezes,
e MADAME ZORAIDA (Ana Ariel), cartomante e astróloga, lê bola de cristal. Sempre consultada por Agda, não passa de uma picareta. Esperta, alimenta em Agda a crença de que Paul Cleveland se casará com Gelly – vislumbrando um bom casamento para o filho Zico, já que acredita que a família de sua cliente é endinheirada.

Novela de crônica

Única experiência em telenovelas do escritor e dramaturgo Carlos Eduardo Novaes, à época cronista do Jornal do Brasil. Novaes contou com o auxílio do experiente Walther Negrão, creditado como roteirista.

A proposta do autor era levar para o folhetim televisivo a sátira urbana de origem literária, como sugeriu Artur da Távola em sua crítica no jornal O Globo de 07/09/1980 (após o término da novela):
“Essa proposta tinha coisas inovadoras excelentes e continha, senão impossibilidades, pelos menos ameaças a uma linearidade à qual o público das sete se acostumara.”

Chega Mais iniciou com a predominância de humor cínico e crítico no contexto de comédia de situação, muito diferente do que o público do horário estava acostumado à época, em que o padrão eram as comédias românticas de humor leve.
“A novela não é uma comédia, nem uma chanchada. Não é preciso caricaturar, nem sobreatuar. Os personagens são todos de verdade. Serão engraçados na medida em que a situação for engraçada”, explicou Carlos Eduardo Novaes ao jornal O Globo de 03/03/1980, por ocasião da estreia da novela.

Não havia um vilão na trama, todos os personagens tinham aspectos bons e maus. O tom era de humor ácido, às vezes escrachado e nonsense, o que fez com que Chega Mais fosse considerada uma “antinovela”, por fugir do habitual modelo água-com-açúcar do horário das sete da noite, que se fazia então.

Após a primeira semana, a novela recebeu várias críticas, apesar de sempre figurar entre os programas mais assistidos da TV brasileira. O próprio Carlos Eduardo Novaes usou sua coluna no Jornal do Brasil para rebater algumas delas. A TV Globo, por sua vez, promoveu ajustes na direção e na caracterização dos protagonistas. Aos poucos, a novela foi se adequando ao que se esperava na época.

Ismael Fernandes assim concluiu sobre Chega Mais em seu livro “Memória da Telenovela Brasileira”:
“Novaes e Negrão conseguiram, com uma certa artimanha, fazer uma novela de crônica. Não foi um sucesso, mas em nenhum momento elenco e produção foram comprometidos.”

Elenco

Entre as mudanças pelas quais passou a novela para adequar-se aos padrões estabelecidos, estavam alterações nos perfis e caracterizações dos protagonistas vividos por Tony Ramos e Sônia Braga. O público assustou-se ao ver Tony e Sônia, então grandes astros da Globo, de aspectos desleixados, ele cabeludo e muito barbudo, ela de cabelo grande e volumoso, muitas vezes desgrenhado, e quase sem maquiagem, longe da glamurização comum na televisão.

Não demorou para Tom, personagem de Tony Ramos, aparecer sem barba e cabelo cortado e penteado. Sônia Braga passou por uma transformação mais radical: sua personagem Gelly deixou de ser uma moça desapegada de vaidades mundanas para vestir-se com roupas talhadas e justas que destacavam sua silhueta, cabelo mais curto e arrumado e maquiagem pesada.
“Houve, é certo, a glamurização da Sônia Braga quando a emissora ficou com receio de ter a heroína das sete despenteada, desarrumada”, citou Artur da Távola no jornal O Globo de 07/09/1980.

Artur da Távola ainda dá conta de que a atriz não teria aprovado as alterações: “Sônia Braga embora dando declarações meio infelizes sobre a Gelly e a novela, foi correta profissionalmente.”

Chega Mais foi a última novela de Sônia Braga antes de a atriz mudar-se para os Estados Unidos, onde deu início à sua carreira internacional. Somente 19 anos depois, Sônia voltou a atuar em uma telenovela brasileira: Força de um Desejo, em 1999.

Um dos destaques do elenco foi Osmar Prado, em uma sensível caracterização como o sonhador músico baiano Amaro.

Primeira novela do ator Daniel Dantas e da atriz Maria Cristina Gatti. Primeira novela na Globo da atriz Ruthinéa de Moraes. Única novela na Globo do ator Edgard Franco.

Chega Mais começou sob a direção geral de Walter Campos. Antes mesmo da estreia da novela, o diretor foi substituído por Gonzaga Blota, que regravou todas as suas cenas. Seu assistente, Roberto Vignati, também não foi até o fim, sendo substituído por Reynaldo Boury a partir do capítulo 50. (jornal O Globo, 07/09/1980)

Crossover

Primeiro caso de crossover entre novelas em que a trama anterior “passa o bastão” para a substituta. O primeiro capítulo de Chega Mais contou com a participação de Lima Duarte, Laerte Morrone e João Carlos Barroso, revivendo os garçons do bufê Marron Glacé (da novela antecessora), contratados para trabalharem na recepção do casamento de Gelly (Sônia Braga em Chega Mais).

Questionados se os garçons tinham experiência em casamento, Luís César (João Carlos Barroso) deu uma risadinha e disse que na semana anterior haviam feito três – em referência aos três casamentos que aconteceram na última semana de Marron Glacé, inclusive o dele mesmo.

Também a proprietária do bufê, Madame Clô, vivida por Yara Côrtes, surge conversando ao telefone com Agda (Renata Fronzi), mãe da noiva, sobre os detalhes da recepção. Em uma fala espirituosa de Clô, a personagem diz que não poderá ir ao casamento: “Eu tô morta de cansada. Você não imagina o que eu trabalhei nesses últimos seis meses, um horror!”, em referência aos seis meses em que Marron Glacé ficou no ar.

Clô finaliza que vai descansar em uma cidadezinha do interior, alusão à escalação da atriz Yara Côrtes para o seriado O Bem-Amado – que estreou na sequência, em abril de 1980 -, em que viveu a nova delegada de Sucupira, Chica Bandeira. Deseja felicidades à noiva e sucesso – à nova novela, nas entrelinhas.

Título e abertura

O titulo seria Tom e Gelly – já que a novela sugeria uma briga (uma disputa, uma corrida) de gato e rato entre os protagonistas, até seu final. E o tema de abertura, a música “Corre Corre”, do disco de Rita Lee lançado em 1979. Porém, a direção da Globo optou por outra música do mesmo álbum da cantora, que nomeou a novela e serviu para a abertura, Chega Mais – mesmo esse título em nada remeter à trama da novela.

A mudança de titulo foi explicada pela área de marketing da emissora, pelo fato de o nome original fazer referência aos personagens animados Tom & Jerry. Segundo os profissionais, a Metro-Goldwyn-Mayer, então detentora dos direitos do desenho e sua distribuidora pelo mundo, é que acabaria faturando em cima da novela, pois exigiria uma parte de suas vendas no exterior (Jornal do Brasil, 02 e 26/12/1979).

A abertura – inocente aos olhos de hoje – causou frisson na época ao exibir casais se “aproximando” (chegando mais) de várias maneiras, algumas maliciosas e divertidas.
Malicioso também era o logotipo da novela, em que as palavras “chega” e “mais” se aproximam e o pingo da letra “i” de “mais” entra no espaço da letra “h” de “chega”, recebendo, por fim, a coloração vermelha.

Os nomes de Tony Ramos e Sônia Braga alternavam (se não diariamente, de tempos em tempos) a ordem de aparição na abertura da novela.

Repetecos

Com a novela, chegou às bancas de revistas o livro Receitas de Chega Mais, as Delícias da Cozinha Brasileira, com mais de 100 receitas de pratos e drinks brasileiros.

Chega Mais foi reapresentada entre 11 de abril e julho de 1983, pelas manhãs (às 11 horas), dentro do TV Mulher. Foi a última das novelas reprisadas no programa.

Em janeiro de 2024, o Globoplay lançou o Projeto Fragmentos, que disponibiliza novelas incompletas do acervo da Globo, de até 20 capítulos. Nesta primeira leva, foram liberadas O Rebu (1974-1975), Estúpido Cupido (1976-1977), Coração Alado (1980-1981) e Chega Mais – da qual, os capítulos 1, 2, 79, 80, 157 e 158, os únicos disponíveis.

Trilha sonora nacional

01. XÔ GAFANHOTO – Beth Carvalho (tema de Guto)
02. ABRI A PORTA – A Cor do Som (tema de Tom e Gelly)
03. SAINDO DE MIM – Simone (tema de Lúcia)
04. MENINO SEM JUIZO – Alcione (tema de Léa)
05. AGITO E USO – Frenéticas (tema de Gelly)
06. CHEGA MAIS – Rita Lee (tema de abertura)
07. FALANDO DE AMOR – Ney Matogrosso
08. TRILHOS URBANOS – Caetano Veloso (tema de Lúcia e Amaro)
09. VAZIO – Roberto Ribeiro (tema de Cristina)
10. PODE GUARDAR AS PANELAS – Paulinho da Viola
11. SOLIDÃO – Agepê
12. HOMENAGEM AO MALANDRO – Moreira da Silva
13. LINHA DE PASSE – João Bosco (tema de Amaro)

Sonoplastia: Adilson dos Santos
Direção de produção: Guto Graça Mello
Pesquisa de repertório: Arnaldo Schneider

Trilha sonora internacional

01. YOU AND I – Mireille Mathieu and Paul Anka (tema de Lúcia e Amaro)
02. I CAN’T HELP MYSELF – Bonnie Pointer
03. FEELING OLD FEELINGS – Dionne Warwick (tema de Léa)
04. THREE TIMES LOVE – Tommy James (tema de Cristina e Roberto)
05. EMOTIONS IN MY HEART – Chrystian (tema de Patrícia e Hércules)
06. GOT TO LOVE SOMEBODY – Sister Sledge
07. CLAIR DE FEMME – Jean Musy (tema de Gelly)
08. I’D RATHER LEAVE WHILE I’M IN LOVE – Rita Coolidge (tema de Guto e Vilma)
09. BETTER LOVE NEXT TIME – Dr. Hook
10. WITH YOU I’M BORN AGAIN – Billy Preston & Syreeta Wright (tema de Tom e Gelly)
11. A WALK IN THE PARK – Nick Straker Band
12. GONNA GET ALONG WITHOUT YOU NOW – Viola Wills
13. LET ME PARTY WITH YOU – Bunny Sigler
14. YOU SET MY DREAMS TO MUSIC – John Travolta (tema de Norma)

Tema de abertura: CHEGA MAIS – Rita Lee

Eu conheço essa cara
Essa fala, esse cheiro
Essa tara de lobo
Esse fogo, esse jeito

Escandaloso, você é guloso
E quer me sequestrar

Chega mais, chega mais
Chega mais, chegas mais, chega mais…

Depois me leve pra casa
Me prenda nos braços
Me torture de carinhos
Beijinhos, abraços

Depois me coce
Me adoce até eu confessar

Chega mais, chega mais
Chega mais, chegas mais, chega mais…

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