
Sinopse
O escultor pernambucano Juca Pitanga enviava suas obras para serem vendidas no Rio de Janeiro, até descobrir que elas eram negociadas pelo dobro do preço pelo atravessador, Leandro Serrano, um mau-caráter. Inconformado com a vida limitada no Nordeste, certo de seu talento e cheio de vontade de vencer, Juca não teve dúvidas: mudou-se para o Rio. Com ele, levou a família: a mãe Dalva e os irmãos mais novos, Anselmo e Aldeneide. Para o Rio, já haviam se mudado um outro irmão, Gabriel, que estava desaparecido, e um tio, Rômulo Pitanga.
Em contato com Gamela, funcionário do tio, Juca e família são instalados na pensão de Dona Nina, onde o artista conhece Vivian, por quem se apaixona. Por meio de Roberta, amiga de Vivian, ele é empregado na empresa de cerâmicas do pai dela, Alberto Karany. Lá, Juca conhece a irmã de Roberta, Catucha, a princípio, implicante, mas que, depois, descobre-se apaixonada e passa a promover a sua arte. A família Karany está em guerra com Silvana, ex-mulher de Alberto, que abandonou o marido e os quatro filhos para viver nos Estados Unidos.
De volta ao Brasil, Silvana exige a companhia de um dos filhos, mas enfrenta a hostilidade de todos. Interessada por Juca, ela o envolve, mas é dada como morta na noite que passa com ele. Com isso, sua irmã, Cristal, volta ao Brasil, após trinta anos, para investigar o sumiço da irmã e reencontrar Karany, o cunhado e antigo amor. Consigo, traz o filho, Piero, que se apaixona pela prima caçula, Alexandra. Este é um amor proibido: Piero é filho de Karany e, portanto, ele e Alexandra são irmãos. Cristal, porém, é a única a saber que Alexandra não é filha legítima de Karany.
Enquanto isso, Catucha, agindo como marchand de Juca, consagra sua arte. O artista se vê cada vez mais envolvido por ela e se afastando de Vivian, seu verdadeiro amor. Desiludida, Vivian deixa Juca, enquanto ele se une a Catucha. Adiante, Vivian é estuprada pelo cunhado Leandro, que há muito a assediava. Ao mesmo tempo que Catucha, Vivian engravida, mas não tem coragem de criar o filho e o entrega para adoção, se arrependendo mais tarde. A criança de Catucha nasce morta e ela recebe o filho de Vivian para criar, tratando-o como seu filho legítimo com Juca.
O artista, por sua vez, sai do país para encontrar o irmão Gabriel, um perseguido político, e passa dois anos no exterior, retornando depois com o irmão, beneficiado pela Lei da Anistia. Paralelo a esse conflito, correm as investigações acerca da morte de Silvana Karany. São suspeitos: seu ex-marido, Alberto, e Juca Pitanga, a última pessoa vista com a vítima, denunciado pela própria mulher, Catucha, ferida ao descobrir que o marido tivera um envolvimento amoroso com sua mãe e que retornara para os braços de Vivian, a mulher que ele sempre amou.
TARCÍSIO MEIRA – Juca Pitanga
VERA FISCHER – Vivian
DÉBORA DUARTE – Catucha (Camila Karany)
WALMOR CHAGAS – Alberto Karany
JARDEL FILHO – Barão Von Strauss (Tácio Von Strauss)
ARACY BALABANIAN – Maria Faz-Favor
NEY LATORRACA – Leandro Serrano
JOANA FOMM – Melissa
CARLOS VEREZA – Gabriel Pitanga (Bié)
NÍVEA MARIA – Roberta Karany
CARLOS AUGUSTO STRAZZER – Piero Camerino
MYRIAN RIOS – Alexandra Karany
TETÊ MEDINA – Cristal Camerino
PAULO FIGUEIREDO – Anselmo Pitanga
SIMONE CARVALHO – Neidinha (Aldeneide Pitanga)
ARMANDO BÓGUS – Jorge Gamela
JONAS MELLO – Rômulo Pitanga
EVA TODOR – Hortência Alencar
MÁRIO CARDOSO – Albertinho (Alberto Karany Filho)
LIZA VIEIRA – Ieda Caldas
MARCELO PICCHI – Cláudio
SÔNIA CLARA – Luciana Ravel
ROBERTO FAISSAL – Cacau Durães
LEONARDO VILLAR – Dr. Marcelo França
MARIA ZILDA – Glorinha
YARA SALLES – Dona Dalva Pitanga
YOLANDA CARDOSO – Dona Nina
LAJAR MUZURIS – Joel
MARIA HELENA VELASCO – Elza
REJANE MARQUES – Bartira
DIOGO VILELA – Gerson
CISSA GUIMARÃES – Carla
JACYRA SILVA – Léa
MONIQUE LAFOND – Danúbia
TONY FERREIRA – Jaime
DUDU MACHADO – Osmarzinho
TARCÍSIO FILHO – Carlinhos
as crianças
ISABELA BICALHO – Márcia
OBERDAN JÚNIOR – Marcelinho
e
ADELAIDE PALETTE (ADELAIDE CONCEIÇÃO) – mulher do caseiro José
ALBERTO BARUQUE
BÁRBARA FAZIO – Silvana Karany (ex-mulher de Karany, irmã de Cristal, acaba assassinada)
CARLOS WILSON – Mexicano (motorista dos Karany)
CHICA XAVIER – Carmem (empregada de Leandro)
CHRIS COUTO – secretária de Hortência
CIDINHA MILAN – Teresa (empregada dos Karany)
CLEMENTINO KELÉ – José (caseiro da casa de Cristal em Teresópolis)
DANIEL REZENDE – Eduardinho (filho de Vivian e Leandro criado por Catucha)
DIRCEU RABELLO – Sebastião (porteiro de um motel)
ELIANA ARAÚJO – Brigite (cozinheira na pensão de Nina)
FERNANDO JOSÉ – Ronaldo Torres (caso de Silvana do passado, verdadeiro pai de Alexandra)
FRANCISCO DANTAS
GERMANO FILHO – padre do convento para onde vai Alexandra
GEUFFER JÚNIOR – desenhista da fábrica de Karany
HAROLDO MACEDO
HAYLTON FARIA
HELOÍSA HELENA – Luzia (enfermeira vizinha de Melissa, faz o parto de Vivian e Leandro entrega o bebê para Catucha criar, como se fosse o filho dela e Juca)
HEMÍLCIO FRÓES
JESSÉ DANTAS – frequentador da pensão de Nina
JOANA ROCHA – trocadora de ônibus, amiga de Maria Faz-Favor
LAFAYETTE GALVÃO – delegado
LÍCIA MAGNA
LUÍS ORIONI – Sandoval
MANOEL ELIZIÁRIO – secretário de Rômulo
MILTON MORAES – Ângelo Salvat (chefão de Cacau Durães que acaba eliminando-o)
MOACYR PRINA – copeiro dos Karany
NOIRA MELLO
OTÁVIO AUGUSTO – Fábio
OTÁVIO CARNAVAL – frequentador da pensão de Nina
PIETRO MARIA BARDI como ele mesmo, como diretor do MASP, acompanhando Catucha e Juca
QUINTINO TIBÚRCIO – frequentador da pensão de Nina
RAIMUNDO EMERSON – massagista na academia de Von Strauss
SÉRGIO DIAS – massagista na academia de Von Strauss
SÉRGIO FONTA – Helinho (milionário com quem Aldeneide se casa, no final)
SUMARA LOUISE – enfermeira que trabalha para França
Carlito (namorado de Bartira, com quem ela se casa no final)
– núcleo de JUCA PITANGA (Tarcísio Meira), escultor nordestino que vem tentar a sorte com sua arte no Rio de Janeiro e traz junto a família:
a mãe DONA DALVA (Yara Salles), mulher simplória, sua principal meta no Rio é encontrar um dos filhos, que está desaparecido
os irmãos: GABRIEL (Carlos Vereza), estabeleceu-se no Rio alguns anos antes e acabou envolvido em complicações policiais, está foragido,
ANSELMO (Paulo Figueiredo), escritor de cordel. No Rio, tenta descobrir os problemas que cercam seu irmão Gabriel,
e ALDENEIDE, a NEIDINHA (Simone Carvalho), a caçula, bonita e faceira, um tanto ingênua e deslumbrada com a cidade grande
o tio RÔMULO PITANGA (Jonas Mello), bem-sucedido, sócio de uma funerária que serve de fachada para um cassino clandestino. Tenta ascender socialmente, apesar de sua péssima educação
a tia ELZA (Maria Helena Velasco), mulher de Rômulo, procura agradar em rodas da alta sociedade, mas vive cometendo gafes
o braço direito de Rômulo em seus negócios, JORGE GAMELA (Armando Bógus), chantageia a família Pitanga: promete entregar Gabriel à polícia se não permitirem seu casamento com Neidinha, por quem é apaixonado
o jovem pretendente de Neidinha, CARLINHOS (Tarcísio Filho).
– núcleo de ALBERTO KARANY (Walmor Chagas), escultor que abandonou a carreira e virou um respeitado marchand e um bem-sucedido executivo, dono de uma cerâmica artística. Pai dedicado de quatro filhos, que criou sozinho após a separação. Acusado de ter matado a mulher. Juca se emprega em sua empresa assim que chega ao Rio:
os filhos: CAMILA, ou CATUCHA (Débora Duarte), braço direito do pai e sua seguidora como marchand. No início é hostil a Juca, mas apaixona-se perdidamente e torna-se sua maior incentivadora, envolvendo-o emocionalmente. Ele acaba casando-se com ela em troca da divulgação de sua arte,
ROBERTA (Nívea Maria), estudante de Medicina. Envolve-se com Gabriel quando o conhece, o que acaba afastando-a do mundo glamoroso em que vivia,
ALBERTO KARANY FILHO, o ALBERTINHO (Mário Cardoso), esmagado pela fama do pai, tenta subir na vida independente de seu nome. Sofre de diabetes, o que preocupa a família,
e ALEXANDRA (Myrian Rios), a caçula, é a que mais sofreu com a separação dos pais, tendo se transformado em uma jovem carente
o amigo de Alberto Jr., CLÁUDIO (Marcelo Picchi), foi namorado de Catucha, é incentivado por Karany a conquistar Alexandra
a amiga de Alexandra, CARLA (Cissa Guimarães)
a secretária LÉA (Jacyra Silva), de sua inteira confiança
o motorista MEXICANO (Carlos Wilson), tem a confiança da família, com quem trabalha há muitos anos
a empregada TERESA (Cidinha Milan).
– núcleo do TÁCIO VON STRAUSS, o BARÃO VON STRAUSS (Jardel Filho), massagista na alta sociedade, sonha em se tornar colunista social. É uma das pessoas mais bem informadas do Rio de Janeiro. Carismático, inteligente e pouco ético, tenta se infiltrar nas altas rodas em busca de status, não importando o meio para isso:
as sobrinhas: VIVIAN (Vera Fischer), amiga e confidente de Roberta. Apaixona-se por Juca quando o conhece e os dois tem um complicado envolvimento amoroso, por conta da ambição dele e das investidas de Catucha,
e MELISSA (Joana Fomm), aeromoça, vive viajando e não pode controlar o que acontece em sua casa, o que acaba atrapalhando sua relação com a irmã. Noiva, se casa ao longo da trama, mas logo se separa. Vai envolver-se amorosamente com Karany
o sócio na academia JAIME (Tony Ferreira).
– núcleo de MARIA FAZ-FAVOR (Aracy Balabanian), mulher simples, batalhadora, trocadora de ônibus, figura sofrida e de grande coração. Tem um caso antigo com Von Strauss, apaixonada e explorada por ele, que tenta escondê-la de seus amigos grã-finos por ela ser uma mulher de modos rudes:
a filha com Von Strauss, a menina MÁRCIA (Isabela Bicalho)
a filha de seu primeiro casamento, com Gamela, BARTIRA (Rejane Marques)
a mãe DONA NINA (Yolanda Cardoso), dona da pensão onde a família Pitanga se instala quando chega ao Rio. Mulher sem papas na língua, não vê com simpatia a relação da filha com Von Strauss, fazendo de tudo para atrapalhar o romance dos dois
o pensionista JOEL (Lajar Muzuris), antigo empregado de Karany em sua empresa, torna-se amigo de Juca. Ao final, casa-se com Dona Nina
a cozinheira na pensão, BRIGITE (Eliana Araújo).
– núcleo de SILVANA (Bárbara Fazio), ex-mulher de Karany. Morava há anos nos Estados Unidos e chegou ao Rio disposta a reconquistar os filhos e levar um deles com ela para Nova York. É hostilizada pelo ex-marido. Teve um caso com Juca. Acaba misteriosamente assassinada. Karany e Juca são os principais suspeitos de sua morte:
a irmã CRISTAL CAMERINO (Tetê Medina), assim como ela, mora há anos nos Estados Unidos, onde é dona de um clube privê e de uma galeria de arte. Retorna ao Brasil para investigar o seu desaparecimento
o sobrinho PIERO (Carlos Augusto Strazzer), filho de Cristal, com quem morava no exterior. Quando vem ao Rio, apaixona-se por Alexandra. Porém o amor dos dois é inviabilizado, não por serem primos, mas porque desconfia-se que ele seja filho de Karany, ou seja, irmão de Alexandra, já que Karany envolvera-se com Cristal no passado. Mais tarde descobre-se que Alexandra não era filha de Karany, mas de RONALDO TORRES (Fernando José), que aparece no final da trama para elucidar o caso. Esse fato faz com que Alexandra e Piero terminem juntos
a amiga de Piero, IEDA CALDAS (Liza Vieira), pintora, vai namorar Alberto Jr.
o caseiro JOSÉ (Clementino Kelé), toma conta da mansão sua e de Cristal em Teresópolis.
– núcleo de LEANDRO SERRANO (Ney Latorraca), executivo da empresa de Karany, inicialmente o atravessador das obras de Juca, que vendia suas peças e ficava com a maior parte do dinheiro. Era noivo de Melissa, com quem se casou, mas obcecado pela cunhada, Vivian, que assediava. Chega a estuprá-la. Vivian engravida, mas, quando dá à luz, entrega a criança para adoção. Depois luta para ter de volta o filho:
a empregada CARMEM (Chica Xavier).
– núcleo de HORTÊNCIA ALENCAR (Eva Todor), amiga de Karany, senhora elegante, dona de uma butique. Envolve-se com Von Strauss, que vê nela sua chance de ascensão social. Os dois acabam casando-se, para o desespero de Maria:
o filho GERSON (Diogo Vilela), amigo de Alexandra, envolve-se com Carla.
– núcleo do DR. MARCELO FRANÇA (Leonardo Villar), médico da família Karany, além de mentor e confidente de Roberta, por quem mantém uma paixão escondida. Ao longo da trama, casa-se com Roberta quando ela acha que Gabriel morreu ao tentar fugir do país:
a ex-mulher GLORINHA (Maria Zilda), ciumenta, inferniza o seu casamento com Roberta. Quando Roberta o deixa para ficar com Gabriel, ele reata com a ex-mulher.
– núcleo de CACAU DURÃES (Roberto Faissal), milionário, tem negócios escusos com Rômulo, que, por meio dele, frequenta lugares da alta sociedade. Os dois envolveram Gabriel em uma cilada e são responsáveis por ele estar sendo perseguido pela polícia:
a mulher LUCIANA RAVEL (Sônia Clara), por quem Anselmo acaba apaixonando-se
o cunhado OSMARZINHO (Dudu Machado), irmão de Luciana, envolvido com drogas
o chefão em seus negócios, ÂNGELO SALVAT (Milton Moraes), que acaba eliminando-o no decorrer da trama.
Pesadona
Janete Clair conseguiu armar seu leque com todas as emoções que fazem o gênero. Entretanto Coração Alado foi uma novela mastodôntica em sua criação. Excesso de infelicidade para a heroína Vivian (Vera Fischer) e um indefinido caráter para o protagonista Juca Pitanga (Tarcísio Meira). (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)
Coração Alado custou para pegar no início. No domingo do dia 05/10/1980, a Globo exibiu, após o Fantástico, um compacto dos 50 primeiros capítulos da novela, na tentativa de fisgar o público que ainda não havia se conectado com a história. (jornal O Globo, 05/10/1980)
“A novela era depressiva, com poucas gravações externas, e um texto puxado para o melodrama que não se encaixava mais no horário das oito”, afirmou Artur Xexéo na biografia da novelista, “Janete Clair, a Usineira de Sonhos”.
O diretor Paulo Ubiratan, em entrevista ao Jornal do Brasil de 17/03/1988, lamentou: “A Janete Clair é pesadona e se você não suaviza luzes, cores e cenários, a novela fica triste. (…) quebrei a cara em Coração Alado, uma novela triste…”
Janete sofreu com a censura e com as críticas. Todavia, a autora chocou com uma cena de estupro e outra de masturbação feminina.
Estupro
A sequência do capítulo 40 em que a personagem Vivian (Vera Fischer) é estuprada pelo cunhado Leandro (Ney Latorraca) foi ao ar no dia 25/09/1980. (“Almanaque da TV”, Bia Braune e Rixa)
Reclamou Janete em entrevista à revista Amiga (publicada na edição de 17/12/1980):
“Eu não consigo ainda entender isso direito, já que a própria televisão mostra diariamente cenas reais de violência muito mais sérias do que esta. A mesma rádio que fala mal de Coração Alado num programa, logo depois apresenta seu noticiário local mostrando as maiores barbaridades. Acho uma incoerência que a ficção agrida mais que a realidade.”
Ney Latorraca comentou sobre a sequência em seu livro “Muito Além do Script”:
“A cena era muito delicada, difícil de fazer. Precisávamos ensaiar e tinha muita gente olhando. Não foi um ataque de estrelismo, mas naquele momento, Vera (Fischer) e eu pedimos por favor para que os estranhos à gravação saíssem do estúdio (…) A cena teve que ser refeita várias vezes, por que Vera é muito forte e eu, no auge de minha magreza, não conseguia derrubá-la, até inventarem um artifício para facilitar as coisas. Eu dava um remedinho para ela, a personagem ficava meio grogue, e aí dava para gravar a cena do estupro.”
Masturbação
Maior polêmica ainda causou a cena da masturbação de Catucha (Débora Duarte). Para matar as saudades do ex-marido, a personagem teve seu prazer solitário, na encenação da primeira masturbação da TV brasileira. A autora pediu ao diretor Roberto Talma uma cena forte, de sexo. Os ângulos mostraram a expressão de êxtase de Catucha, estirada sobre uma cadeira, e seus pés fazendo pequenos movimentos circulares. (“Almanaque da TV”, Bia Braune e Rixa)
De acordo com o site Memória Globo, “para complicar, a cena foi levada ao ar com um áudio vazado, no qual o diretor Roberto Talma, durante a gravação, orientava a atriz sobre como se comportar para simular a masturbação. Foi um escândalo.”
Logo após a exibição, no dia 24/02/1981, sumiram do arquivo da emissora todas as cópias deste script, e a fita do capítulo 171 foi apagada.
Diabetes
Os telespectadores reagiram mal ao personagem Alberto Karany Jr. (Mário Cardoso), diabético, obrigado a recorrer a doses diárias de insulina. Em virtude das centenas de cartas recebidas pela autora e pela TV Globo – principalmente de pais de crianças diabéticas, alegando que a novela era para entreter, e não para discutir doenças – o personagem passou a dispensar a medicação.
Surgiram então protestos da Associação de Diabetes Juvenil, que julgava ser aquela uma oportunidade de esclarecer e informar a população sobre a doença. Em vista dessa ponderação, Janete Clair decidiu que, a partir do capítulo 101, voltaria à história original do personagem. (Site Memória Globo)
Elenco
O grande destaque de Coração Alado foi Aracy Balabanian, que brilhou como a sofrida e batalhadora trocadora de ônibus Maria Faz-Favor (“Um passinho pra frente, por favor!”), ao lado do seu algoz, o aproveitador Von Strauss, personagem de Jardel Filho, que também caiu nas graças do público.
Von Strauss rendeu a Jardel Filho o prêmio de melhor ator de 1980 concedido pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) – premiado juntamente com Stênio Garcia, por sua atuação na série Carga Pesada.
Jardel também levou o Troféu Imprensa de melhor ator de 1980.
Inicialmente escalada para a novela, a atriz Maria Cláudia ficou de fora de Coração Alado: viveria Catucha (papel que coube a Débora Duarte) ou Melissa (depois defendida por Joana Fomm). Maria Cláudia foi rearranjada para a próxima novela das sete: Plumas e Paetês.
Também Maitê Proença foi chamada para ser Alexandra (vivida depois por Myrian Rios), mas um acidente a afastou da produção (a atriz acabou estrelando a nova atração das 18 horas, As Três Marias).
De acordo com o depoimento de Eva Wilma a Flávio Ricco e José Armando Vannucci, para o livro “Biografia da Televisão Brasileira”, a atriz havia sido inicialmente reservada para Coração Alado (provavelmente para o papel de Silvana Karany, que ficou com Bárbara Fazio). Como Eva tinha compromissos com teatro, a Globo promoveu a substituição e ela foi então remanejada para Plumas e Paetês, que estreou depois.
A atriz Sônia Clara voltava à TV após um hiato de 8 anos (a última novela fora Selva de Pedra, em 1972, em uma pequena participação).
Estreia na Globo do ator Carlos Augusto Strazzer, egresso das novelas da TV Tupi.
Primeira novela da atriz Cissa Guimarães e dos atores Oberdan Júnior (com 9 anos na época) e Tarcísio Filho (com 14 anos).
Locações
O primeiro capítulo mostrou a encenação da Paixão de Cristo em Nova Jerusalém, no sertão pernambucano, com mais de 40 atores e 1200 figurantes. A Paixão, dirigida por José Pimentel todos os anos àquela época, foi remontada especialmente para as gravações da novela.
Coração Alado também teve cenas gravadas na cidade de São Paulo (onde o MASP foi um dos cenários) e em Nova York, nos Estados Unidos. (Site Memória Globo)
Título e trilha sonora
A jornalista Hildegard Angel narrou em sua coluna no jornal “O Globo” sobre o título da novela:
“O título Vernissage, que já era considerado definitivo, foi mudado, em uma reunião de Janete Clair com Boni, para Coração Alado. A música ‘Noturno’ de Fagner, que faz referência ao tal coração, foi usada como tema de abertura. Boni chegou a tocar a música para a autora ouvir e ela achou-a lindíssima.”
Além de Vernissage, outro título pensado para Coração Alado foi O Grande Salto.
Em 2001, a Som Livre relançou a trilha sonora nacional de Coração Alado, em CD, na coleção “Campeões de Audiência”, 20 trilhas nacionais de novelas campeãs de vendagem nunca antes lançadas em CD (títulos até 1988, pois no ano seguinte foram lançados os primeiros CDs de novelas).
E mais
As esculturas de autoria de Juca Pitanga, personagem de Tarcísio Meira na novela, eram na verdade obra do artista plástico Holoassy Lins.
Coração Alado esteve inicialmente programada para terminar em 07/03/1981. Janete Clair solicitou que sua novela fosse espichada em mais uma semana para o desfecho não coincidir com a semana do carnaval. Assim, a novela foi concluída em 14/03/1981. (O Globo, 24/12/1980, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Trilha Sonora Nacional
01. MOMENTOS – Joanna (tema de Catucha)
02. PONTO DE INTERROGAÇÃO – Gonzaguinha (tema de Leandro)
03. MODA DE SANGUE – Elis Regina (tema de Gabriel e Roberta)
04. ESCRAVO DA ALEGRIA – Vinícius e Toquinho
05. SÓ NOS RESTA VIVER – Ângela Ro Ro (tema de Glorinha)
06. VOCÊ E EU, EU E VOCÊ – Tim Maia
07. LAVADEIRAS – Denise Emmer (tema de Dalva)
08. ELA E EU – Maria Bethânia
09. PÁSSARA – Francis Hime e Chico Buarque (tema de Silvana)
10. MEU BEM-QUERER – Djavan (tema de Vivian)
11. QUERO COLO – Fábio Jr. (tema de Piero e Alexandra)
12. SEM COMPANHIA – Clara Nunes (tema de Maria Faz-Favor)
13. VIAJANTE – Dominguinhos (tema de Juca)
14. NOTURNO – Fagner (tema de abertura)
Sonoplastia: Antônio Faya e Guerra Peixe Filho
Direção de produção: Guto Graça Mello
Pesquisa de repertório: Lulu Santos
Trilha Sonora Internacional
01. THE WINNER TAKES IT ALL – Abba (tema de Juca e Vivian)
02. SURVIVE – Jimmy Buffet (tema de Gabriel e Roberta)
03. I’M SO GLAD THAT I’M A WOMAN – Love Unlimited
04. ALL OUT OF LOVE – Air Supply (tema de Catucha)
05. FIRST BE A WOMAN – Leonore O’Malley
06. AFTER YOU – Michael Johnson (tema de Melissa)
07. MORE LOVE – Kim Carnes (tema de Luciana)
08. SAILING – Christopher Cross (tema geral)
09. I LOVE YOU DANCER – Voyage
10. SHINE ON – L.T.D. (tema de Piero e Alexandra)
11. RESCUE ME – A Taste of Honey
12. ROLLER SHAKE – La Flavour
13. MIGHTY SPIRIT – Commodores
14. YOU’LL NEVER KNOW – Henry Mancini (tema de Karany e Cristal)
Temas instrumentais das novelas Coração Alado e Plumas e Paetês
01. TAKE FIVE – Quartet (tema de Von Strauss, de Coração Alado)
02. PRÊT-À-PORTER – Robson Jorge (tema de Plumas e Paetês)
03. YOU´LL NEVER KNOW – Golden (tema de Coração Alado)
04. SQUASH – Robson Jorge (tema de Plumas e Paetês)
Ainda
SPIRAL – Vangelis (tema das vinhetas de intervalo)
Tema de Abertura: NOTURNO – Fagner
O aço dos meus olhos
E o fel das minhas palavras
Acalmaram meu silêncio
Mas deixaram suas marcas
Se hoje sou deserto
É que eu não sabia
Que as flores com o tempo
Perdem a força
E a ventania vem mais forte
Hoje só acredito
No pulsar das minhas veias
E aquela luz que havia
Em cada ponto de partida
Há muito nos deixou
Há muito nos deixou…
Ah, coração alado!
Desfolharei meus olhos
Nesse escuro véu
Não acredito mais
No fogo ingênuo da paixão
São tantas ilusões
Perdidas na lembrança
Nessa estrada
Só quem pode me seguir sou eu
Sou eu, su eu, sou eu…
O tema de abertura e a abertura dessa novela são das mais bonitas já feitas, mas a história, em si, é pouco inspirada, infelizmente, a Janete Clair não repetiu aqui, as suas grandes novelas!!!!
Pode sofrer todas as críticas, justas ou injustas, pois de fato não foi uma grande obra de JC, mas a Globo era monopolizadora da audiencia e eu me lembro que a novela teve repercussão, sim. Eu ja citei uma vez e cito de novo: tem a visão da crítica e a visão do público.
Gostaria de ver essa e Sétimo Sentido no VIVA, além de Pecado Capital, Duas Vidas, O Astro, mas infelizmente, acho difícil ver qq uma dessas por lá.
As novelas de Janete Clair a partir de Coração Alado nunca chegaram perto dos estrondosos sucessos de suas novelas dos anos setenta.