Sinopse

A bela viúva Simone Reski muda-se com a família – a filha Lucinha, a tia Maria e a empregada Isaura – do subúrbio para o centro do Rio de Janeiro. De imediato ela conhece Téo, um solteirão simpático e bon vivant, sem imaginar que ele está envolvido com a máfia de contrabandistas de vídeos e de produção de filmes pornográficos.

Téo se interessa por Simone porque vê em Lucinha uma nova estrela ninfeta para seus filmes. Lucinha acaba sendo obrigada pelo próprio Téo e sua gangue a participar de um destes filmes. Porém, os bandidos têm uma surpresa. Na gravação, o corpo dela não aparece. Eles não sabem, mas a moça possui poderes paranormais.

A determinada jornalista Bárbara Diniz tenta desvendar os mistérios da máfia de Grego, para chegar a policiais envolvidos com o esquadrão da morte. O inescrupuloso Grego usa recursos ilícitos e políticos para movimentar a organização que se baseia em três atividades: contrabando, boates na Lapa e a produtora de filmes pornôs.

Manchete – 21h30
de 30 de março a 2 de outubro de 1987
161 capítulos
novela de José Louzeiro e Cláudio MacDowell
escrita por José Louzeiro, Cláudio MacDowell e Wilson Aguiar Filho
colaboração de Eliane Garcia e Leila Miccolis
direção de Ary Coslov e Walter Campos
direção geral de José Wilker

Novela anterior no horário
Mania de Querer

Novela posterior
Carmem

CHRISTIANE TORLONI – Simone Reski
SILVIA BUARQUE – Lucinha
REGINALDO FARIA – Téo
LÍDIA BRONDI – Bárbara Diniz
NATHÁLIA TIMBERG – Maria
SÉRGIO VIOTTI – Grego (Nicholas Kazan)
OTÁVIO AUGUSTO – Delegado Arturzão
CRISTINA PEREIRA – Isaura
LUÍS CARLOS ARUTIN – Vidigal
ROGÉRIO FRÓES – Perdigão
JONAS BLOCH – Russo (Giovanni Kepler)
LUÍS DE LIMA – Emir Zarlan
ANTÔNIO PITANGA – Patrício
ÂNGELA VIEIRA – Mara
CHICO DIAZ – Orlando
NILDO PARENTE – Rodrigo
JÚLIA MIRANDA – Zica
ANA LÚCIA TORRE – Marta
MÁRCIA RODRIGUES – Sheila
ARIEL COELHO – Aderbal
IVAN SETTA – Pé Frio
LEINA KRESPI – Carminda
FLÁVIO SANTIAGO – Anselmo
PASCHOAL VILABOIM – Zé da Paixão
ROBERTO LOPES – Anísio
LUÍS CARLOS NIÑO – Sérgio Matos
LÚ MODESTO – Valéria
HENRIQUE PIRES – Marcos Felipe
ALEXANDRE ZACCHIA – Esfolado
CHRISTINA BITTENCOURT – Estela
MARCELO SERRADO – Carlinhos
EXPEDITO BARREIRA – Gaspar
MÁRIO LUTE – Manolo
MARIE VIELMONT – Professora Marinalva
ALEXANDRE MARQUES – Anselmo
DIVANA BRANDÃO – Wanda
ELIANE NARDUCHI – Marina
GILSON MOURA – Ventoinha
ROBERTO FROTA – Delegado Portinho
BEL KUTNER – Renata Brynner
BETH BERARDO – Mônica

e
ALBY RAMOS – Parafunda
ARY COSLOV – Mário Joyce
AUGUSTO CARRERA
BETH BERARDO – Mônica
CAMILO BEVILACQUA
CIDINHA MILAN
CLAUDIONEI PENIDO – Paulão
CLEMENTE VISCAÍNO – Dr. Gonçalves
CLEMENTINO KELÉ – Dr. Montoro
DENISE DUMONT – turista
FELIPE PINHEIRO
FRANCISCO DANTAS – Detetive Bittar
GERALDO CARBUTTI
GERMANO VEZANI – Fernando Mendes
GILLES GWIZDEK – Antoine
GUIDA VIANNA – Ofélia
IBAÑEZ FILHO
ISABEL TEREZA – Gabi
ISIO GHELMAN – Gilles
JITMAN VIBRANOVSKY – Malta
JOSÉ LOUZEIRO
JOSÉ WILKER – Ulisses Queiróz
KLEBER DRABLE – Dr. Jamil
LABANCA – Mr. Henri Vignon
LU MENDONÇA – Lenira
MAITÊ PROENÇA – Adriana
MARCO MIRANDA – Jair
MARIA ALVES – Isadora
MARIA DE LOURDES
MIGUEL ROSEMBERG – Dr. Santana
NÁDIA NARDINI – Marlene Montenegro
ORION XIMENES – Ruman
PIÉRRE ASDRIE – Jean Louis
RAUL OROFINO
RENATO COUTINHO – Paiva
RICARDO FRÓES – Luiz da Padaria
RODRIGO SANTIAGO – Lucas Rezende
SANDRA SIMON
SANDRO SOLVIAT – Ramos
SEBASTIÃO LEMOS
THIAGO JUSTINO – Jovelino
TIÃO D’AVILLA – Detetive Silas Pádua

Novela cult

Interessante atração da TV Manchete, hoje cultuada como uma de suas produções mais significativas. A proposta da emissora era fazer uma “novela reportagem” enfocando o dia a dia dos personagens com realismo, mas sem esquecer a mágica da ficção.

Corpo Santo foi eleita pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor novela de 1987. Também rendeu a José Louzeiro o prêmio de melhor texto, a Chico Diaz a revelação masculina no ano, a Sérgio Viotti o prêmio de ator coadjuvante, e a Ângela Vieira, de melhor atriz coadjuvante.

Barra pesada

A trama era calcada nos acontecimentos do Rio de Janeiro, uma cidade cada vez mais marcada pela violência. O autor era José Louzeiro – estreando em televisão -, dos romances policiais “Aracelli, Meu Amor”, “Infância dos Mortos” e “Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia”.

Louzeiro revelou para a revista Cadernos do 3º Mundo, em matéria publicada em 01/09/1988:
“Quando fui chamado para desenvolver esse projeto na TV Manchete, Carlos Heitor Cony, respondendo pelo Departamento de Teledramaturgia, disse que a empresa gostaria de colocar no ar alguma coisa que se parecesse, no seu núcleo central, com o caso Aída Curi, crime brutal, ocorrido no Rio de Janeiro, no final da década de 50. Depois, o projeto sofreria modificações estruturais e ficou acertado que eu narraria uma estória que se assemelhasse com meus romances-reportagem.”

José Louzeiro iniciou a novela escrevendo em parceria de Cláudio MacDowell e colaboração de Eliane Garcia. Seus parceiros não foram até o fim. MacDowell e Eliane deixaram a trama enquanto Wilson Aguiar Filho e a colaboradora Leila Miccolis foram convocados para auxiliá-lo a levar adiante a roteirização dos capítulos. (TV Pesquisa PUC-Rio, revista Cadernos do 3º Mundo, 01/09/1988)

Foram muitas as críticas ao conteúdo da história, considerado “barra pesada”, muito forte e violento para o horário, já que, além da violência urbana e do dia a dia da polícia, abordava também o mercado de filmes pornográficos.
Por causa disso, a novela sofreu com o boicote promovido por grupos católicos, como o ultramoralista “O Amanhã de Nossos Filhos”, da TFP, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade.

A problemática da AIDS foi pela primeira vez tratada em uma novela, por meio da personagem Marina, uma prostituta interpretada pela atriz Eliane Narduchi. Marina se descobre portadora do vírus HIV ao constatar um gânglio que apareceu em seu pescoço. A garota de programa definhou dia após dia, sempre amparada pelos tipos discriminados que a acompanhavam nas ruas e boates. Na época, os sintomas, desdobramentos e tratamentos para a AIDS ainda eram praticamente desconhecidos. (pesquisa: Duh Secco)

Elenco

José Wilker, que à época deixou a Globo para ser diretor de dramaturgia da TV Manchete, levou consigo vários profissionais e astros globais para trabalharem nas novelas da emissora. No elenco de Corpo Santo, além de Wilker, estavam atores de peso como Maitê Proença (que já estava na Manchete, onde atuou em Dona Beija), Christiane Torloni, Reginaldo Faria, Lídia Brondi, Paulo Betti e outros.

Primeira novela dos atores Chico Diaz e Marcelo Serrado e da atriz Bel Kutner.

Saída de Christiane Torloni

No decorrer da produção, Christiane Torloni se desentendeu com a equipe e a saída para resolver o impasse foi matar a sua personagem Simone Reski, que era a protagonista da história. Ela acabou assassinada por Russo (Jonas Bloch). Da metade para o fim, a personagem principal passou a ser a filha de Simone, Lucinha (Silvia Buarque), além de terem sido valorizadas a jornalista Bárbara (Lídia Brondi) e a disputa entre Téo (Reginaldo Faria) e Grego (Sérgio Viotti). (“Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas”, Fábio Costa)

“Dividi a novela em oito módulos. Eliminei o conceito de atores e atrizes principais. Suprimi o tal ‘triângulo amoroso’ e, como se isso tudo não bastasse para um retumbante fracasso, fui forçado a matar a atriz do núcleo central, Simone [Christiane Torloni], a fim de que a narrativa pudesse disparar, pois do capítulo 1 até o 65, a coisa ia de mal a pior, com percentuais de audiência que oscilavam mais do que bêbado no meio-fio de uma calçada”, disse José Louzeiro para a revista Cadernos do 3º Mundo (matéria publicada em 01/09/1988).

Christiane Torloni negou, na época, ter pedido para sair da novela. No entanto, em 1989, quando escalada para Kananga do Japão (na mesma emissora), a atriz admitiu ter padecido com a precariedade das condições de trabalho e a insatisfação com os rumos de sua personagem: “Eu saí de Corpo Santo porque a novela estava ficando boba, sem alma. E eu não conseguia perceber como o autor ia resolver aquilo. Ator não tem que fazer qualquer papel, não“, disse ao jornal O Dia de 18/06/1989. (pesquisa: Duh Secco)

José Louzeiro confirmou as críticas que recebeu do elenco, ainda durante a exibição da novela: Reginaldo Faria teria questionado o emprego de frases sem conteúdo dramático e Christiane Torloni e Jonas Bloch sugeriram uma narrativa mais ágil. (pesquisa: Duh Secco)

Logo a TV Manchete conseguiu contornar os problemas internos de Corpo Santo. A novela teve um relativo sucesso, garantindo sempre o segundo lugar no Ibope, com cerca de 14 pontos.

Verão da Lata

Por problemas de produção, a frente de capítulos da novela (diferença entre o que é finalizado e o que vai ao ar) era muito baixa. O autor José Louzeiro aproveitava assim para incluir em sua trama fatos quentes dos noticiários, como o Verão da Lata, conforme explicou a atriz Silvia Buarque em entrevista ao blog de Heloisa Tolipan, publicada em 06/10/2023:

“A estrutura da TV naquela época era bem precária, tudo era muito atrasado de produção, era algo meio que de guerrilha, e o autor usou isso a nosso favor. O que acontecia hoje, era gravado amanhã e exibido no dia seguinte. Tanto que a emissora conseguiu encaixar o Verão da Lata na novela quase que em tempo real.”

O Verão da Lata é como ficou conhecido o fato de milhares de latas contendo maconha terem surgido em praias do litoral do Rio de Janeiro a partir de setembro de 1987, quando Corpo Santo estava no ar.

Provocações entre concorrentes

O capítulo de Corpo Santo se iniciava quando na concorrente Globo terminava o capítulo da noite da novela O Outro. No dia da estreia de Corpo Santo, a Globo esticou o quanto pôde o capítulo de O Outro para prejudicar a trama da Manchete, o que levou a emissora a publicar, ainda naquela semana (02/04/1987), um anúncio nos jornais intitulado “Não estica, nem encolhe”, que “alertava” o telespectador: “Para fazer novela, é preciso, antes de mais nada, respeitar o público. Por isso, quando a Rede Manchete informou o horário de Corpo Santo, cumpriu. Às 21h20min, a novela foi ao ar em sua estreia. Sem esticar nem encolher nada na programação. Porque a Rede Manchete respeita o tempo e os horários do telespectador. Novela boa começa e termina no horário certo“.

A Globo revidou no sábado, 04/04/1987, minimizando o impacto de Corpo Santo: no anúncio “Mais vale um Pecado Original do que um Corpo Santo, celebrou os feitos da série importada, com 48,5% de participação nos índices, que sequer havia competido com o primeiro capítulo da novela da Manchete, segundo os boletins de programação da época.

O tiro saiu pela culatra: a Globo foi acusada por veículos da imprensa de enaltecer produtos enlatados em detrimento das realizações nacionais. Além, claro, de ter “passado recibo” do “incômodo” gerado pela Manchete. (pesquisa: Duh Secco)

Reprises

Corpo Santo foi reprisada, na íntegra, de 05/12/1988 a 20/07/1989, de 2ª a 6ª feira, às 13h.

Também de 21/01 a 15/06/1991, em 121 capítulos, de segunda a sábado, às 19h30 e 19h50.

E, ainda, de 02/08 a 27/10/1993, em 94 capítulos, de segunda a sábado, às 18:30.

Trilha sonora nacional

01. AMOR EXPLÍCITO – Simone (participação de Roupa Nova) (tema de Simone e Téo)
02. UM LUGAR NO MUNDO – Roupa Nova (tema de abertura)
03. MENSAGEM DE AMOR – Léo Jaime
04. CONDIÇÃO – Lulu Santos (tema de Bárbara)
05. SE EU SOUBESSE – Tim Maia
06. LUA DO LEBLON – Fagner
07. UM SONHO A DOIS – Joanna e Roupa Nova (tema de Lucinha)
08. SEGURANÇA – Engenheiros do Hawaii
09. FAMÍLIA – Titãs
10. CORAÇÃO PRA CORAÇÃO – Fevers (tema de Wanda)
11. SI SI, NO NO – João Bosco (tema de Ulisses e Adriana)
12. PASSOS NO PORÃO – Rádio Táxi

Trilha sonora internacional

01. SOMEDAY – Glass Tiger
02. IF I COULD HOLD ON TO LOVE – Kenny Rogers (tema de Téo e Bárbara)
03. YOU TOUCHED MY LIFE – Gwen Guthrie
04. (I JUST) DIED IN YOUR ARMS – Cutting Crew
05. GET YOUR LOVE RIGHT – Sabiha Kara
06. CAN’T HELP FALLING IN LOVE – Corey Hart
07. STANDING ON HIGHER GROUND – The Alan Parsons Project (tema de Téo)
08. I GOT THE FEELING (IT’S OVER) – Gregory Abbott
09. HOW MANY LIES – Spandau Ballet (tema de Mara)
10. EASY – Dora
11. THE FUTURE’S SO BRIGHT I GOTTA WEAR SHADES – Timbuk 3
12. LATE EVENING – Bernard Arcadio

Seleção de repertório: Carlos Sigelmann
Direção musical: Caíque Botkay

Tema de abertura: UM LUGAR NO MUNDO – Roupa Nova

Quanto a vale a chance
Prá quem tem a pressa de viver
Abre o seu caminho
Sem ter tempo de se arrepender
Quem vai roubar o seu lugar no mundo
Se o poder de crescer, de lutar e vencer
Tá batendo em você
É o grito preso na garganta
É feito o medo sem motivo
Quanto vale a vida
Pra quem vive a sua própria lei
Faz o seu momento
Da melhor maneira que puder
Quem vai dizer que não está direito
Se a pressão aumentar
Não vai dar pra parar
Vem de dentro de você
É o grito preso na garganta
É feito o medo sem motivo
Onde está seguro
Pra quem ouve o coração bater
Tenho o meu segredo (segredo)
E não deixo o mundo perceber
Qual a desculpa pra fugir de tudo
Qual a sede de amar, de viver, de sonhar
Tá lutando com você
É o grito preso na garganta
É feito o medo sem motivo
É o grito preso (preso) na garganta…

Veja também

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Antônio Maria (1985)

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Tudo ou Nada

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Mania de Querer

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Dona Beija