Sinopse

Stela e Rafael formam um casal estabelecido, que se encontrou e se amou com toda paixão. Porém, depois de mais de dez anos de união, há o desgaste normal, com problemas familiares que se foram acumulando. Obrigados a enfrentar realisticamente os problemas do dia a dia, o casamento começa a se desintegrar. É a fidelidade ao amor, e com o objetivo de reconquistar o relacionamento, que leva Stela e Rafael a procurar o consultório do Dr. Lalo, um psicanalista que desenvolve uma terapia com outros casais com o mesmo problema: casamento em crise.

Entre os casais, o Dr. Lalo trata de Lídia e Roque e de Rejane e Odilon. Lídia é uma mulher de mais idade que não acompanhou o desenvolvimento normal do marido, o Dr. Roque. Quando ela desperta para esta realidade, está aquém de Roque e com dificuldade de recuperar o tempo que perdeu. Isto conduz a uma separação ou não? Rejane, fixada no marido, Odilon, não consegue romper essa dependência, nem nas diversas vezes em que é abandonada. Diante de uma separação definitiva, do desquite inevitável, entra em violenta crise emocional, sem condições de racionalizar seus problemas.

Globo – 22h
estrearia em 3 de janeiro de 1977

novela de Walter George Durst
direção de Walter Avancini

REGINA DUARTE – Stela
ANTÔNIO FAGUNDES – Rafael
CLÁUDIO MARZO – Dr. Lalo
ROSAMARIA MURTINHO – Rejane
NELSON CARUSO – Odilon
MARIA FERNANDA – Lídia
FELIPE WAGNER – Roque
REGINA VIANA – Vera
OSMAR PRADO – Cássio
CARLOS EDUARDO DOLABELLA – Luizão
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – Inácio
JOSÉ LEWGOY
MARIA CLÁUDIA
CARLOS GREGÓRIO – Valdir
ISABELA GARCIA – Malu
LAURO GÓES – Flávio Vicente
KÁTIA D’ANGELO – Ana Isabel
Joca
JÚLIA MIRANDA

Novela censurada

Um ano e três meses após vetar a novela Roque Santeiro, a Censura do Governo Federal fez o mesmo com Despedida de Casado, trama das 22 horas que vinha sendo escrita por Walter George Durst com assessoria do psiquiatra José Ângelo Gaiarsa.

Dez dias antes de estrear, com chamadas no ar, a direção da TV Globo de Brasília recebeu um comunicado oficial do Serviço de Censura e Diversões Públicas que declarava a novela definitivamente proibida. “Atentatória aos bons costumes” foi o diagnóstico.

Trinta capítulos já estavam gravados e outros tantos escritos e sendo produzidos – um prejuízo de 5 milhões de cruzeiros (na moeda da época).

Antecedentes

Em 1976, quando o núcleo das novelas das 22 horas começou a se preparar para a produção daquela que se seguiria a Saramandaia, quatro sinopses foram enviadas ao Serviço de Censura, em Brasília. Eram O Casamento, de Walter George Durst; uma adaptação de Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Jorge Amado; uma adaptação das crônicas de A Vida Como Ela É…, de Nelson Rodrigues; e uma adaptação de A Vida Escrachada de Baby Stompanato, de Consuelo Martines. Dessas quatro sinopses, apenas O Casamento foi liberada, mesmo assim com restrições quanto ao comportamento dos personagens problemáticos que participavam de um grupo de análise.

Com a sinopse liberada e o título alterado para Despedida de Casado, o texto de Durst começou a ser gravado normalmente. Os roteiros dos trinta primeiros capítulos já haviam sido submetidos à Censura Federal e estavam aprovados quando se iniciaram as gravações. Porém, quando os capítulos gravados, editados e sonorizados foram para Brasília, a opinião dos censores mudou.

Isso aconteceu às vésperas do Natal de 1976. A Globo anunciava sua nova atração das 22 horas com estreia para a segunda-feira do dia 03/01/1977, mas a novela foi proibida.

Como tapa-buraco, a emissora providenciou uma reprise de O Bem-Amado (de 1973) e pediu a Walter George Durst uma nova trama. Ele apresentou então Nina, que, aproveitando boa parte da equipe e do elenco de Despedida de Casado, estreou em junho de 1977.

Tema tabu

Despedida de Casado tratava de um tema tabu para aqueles meados dos anos 1970: a separação de casais. Lauro César Muniz até conseguiu abrir um boa discussão sobre o tema em 1975, em sua novela Escalada.

Para o Regime Militar, os casais não se separavam nas novelas de televisão. Ter outros parceiros enquanto casados então, nem pensar!
A Lei do Divórcio acabou sendo regulamentada pouco tempo depois. Em 28/06/1977, o Congresso Nacional sancionou a emenda do senador Nelson Carneiro que permitia extinguir os vínculos de um casal e autorizava que as pessoas casassem novamente.

Walter George Durst, o autor, declarou:
“Estava trabalhando nesse enredo há quase três anos (…). A ideia era começar justamente onde todas as novelas acabam. Ou seja: a vida dos personagens centrais a partir do casamento.”

“Com certeza os censores não leram toda a proposta da sinopse e permitiram assim que uma conclusão apressada jogasse por terra um trabalho em que venho me empenhando há anos e no qual tive até o trabalho colaborador do psiquiatra Paulo Gaudêncio, que atende cerca de 150 pacientes por mês, quase todos casais em crise. Com seus métodos ultramodernos e super atualizados, o Paulo tem recuperado cerca de 80 por cento dos casais que o procuram, e foi justamente baseado nesta estatística que escrevi a novela. Portanto, Despedida de Casado não era contra o casamento. Eu quis mostrar a crise em que caem os casais depois daquela fase Romeu e Julieta, mas sobretudo eu mostrava que essas crises podem ser superadas. As soluções para isso, eu as busquei em grande parte nos casos do psiquiatra Paulo Gaudêncio, que inclusive foi colocado como personagem da novela (Dr. Lalo, interpretado por Cláudio Marzo)”.

E mais

A abertura de Despedida de Casado, com seu tema musical (“Bandido Corazon”, cantada por Ney Matogrosso), foi reaproveitada para a abertura de Coquetel de Amor, a novela dentro de Espelho Mágico – uma das próximas produções da Globo, que estreou em junho de 1977.

Não confundir Despedida de Casado com Despedida de Solteiro, novela de Walther Negrão, das seis horas, exibida entre 1992 e 1993.

Tema de abertura: BANDIDO CORAZON – Ney Matogrosso

Bandido, bandido, bandido corazon
No voy poder te amar
Bandido, bandido, bandido corazon
No puedo controlar

Quero te pedir minhas desculpas
Isso sempre acontece
Tenho um coração que é desvairado
E nunca me obedece
Eu já sou um cara meio estranho
Alguém me disse isso uma vez
Meu coração é de cigano
Mas o que me salva é minha insensatez

Bandido, bandido, bandido corazon
No voy poder te amar
Bandido, bandido, bandido corazon
No puedo controlar

Eu que sempre fui chegado
Ao romance e aventura
Eu talvez seja condenado
A viver perto da loucura
Por isso quero te pedir minhas desculpas
Eu canto mais uma vez
Meu coração é desvairado, eu sei
Mas o que estraga é a sua timidez

Ai, ai, ai, ai, ai, ai…
Bandido, bandido, bandido corazon
No voy poder te amar
Bandido, bandido, bandido…

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