Sinopse

Em 1925, uma grande seca no Nordeste obriga populações famintas a abandonarem o campo rumo ao sul. A cidade de Ilhéus, na Bahia, começava a se transformar graças às lucrativas lavouras de cacau, que faziam crescer as fortunas dos fazendeiros donos de terras. Entre os retirantes, está a jovem Gabriela (Juliana Paes), órfã desde menina, que chega à cidade acompanhada de um tio e dois homens que trabalharão nas fazendas de cacau.

Ingênua e criada em um ambiente onde as situações determinam os valores morais, Gabriela aceita tudo com naturalidade e acha complicada a vida das pessoas da cidade. Cobiçada pelos homens, por sua beleza brejeira e sensualidade inocente, Gabriela encontra refúgio quando vai trabalhar como cozinheira na casa do turco Nacib (Humberto Martins), proprietário do Bar Vesúvio, com quem inicia uma história de amor de altos e baixos.

Em Ilhéus, os senhores do cacau pensam em unir as forças religiosas da população para pedir aos céus que lavem as plantações castigadas pela seca. O lugarejo ferve com a preparação da procissão anual de São Jorge dos Ilhéus, que unirá o que havia de mais representativo na igreja: os protegidos de São Sebastião (os ricos), os de São Jorge (os pobres) e os de Santa Madalena (os boêmios e as prostitutas).

A ideia é do velho Coronel Ramiro Bastos (Antônio Fagundes), líder político que dita as regras na região. Porém, ele sente que os tempos mudaram e sabe que a frágil união conseguida na procissão não será suficiente para garantir seu poder e o dos coronéis do cacau, seus aliados. O velho coronel entra em conflito com o recém-chegado Mundinho Falcão (Mateus Solano), um jovem exportador que vem a Ilhéus cheio de ideias progressistas e renovadoras.

Mundinho associa-se à oposição política, até então vítima de eleições forjadas para manter os coronéis no poder. À primeira vista, a renovação política parece fraca para destituir Ramiro Bastos. O motivo imediato do conflito entre os dois é a construção de um novo porto, proposta por Mundinho, a que o coronel se opõe ferrenhamente. Conflito maior deflagrado pelo romance que inicia-se entre o rapaz e Jerusa (Luiza Valdetaro), neta de Ramiro.

Ao final, a situação está enfraquecida e a morte de Ramiro Bastos traz novo alento à oposição. Tanto que Mundinho recebe o aval da família Bastos para namorar Jerusa. Porém, o rapaz termina adorado pelas baianas, que lhe beijam a mão em praça pública, uma atitude que nitidamente remete ao coronelismo da região.

Globo – 23h
de 18 de junho a 26 de outubro de 2012
77 capítulos

novela de Walcyr Carrasco
baseada no romance “Gabriela, Cravo e Canela”, de Jorge Amado
colaboração de André Ryoki e Daniel Berlinsky
direção de André Felipe Binder, Noa Bressane, André Barros e Marcelo Travesso
direção geral de Mauro Mendonça Filho
núcleo Roberto Talma

Novela anterior no horário
O Astro

Novela posterior
Saramandaia

JULIANA PAES – Gabriela
HUMBERTO MARTINS – Nacib Ashcar Saad
ANTÔNIO FAGUNDES – Coronel Ramiro Bastos
MARCELO SERRADO – Tonico Bastos
JOSÉ WILKER – Coronel Jesuíno Guedes Mendonça
MAITÊ PROENÇA – Sinhazinha Guedes Mendonça
MATEUS SOLANO – Mundinho Falcão (Raimundo Mendes Falcão)
LUIZA VALDETARO – Jerusa
VANESSA GIÁCOMO – Malvina
LAURA CARDOSO – Dorotéia
LEONA CAVALLI – Zarolha (Risoleta)
IVETE SANGALO – Maria Machadão
GIOVANNA LANCELOTI – Lindinalva
MARCO PIGOSSI – Juvenal
RODRIGO ANDRADE – Berto
GERO CAMILO – Miss Pirangi
ARY FONTOURA – Coronel Coriolano Ribeiro
SUZANA PIRES – Glória
ANDERSON DI RIZZI – Professor Josué
CHICO DIAZ – Coronel Melk Tavares
BEL KUTNER – Marialva
GENÉZIO DE BARROS – Coronel Amâncio Leal
FABIANA KARLA – Olga
VERA ZIMMERMANN – Conceição
BERTRAND DUARTE – Alfredo Bastos
NELSON XAVIER – Coronel Altino Brandão
MAURO MENDONÇA – Coronel Manoel das Onças
HARILDO DEDA – Coronel Ribeirinho
CLÁUDIO MENDES – Dr. Maurício Caires
JOSÉ RUBENS CHACHÁ – Dr. Ezequiel
NEUZA MARIA FARO – Dona Arminda
BETE MENDES – Florzinha dos Reis
ÂNGELA REBELLO – Quinquina dos Reis
AMANDA RICHTER – Iracema
HENRI CASTELLI – Rômulo Vieira
ERIK MARMO – Dr. Osmundo Pimentel
RAONI CARNEIRO – Osório Pimentel
EMÍLIO ORCIOLLO – Príncipe Sandra
BRUNA LINZMEYER – Anabela
EMANUELLE ARAÚJO – Teodora
FRANK MENEZES – Padre Cecílio
JACKSON COSTA – Douglas
ILYA SÃO PAULO – Doutor (Dr. Pelópidas Ávila)
PASCHOAL DA CONCEIÇÃO – João Fulgêncio
EDMILSON BARROS – Nhô Galo
DANIEL RIBEIRO – Clemente
JHE OLIVEIRA – Negro Fagundes
FERNANDA PONTES – Zuleika
OSVALDO MIL – delegado
RENAN RIBEIRO – Chico Moleza
MAX LIMA – Tuísca
NATHÁLIA RODRIGUES – Natasha
SUYANE MOREIRA – Mara
RAQUEL VILLAR – Ina
ILDI SILVA – Quitéria
JOÃO CUNHA – Antenor
REJANE MAYA – Zulmira
HELOÍSA JORGE – Fabiana
TELMA SOUZA – Prazeres
YAÇANÃ MARTINS – Néia
MÁRCIA DI MILLA – Almira
CLARA PAIXÃO – Miquelina
WIDOTO ÁQUILA – Loirinho
NECO VILA LOBOS – Cosme
SERGIO MACIEL – Damião
VANDERSON CAIRES – Bico Fino
ALLAN PEREGRINO – Serapião
EVERTON MACHADO – Sete Voltas

as crianças
FILIPE WAGNER GIMENEZ SOUZA – Ramirinho (filho de Tonico e Olga Bastos)
GUSTAVO MELLO DA FONSECA FREITAS – Bento (filho de Tonico e Olga Bastos)
ANNA GABRIELA BONIFÁCIO CORRÊA MARQUES – Maria Lupicínia (filha de Tonico e Olga Bastos)
KAIC CHAGAS – Ladislau (filho de Tonico e Olga Bastos)

e
AICHA MARQUES – Matilde
ALEXANDRE DAMASCENA – jagunço do Coronel Coriolano
ANTÔNIO CARLOS FEIO – chapeleiro
BIANKA FERNANDES – prostituta do Bataclan
CAMILO BEVILACQUA – pai de Iracema
CARLOS BETÃO – Alceu (pai de Lindinalva)
CARLOS FONTE BOA – recepcionista do hotel onde Rômulo fica hospedado
CHARLE MYIARA – marido da irmã de Nacib
CHICO MELLO – jagunço do Coronel Ramiro
CÍNTIA MEI – prostituta do Bataclan
EUNICE BRÁULIO – comenta com as vizinhas a morte de Sinhazinha e Osmundo
EVERALDO PONTES – Silva (tio de Gabriela, morre na travessia da caatinga)
GUTEMBERG BARROS – promotor no julgamento de Jesuíno
ÍSIO GHELMAN – político que intercede por Mundinho para tirar Jerusa do convento
IZABELLA BICALHO – Rita (mãe de Lindinalva)
LAND VIEIRA – irmão da moça que Berto tenta seduzir
LIONEL FISCHER – pai de Zuleika
LUCIANA SOUZA – Filomena (cozinheira que deixa Nacib no primeiro capítulo)
MALLU VALLE – irmã de Nacib
MARCELLO GONÇALVES – jagunço
MARIA HELENA PADER – madre superiora do convento onde Jerusa fica enclausurada
PATRÍCIA WERNECK – noviça amiga de Gerusa no convento
PRAZERES BARBOSA – Irmã Piedade
RAQUEL FABRI – prostituta do Bataclan
RHAVINE CRISPIM – Raquel
SHIMON NAHMIAS – dono do imóvel que expulsa Lindinalva e Zulmira
SIDNEI SOUTO – pai de Ina
TARCÍSIO MEIRA – juiz no julgamento do Coronel Jesuíno
THAÍS BOTELHO – moça que Berto tenta seduzir
VALDEREZ TEIXEIRA – senhora no mercado de retirantes
VAL PERRE – jagunço do Coronel Ramiro
VERA FERREIRA – Rosália
WERLES PAJERO – atendente na loja de tecidos
ZÉCARLOS MACHADO – fazendeiro de quem Ramiro Bastos toma as terras no primeiro capítulo

– núcleo de GABRIELA (Juliana Paes), retirante que chega a Ilhéus fugindo da seca. Moça bela e sensual, sem maldade, de espírito livre e natureza impulsiva. Torna-se a mulher mais desejada da cidade:
o tio SILVA (Everaldo Pontes), que a acompanha pela caatinga até falecer
os outros retirantes: NEGRO FAGUNDES (Jhe Oliveira) e CLEMENTE (Daniel Ribeiro), apaixonado por ela, com quem viveu um romance na travessia da caatinga. Os dois retirantes tornam-se jagunços ao chegar em Ilhéus
MIQUELINA (Clara Paixão), dona de uma banca na feira, torna-se sua amiga.

– núcleo do turco NACIB (Humberto Martins), dono do Bar Vesúvio, ponto de encontro dos moradores de Ilhéus. Figura simpática e conhecida de todos. Apaixona-se pela beleza e ingenuidade de Gabriela, que ele emprega em sua casa para ser sua cozinheira:
a vizinha DONA ARMINDA (Neusa Maria Faro), viúva, espírita e parteira afamada. De língua ferina, ajuda Nacib em pequenas tarefas domésticas. Torna-se amiga de Gabriela
o empregado do Vesúvio, CHICO MOLEZA (Renan Ribeiro), filho de Dona Arminda
o engraxate TUÍSCA (Max Lima), garoto de recados de Ilhéus, torna-se amigo de Gabriela.

– núcleo do CORONEL RAMIRO BASTOS (Antônio Fagundes), superintendente de Ilhéus e líder político da região. É um homem temido por todos, que dita as leis de acordo com seus interesses. Ainda aplica métodos violentos para conseguir o que quer:
o filho mais velho, ALFREDO (Bertrand Duarte), médico, não tem tino político para dar continuidade à supremacia da família Bastos, o que preocupa Ramiro, que quer deixar um herdeiro no comando
a nora CONCEIÇÃO (Vera Zimmermann), mulher de Alfredo, assim como ele, vive de acordo com as vontades do coronel
a neta JERUSA (Luiza Valdetaro), filha de Alfredo e Conceição, moça doce e romântica, a neta preferida do coronel
o filho mais novo, TONICO (Marcelo Serrado), frequentador assíduo do Vesúvio e do Bataclã, famoso bordel de Ilhéus. Mulherengo inveterado, apesar de casado. Vai tentar seduzir Gabriela
a nora OLGA (Fabiana Karla), mulher de Tonico, esposa ciumenta e que acredita na fidelidade do marido
os netos RAMIRINHO (Felipe Gimenez), BENTO (Gustavo Mello), MARIA LUPICÍNIA (Anna Gabriela Marques) e LADISLAU (Kaic Crescente), filhos de Tonico e Olga
as empregadas PRAZERES (Telma Souza) e FABIANA (Heloísa Jorge), que acaba seduzida por Tonico
o capanga SERAPIÃO (Allan Peregrino).

– núcleo de MUNDINHO FALCÃO (Mateus Solano), jovem exportador de cacau que chega a Ilhéus. De ideias progressistas, entra em choque com o Coronel Ramiro Bastos ao envolver-se nos movimentos de renovação política. Para enfrentá-lo, aproxima-se de sua neta, Jerusa, por quem acaba apaixonado. Seus aliados:
CORONEL ALTINO BRANDÃO (Nelson Xavier), diferente dos outros coronéis, é um homem de ideias liberais
DR. EZEQUIEL PRADO (José Rubens Chachá), alcoólatra, jurista de ideias liberais, amigo de Nacib
DR. PELÓPIDAS ÁVILA (Ilya São Paulo), conhecido apenas como DOUTOR, apoia as ideias de Mundinho
JOÃO FULGÊNCIO (Pascoal da Conceição), aliado de Mundinho, dono de uma papelaria que é o centro intelectual de Ilhéus
DOUGLAS (Jackson Costa), dono do jornal de Ilhéus, patrocinado por Mundinho
NHÔ GALO (Edmilson Barros), boêmio inverterado, fanho e divertido.

– núcleo do CORONEL JESUÍNO GUEDES MENDONÇA (José Wilker), homem violento, bruto e rude, de ideias retrógradas, amigo do Coronel Ramiro Bastos:
a mulher SINHAZINHA GUEDES MENDONÇA (Maitê Proença), sofre nas mãos do marido, um homem bruto. Mulher bela, elegante e charmosa, é infeliz com a vida que leva, apesar da submissão ao marido
o jovem dentista DR. OSMUNDO PIMENTEL (Erik Marmo), que vem da capital para montar um consultório em Ilhéus. Tem um romance com Sinhazinha, mas o casal de amantes é descoberto pelo marido dela e acabam assassinados por ele
a empregada NÉIA (Yaçanã Martins), que delata a patroa ao coronel
a jovem IRACEMA (Amanda Richter), com quem se casa após a morte de Sinhazinha
OSÓRIO PIMENTEL (Raoni Carneiro), irmão de Osmundo que vem a Ilhéus exigir justiça para a morte de seu irmão.

– núcleo do CORONEL MELK TAVARES (Chico Diaz), braço direito do Coronel Ramiro Bastos. Homem rígido e de personalidade forte:
a filha MALVINA (Vanessa Giácomo), amiga e confidente de Jerusa. Moça de ideias liberais, não aceita as imposições à mulher na sociedade de seu tempo. Vive batendo de frente com o pai autoritário
a mulher MARIALVA (Bel Kutner), submissa ao marido, sofre ao tentar acalmar os ânimos entre ele e a filha
RÔMULO VIEIRA (Henri Castelli), engenheiro, amigo de Mundinho, vem a Ilhéus a trabalho e seduz Malvina, que se apaixona por ele
o capanga LOIRINHO (Widoto Áquila).

– núcleo do CORONEL AMÂNCIO LEAL (Genézio de Barros), aliado de Ramiro Bastos e, portanto, opositor de Mundinho Falcão:
a mãe DOROTÉIA (Laura Cardoso), mulher severa e amarga, comporta-se como se fosse o pilar moral de Ilhéus, onde tudo passa por seu julgamento. Mas esconde segredos de seu passado
os filhos BERTO (Rodrigo Andrade), rapaz boa pinta e boa vida, rude e bruto, frequentador assíduo do Bataclã
e JUVENAL (Marco Pigossi), que o pai quer que se envolva com Jerusa, para que sua família se una com a família Bastos
a jovem ZULEIKA (Fernanda Pontes), romântica, casa-se com Berto ao longo da trama, para sua infelicidade.

– núcleo do CORONEL CORIOLANO RIBEIRO (Ary Fontoura), que vive em sua fazenda mas mantem uma casa em Ilhéus para sua “teúda e manteúda”. Desconfiado e ciumento, sempre acha que está sendo traído, pois já fora várias vezes, o que o faz trocar constantemente de amante:
a atual “teúda e manteúda” GLÓRIA (Suzana Pires), que ele proíbe a sair de casa, o que faz com que ela passe o dia na janela a olhar o movimento da rua para se distrair
o PROFESSOR JOSUÉ (Anderson di Rizzi), que dá aulas de literatura no colégio local. Jovem tímido e romântico, vai viver um tórrido romance com Glória, longe dos olhos do Coronel Coriolano.

– núcleo de LINDINALVA (Giovanna Lancelotti), noiva de Berto no início. Quando os pais morrem, aceita a ajuda do noivo, que acaba abusando dela. Hostilizada pelas mulheres da cidade, vai trabalhar no Bataclã:
os pais ALCEU (Carlos Betão) e RITA (Izabella Bicalho), morrem em um acidente
a empregada ZULMIRA (Rejane Maya), que a criou.

– núcleo do cabaré Bataclã, o bordel de Ilhéus:
a cafetina MARIA MACHADÃO (Ivete Sangalo), mulher extrovertida, mas autoritária e firme no trato com suas meninas. Conhece a fundo os desejos e segredos dos poderosos de Ilhéus. Já fora apaixonada pelo Coronel Ramiro Bastos
a prostituta ZAROLHA (Leona Cavalli), é a preferida de Nacib, até a chegada de Gabriela. Deixa Ilhéus logo no início, mas retorna para separá-los
as demais prostitutas, TEODORA (Emanuelle Araújo), NATASCHA (Nathalia Rodrigues), QUITÉRIA (Ildi Silva), MARA (Suyanne Moreira) e INA (Raquel Villar)
MISS PIRANGI (Gero Camilo), homossexual, o “invertido” da cidade, vive e trabalha no Bataclã. Choca a todos ao revelar seu chamego com o coronel Amâncio.

– demais personagens:
CORONEL MANOEL DAS ONÇAS (Mauro Mendonça), velho fazendeiro do cacau, diverte-se no Bataclã. Depois de enviuvar, casa-se com Zarolha
CORONEL RIBEIRINHO (Harildo Deda), outro fazendeiro, também frequentador assíduo do Bataclã
PADRE CECÍLIO (Frank Menezes), pároco de Ilhéus, sacerdote submisso que sofre com a pressão de Dorotéia e das demais beatas contra as prostitutas do Bataclã
as irmãs Dos Reis, FLORZINHA (Bete Mendes) e QUINQUINA (Ângela Rebello), solteironas e fofoqueiras, seguidoras de Dorotéia
MAURÍCIO CAIRES (Cláudio Mendes), diretor do colégio, puxa-saco e pau mandado do Coronel Ramiro Bastos
PRÍNCIPE SANDRA (Emílio Orciollo Netto), ilusionista vigarista que chega a Ilhéus com Mundinho Falcão
ANABELA (Bruna Linzmeyer), comparsa de Príncipe em seus golpes, usa a beleza para enganar os homens
ANTENOR (João Cunha), namorado de Iracema
o delegado de Ilhéus (Osvaldo Mil).

Adaptação

No ano do centenário de Jorge Amado (2012), a Globo apresentou uma nova adaptação do mais famoso romance do escritor: “Gabriela Cravo e Canela” (lançado em 1958).

Walcyr Carrasco, o adaptador, imprimiu à novela suas marcas registradas: diálogos ferinos e espirituosos, frases no imperativo, personagens caricatos em situações cômicas (camas quebradas, tortas na cara, etc). Até um bichinho de estimação Carrasco arrumou para Gabriela.

Ao mesmo tempo, Gabriela teve cenas densas, seja pela violência ou pela emoção. O elenco de primeira e a direção primorosa (equipe de Mauro Mendonça Filho) ajudaram bastante. Uma produção requintada, desde a abertura até cenários, figurinos, fotografia e a trilha sonora saudosista (que trouxe de volta algumas das músicas da produção de 1975).

Carrasco brincou ao retratar os costumes retrógrados da Ilhéus da década de 1920, em que os coronéis poderosos se julgavam acima da lei, as mulheres não tinham direito a se expressar, enquanto aos homens tudo era permitido, e a moral era altamente discutível. Temas que ainda ecoam na atualidade.

Gabriela foi aos poucos conquistando o público e, por fim, agradou. Fechou com média de 19 pontos no Ibope da Grande São Paulo, a mesma de O Astro, a atração do horário no ano anterior.
Os bordões “Vou lhe usar” (do Coronel Jesuíno/José Wilker) e “Jesus Maria José!” (da beata Dorotéia/Laura Cardoso) se popularizaram, foram repetidos e viraram memes na internet.

Outras versões

O romance “Gabriela Cravo e Canela” já rendera outras versões para a TV e também para o cinema.

A primeira versão em novela foi produzida pela TV Tupi carioca, em 1961, exibida duas vezes por semana, adaptada por Antônio Bulhões de Carvalho, dirigida por Maurício Shermann, com Janete Vollu (então vedete de espetáculos de Carlos Machado) como Gabriela, Renato Consorte, como Nacib, e Paulo Autran, como Mundinho Falcão, entre outros. Infelizmente não existem mais imagens dessa produção.

A segunda é a clássica adaptação de Wálter George Durst, dirigida por Wálter Avancini, apresentada pela Globo em 1975, que se tornou um marco de nossa Teledramaturgia e lançou Sônia Braga ao estrelato.

Em 1983, foi a vez da versão cinematográfica de Gabriela, no filme de Bruno Barreto, com Sônia Braga de volta à personagem e o ator italiano Marcello Mastroianni como Nacib.

Roberto Talma, diretor de núcleo da nova versão, participou da novela de 1975, como auxiliar de direção de Wálter Avancini.
Os atores José Wilker e Ary Fontoura também participaram da Gabriela dos anos 1970. Wilker interpretou Mundinho Falcão, personagem defendido neste remake por Matheus Solano. Ary Fontoura viveu o o Dr. Pelópidas – desta vez na pele de Ilya São Paulo.
Na nova Gabriela, Wilker foi Jesuíno e Ary foi Coriolano, coronéis de Ilhéus na história (vividos, respectivamente, por Francisco Dantas e Rafael de Carvalho em 1975).

Jorge Amado foi romancista mais adaptado para a televisão brasileira. Além de Gabriela: Terras do Sem Fim (1981), Tenda dos Milagres (1985), Tieta (1989), Capitães de Areia (1989), Tereza Batista (1992), Tocaia Grande (1995), Dona Flor e Seus Dois Maridos (1998), Porto dos Milagres (2001 – adaptação dos romances Mar Morto e A Descoberta da América pelos Turcos), Pastores da Noite (2002) e alguns casos especiais inspirados em sua obra.

Elenco

Juliana Paes esforçou-se com a sua Gabriela. Foi criticada, mas não chegou a comprometer a personagem. Perguntado em entrevista como Juliana foi escolhida para viver a protagonista, o diretor Mauro Mendonça Filho respondeu:
“Sugeri o nome de Juliana e [Roberto] Talma concordou de imediato. Não tiveram dúvidas e Gabriela foi Juliana desde sempre. Ela tem cara de brasileira, é naturalmente sensual, é espontânea. Já que Gabriela virou adjetivo, posso dizer que Juliana é meio Gabriela.”

Gabriela mal apareceu em alguns capítulos. A trama central – o romance entre ela e Nacib – ficou por várias vezes em segundo plano, à medida que algumas tramas paralelas foram despertando mais a atenção do público, como a história de Malvina (Vanessa Giácomo), a trajetória de Lindinalva (Giovanna Lancelotti) e o assassinato de Sinhazinha (Maitê Proença).

No elenco, vários atores se destacaram, tanto veteranos quanto novatos. Luiza Valdetaro (Jerusa), Vanessa Giácomo (Malvina), Giovanna Lacelotti (Lindinalva), Marco Pigossi (Juvenal) e Rodrigo Andrade (Berto) fizeram bonito. Humberto Martins deu um tom abobalhado ao seu Nacib, tanto quanto Marcelo Serrado fez com Tonico Bastos.

Porém, foi a interpretação de três atores veteranos que marcaram a produção: Maitê Proença (como Sinhazinha Guedes Mendonça), José Wilker (como o Coronel Jesuíno, marido dela), e Laura Cardoso (como a beata Dorotéia).

Apesar de ser uma trama de época, a novela trabalhou com elementos e referências da modernidade. A cantora Ivete Sangalo viveu Maria Machadão e o Bataclan, glamuroso demais, lembrou o cabaré do filme Moulin Rouge (de 2001). Ivete Sangalo esteve à altura do que tinha para mostrar, já que o texto não lhe exigia muito.

Locações e cenografia

Ao todo foram 16 dias de gravações pelo Nordeste, com mais de 200 profissionais envolvidos e quatro caminhões transportando equipamentos, figurino, cenografia e produção de arte. O começo das gravações foi na Serra das Confusões, dentro do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí.
“Nas pesquisas de locação me deparei com a Serra das Confusões. Ambiente rochoso com horizonte quase infinito. Lugar ainda pouco conhecido e de beleza deslumbrante. Não tive dúvidas que começaríamos por ali”, afirmou Mauro Mendonça Filho.

Depois do Piauí, a Bahia: Junco do Salitre, sertão de Juazeiro. Foi lá, no meio da caatinga nordestina, que foram gravadas as cenas nas quais Gabriela deixa sua casa e foge da seca que assolava o lugar. A terra árida, o ar sem umidade, a natureza retorcida, o chão vermelho, compunham o cenário desta árdua travessia.

As fazendas de cacau de Ilhéus (na Bahia) serviram de paisagem para as cenas com os coronéis da história.

Por fim, a cidade de Canasvieiras caracterizou o centro urbano de Ilhéus, o principal cenário de Gabriela.
“O centro histórico de Canavieiras, na Bahia, preserva a arquitetura típica local do início do século 20. É o cenário perfeito para representar a Ilhéus dos anos 20, uma cidade em pleno crescimento”, explicou Mauro.

Com pesquisas iconográficas, literatura e referências históricas, a direção de arte, liderada por Mario Monteiro, preparou Canavieiras – por meio da cenografia e da produção de arte, assinadas respectivamente por Marcelo Carneiro e Silvana Estrela – para viver o porto e o mercado de Ilhéus do começo do século 20.

Trilha sonora e abertura

A trilha sonora trouxe algumas músicas da novela de 1975, entre elas “Modinha para Gabriela”, composta por Dorival Caymmi na voz de Gal Costa, o tema de abertura já na primeira versão, “Coração Ateu”, na voz de Maria Bethânia, “Filho da Bahia”, canção que projetou Fafá de Belém para o sucesso, e “Alegre Menina”, com o também iniciante Djavan.
Também a música “Tema de Amor de Gabriela”, que Tom Jobim compôs especialmente para o filme de 1983.

A abertura da novela tomou como base ilustrações do artista Mello Menezes, que retratavam seis paisagens e cenários importantes da trama, em telas nas quais foram aplicadas manualmente areias coloridas do Ceará (aquelas utilizadas nas tradicionais garrafinhas coloridas). Além da natural ligação com o clima praiano do Nordeste, a areia contribuiu para uma riqueza maior de efeitos e detalhes e sugeriu a alusão a outros elementos simbólicos relacionados à obra – como, no início, quando aparece sendo polvilhada em tons terrosos, confundida com cravo e canela moídos.

Na transição das cenas, as pinturas arenosas eram “destruídas”, revelando novas telas. Componentes naturais foram aplicados de maneira artesanal, remetendo a eventos da natureza, como vento, gotas de água emulando pingos de chuva e um esparramar líquido lembrando ondas do mar, filmados com uma câmera especial capaz de captar imagens em mil frames por segundo. (Gshow e blog Televisual)

Mello Menezes foi ainda responsável pelas ilustrações das aberturas das novelas Mandacaru (1997-1998), Saramandaia (2013, o remake) e Velho Chico (2016).

A logomarca da Warner Bros. aparecia nos créditos finais, já que o romance de Jorge Amado é licenciado pela Warner Bros. Int´L TV Production.

Exibição

Por causa de um apagão na noite de 25/10/2012 (uma quinta-feira), ocorrido em todo o Nordeste e nos estados do Pará e Tocantins, a Globo transmitiu, apenas para os estados que sofreram o apagão, o penúltimo capítulo de Gabriela na sexta-feira e o último no sábado (dia 27/10), enquanto o resto do Brasil assistiu ao último capítulo da novela na sexta, dia 26.

01. ALEGRE MENINA – Djavan (tema de Gabriela e Nacib)
02. CARAVANA – Geraldo Azevedo (tema de locação: caatinga)
03. CORAÇÃO ATEU – Maria Bethânia (tema de Mundinho e Jerusa)
04. FILHO DA BAHIA – Fafá de Belém (tema de Gabriela)
05. GUITARRA BAIANA – Moraes Moreira (tema de Tonico Bastos)
06. MODINHA PARA GABRIELA – Gal Costa (tema de abertura)
07. PORTO – MPB4 (tema de Gabriela e Nacib e tema das vinhetas de intervalo)
08. SÃO JORGE DOS ILHÉUS – Alceu Valença (tema de locação: caatinga)
09. NÃO ME LEVA EMBORA – Ivete Sangalo (tema de Rômulo e Malvina)
10. LINDINALVA – Babado Novo (tema de Lindinalva)
11. AURA DE GLÓRIA – João Bosco (tema de Glória)
12. DEPOIS CURA – Mart’nália (tema de Zarolha)
13. LAMENTO SERTANEJO – Elba Ramalho e Dominguinhos (tema de Clemente)
14. VOCÊ NÃO ME ENSINOU A TE ESQUECER – Caetano Veloso Fernando Mendes (tema de Gabriela e Nacib)
15. FLOR DA NOITE – Celso Fonseca, Ronaldo Bastos e Nana Caymmi (tema de Sinhazinha)
16. TEMA DE AMOR DE GABRIELA – Tom Jobim e Banda Nova (tema de Gabriela)
17. A MORENA – Mu Chebabi e Luiza Casé (tema de Iracema)
18. RETIRADA – Elomar (tema dos retirantes)

Tema de abertura: MODINHA PARA GABRIELA – Gal Costa

Quando eu vim para esse mundo
Eu não atinava em nada
Hoje eu sou Gabriela
Gabriela e meus camaradas

Eu nasci assim
Eu cresci assim
E sou mesmo assim
Vou ser sempre assim
Gabriela
Sempre Gabriela

Quem me batizou
Quem me nomeou
Pouco me importou
É assim que eu sou
Gabriela
Sempre Gabriela

Eu sou sempre igual
Não desejo o mal
Amo natural
Etc e tal
Gabriela
Sempre Gabriela…

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