
Gilberto Tumscitz adotou o sobrenome Braga, de sua mãe. Nascido no Rio de Janeiro, em 1º de novembro de 1945, foi professor de francês e crítico de teatro e cinema na imprensa carioca.
Em 1973, estreou na Globo roteirizando Casos Especiais. Sua primeira experiência em telenovela foi dividindo com Lauro César Muniz a autoria de Corrida do Ouro, em 1974. No ano seguinte, foi colaborador de Janete Clair na novela Bravo!, enquanto duas adaptações suas, de obras literárias, eram exibidas no horário das seis: Helena, de Machado de Assis, e Senhora, de José de Alencar.
Entre 1976 e 1977, escreveu mais duas adaptações, que já mostravam o domínio do jovem autor ao roteirizar telenovelas: Escrava Isaura e Dona Xepa, grandes sucessos daquela época. Foi a deixa para Gilberto estrear no horário nobre em grande estilo: em 1978 escreveu Dancin’ Days, que virou mania nacional e consagrou o novelista. Um sucesso arrebatador.
Seguiram-se outros títulos: Água Viva, Brilhante, Louco Amor e Corpo a Corpo. Em 1988, Gilberto Braga mobilizou o país com Vale Tudo (escrita com a parceria de Aguinaldo Silva e Leonor Bassères), um dos maiores êxitos da nossa TV, discutindo corrupção e o “jeitinho brasileiro”. De quebra, “Quem matou Odete Roitman?”, questionamento que parou o país no último capítulo. É considerada por muitos especialistas “a melhor novela brasileira de todos os tempos”.
Entre as minisséries, duas tornaram-se clássicos da televisão: Anos Dourados, em 1986, e Anos Rebeldes, em 1992. Nos anos 1990, Gilberto propunha uma continuação da discussão sobre as mazelas da sociedade brasileira, iniciada em Vale Tudo: O Dono do Mundo, em 1991, e Pátria Minha, em 1994-1995, dessa vez sem a mesma repercussão.
Celebridade (2003-2004) ficou marcada pela pérfida dupla Laura Cachorra e Marcos (Cláudia Abreu e Márcio Garcia) e pela surra que Maria Clara Diniz (Malu Mader) deu em Laura, trancadas em um banheiro de boate. Paraíso Tropical (2007) é mais lembrada pelo irresistível casal Bebel e Olavo (Camila Pitanga e Wagner Moura). Seguiram-se Insensato Coração (2011) e Babilônia (2015) – esta última, marcada pela rejeição do público.
Gilberto Braga faleceu em 26 de outubro de 2021, quando estava prestes a completar 76 anos, de uma infecção causada por perfuração no esôfago. Será para sempre lembrado pelas abordagens policiais (foram vários “quem matou?”) e pela retratação pitoresca da elite carioca. Foi o autor que melhor mostrou o high society, com glamour, sofisticação e seus ridículos, sempre com apelo folhetinesco e uma visão irônica da elite.
Gilberto, Aguinaldo, João Emanuel são meus favoritos
Suas obras nunca serão esquecidas.
Que reprise o Viva logo Celebridade.
Ótima análise, Roberto Silva! Concordo plenamente.
Poderia fazer uma nova versão da novela A Escrava Isaura. Na Globo, é claro.
Sem dúvida um dos melhores autores de novelas ,amo a maioria de suas novelas … água viva,dancin days,vale tudo, força de um desejo , celebridade… fantástico
Um dos melhores Autor sem dúvida foi responsável por escrevar a minha novela preferida dos anos 90, Força de um Desejo.
Água Viva persiste na minha memória! Vale Tudo pela qualidade inegável!
Meu autor preferido, de sempre. Escreveu 2 das minhas novelas preferidas de todos os tempos. “Vale Tudo” e “O Dono do Mundo”. E assim, como eu, ama Malu e Cacau.
Gilberto Braga é o autor que, todos sabem, retrata os ricos e grã-finos da zona sul carioca. Assisti Louco Amor, Anos Dourados, Vale Tudo, Celebridade e Paraíso Tropical, e pelo Viva, Dancin’Days e Água Viva. Desses, Vale Tudo e Anos Dourados são os meus preferidos.
Meu autor preferido junto com o Joao Emanuel Carneiro e Aguinaldo Silva, este ultimo alias se auto-intitula como “o mais denso dos autores”.Nao poderia estar mais enganado, esse titulo pertence indiscutivelmente, para o bem e para o mal, a Gilberto Braga, ninguém tem um texto tao critico e denso como o Giba, nao por coincidência suas tramas em geral custam a engrenar com o grande público e são bem recebidas pela critica especializada.
Eu diria que o Gilberto é um observador muito crítico dos costumes, suas tramas, em sua espinha dorsal, sempre partem da mediocridade humana, sempre o fio condutor é movido por inveja e ambição, como se o autor tivesse tesão em pôr uma lupa nos pontos mais críticos da sociedade. Por outro lado o autor tambem é viciado em extremos, bons(e ingenuos)demais e maus demais, seus mocinhos tem uma honestidade em niveis surreais, fazendo com que seus viloes, possuidores de uma amoralidade e ambição sem limites, sempre roubem a cena.
A grife Gilberto Braga é uma das mais facilmente reconheciveis, em todos os seus folhetins seu cardápio é uma variação de arquétipos do: pobre ambicioso, a rica presidente de uma empresa, a pobre honesta e indignada, o alpinista social, a prostituta cínica etc; acompanhados pelos mesmos temas: alpinismo social, luta de classes, corrupção, degradação de valores, ao mesmo tempo que no fim, tudo acaba com um certo discurso moralista onde viloes sao punidos com seus respectivos mocinhos recompensados e felizes no final.
Giba tem uma visao de mundo acida e real demais ao publico brasileiro, tanto que sua maior dificuldade estava em transcrever essa visao em uma maneira palatável ao telespectador medio, problemas de audiencia foram uma constante em sua carreira, mas qualidade de texto quase nunca foi. O que Gilberto tem de ácido ele tem de pertinente em seu discurso, seu maior desafio estava em dosar sua observacao critica com o folhetim escapista que o grande público gosta de apreciar. Desafio este que pareceu so crescer com o autor de uns tempos pra cá, é muito nitida a queda de desempenho de suas ultimas tramas, Gilberto sempre deixou claro que escrever era um trabalho hercúleo e que o fazia mais pelo dinheiro, porém ele tem um verdadeiro dom para o oficio, uma pena que este dom foi lhe ficando mais pesado e penoso com o passar do tempo.
Espero que ao menos tenha folego para mais uma obra para que assim possa fechar sua carreira com mais dignidade, ele e o publico merece muito.