Sinopse

Kubanacan é uma pequena ilha paradisíaca no Caribe, uma republiqueta com duas cidades principais: La Bendita, a capital desenvolvida, e Santiago, na costa, uma colônia de pescadores. É um país cheio de mistérios e paixões à flor da pele. Porém, os kubanaquenses enfrentam problemas bastante familiares, como corrupção, empreguismo e falta de vergonha.

Em 1951, o General Carlos Camacho assumiu o poder com um golpe militar. Com o apoio de Mercedes, a primeira-dama do governo anterior, sua amante, comandou uma rebelião palaciana em La Bendita, tornando-se o ditador da ilha. Enquanto isso, em Santiago, a bela Marisol, até então casada com o malandro Enrico, sonhava com os holofotes e o brilho da capital.

Um homem ferido e sem memória foi encontrado em Santiago. Os pescadores o acolheram e lhe deram o nome de Esteban, que conquistou o coração de Marisol, fazendo Enrico partir para La Bendita. Esteban adora a vida em Santiago, tem um filho com Marisol e desiste de lembrar seu passado, pois tudo leva a crer que era um homem violento. Porém, sua mulher, a princípio apaixonada, não desistiu da fama.

Sete anos depois, Marisol conheceu na praia o General Camacho, que se encantou por ela. Dividida entre o amor de Esteban, com uma vidinha sem perspectiva na colônia, e uma chance na capital ao lado do poderoso presidente, Marisol decide arriscar tudo, partindo com o general e deixando o filho pequeno para Esteban acabar de criar.

Em La Bendita, o povo pensa que a família de Carlos Camacho, agora casado com Mercedes, é perfeita. Porém a (de novo) primeira-dama não aguenta mais as traições do marido, sobretudo com Marisol, sua última conquista. O general, entretanto, sabe que seu poder está sustentado em grande parte pela popularidade da esposa e não vai querer abrir mão dela.

Enrico, o ex-marido de Marisol, mudou-se para a capital e refez sua vida ao lado de Lola, moça pobre e batalhadora, mãe de família exemplar durante o dia e uma talentosa cantora de cabaré à noite. Ela esconde sua atividade noturna do marido e ele esconde que é um gigolô malandro. A irmã masculinizada de Lola, Rubi, é apaixonada pelo cunhado, apesar de os dois viverem às turras.

O cortiço logo recebe a visita de Esteban, que partiu de Santiago no encalço de Marisol. Fugindo de homens perigosos que querem sua pele, sem nem ao menos Esteban saber porquê, ele e Lola viverão um amor proibido – afinal cada um ainda é casado – enquanto o homem sem passado vai juntar as pistas que levarão seu destino a cruzar com o do temido General Carlos Camacho.

Globo – 19h
de 5 de maio de 2003
a 24 de janeiro de 2004
227 capítulos

novela de Carlos Lombardi
escrita por Carlos Lombardi, Emanuel Jacobina, Margareth Boury, Tiago Santiago e Vinícius Vianna
direção de Marco Rodrigo, Cláudio Boeckel e Edgar Miranda
direção geral de Wolf Maya, Alexandre Avancini e Roberto Talma
núcleo Wolf Maya e Roberto Talma

Novela anterior no horário
O Beijo do Vampiro

Novela posterior
Da Cor do Pecado

MARCOS PASQUIM – Esteban Maroto / Adriano Allende / León
ADRIANA ESTEVES – Lola
DANIELLE WINITS – Marisol / Frida
VLADIMIR BRICHTA – Enrico
CAROLINA FERRAZ – Rubi
HUMBERTO MARTINS – Carlos Camacho
BETTY LAGO – Mercedes
WERNER SCHÜNEMANN – Alejandro Rivera
ANDRÉ MATTOS – Augustin Tavalera
MARCO RICCA – Celso Camacho
LETÍCIA SPILLER – Laura
NAIR BELLO – Dolores
ÂNGELA VIEIRA – Perla Perón
DANIEL BOAVENTURA – Johnny
BRUNO GARCIA – Dagoberto
LUIZ GUILHERME – Manolo
LOLITA RODRIGUES – Isabelita
DANIEL DEL SARTO – Guijermo
RAFAELA MANDELLI – Soledad
IRAN MALFITANO – Carlito
TATYANE GOULART – Mercedita
MÁRIO GOMES – Ferdinando
FRANÇOISE FORTON – Concheta
WOLF MAYA – Don Diego
ÍTALO ROSSI – Trujillo
OSWALDO LOUREIRO – Coronel Pantoja
ROGER GOBETH – Jesus
ÉRIKA EVANTINI – Dulcinéia
GERO PESTALOZZI – Ramón
THALMA DE FREITAS – Dalila
MARCELO SABACK – Capacho
RAUL GAZOLA – Herrera
FERNANDA DE FREITAS – Consuelo
BRUNO GRADIM – Calígola
MÁRCIA MANCINI – Maria
ADRIANA TOLENTINO – Pinta
ELENA TOLEDO – Niña
ANDRÉA LEAL – Celeste
GABRIELA LINHARES – Bilma
NÁDIA ROWINSKY – Madalena
GLÁUCIO GOMES – Eliseu

as crianças
PEDRO MALTA – Gabriel
THAÍS MÜLLER – Antônia
RAISSA MEDEIROS – Pilar
JOÃO VÍTOR SILVA – Othelinho
THAMIREZ GUTIERREZ – Julieta Ofélia
AIMÉE UBACKER – Paloma
PEDRO HENRIQUE CRUZ – Thiaguinho

e
ADRIANO REYS – Pitágoras
ALEXANDRE PATERNOST – Henrique
ALEXANDRE ZACCHIA – Sanchez
ANA ROSA – Piedad
AUGUSTO NOVAES – noivo de Lúcia
AUGUSTO VARGAS – Pancrásio
BENVINDO SIQUEIRA
BETE COELHO – Cristal
BRENO MORONI – Tito (marido de Piedad)
CAIO ZACARIOTTO – Zazá
CARLA MARINS – Oleana
CARLOS BONOW – Pablo
CARLOS GREGÓRIO – (falso) Moralez
CARLOS MACHADO – Batista
CARLOS VEREZA – Schindler
CAROLINA ABRANCHES – Bernarda
CAROLINA KASTING – Zelda
CASTRO GONZAGA – Dr. Contreras
CECIL THIRÉ – Senador
CHICO DIAZ – Sebástian
CHRISTINE FERNANDES – Blanca
CLÁUDIA ALENCAR – circense
CLÁUDIA RODRIGUES – Milagros
CLÁUDIO CORREA E CASTRO – Tijon
CRISTIANA OLIVEIRA – Helena
DANIELA ESCOBAR – Vanda
DARTAGNAN JÚNIOR – Solano
DELANO AVELAR – Dimitri
DUDA RIBEIRO – Advogado
EDUARDO CANUTO – Raul
EDUARDO MOSCOVIS – Rodrigo
EMÍLIO ORCIOLLO NETO – Dr. Cristóban
ERNANI MORAES – Miguel
FÁBIO SABAG – Arrabal
FELIPE MARTINS – enfermeiro no hospício
FLÁVIA BONATO – Teresa
FLÁVIA MONTEIRO – Alma
FLORIANO PEIXOTO – Bolívar
GABRIELA DUARTE – Veruska Verón
GABRIEL BRAGA NUNES – Victor
GISELLE ITIÉ – Belinda
GUILHERME CORRÊA – Mendonça
HAÍRTON JR. – coreógrafo do Night Club Copacabana
HEITOR MARTINEZ – (novo) Esteban
HELENA FERNANDES – Marieta
IGOR ROBERTO LAGE – policial
ILYA SÃO PAULO – Galeano
INGRID GUIMARÃES – Rosita
JARDEL MELLO – Dualde
JAYME PERIARD – Fernando
JOANA FOMM – Caridad
JOÃO CAMARGO – Maldonado
JORGE PONTUAL – Felipe
JUAN PADILHA – Renato Crespo
KADU MOLITERNO – Dr. Moralez
KICO MASCARENHAS – Cindy
LÍCIA MAGNA – Tia Cotinha
LUCIANO VIANNA
LUIZ CARLOS TOURINHO – Everest
MALU VALLE – Remédios
MARA MANZAN – Ágata
MARCELO FAUSTINI – sentinela na Casa Amarilla
MARCELO MELLO – Bigode
MARCOS BREDA – Che Lopez / comandante do navio que traz Celso Camacho
MARIANA DU BOIS – Núbia
MARIANA HEIN – Lúcia
MARIA REGINA
MARILU BUENO – Sodoma
MAURO MENDONÇA – Sandoval
MICHEL MAX – Peloton
MIRIAN PIRES – viúva cega do dono do posto
MURILO ELBAS – delegado
MYLLA CHRISTIE – Cassandra
NATÁLIA LAGE – Frida
OTÁVIO AUGUSTO – Hector
OTHON BASTOS – Dr. Ortiz
PAULA FRANCO – Pepita Pantoja
PAULA HUNTER – Catarina
PAULO BETTI – Chacon
PAULO FIGUEIREDO – Fernando
PAULO REIS – Chico
PIA MANFRONI – Fiametta
RAQUEL NUNENS – Lúcia Allende
REGINA DUARTE – Maria Félix
RENATO RABELLO – Hernán
ROBERTO BOMTEMPO – Perón
SILVIA PFEIFER – Amanda
SOLANGE COUTO – mãe de santo
STÊNIO GARCIA – Rúbio
STEPAN NERCESSIAN – Gofredo
TATIANA MONTEIRO – Magrit
TELMA RESTON – Gomorra
THAÍS DE CAMPOS – Lulu
TONY TORNADO – macumbeiro
VANESSA GERBELLI – Amapola
VANESSA LÓES – Anabela
VICK MILITELLO
VIVIANNE PASMANTER – Lorena
WILSON DE SANTOS – camareiro do Night Club Copacabana
Bárbara
EL Greco
Eva
Delegado Rojas
Dr. Blackwell (hipnotizador)
Guevara
Guzman (avô de Pilar)
Jezebel (índia)
Mr. Thomas
Montero
Pancho
Polidoro
Ralph
Sargento Ardiles
Tia Fefinha (tia fofoqueira de Lola)
Victor (empregado de Maria Félix)
Vidal (marido de Anabela)

– núcleo de ESTEBAN (Marcos Pasquim):
o pai ALEJANDRO (Werner Schünemann), entra na metade da novela
seu irmão gêmeo, ADRIANO ALLENDE (Marcos Pasquim), que também entra na metade da novela
a primeira mulher MARISOL (Danielle Winits)
a filha PILAR (Raíssa Medeiros), que teve com CASSANDRA (Mylla Christie) no passado. A mãe a abandonou para Esteban criar.
os filhos de Marisol, GABRIEL (Pedro Malta) e ANTÔNIA (Taís Müller), criados por Esteban como se fossem seus
o amigo JOHNNY (Daniel Boaventura), seu maior fã.

– núcleo de LOLA (Adriana Esteves), que se apaixona por Esteban:
a mãe DOLORES (Nair Bello)
a irmã RUBI (Carolina Ferraz)
o marido ENRICO (Vladimir Brichta), alvo do amor de Rubi e com quem acaba ficando
o vizinho MANOLO (Luiz Guilherme) e sua mãe ISABELITA (Lolita Rodrigues)
os filhos pequenos JULIETA OFÉLIA (Thamires Gutierrez), OTELINHO (João Vítor Silva) e THIAGUINHO (Pedro Henrique Cruz)

– núcleo do GENERAL CARLOS CAMACHO (Humberto Martins):
a mulher MERCEDES (Betty Lago), revelada filha de Isabelita no decorrer da novela
o filho CARLITO (Iran Malfitano)
os filhos de Mercedes: GUIJERMO (Daniel Del Sarto) e MERCEDITA (Tatyane Goulart)
o irmão CELSO CAMACHO (Marco Ricca), entra na trama para ocupar o lugar deixado por Camacho quando Humberto Martins sai da novela, mas quando Camacho volta, assassina o irmão.

– núcleo da Casa Amarilla, sede do governo de Kubanacan:
DAGOBERTO (Bruno Garcia), secretário e puxa-saco do general
CAPACHO (Marcelo Saback), o dublê de Camacho
TRUJILLO (Ítalo Rossi), pai de Johnny
CORONEL PANTOJA (Oswaldo Loureiro)
LAURA (Letícia Spiller), personagem misteriosa que entra na reta final da novela e se instala na Casa Amarilla. Se envolve com Johnny e Guijermo, mas casa-se com Carlito e torna-se amante de Carlos Camacho.

– núcleo de SOLEDAD (Rafaela Mandelli), disputada por Guijermo e Carlito:
o pai FERDINANDO (Mário Gomes), senador, teve um caso com Perla no passado
a mãe CONCHETA (Françoise Forton)
o tio DOM DIEGO (Wol Maya), um político inimigo de Camacho, abandona a novela na metade

– núcleo do Night Club Copacabana:
o gerente AUGUSTIN (André Mattos), apaixonado por Mercedes
a vedete PERLA PERÓN (Ângela Vieira), amante de Augustin
o diretor HERNÁN (Renato Rabello), envolvido nas tramóias de Esteban, acaba assassinado
a dançarina BILMA (Gabriela Linhares)
o camareiro (Wilson dos Santos)
o bailarino (Haírton Jr.)
a filha de Augustin CONSUELO (Fernanda de Freitas), que se envolve com os irmãos Guijermo e Carlito
CALÍGOLA (Bruno Gradim), sobrinho de Augustin, primo de Consuelo

– núcleo das meninas de Enrico (ele era um gigolô):
MARIA (Márcia Mancini)
PINTA (Adriana Tolentino)
NIÑA (Elena Toledo)
e HERRERA (Raul Gazola), amigo de Enrico

– núcleo dos pescadores de Santiago:
JESUS (Roger Gabeth) e sua mulher DULCINÉIA (Érika Evantini), irmã de Enrico
RAMON (Gero Pestolazzi) e sua mulher DALILA (Thalma de Freitas), que ele abandona após flagrá-la com Esteban. Ramon passa então a ter um caso com Dulcinéia.
CELESTE (Andréa Leal), chega a trabalhar como empregada de Augustin

– outros personagens:
ELISEU (Gláucio Gomes), que gerencia o Coliseu, um local de lutas
MADALENA (Nádia Rowinsky), um interesseira que se casa com o irmão gêmeo de Trujillo, que morre e não deixa nada para o filho, Johnny, nem para a amante.

Inspirações

Original criação de Carlos Lombardi com a marca do autor: comédia de texto ágil e sarcástico, romances-relâmpago e os sucessivos encontros, desencontros e troca-troca de casais.

O autor revelou como surgiu a ideia e o nome da novela: “Queria falar do Brasil criando uma história em uma terra distante. Decidi incluir uma trama com espionagem, quem sabe um 007 que fosse efetivo, mas que também fosse engraçado. A ideia de focar a trama numa nação fictícia do Caribe meio que nasceu quando ouvia um disco já antigo de Ney Matogrosso. Com a música ‘Coubanakan’. Tinha que ser o título da novela. Só coloquei o K porque Mario Lucio Vaz [diretor da Globo] achava que era uma letra de sorte.”
(Entrevista ao portal Notícias da TV, em 02/02/2021 por ocasião do lançamento da novela no Globoplay)

Carlos Lombardi revelou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” (do Projeto Memória Globo) que criou a personagem de Adriana Esteves, uma dona de casa que cantava em uma boate escondida da família, inspirado no clipe da música “King of Sorrow”, da cantora nigeriana Sade:
“No clipe, havia uma imagem linda que me chamou a atenção: a Sade aparecia dentro de um ônibus, à noite, com uma roupa absolutamente comum, de bobe no cabelo, segurando um vestido todo de lamê. Mais tarde, você a via cantando em uma boate com o tal vestido. (…) e comecei a contar a história dela para mim. Fui montando a personagem. (…) De quem ela se escondia para cantar? Do marido. Por que o marido era contra?…”

Sátira às ditaduras

Apesar do já conhecido estilo do autor ao escrever melodramas rasgados com humor sarcástico, dinamismo e torsos nus (ou seminus), Kubanacan vinha envolta a uma embalagem atraente e ousada, se considerarmos a ambientação da história no tempo e no espaço. Era uma novela de época (década de 1950) na faixa das sete da noite da Globo – não foi a primeira, nem a última, mas é sempre raro e causa estranheza -, ambientada em uma fictícia ilha paradisíaca de colonização espanhola, mas independente – uma “republiqueta” que lembrava fortemente Cuba.

Mesmo sem querer, Lombardi criou uma alegoria – ou uma sátira – sobre vícios ruins de ditaturas latino-americanas (Brasil incluso), fazendo bom uso do tempero caliente para apimentar seus triângulos e quadriláteros amorosos. A ideia de criar uma república fictícia e ambientar a história nos anos 1950 contribuiu para dar um ar de renovação ao universo do autor, caracterizado por tramas geralmente modernas e muito urbanas.

A intenção da crítica política e social ficou clara nos primeiros capítulos e garantiu um tom menos fútil às reviravoltas sempre presentes nas tramas do autor. Muito antes de estrear Kubanacan, Lombardi já dizia que não pretendia fazer de sua novela uma alegoria política sobre governos, ditatoriais ou não. Mesmo assim, não resistiu em tecer uma sátira bem-humorada às ditaduras latino-americanas.

Carlos Lombardi explicou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” por que ambientou a trama de Kubanacan na década de 1950:
“Primeiro porque, mesmo sendo uma história de espionagem, eu poderia fazer algo com orçamento baixo. Eu não queria usar alta-tecnologia, porque, para sair bem feito, ficaria muito caro. Outro fator era que os anos 1950 haviam sido anos de ditadura na América Latina. Além disso, eu poderia criar uma cantora de rádio, que me interessava muito mais do que uma cantora de TV.”

Viagem no tempo

Depois de mais de oito meses das aventuras do Pescador Parrudo (Marcos Pasquim), o melhor de Kubanacan foi guardado para o desfecho da história – nem tão “desfecho” assim, já que o final ficou meio aberto, dando margem a uma série de teorias pelos fãs mais criativos.

Foi revelado que era uma trama sobre viagem no tempo. O desmemoriado Esteban (Marcos Pasquim) era perseguido, mas não lembrava por quê. Todos, inclusive o público, achavam que era por fatos ocorridos no passado, quando na verdade, tinham relação com o futuro. O público entrou em parafuso, pois já estava perdido em meio às várias personalidades do protagonista apresentadas ao longo da trama.

Assim Lombardi, criou um final completamente inusitado para a novela, explicando a origem e o destino de Esteban e misturando o passado (década de 1950) com o futuro.

Palavras do autor sobre o fim de Kubanacan:
“Sei que provoquei um monte de discussões. Há quem reclame muito, há quem tenha amado. Posso dizer que fiz um baita de um barulho. Era definitivamente o que eu mais queria. Ouvir o barulho!”

Ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, o autor concluiu:
“Várias pessoas entendiam [a trama] e algumas não. Eu nunca pretendi que Kubanacan fosse uma ‘novela ônibus’ – que pega da vovó ao neném. Fiz uma novela para jovens com um fundo de ficção científica. Realmente pensei: nessa vou experimentar!”

Elenco

Mais uma dobradinha Carlos Lombardi-Wolf Maya (o diretor) e sua “panelinha” de atores, a “companhia lombardiana de comédia”. Estavam lá o “peito aberto” de Marcos Pasquim, os fartos e siliconados seios de Danielle Winits e as presenças certas de Humberto Martins, Betty Lago e Nair Bello – egressos dos dois últimos trabalhos de Lombardi-Wolf: a novela Uga Uga (2000-2001) e a minissérie O Quinto dos Infernos (2002).

Personagens carismáticos e bem interpretados pelo elenco, com destaque para Marcos Pasquim, até hoje lembrado por seu personagem Esteban Maroto, o Pescador Parrudo, de múltiplas personalidades. O nome Esteban Maroto, o autor Carlos Lombardi tirou do famoso ilustrador espanhol de histórias em quadrinhos.

Adriana Esteves rendeu uma performance irrepreensível na pele da doce e estabanada dona de casa e aspirante a cantora Lola. Além disso, imprimiu um toque de humor à personagem, o que fez com que Lola não se transformasse em uma heroína romântica completamente previsível e já manjada pelos espectadores.

Também destacaram-se Vladimir Brichta, como o dúbio Enrico, personagem divertidíssimo no texto de Carlos Lombardi; e Carolina Ferraz, como a masculinizada Rubi, com a qual a atriz fugia do estereótipo glamoroso de suas personagens até então.

Primeira novela do ator gaúcho Werner Schünemann (revelado naquele ano na minissérie A Casa das Sete Mulheres).
Também a primeira novela de João Vitor Silva (na época com 7 anos).

Kubanacan foi a novela com maior número de participações especiais em seu elenco até então. A profusão de participações se fez necessária pela própria maneira com que Carlos Lombardi idealizou a trama. Com um elenco ativo pequeno, e a história centralizada no protagonista Esteban, o autor utilizou a participação de inúmeras atores.

O ator Marcos Breda, em participação especial, viveu, em dois momentos, dois personagens completamente diferentes um do outro, um fato raro que, até então, só havia acontecido na novela Vira-lata (em 1996, também de Lombardi), com o ator Matheus Carrieri.

Desentendimentos

No meio do caminho, Carlos Lombardi e o Wolf Maya se desentenderam, culminando com a saída do diretor da novela, na qual também trabalhava como ator. Wolf declarou que havia muito atraso na entrega dos capítulos por parte de Lombardi. Este, por sua vez, disse que a saída de Wolf estava prevista, uma vez que o diretor estava escalado para trabalhar com Aguinaldo Silva em sua próxima novela das 21 horas (Senhora do Destino). No lugar de Wolf entrou Roberto Talma. (“Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas”, Fábio Costa).

Humberto Martins, que vivia o político Carlos Camacho, um dos protagonistas, também deixou a novela, em julho de 2003, para resolver problemas pessoais. Fábio Costa em seu livro “Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas” afirmou que Humberto não gostou de trabalhar em Kubanacan, “melindrado por não ter o costumeiro destaque na história, se queixou e pediu para deixar o elenco”.

Na trama não foi dada muita explicação para o sumiço de Carlos Camacho – ele foi atrás de um fazendeiro que ia apoiar sua candidatura à presidência, e ponto final. Em seu lugar chegou um irmão, Celso Camacho (Marco Ricca). Porém, Humberto Martins acabou retornando à produção em outubro.

Ângela Vieira também pediu para sair, por não concordar com os rumos que estava tomando sua personagem, a vedete Perla Perón.

Violência

A novela foi notificada pelo Ministério da Justiça por causa do excesso de violência. A produção exagerou na cena exibida no dia 08/07/2003, em que Esteban (Marcos Pasquim) espancou Carlito (Iran Malfitano), sobrando sangue para todo lado, na frente do pequeno Gabriel (Pedro Malta).

“A violência da novela é de desenho animado. Esteban é mesmo bom de briga. Mas a cena estava errada e o sangue cenográfico foi um excesso”, reconheceu o autor.

Falso gancho

Inspirado por Glória Perez, e referenciando-a, Carlos Lombardi repetiu em Kubanacan a cena dos tiros à queima-roupa que não atingem a pessoa alvo, que a autora criou para sua novela Carmem (1987-1988).

No final de um determinado capítulo de Carmem, uma personagem disparou seis tiros contra o marido. A cena terminou no auge da ação, como gancho. No capítulo seguinte, porém, o telespectador percebeu que nenhum tiro havia atingido seu alvo, recurso conhecido no jargão novelístico como “falso gancho”, já que os tiros não tiveram consequência alguma na trama. “Os seis tiros de Carmem” tornou-se o mais notável falso gancho de nossas novelas.

Carlos Lombardi homenageou o falso gancho de Glória Perez em tom de comédia, repetindo a cena dos tiros que não acertaram o alvo em Bebê a Bordo (1988-1989), Perigosas Peruas (1992), Kubanacan (2003-2004) e Bang Bang (2005-2006).

No capítulo 39 de Kubanacan, Oleana (Carla Marins) dispara seis vezes contra Esteban (Marcos Pasquim) e erra todos os tiros.

Exibições

Kubanacan nunca foi reprisada na TV aberta, mas foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming do Grupo Globo) em 07/12/2020.

Trilha sonora nacional

01. CARNAVALERA – Havana Delírio (tema de Enrico)
02. QUIZAS, QUIZAS, QUIZAS – Emmanuel (tema de Mercedes)
03. CONTIGO APRENDI – José Feliciano (tema de Marisol e Enrico)
04. NO ME PLATIQUES MAS – Cristian (tema de Lola e Esteban)
05. SOMENTE EU E VOCÊ – Ivete Sangalo (tema de Marisol e Esteban)
06. MULHER – Sidney Magal (tema de Perla)
07. COMO UM RIO – Vanessa Jackson (tema de Guijermo)
08. CAPULITO DE ALELI – Caetano Veloso (tema do cortiço)
09. MEZCLA – Rio Salsa
10. FOO FOO – Santana e Patricia Materola
11. HIT THE ROAD JACK – Happening (tema de Johnny)
12. MAMBO Nº 5 – Tropical Brazilian Band (tema geral)
13. CONTIGO EN LA DISTANCIA – Nana Caymmi (tema de Rubi e Enrico)
14. EU SÓ ME LIGO EM VOCÊ – Elza Soares (tema de Lola e Enrico)
15. COUBANAKAN – Ney Matogrosso (tema de abertura)
16. VOY VOLVER – Alpha Beat

Sonoplastia: Thanus Shalita, Humberto Donghia, Renato Muniz e Pedro Belo
Produção musical: Edom Oliveira
Direção musical: Mariozinho Rocha

Trilha sonora internacional

01. LA PUERTA – Luis Miguel
02. FEVER – Michael Buble
03. COPACABANA – Happening (tema do Night Club Copacabana)
04. MAMBO ITALIANO – Mambo Project (tema de locação)
05. PERFÍDIA – Laura Fygi (tema do Night Club Copacabana)
06. TAN SOLO TU Y YO (MOONGLOW) – Ivete Sangalo
07. NO ME PLATIQUES MÁS – Gisela (tema de Lola e Adriano)
08. THE LOOK OF LOVE (FROM “CASINO ROYALE”) – Dusty Springfield (tema de Rubi e Esteban)
09. EL HOMBRE QUE YO AMÉ (THE MAN I LOVE) – Omara Portuondo
10. LAURA – Frank Sinatra (tema de Laura)
11. WIPE OUT – The Sufaris
12. THE MAN WITH THE GOLDEN ARM (DELILAH JONES) – Billy May (tema geral)
13. GUANTÁNAMO – Pablo Gonzales
14. MAMBO CALIENTE – Bahamas

Seleção de repertório: Mariozinho Rocha e André Werneck
Supervisão: Carlos Lombardi

Tema de abertura: COUBANAKAN – Ney Matogrosso

Coubanakan
Misterioso país del amor
Dónde forman tus cantos en flor
Un vergel primoroso

Coubanakan
Maravilla de luz y calor
Tu perfume despierta el ardor
Con placer delicioso

Coubanakan
Preferida del sol y del mar
Todo unido evocan un cantar
De lejamos amores

Coubanakan
Guardaré tu recuerdo en mi ser
Porque allí tengo yo a mi querer
Y mi más loco afán
Tengo todo mi afán
En mi Coubanakan…

Veja também

  • ugauga

Uga Uga

  • quintodosinfernos_logo

O Quinto dos Infernos

  • penajaca

Pé na Jaca

  • guerraepaz_logo

Guerra e Paz