Sinopse

Estevão, um escritor famoso, decidiu deixar a cidade grande para viver em uma ilha afastada com a filha Marina, na tentativa de resguardá-la dos comentários maldosos a respeito da morte de sua mulher. Criada em clima de liberdade e contato com a natureza, a menina chega à adolescência. A pequena escola do lugar nada mais tem a lhe oferecer, a não ser a amizade de Tonho, um jovem pescador.

Estêvão tenta suprir a falta de escola transmitindo todo tipo de conhecimento à filha. Porém, sentindo-se culpado por tê-la afastado da cidade, manda Marina de volta para completar os estudos no Rio de Janeiro, na casa dos padrinhos Otávio e Anita. Marina sofre com o distanciamento imposto pelo pai: sente saudade dele, de Tonho, da natureza e de todo o universo que a cercava na ilha.

E sofre com a necessidade de se adaptar às novas condições de vida, da ilha afastada para a Zona Sul carioca, quando tem de enfrentar os estudos na cidade grande. É recebida com alegria pela menina Soninha, mas com desconfiança por Adriana e Luís – filhos de Otávio e Anita. Na escola, Marina faz amizade com Lelena, uma moça negra que enfrenta o preconceito da maioria dos colegas.

Marina também sofre preconceito no colégio, pelo seu comportamento simples, tão diferente das moças afetadas da cidade grande. E a perseguição de Vera, enciumada com a forte amizade que nasce entre Marina e Marcelo, seu ex-namorado, um rapaz mimado que nunca se conformou com a separação dos pais. Ao contrário de seus colegas, Marcelo se encanta pelos modos simples de Marina.

Globo – 18h
de 26 de maio a 8 de novembro de 1980
137 capítulos

novela de Wilson Aguiar Filho
baseada no romance “Marina, Marina” de Carlos Heitor Cony e Sulema Mendes
direção geral de Herval Rossano

Novela anterior no horário
Olhai os Lírios do Campo

Novela posterior
As Três Marias

DENISE DUMONT – Marina
LAURO CORONA – Marcelo
CARLOS ZARA – Estevão
NORMA BLUM – Sônia
OSWALDO LOUREIRO – Carlos Eduardo
ÉLIDA L’ASTORINA – Vera
EDSON CELULARI – Ivan
GLAUCE GRAIEB – Marlene
BETH GOULART – Fernanda
FÁBIO JUNQUEIRA – Zé
ANTÔNIO PATIÑO – Otávio
BEATRIZ LYRA – Anita
TETÊ PRITZL – Adriana
HAROLDO BOTTA – Luís
ÍRIS NASCIMENTO – Lelena
ZAIRA ZAMBELLI – Maria
ÍSIS KOSHDOSKI – Gilda
MILTON MORAES – Mário
SUELY FRANCO – Donana
CASTRO GONZAGA – João
MARIA POMPEU – Matilde
FÁBIO MÁSSIMO – Tonho
LÉA GARCIA – Leila
ROBERTO DE CLETO – Armando
CÉLIA BIAR – Rita
ROSANA PENNA – Diana
ÉLCIO ROMAR – John Wayne
LÚCIA VERÍSSIMO – Ana
ANKITO – Pirulito
GERMANO FILHO – Aluísio
LOURDES MAYER – Felícia
LUCA DE CASTRO – Rony
FERNANDO JOSÉ – Demóclito
VERA GIMENEZ – Ingrid
CRISTINA FREIRE – Alice
PAULO PINHEIRO
MAGDA TELES

a menina MONIQUE CURI – Soninha

e
MÔNICA TORRES – Rosa (falecida mulher de Estevão, mãe de Marina, em flashback)

– núcleo de MARINA (Denise Dumont), moça simples, mas de grande cultura, criada numa ilha. Em idade escolar, o pai a manda para o Rio de Janeiro, para a casa dos padrinhos, a fim de concluir seus estudos. Ao mudar-se, tem dificuldades de adaptar-se aos costumes dos jovens da cidade grande:
o pai ESTEVÃO (Carlos Zara), escritor famoso cuja mulher, ROSA (Mônica Torres), suicidara-se, deixando a filha pequena para ele criar. Foi quando mudou-se para uma ilha onde a filha cresceu em total liberdade e contato com a natureza
o amigo TONHO (Fábio Mássimo), pescador na ilha, cresceu com ela e acabou apaixonado. Vai atrás dela no Rio de Janeiro
a amiga de sua falecida mãe, SÔNIA (Norma Blum), que fora apaixonada por Estevão. Culpa-se por não ter ajudado Rosa quando ela se suicidou.

– núcleo de MARCELO (Lauro Corona), rapaz rico, carente e problemático com a separação dos pais. Sua vida se modifica ao conhecer e se apaixonar por Marina:
o pai CARLOS EDUARDO (Oswaldo Loureiro), de quem tinha mágoa por ter sido criado sem carinho após a separação da mãe. Homem ambicioso e mulherengo
o amigo JOHN WAYNE (Élcio Romar), rapaz rico e baderneiro, machista convencido
a ex-namorada de Carlos Eduardo, DIANA (Rosana Penna), interesseira, fútil e vaidosa
a secretaria e confidente de Carlos Eduardo, MARLENE (Glauce Graieb), que sempre nutriu um amor platônico por ele.

– núcleo de OTÁVIO (Antônio Patiño), irmão de Carlos Eduardo, homem conservador com mania de doenças. Amigo de Estevão, padrinho de Marina. Ela vai morar com a sua família quando o pai a manda para acabar os estudos no Rio de Janeiro:
a mulher ANITA (Beatriz Lyra), amiga e confidente de Sônia
os filhos ADRIANA (Tetê Pritzl), mimada, fútil e voluntariosa, antipatiza com Marina quando ela vai morar em sua casa,
LUÍS (Haroldo Botta), amigo de Marcelo e John Wayne
e SONINHA (Monique Curi), a caçula, menina travessa, fica amiga de Marina.

– núcleo de LELENA (Íris Nascimento), melhor amiga de Marina. Única garota negra no colégio onde estuda, vítima de racismo no ambiente de pessoas brancas e com mais poder econômico. Envolve-se com Luís e os dois enfrentam o preconceito por ela ser negra e ele branco:
a mãe LEILA (Léa Camargo), professora de História no colégio, mulher inteligente, combativa, de posições firmes.

– núcleo de VERA (Élida L’Astorina), patricinha arrogante e fútil, amiga de Adriana. Ex-namorada de Marcelo, não se conforma por ele namorar Marina. Persegue a garota e faz de tudo para separar o casal:
os pais ARMANDO (Roberto de Cleto), homem rico mas desligado das futilidades de sua classe social. Do mesmo círculo de Otávio e Carlos Eduardo,
e RITA (Célia Biar), mulher fútil da alta sociedade
a irmã FERNANDA (Beth Goulart), o seu oposto, moça esclarecida e inteligente, estudante de Psicologia, moderna e feminista. A princípio, sente-se atraída por Carlos Eduardo, por ele ser mais velho
a amiga ANA (Lúcia Veríssimo).

– núcleo de IVAN (Edson Celulari), mulherengo, ambicioso, instrutor de hipismo. Sua grande chance acontece quando é contratado por Carlos Eduardo para montar seu cavalo. É quando torna-se alvo do amor de Marlene, mas acaba iniciando um romance com Diana:
os pais JOÃO (Castro Gonzaga), dono de um bar, homem simples e justo, trabalhou muito para conquistar o pouco que tem,
e MATILDE (Maria Pompeu), religiosa e submissa
a irmã MARIA (Zaira Zambelli), moça tímida e melancólica, tem um problema na perna que a faz mancar
o técnico e treinador PIRULITO (Ankito), vive atrás dele.

– núcleo de MÁRIO (Milton Moraes), vizinho e amigo de João. Desempregado que faz biscates e luta para vencer o alcoolismo:
a mulher DONANA (Suely Franco), que sofre com o vício do marido, muito amiga de Matilde
os filhos, JOSÉ (Fábio Junqueira), se desdobra para sustentar a família como mecânico, embora sonhe ser escritor, amigo de Ivan, alvo do amor de Maria, envolve-se com Fernanda
e GILDA (Ísis Koschdoski), apaixonada por Ivan, amiga de Maria
o patrão de José, ALUÍSIO (Germano Filho), dono da oficina mecânica onde ele trabalha
a vizinha FELÍCIA (Loudes Mayer), viúva sozinha no mundo, amiga de Donana e Matilde
o advogado RONY (Luca de Castro), ajuda Felícia na associação do bairro em que ela atua. Apaixona-se por Gilda.

Adaptação

A volta de uma história contemporânea ao horário das seis. A última – desde que a faixa passou a ser dedicada exclusivamente às novelas (em 1975) – foi Dona Xepa, em 1977.

O romance original serviu apenas como base para o texto criado por Wilson Aguiar Filho. O autor comentou em entrevista ao Jornal do Brasil (publicada em 25/05/1980)
“A maioria dos personagens não existe no livro, foram criados. Outros, que eram só sugeridos, passam a ter vida própria e papel importante na trama. Marina é, praticamente, um original.”

Marina foi uma das primeiras novelas do horário das seis a abordar questões sociais contemporâneas em seu entrecho: racismo, alcoolismo, machismo, feminismo, problemas de relacionamento entre filhos de pais separados e romance com diferença de idade.

Novela solar

A Globo tentava reeditar o sucesso da “ensolarada” Água Viva, a atração das oito da noite na época. Para isso, ambientou a ação de Marina quase que nos mesmos cenários: as praias cariocas.

Enquanto o wind-surf e a pesca submarina eram os esportes enfatizados em Água Viva, a equitação foi um dos atrativos de Marina – elemento da abertura da novela, inclusive.

Contudo, a fórmula não deu certo no horário das seis. (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)

Elenco

Primeira novela de Lúcia Veríssimo, Mônica Torres, Zaira Zambelli, Fábio Junqueira e Luca de Castro.

Primeira novela na Globo dos atores Edson Celulari, Beth Goulart, Haroldo Botta e Glauce Graieb, egressos das novelas da TV Tupi – que encerrou suas atividades em 18/07/1980, pouco depois da estreia de Marina.

Roteiro modificado por atriz

Na trama da novela, Léa Garcia vivia Leila, uma professora de História combativa e de posições firmes. A filha Léa (Íris Nascimento) era a única estudante negra no colégio onde lecionava, constantemente vítima de preconceito racial em um ambiente dominado por brancos de classe econômica privilegiada. Para conscientizar a filha e não deixá-la se sentir “inferior”, Leila deveria falar sobre Zumbi dos Palmares.

Em 1980, pouca gente fora do Movimento Negro sabia quem havia sido o líder quilombola. A mera referência em uma novela da Globo já era uma forma potente de divulgar seu nome para o grande público. Léa Garcia integrava o conselho do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN). Quando leu o roteiro da novela, pensou: “Não é bem assim!”

“Era uma visão do Zumbi dos Palmares que não era a nossa, uma visão eurocentrista. Eu não podia falar aquilo na televisão”, relembrou a atriz em 2010, para a dissertação de Doutorado “As Filhas do vento e o Céu de Suely: sujeitos femininos no cinema da retomada”, de Sumaya Machado Lima, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Léa convocou uma reunião no IPCN e sugeriu ajustes no texto. Depois, levou a versão com as mudanças ao diretor da novela, Herval Rossano, e à área de pesquisa da atração. A atriz argumentou que a versão original era uma história contada pelos brancos e que não mostrava a realidade sobre quem havia sido o herói brasileiro. Rossano aprovou os ajustes e a cena foi exibida com o novo roteiro.

“Foi uma das coisas mais sérias que foi dita em televisão em relação ao negro. E, pra mim, aquilo foi muito bom porque, quando eu acabei de dizer, o estúdio inteiro aplaudiu, o estúdio inteirinho aplaudiu!”, concluiu Léa Garcia. (O Globo, blog do acervo, 15/08/2023)

Autoria solicitada

Atualmente os direitos autorais de “Marina, Marina”, o romance que inspirou a novela, pertencem à escritora Sulema Mendes. As primeiras edições foram assinadas por Carlos Heitor Cony. O livro, lançado em 1978, havia sido uma encomenda das Edições de Ouro. Sulema Mendes fazia parte da equipe da Ediouro e ajudou a desenvolver o texto. Anos depois, reclamou a autoria do romance.

Cony explicou para Raquel Illescas Bueno no livro “Os invólucros da memória na ficção de Carlos Heitor Cony”:
“Foi uma sinopse que recebi da Ediouro para desenvolver (…) Eu dei o título, fiz o texto final, mas ela quis assinar. ‘Não! Eu quero assinar porque essa história fui eu que desenvolvi.’ Para não brigar com ela, eu deixei. (…) Essa história era uma obra coletiva.”

E mais

Não confundir com a novela homônima exibida pela Globo no ano da inauguração da emissora, 1965. Uma trama nada tem a ver com a outra.

01. DOCE VIDA – Marina (tema de Marina)
02. AQUELA COISA TODA – Oswaldo Montenegro (tema de Estevão e Sônia)
03. É DIFÍCIL DIZER – Evinha
04. VELHO CAMARADA – Fábio, Tim Maia e Hyldon (tema de Marina e Tonho)
05. MISTÉRIOS – Joyce (tema de Marina e Marcelo)
06. SOL DE PRIMAVERA – Beto Guedes (tema de abertura)
07. LEMBRANÇAS – Kátia (tema de Marlene)
08. AMOR NATURAL – Black Rio (tema de Vera e Marcelo)
09. VELAS IÇADAS – Ivan Lins (tema de Adriana)
10. QUERO ME ENTREGAR PRA VOCÊ – Ronaldo Resedá (tema de Fernanda)
11. MEU CORAÇÃO – Pepeu Gomes (tema de Ivan)
12. CAMINHOS CRUZADOS – Maria Martha (tema de Maria)

Sonoplastia: Sérgio Cuíca
Trilha incidental: Octávio Burnier
Direção de produção: Guto Graça Mello
Pesquisa de repertório: Lulu Santos

Tema de abertura: SOL DE PRIMAVERA – Beto Guedes

Quando entrar setembro
E a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão
Onde a gente plantou
Juntos outra vez
Já sonhamos juntos
Semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz
No que falta sonhar

Já choramos muito
Muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar
Uma nova canção
Que venha trazer sol de primavera
Abrir as janelas do meu peito
A lição sabemos de cor
Só nos resta aprender…

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