Sinopse

Família. Honra. Terra. Estas eram as três únicas justificativas para uma mulher brasileira viver no século 19. Maria Moura tinha apenas 17 anos quando perdeu, uma a uma, as razões de sua existência. Primeiro, encontrou sua mãe morta. Depois, foi seduzida pelo padrasto e provável assassino da mãe. Finalmente, teve a posse de suas terras ameaçada por primos gananciosos. Se Maria Moura fosse uma mulher comum, sua vida teria terminado. Porém, ela não gostava de tragédias. Pelo contrário, amava tanto a vida que foi capaz de transformá-la em uma grande aventura, rompendo as regras da sua época.

Mesmo diante da desgraça, Maria Moura se recusou a aceitar o papel submisso reservado à mulher na sociedade patriarcal e opressora da época. Ela passou, então, a fazer o jogo violento dos homens, nem sempre sendo perfeita, nem sempre estando do lado certo. Maria Moura enfrenta uma jornada até a Serra dos Padres para repelir a invasão do seu sítio pelos seus primos inescrupulosas Tonho, Irineu e Firma. Entre os homens que encontra pelo caminho e que se juntam ao seu bando, está o galante Cirino, por quem ela se apaixona, mas que mais tarde descobre ser um mau-caráter e traidor.

Outro agregado ao bando é o Padre José Maria, que pecou contra a castidade e passava por um processo de culpa. Deixando-se seduzir por Bela, uma mulher casada, o padre viveu uma intensa história de amor que terminou em tragédia. Grávida dele, Bela foi assassinada pelo marido, Anacleto. Para fugir do próprio destino, José Maria foi buscar abrigo na fortaleza de Maria Moura e acabou integrado a seu bando. Em outra trama, Marialva, prima e herdeira de Maria Moura, encontra ao lado do artista de circo Valentim uma possibilidade de escapar do duro convívio com os irmãos Tonho, Irineu e Firma.

Globo – 22h30
de 17 de maio a 17 de junho de 1994
19 capítulos

minissérie de Jorge Furtado e Carlos Gerbase
baseada no romance homônimo de Rachel de Queiróz
colaboração de Glênio Póvoas e Renato Campão
direção de Denise Saraceni, Mauro Mendonça Filho e Roberto Farias
direção artística de Carlos Manga

GLÓRIA PIRES – Maria Moura
MARCOS PALMEIRA – Cirino
CRISTIANA OLIVEIRA – Marialva
JACKSON ANTUNES – Valentim
ZEZÉ POLESSA – Firma
ERNANI MORAES – Tonho
OTÁVIO MÜLLER – Irineu
KADU MOLITERNO – Padre José Maria
BIA SEIDL – Bela
SEBASTIÃO VASCONCELOS – João Rufo
CHICO DIAZ – Duarte
ZEZÉ MOTTA – Rubina
RUBENS DE FALCO – Tibúrcio
ANTÔNIO GRASSI – Anacleto
ROSAMARIA MURTINHO – Eufrásia
LUÍS CARLOS ARUTIN – Tonico
RENATA FRONZI – Aldenora
HÉLIO SOUTO – Tio Hércules
NELSON XAVIER – Padre Marcelino
RUTH DE SOUZA – Siá Mena
RUY REZENDE – Damião
MIRIAN PIRES – Gerusa
ARICLÊ PEREZ – Gertrudes
VANDA LACERDA – Dona Francisca
BERTRAND DUARTE – Zé Soldado
CAMILO BEVILACQUA – Alípio
CLÁUDIO GABRIEL – Maninho
CELSO FRATESCHI – Liberato
JOEL BARCELLOS – Roque
CARLOS GREGÓRIO – Dr. Silvino
LUI MENDES – Jardilino

e
ADELE FÁTIMA – cafetina
ALBERTO PEREZ – homem do casal que dá abrigo ao Padre José Maria
ALEXANDRE ZACCHIA – Genésio
AMIR HADDAD – mascate
ANA CARNEIRO – mãe assaltada
ANDRÉA RIBEIRO – Zita
ANDRÉ RICARDO – Zezinho
ÂNGELO DE MATTOS – pai de Maria Moura
ANTÔNIO GONZALEZ – Leocádio
AURICÉIA DE ARAÚJO – dona da hospedaria
BEIJA-FLOR – Barbudo
BETE MENDES – mãe de Maria Moura
BRUNO SILVA – Jardilino (criança)
CARLA JARDIM – Dina
CASSIANO CARNEIRO – Novato
CHICA XAVIER – mulher do casal que dá pousada ao bando de Maria Moura
CHICO EXPEDITO – Zé Pedro
CLEMENTINO KELÉ – homem do casal que dá pousada ao bando de Maria Moura
CLÉO PIRES – Maria Moura (criança)
CRÉO KALLAB – Jesuíno
CRIS LEONARDO – moleque do bairro de Marias Pretas
CRISTIANE CALDAS – Zita (criança)
ÉLIO PENTEADO – homem do bando de Tonho
EXPEDITO BARREIRA – Juvêncio
FRANCISCO CARVALHO – empregado do sítio de Maria Moura
FRANCISCO DANTAS
FRANCISCO DE ASSIS – delegado
FRANCISCO NAGEM – vendeiro
GEÓRGIO VINÍCIUS – Juca
GERALDO CAPETA – Jeová
GERMANO FILHO – bispo
GILBERTO PIQUIRI – capitão
GILSON MOURA – Salviano
IDA GOMES – mulher do casal que dá abrigo ao Padre José Maria
IVONE HOFFMANN – Dona Mocinha
IZABELA BICALHO – Berenice
JECE VALADÃO – Major (marido de Joaninha)
JOÃO DO REINO
JORGE MACEDO – atirador de facas
JOSÉ MARINHO – tenente
LEONARDO JOSÉ – médico que amputa a perna de Firma
LEÔNIDAS AGUIAR – vaqueiro
LUIZ DELFINO – Antunes
MANFREDO BAHIA – Mestre Luca
MARCELO BRAGANÇA – sitiante
MARIAH DA PENHA – Íria
MARIA RIBEIRO – Velha
MARIA SÍLVIA – Jovem
MATIAS CORRÊA – feitor
NEUSA NAVARRO – dona da pensão
ODENIR FRAGA – dono da venda
PABLO SOBRAL – Pagão
PAULO PEREIRA – rapazote assaltado
PAULO VESPÚCIO – Pé de Bode
PAULO WEUDES – amigo de Anacleto
RICARDO PAVÃO – pai assaltado
RODRIGO FARIA – moleque do bairro de Marias Pretas
RODRIGO MENDONÇA – soldado
RODRIGO DRIPPÉ – Raimundinho
RÔMULO MARINHO – médico
SADI PIMENTEL – praça
SEBASTIÃO LEMOS – homem que reconhece o Padre José Maria na fazenda do Major
SÉRGIO BRITTO – Eliseu
THERESA AMAYO – Joaninha (mulher de Major)
TONINHO DA CRUZ – feitor
VICENTE BARCELLOS – praça
VIC MILITELLO – Mimosa
ZÓZIMO BULBUL – Quixó

Faroeste brasileiro

Minissérie que resultou em um trabalho de equipe fantástico, um faroeste brasileiro com todos os ingredientes de um bom folhetim. O público correspondeu: a minissérie foi a recordista em audiência entre as minisséries da Globo na época, batendo Anos Dourados, de 1986.

Memorial de Maria Moura recebeu em 1994 o grande prêmio da crítica da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte). Também rendeu a Zezé Polessa o prêmio de melhor atriz coadjuvante do ano (juntamente com Marieta Severo, pela novela Pátria Minha).

Perfeita ao interpretar a protagonista, Glória Pires viveu um de seus melhores trabalhos na TV. A preparação para o papel exigiu uma árdua dedicação da atriz, com fonoaudióloga e aulas de equitação e tiro ao alvo. Glória fez ainda um curso de sobrevivência na selva, na Floresta da Tijuca. (*)

Descontentamento com a adaptação

O livro de Rachel de Queiroz foi o ponto de partida para os adaptadores – Jorge Furtado e Carlos Gerbase -, que reivindicaram liberdade para garantir, na transposição, a mesma força dramática que a autora havia atingido no romance.

Entretanto, Rachel de Queiroz não gostou do que viu na tela. Em entrevista às páginas amarelas da revista Veja, em 1996, a autora exprimiu seu descontentamento com a adaptação de seu romance:

“Eu exigi deles [da Globo] um atestado que dizia que era uma adaptação livre do original homônimo. Aceitei tudo porque eles pagavam in cash para a gente, e em dólar. De uma única vez, foram 60.000 dólares. Eles abusaram de duas coisas de que eu não gosto, sexo e violência, que não existem no meu romance.”

Apesar das modificações – inclusive no desfecho, já que, no livro, Maria Moura é vitoriosa na batalha final, e, na TV, leva um tiro fatal -, Rachel de Queiroz aprovou o resultado final.
“Eles não mudaram a história; adaptaram, e muito bem. O texto escrito diverge frontalmente daquele destinado à imagem. Mas tudo o que divulga o trabalho de um autor deve ser recebido com agrado”, afirmou a escritora.

O romance “Memorial de Maria Moura”, lançado em 1992, havia vendido 5 mil exemplares até maio de 1994, quando a minissérie estreou. Com a exibição da minissérie, a vendagem do livro dobrou.

Rachel de Queiroz, que a princípio parecia reticente com o fato de Glória Pires interpretar sua heroína, por fim se rendeu ao empenho da atriz. Quando questionada se ela achava que Glória tinha o perfil ideal para viver Maria Moura, respondeu: “Se não tinha o perfil, apossou-se dele!” (*)

História forte

“A melhor maneira de entender esta série é observando uma árvore.” – afirmou Carlos Manga na época do lançamento.

“É ver como um tronco se divide em outro e em outro, é admirar a ramificação de seus galhos. Todos se juntam e não se consegue perceber as divisões, assim como em Memorial de Maria Moura. Os amores impossíveis, as injustiças sociais, os momentos eróticos, os de sexo sublimado, as violências vividas, enfim, de alguma forma, todas as tramas e personagens remetem à protagonista, passam por ela, causam alguma coisa a ela ou são atingidos por ela. Trata-se de uma história muito forte, centralizada em um personagem riquíssimo, e que envolve cenas densas, tensas, ambientadas em um visual árido, pobre, duro. Situamos a história no centro do país, algo como Goiás, e gravamos em Tiradentes para garantir o tom colonial.”

Locações e cenografia

Apesar de ambientada no sertão nordestino, a minissérie foi gravada na cidade histórica de Tiradentes (MG), que foi dividida em dois ambientes. Na praça principal, surgiu o vilarejo de Vargem da Cruz, e nas ruas adjacentes ao centro, o de Bom Jesus das Almas. A praça foi forrada de lona plástica para receber terra, plantas e centenas de animais, transportados de caminhão do Rio de Janeiro – além dos atores e dezenas de técnicos.

A produção contratou 200 operários em Tiradentes para ajudar na adaptação dos cenários, que incluía o envelhecimento dos telhados da praça, a construção de fachadas falsas e de paredes de pau-a-pique – para o cenário do Bar do Coruja. Na cidade, instalou-sem ainda uma sofisticada ilha de edição.

Para compensar o transtorno provocado pelas gravações em Tiradentes – exigindo-se até mesmo a retirada de alguns postes de luz da praça principal – a Rede Globo forneceu material para a reforma de algumas das igrejas barrocas da cidade.

A área rural usada como cenário foi a Fazenda Engenho Novo, em Itaboraí, no estado do Rio de Janeiro. Algumas cenas ocorreram na região serrana de Nova Friburgo e Teresópolis. (*)

Repetecos

A minissérie foi reapresentada de 28/07 a 14/08/1998.

Reprisada também de 28/07 a 23/08/2010, no canal Viva (canal de TV por assinatura pertencente à Rede Globo).

Em 2004, foi lançada em DVD.

* “40 Anos de Glória”, Eduardo Nassife e Fábio Fabrício Fabretti.

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