O Amor é Nosso!

– núcleo de PEDRO (Fábio Jr.), jovem ambicioso que quer vencer como músico:
os pais CELSO (Nelson Dantas), com quem entra em atrito, e ANITA (Aracy Cardoso)
o irmão CLÁUDIO (Ney Sant´Anna)
a ex-namorada SELMA (Zaira Zambelli), que o trocou pelo irmão
o amigo DICK PETERSON (Cláudio Savietto), músico.

– núcleo de NINA (Myrian Rios), jovem romântica e meiga, apaixona-se por Pedro:
o irmão BRUNO (Buza Ferraz), jovem compositor que inicia uma parceria profissional com Pedro
o pai SANDOVAL (Jorge Dória), homem rico e prepotente
a madrasta CARMEM (Pepita Rodrigues), com o casamento em crise, resolve seperar-se, enfrentando uma série de obstáculos, pois Sandoval não aceita a separação e faz de tudo para prejudicá-la
o irmão de Carmem, BETO (Haroldo Botta).

– núcleo de GILDA (Tônia Carrero), mulher bonita e elegante. Já foi muito rica, mas só realizou-se profissionalmente depois que se separou do marido. É dona de uma agência de promoções. Vai ajudar Pedro a se lançar como músico:
o ex-marido ROBERTO (Milton Moraes)
os filhos SILVINHO (Júlio César) e LORETA (Rosana Garcia)
o filho de criação PINGO (Fernando Ramos da Silva), ex-menino de rua
a atual mulher de Roberto, ISABEL (Cleyde Blota) e sua filha MARIA (Isabela Garcia)
o empregado FLORIANO (Ariel Coelho), figura estranha e circunspecta conhecido como PÉ NA COVA, que tem total adoração por ela
a amiga de Loreta, MÁRCIA (Mayara Norbin)
as funcionárias de sua agência de produção: GINA (Ísis de Oliveira), (Mira Palheta), (Monique Evans) e (Wilma Dias).

– núcleo do PADRE LEONARDO (Stênio Garcia), ligado a um grupo de jovens, com os quais desenvolve um trabalho relacionado à problemática da vida humana:
o ex-seminarista CHICO (Stepan Nercessian), amigo de Nina, apaixona-se por ela e passa a disputá-la com Pedro
a secretária e responsável pela comunidade SUZANA (Liza Vieira), já fora namorada de Pedro
os jovens CHARLENE (Élida L´Astorina), FRANK (Carlos Alberto Baia) e IVO (Daniel Dantas).

– núcleo de CAMARGO (Ivan de Albuquerque), que torna-se ferrenho inimigo de Padre Leonardo por acreditar que uma de suas filhas sumiu por influência dele. Amigo de Gilda e Sandoval:
as filhas CÍNTIA (Simone Carvalho), moça dada como desaparecida, fazendo com que a culpa recaia sobre Padre Leonardo,
e SANDRA (Kátia D’Angelo), jovem inconsequente que junto com o pai tenta incriminar Padre Leonardo pelo sumiço da irmã.

– núcleo de MAÍRA (Marlene), cantora, já foi famosa mas, atualmente, está ultrapassada. Não aceitando sua decadência, procura retomar a carreira, mas encontra dificuldades:
a amiga LOLA (Yolanda Cardoso), camareira e antiga presidente de seu fã-clube, vai tentar por todos os meios que as pessoas voltem a admirá-la
o empresário ALFREDO (Osmar Prado), em início de carreira, é um dos que nega ajuda a Maíra, não vendo possibilidade de sua volta ao sucesso. Mais tarde, vai mudar de opinião.

– núcleo de MACEDO (Ivan Mesquita), grande amigo de Camargo e Sandoval:
as filhas TEREZA (Cristina Aché), jovem extremamente romântica que descobre seu amor por Ivo, mas o pai é contra a relação,
e TININHA (Gilda Gilhon), amiga e confidente de Nina.

Promoção de Fábio Jr.

O Amor é Nosso! era uma novela sob medida para a promoção do cantor e ator Fábio Jr., que, além de interpretar o protagonista Pedro – um jovem cantor em busca do sucesso, carismático e querido pelas mulheres -, também estrelava a abertura e cantava a música-tema, “Eu Me Rendo”, de Sérgio Sá.

Guilherme Bryan e Vincent Villari continuam em seu livro “Teletema, a História da Música Popular Através da Teledramaturgia Brasileira”:
“E o disco ainda traz a imagem de Fábio na capa (em uma época em que isso era incomum), um pôster do ator-cantor e um prospecto: ‘Aguardem para julho o novo e sensacional LP de Fábio Jr.’ Uma aposta pesada na carreira do astro, que, como sabemos, obteve grande sucesso, mas não por causa dessa novela.”

Início complicado

O processo de criação de O Amor é Nosso! foi complicado. A primeira sinopse dos autores Roberto Freire e Wilson Aguiar Filho não foi aceita pela Globo, tendo sido aprovada somente depois de passar pelas mãos de Gilberto Braga, Walter George Durst, Sérgio Jockyman, Silvio de Abreu e Vicente Sesso. (revista Manchete, ed. 1516, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)

Os impasses continuaram na pré-produção, levando a novela anterior no horário, Plumas e Paetês, a ser espichada até que se resolvessem os problemas com O Amor é Nosso! – entre os quais, a escalação do elenco. O ator Carlos Zara, incialmente escalado, foi trocado por Ivan Mesquita, que ia atuar na nova novela das oito, Baila Comigo. Assim, Zara foi para a novela das oito e Mesquita para a das sete.

Preocupação com o jovem

A ideia original era de Roberto Freire, psiquiatra e jornalista que já havia escrito novelas. Porém, ele dividiu a autoria com Wilson Aguiar Filho, que explicou, na época da estreia, como era feito esse trabalho em dupla:
“Estruturamos os capítulos juntos, idealizando cena por cena, com tudo que irá acontecer. Depois, distribuímos as cenas, sem qualquer critério, e cada um escreve a parte que lhe coube. (…) Neste processo, a parte mais difícil é a estruturação, porque toma mais tempo. No momento, procuramos criar um estilo comum.”

Na criação das tramas, os autores mostraram uma preocupação com o jovem. Roberto Freire comentou:
“Vamos ver se desenvolvemos, basicamente, o comportamento do jovem de hoje. Que tipo de amor é esse que existe na juventude, que propostas ela traz? Evidente que tudo isso dentro dos limites do horário e da televisão. São situações muito críticas e muito novas, que precisam ser tratadas de maneira correta.”

Fracasso retumbante

Entretanto, tudo não passou de um emaranhado de personagens que confundiu o telespectador, afastando-o da novela. O Amor é Nosso! é hoje lembrada como uma das produções mais problemáticas da história da TV Globo, um fracasso retumbante. Reza a lenda que a emissora tenha apagado todas as fitas da novela, sobrando apenas a abertura e algumas chamadas de estreia.

Nem mesmo a presença no elenco – um tanto quanto sensacionalista – do garoto Fernando Ramos da Silva (com 13 anos na época) conseguiu despertar algum interesse do público. Fernando ganhou notoriedade no ano anterior, ao protagonizar o filme Pixote, a Lei do Mais Fraco, de Hector Babenco.

O crítico de televisão Artur da Távola assim definiu a novela, no jornal O Globo de 25/10/1981, um dia após a exibição do último capítulo:
“Muito difícil fazer um balanço crítico de O Amor é Nosso! Diante de tantas alterações, impossível analisar a obra. Não há obra. A novela acabou descosida, diferente, desossada, embora de certa forma divertida. Mas morrerá sem deixar saudades. (…) A novela ficará como essas pessoas que morrem jovens: partem cheias de promessas e esperanças do que poderiam ter sido, se tivessem vindo a ser.”

Ônibus da morte

A partir do capítulo 80, Walther Negrão foi escalado para dar continuidade à história. Porém, restava pouco por fazer.

Cogitou-se uma saída semelhante à que Janete Clair usara na novela Anastácia, a Mulher Sem Destino (1967): uma tragédia levaria boa parte do elenco, que seria renovado a partir de uma nova história. Um acidente de ônibus faria com que vários personagens fossem eliminados. Porém o “ônibus da morte”, como ficou conhecido, não foi necessário.

“Como peguei a novela exatamente na metade, achei melhor encerrar algumas tramas propostas pelos outros autores para poder desenvolver a minha. Assim, todos os personagens ligados ao lado policial da novela vão desaparecer, porque pretendo destacar o lado romântico da história. Mas não haverá o ônibus da morte”, disse Walther Negrão ao jornal Folha de São Paulo de 30/07/1981.

Negrão criou então uma passagem de tempo na narrativa, que provocou mudanças no comportamento e caracterização dos personagens, além de algumas transformações em cenários e figurinos.

Na tentativa de salvar O Amor é Nosso!, também mexeu-se na direção. O ator Carlos Zara, que havia encerrado sua participação em Baila Comigo (a trama das oito da época), foi chamado para auxiliar o diretor Gonzaga Blota, a partir do capítulo 114.

Elenco

Rosana Garcia e Júlio César voltavam às novelas depois de quatro anos (de 1977 a 1980) interpretando Narizinho e Pedrinho no Sítio do Picapau Amarelo.

Participação – como atriz – da cantora Marlene, uma das “Rainhas do Rádio”, vivendo a fictícia cantora Maíra, que havia sido muito famosa no passado, mas estava com a carreira em decadência e fazia de tudo para retornar às paradas de sucesso.

O “Rei” Roberto Carlos (então marido de Myrian Rios, que vivia uma das protagonistas da trama) fez uma participação especial na novela. O personagem de Fábio Jr., o aspirante a cantor Pedro, invade o camarim do Rei para apresentar e pedir uma avaliação da música “Hei Cara”, do álbum que Fábio lançara na época, 1981. (revista Manchete, ed. 1516, pesquisa: Sebastião Uellington Pereira)
Também participaram da novela os cantores Ronnie Von e Vanusa.

Parte do elenco, representado pelos jovens estudantes e o padre Leonardo (Stênio Garcia), fez encontros em uma pousada em Visconde de Mauá, no Rio de Janeiro, para se preparar para a novela. (Site Memória Globo)

A atriz Thais de Andrade começou a gravar como a personagem Cíntia, aparecendo inclusive em uma chamada de estreia da novela (disponível no site Memória Globo), mas foi logo substituída por Simone Carvalho.

“Cíntia está grávida!”

O Amor é Nosso! marcou a estreia de Jorge Fernando em direção de novelas, pela primeira vez creditado como diretor – anteriormente ele atuava ou era assistente de direção.

Em entrevista ao programa TV Xuxa (2008-2014), Jorge Fernando narrou um fato curioso sobre sua estreia: foi rebaixado de cargo porque deixou passar uma cena em que se anunciava a gravidez da personagem Cíntia (Simone Carvalho), que não estava no roteiro e que não havia sido enviada para a análise prévia da Censura Federal (prática da época). A frase bombástica “Cíntia está grávida” fechou o capítulo da noite e imediatamente Jorge Fernando recebeu uma ligação da alta direção rebaixando-o.

“Voltei a ser assistente de direção por causa de ‘Cíntia está grávida’! ‘Cíntia está grávida’ foi um divisor de águas em minha vida”, disse o diretor para Xuxa, às gargalhadas.

Título

O primeiro nome pensado para a novela foi Transe Total, trocado por O Amor é Nosso!, um título genérico.

O novo nome foi justificado logo no início da trama, quando o personagem Ivo (Daniel Dantas) é repreendido por pichar a frase “O amor é nosso!” em um muro e responde: “O muro é seu, mas o amor é nosso!”

Trilha sonora nacional

01. BEM SIMPLES – Roupa Nova (tema de Ivo)
02. O MAIOR MISTÉRIO – Renato Teixeira (tema de Padre Leonardo)
03. JOGADA PELO MUNDO – Gal Costa (tema de Carmem)
04. SENTINELA – Milton Nascimento (tema de Padre Leonardo e Cíntia)
05. ROCHEDO – Beth Carvalho
06. BONS AMIGOS – Kátia (tema de Nina)
07. EU ME RENDO – Fábio Jr. (tema de abertura)
08. BEM-TE-VI – Renato Terra (tema de Chico)
09. ABRE CORAÇÃO – Marcelo (tema de Pedro e Nina)
10. PARA SER O SOL – A Cor do Som (tema de Tininha)
11. EU VOLTEI – Cláudia Telles
12. TESOURO DA JUVENTUDE – Lulu Santos
13. GOLPE DE AMOR – Fernanda (tema de Gilda)
14. COMO POSSO ESQUECER – Aquarius

Sonoplastia: Paulo Ribeiro
Seleção de repertório: Guto Graça Mello

Trilha sonora internacional

01. SUNSHINE ON MY SHOULDERS – John Denver (tema de Pedro e Nina)
02. NO TEARS TOMORROW – Lonnie Smith
03. HOW DO YOU SAY GOODBYE – Ted Baryson
04. THE BEST OF TIMES – Styx (tema de Sandra)
05. IS SOMETHING WRONG WITH YOU – Bobby Thurston
06. GOOD THING GOING – Sugar Minot
07. UNCHAIN MY HEART – Don Potter
08. ANCORA – Eduardo Crescenzo (tema de Gilda)
09. NOWHERE TO HIDE – Voyage
10. SEGUIRÉ MI CAMIÑO – Julio Iglesias (tema de Carmem)
11. WELCOME HOME – Corelia
12. YOU’RE BREAKING MY HEART – Niteflyte (tema de Chico)
13. I SPY – Savannah
14. PEACE AND LOVE – Steve McLean (tema de Ivo)

Tema de abertura: EU ME RENDO – Fábio Jr.

Onde é que foi parar aquela menina
Que me cantava quase toda noite
Jogando ao vento palavras
Olhares, sorrisos e pernas
Telefonemas de duplo sentido
Que me deixavam de calo no ouvido
E aquele jeito assim de respirar
Afim de me afogar de paixão e desejo

Fiz o possível pra não dar bandeira
Até pensei que não era comigo
Mas você foi mais e mais se chegando
E apertando o cerco
Usando todas as armas que sabe usar
Uma mulher quando quer

Pois então vem
Completa agora o teu feitiço
Vem, não faz essa cara de quem
Não tem nada com isso
Vem, pára com esse papo de
“O que é que eu fiz”
Faça o que quiser eu me entrego
Mas me faça feliz
Faça o que quiser eu me rendo
Mas me faça…