Sinopse

Felipe Barreto, um renomado cirurgião plástico, conhece a professora suburbana Márcia, noiva de Walter, funcionário de sua clínica. Ao saber que a moça é virgem, fica louco de desejo e, durante a cerimônia de casamento, aposta com o amigo Júlio que consegue levá-la para a cama antes do noivo. Ele ganha a aposta ao oferecer ao casal a lua-de-mel no Canadá, para onde também estava indo viajar. Porém, os rumos dos acontecimentos mudam para sempre a vida dos envolvidos.

Ao descobrir a traição da noiva, Walter, desnorteado, pega o carro, bate e morre. Márcia, responsabilizada pela desgraça e abandonada por todos, dedica a sua vida a uma vingança implacável contra o amoral Felipe Barreto. Auxiliada pela cafetina de luxo Olga Portela, Márcia chega aos poderosos e consegue colocar Felipe na cadeia. Porém, é tarde demais: está apaixonada pelo canalha, ignorando o assédio de dois homens que poderiam fazê-la feliz: Herculano e Otávio.

Do outro lado da história está o caso de amor de Thaís e Guilherme, o Beija-Flor, amigos e vizinhos de Márcia no subúrbio. Enquanto ele levanta um tributo à honestidade e bom-caratismo, ela esconde de todos que se prostitui para ascender socialmente. Até que Beija-Flor descobre a verdade sobre a amada.

Globo – 20h
de 20 de maio de 1991
a 4 de janeiro de 1992
197 capítulos

novela de Gilberto Braga
escrita por Gilberto Braga, Leonor Basséres, Sérgio Marques, Ângela Carneiro e Ricardo Linhares
direção de Denis Carvalho, Ricardo Waddington, Mauro Mendonça Filho e Ivan Zettel
direção geral de Denis Carvalho

Novela anterior no horário
Meu Bem Meu Mal

Novela posterior
Pedra Sobre Pedra

ANTÔNIO FAGUNDES – Felipe Barreto
MALU MADER – Márcia
FERNANDA MONTENEGRO – Olga Portela
GLÓRIA PIRES – Stela
KADU MOLITERNO – Rodolfo
ÂNGELO ANTÔNIO – Beija-Flor (Guilherme)
LETÍCIA SABATELLA – Thaís
NATHÁLIA TIMBERG – Constância Eugênia
STÊNIO GARCIA – Herculano Maciel
PAULO GORGULHO – Otávio
ANTÔNIO CALLONI – William
DANIEL DANTAS – Júlio
MARIA PADILHA – Karen
PAULO GOULART – Altair
ANA ROSA – Nanci
HUGO CARVANA – Lucas
ODETE LARA – Ester
CLÁUDIO CORRÊA E CASTRO – Vicente
BEATRIZ LYRA – Almerinda
SUZANA RIBEIRO – Isabel
MARCELO SERRADO – Humberto
DANIELLA PEREZ – Yara
BETTY GOFMAN – Gilda
TÁSSIA CAMARGO – Teresinha
ANTÔNIO GRASSI – Darci
OTÁVIO MÜLLER – Arlindo
JACQUELINE LAURENCE – Zoraide
BETTY ERTHAL – Araci
ALÉXIA DESCHAMPS – Liliane
JAIRO MATTOS – Fernando
JORGE PONTUAL – Xará (Alfredo)
CRISTINA GALVÃO – Celeste
YAÇANÃ MARTINS – Judite
MARIA HELENA PADER – Irene
RODRIGO MENDONÇA – Germano
TUCA ANDRADA – Ladislau / Russo
ALOÍSIO DE ABREU – Valdir
NILDO PARENTE – Alceu
JOÃO SIGNORELLI – Pinta (Gustavo)
FERNANDA YOUNG – Jurema
CRISTINA RIBEIRO – Jacira
CRISTINA MONTENEGRO – Suzana
JAIRO LOURENÇO – Ismael
PAULO REZENDE – Lauro
BILECO – Joel
ANA ROSA ABOIM – Maria Elisa

as crianças
JONATHAN NOGUEIRA – Paulinho
LEANDRO FIGUEIREDO – Marcelo
ALANA DE MOURÃO – Maria

e
ARY COSLOV – Sávio (cliente de Olga, milionário viúvo, dono de uma autorizada de carros que se interessa por Thaís)
BETINA VIANNY – Mariana (brasileira que mora no Canadá e cuida do chalé onde Márcia se hospeda, no início)
CHICO DIAZ – Durval (chefe da gangue, vai atrás de Felipe para que ele mude o rosto de Ladislau, procurado pela polícia)
CLÁUDIA MAGNO – Flávia Araripe (amiga de Stela, envolve-se com Felipe sem que ela saiba)
CONSTÂNCIA LAVIOLA – Leila (modelo que envolve-se com Beija-Flor)
DAYSE TENÓRIO – Eva (amiga de Celeste)
DENIS CARVALHO – Rubens (advogado que ajuda Felipe a recuperar sua permissão de trabalho, que fora cassada)
ISADORA RIBEIRO – Dóris (contratada por Karen para acabar com o romance de Stela e Rodolfo)
IVAN CÂNDIDO – Adolfo
JANDIR FERRARI – Miro (bandido da gangue de Durval)
JECE VALADÃO – Tabajara (pai de Walter e Xará, é vítima de uma bala perdida)
JOHN HERBERT – Hernandes (milionário, espelho de Felipe quando ocupa a antiga clínica do cirurgião)
KATE LYRA – Valerie Renault (cliente francesa de Felipe)
LUCINHA LINS – Vanda (relações públicas, envolve-se com Felipe)
MARA CARVALHO – Beatriz (ex-amante de Felipe, torna-se namorada de Herculano)
MARINA MIRANDA – Zuleica (empregada de Constância Eugênia, cansada de ser maltratada pela patroa)
MILTON MORAES – Lopes Rezende
MONIQUE ALVES – Isaura (secretária de Otávio)
PATRÍCIA NOVAES – Odete (envolve-se com Felipe)
PAULO FIGUEIREDO – Tavares (advogado de Felipe)
TADEU AGUIAR – Walter (noivo de Márcia, funcionário de Felipe, morre no início)
TONY FERREIRA – Moraes

– núcleo de FELIPE BARRETO (Antônio Fagundes), renomado cirurgião plástico, mulherengo, de caráter duvidoso. Revela-se um grande canalha:
a mulher STELA (Glória Pires), dedica-se ao marido, a quem ama, sem desconfiar de sua infidelidade
os pais ALTAIR (Paulo Goulart), homem bom, mas dominado pela mulher, e CONSTÂNCIA EUGÊNIA (Nathália Thimberg), arrogante, prepotente, de quem herdou o mau-caratismo
a empregada JUREMA (Fernanda Young), séria e compenetrada
o motorista VALDIR (Aloísio de Abreu)
a filha pequena MARIA (Alana de Mourão).

– núcleo de MÁRCIA (Malu Mader), moça romântica e um tanto ingênua, professora primária, de origem simples, moradora do subúrbio. Seduzida por Felipe, entregou-se a ele na noite de seu casamento, traindo o noivo, que morreu quando soube. Responsabilizada pela desgraça e abandonada por todos, quando percebeu que fora enganada por Felipe, passa a dedicar-se a uma vingança contra ele. Muda radicalmente em prol dessa vingança, tonando-se uma mulher fria e calculista:
a madrinha NANCI (Ana Rosa), mulher simples por quem Altair se apaixona, provocando a ira de Constância Eugênia
os primos, filhos de Nanci, GUILHERME, conhecido como BEIJA-FLOR (Ângelo Antônio), a princípio, envolvido com marginais, mas que se revela um sujeito honesto e corretíssimo
e HUMBERTO (Marcelo Serrado), apaixonado por música
o tio DARCI (Antônio Grassi), irmão de Nanci, garçom.

– núcleo de WALTER (Tadeu Aguiar), noivo de Márcia, no início. Funcionário de Felipe em sua clínica. Ao saber que a noiva o traiu com o patrão antes da lua-de-mel, sai desnorteado de casa, bate o carro e morre:
o pai TABAJARA (Jece Veladão), vítima de uma bala perdida
o irmão ALFREDO, conhecido como XARÁ (Jorge Pontual), de caráter duvidoso, envolvido com marginais, faz um contraponto com Beija-Flor.

– núcleo de OLGA PORTELA (Fernanda Montenegro), cafetina de luxo que tivera um caso com Altair no passado. Por isso é vítima do ódio e perseguição de Constância Eugênia, principalmente por serem vizinhas no mesmo prédio. Acolhe Márcia e a ajuda em seu plano de vingança contra Felipe Barreto. Ao final, descobre-se que é a verdadeira mãe de Felipe:
a amiga ZORAIDE (Jacqueline Laurence), sócia em uma galeria de arte
a empregada ARACI (Bethy Erthal), falastrona, se mete na vida de todos.

– núcleo de THAÍS (Letícia Sabatella), melhor amiga de Márcia. Para ascender socialmente, começa a se prostituir, mas esconde isso de todos. Namorada de Beija-Flor no início, ele rompe com ela quando descobre sua vida dupla. Vai trabalhar com Olga, que lhe apresenta homens ricos:
os pais VICENTE (Cláudio Côrrea e Castro), taxista com problemas financeiros, e ALMERINDA (Beatriz Lyra), gente simplória
a irmã GILDA (Betty Gofman), que sente inveja e rancor dela. Secretária na clínica de Felipe. Apaixonada por Darci, que nem repara nela
a prima TERESINHA (Tássia Camargo), moça despachada, tenta ajudar Gilda a conquistar Darci
o pretendente WILLIAM (Antônio Calloni), português rico que lhe foi apresentado por Olga. Casa-se com ele por interesse, mas é infeliz no casamento, pois ainda ama Beija-Flor.

– núcleo de RODOLFO (Kadu Moliterno), jornalista. Rico, bom-caráter, bonito e viúvo, é considerado um bom partido, mas ficou avesso a novas relações após a morte da mulher. Isso muda quando começa a se interessar por Stela, na fase em que ela separa-se de Felipe:
o filho PAULINHO (Jonathan Nogueira), que mora com os tios. Ignora o pai desde a morte da mãe
o cunhado JÚLIO (Daniel Dantas), irmão de sua falecida mulher. Cria Paulinho. Administrador da clínica de Felipe, seu amigo e cúmplice. É com que ele que Felipe faz a aposta de que é capaz de levar Márcia para a cama antes do noivo
a cunhada KAREN (Maria Padilha), mulher de Júlio, sócia de Zoraide na galeria de arte, falsa amiga de Stela. Ardilosa e alcoviteira, suas atitudes sempre têm uma segunda intenção, a fim de levar algum lucro ou vantagem. Seu interesse pela criação do sobrinho é meramente financeiro
o sobrinho MARCELO (Leandro Gonçalves), filho de Júlio e Karen, amigo do primo Paulinho
a empregada MARIA ELISA (Ana Rosa Aboim).

– núcleo de HERCULANO MACIEL (Stênio Garcia), pai de Stela. Homem de origem humilde que enriqueceu pelo próprio trabalho. Sem papas na língua, sempre teve “um pé atrás” com o genro Felipe. Amigo de Olga, apaixona-se por Márcia quando ela é apresentada a ele:
a filha caçula YARA (Daniella Perez), irmã e amiga de Stela, moça romântica, mas determinada. Apaixona-se por Humberto
o segurança PINTA (João Signorelli), envolve-se com Araci
a empregada JACIRA (Cristina Ribeiro), que acaba indo trabalhar no apartamento de Constância Eugênia e Altair.

– núcleo de OTÁVIO (Paulo Gorgulho), jovem médico que salva a vida de Herculano quando ele sofre um acidente automobilístico. Passa a ser amigo e protegido do rico paciente. Porém, apaixona-se por Márcia e vai a disputá-la com Herculano:
os tios LUCAS (Hugo Carvana), um marceneiro, e ESTER (Odete Lara), irmã de Lucas, antigo amor de Darci. Detestam Felipe Barreto por causa de seu descuido médico no passado
o marceneiro ISMAEL (Jairo Lourenço), trabalha com Lucas.

– núcleo de LADISLAU (Tuca Andrada), ladrão de carros envolvido em grandes assaltos e tráfico de drogas. Tenta atrair Xará e Beija-Flor para a sua gangue:
a irmã CELESTE (Cristina Galvão), inconformada com a vida de bandido do irmão
o amigo DURVAL (Chico Diaz), chefe de sua gangue. Vai atrás de Felipe para que ele faça uma cirurgia plástica e modifique o rosto de Ladislau, procurado pela polícia
MIRO (Jandir Ferrari), de sua gangue.

– núcleo de GERMANO (Rodrigo Mendonça), sujeito boa-praça, amigo de Xará e Beija-Flor, vizinho no subúrbio:
a irmã IRENE (Maria Helena Pader)
a amiga de Irene, JUDITE (Yaçana Martins).

– demais personagens:
ISABEL (Suzana Ribeiro), envolve-se com Beija-flor, torna-se amiga de Márcia
FERNANDO (Jairo Mattos), trabalha na produtora de Rodolfo
LILIANE (Aléxia Deschamps), secretária de Felipe em sua clínica, depois vai trabalhar na produtora de Rodolfo
ARLINDO (Otávio Müller), médico que trabalha na clínica de Felipe. Após ser traído pelo cirurgião, vai passar uma temporada no estrangeiro
SUZANA (Cristina Montenegro), funcionária da galeria de arte de Karen e Zoraide
JOEL (Bileco), porteiro do prédio onde moram Olga Portela e Altair e Constância Eugênia.

Novela rejeitada

Com O Dono do Mundo, Gilberto Braga dava sequência à trilogia de novelas em que discutia a ética e moral do brasileiro, iniciada com Vale Tudo, em 1988, e finalizada com Pátria Minha, em 1994 – ainda que não assumisse essa proposta ou a fizesse de forma consciente.

O público torceu o nariz para a trama original de Gilberto Braga. Quem ganhou com essa rejeição foi o SBT, que na época apresentava duas novelas mexicanas que concorriam diretamente com O Dono do Mundo: Carrossel e Rosa Selvagem. A infantil Carrossel foi uma febre no Brasil, mas a exibição com O Dono do Mundo coincidia apenas durante o último bloco da novelinha mexicana. O desinteresse do público pela trama de Braga em face ao sucesso de Carrossel chegou a ser capa da revista Veja.

Gilberto Braga declarou em 2008, ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, do Projeto Memória Globo:
“A primeira semana da novela foi a melhor coisa que já fiz na vida. Acho a história muito forte, embora totalmente errada como novela de televisão, porque era cruel, muito penosa para o telespectador. Era uma história séria sobre luta de classes, pobre levando porrada e não tendo como se defender. A audiência começou a cair e eu tive que mudar isso. Ficou uma bela porcaria!”

Tabu da virgindade e reformulação

O Dono do Mundo teve de passar por uma significativa reformulação para chamar a atenção do público. Pesquisas de opinião, encomendadas pela emissora, apontavam que ninguém suportava as vitórias do protagonista vilão, Felipe Barreto (Antônio Fagundes), e tampouco acreditavam que Márcia (Malu Mader), uma jovem com curso superior e vivendo no Rio de Janeiro do início da década de 1990, pudesse ser levada na conversa tão facilmente por ele. Nem os autores imaginavam que, na época, virgindade feminina ainda fosse um tabu no país.

Um acontecimento importante no início da trama justificou a antipatia do público pela mocinha Márcia: depois de criar dezenas de situações e intrigas para afastar o noivo e tirar a virgindade de Márcia, Felipe não conseguiu o que desejava e chegou inclusive a desistir do plano. Foi nesse momento que Márcia bateu à porta do quarto de Felipe, no Canadá, se oferecendo para ele. Foi Márcia quem se apaixonou e escolheu Felipe. O público não perdoou essa traição dela ao noivo. Muito mais que a questão da virgindade, foi a falta de lealdade de Márcia que afugentou a simpatia do telespectador.

O público não torcia por Márcia. Em um momento de fúria em que ela agride Felipe com um bisturi, vai parar na cadeia. Foi uma das primeiras alterações inseridas pelo autor para que o público ficasse do lado de Márcia. Porém, o charme de Antônio Fagundes e a degradação dos princípios morais faziam com que os espectadores não se indignassem com as armações do vilão, o que comprometia a espinha da trama, a vingança de Márcia.
Gilberto Braga comentou: “O público é estranho. Gostava de Thaís, uma prostituta de boate, e adorava Olga, a cafetina (…) No entanto, odiava a heroína. Passei oito meses tentando fazer com que gostassem dela!”

Convidado a colaborar na reformulação da história, Silvio de Abreu deu maior agilidade à ação, além de introduzir mudanças substanciais no perfil de alguns personagens. Aos poucos a novela foi recuperando público.

Em 2009, perguntado sobre o que mudaria em O Dono do Mundo, Gilberto Braga respondeu a André Bernardo e Cíntia Lopes, para o livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo”:
“Hoje eu saberia reescrever o início sem causar rejeição. Mas depois de ter errado, fica mais fácil, não é? Bastava não ser tão pessimista, cruel e sombrio. Quer dizer, podia ser, mas tinha de ter mostrado uma possibilidade de luz no fim do túnel.”

Premiações

O Dono do Mundo entrou para a história da televisão como uma produção problemática. No entanto, com as reformulações promovidas pelos autores, a novela foi conquistando público e assegurando o patamar de audiência exigido pela emissora.

Apesar dos percalços, foi uma novela premiada. O Dono do Mundo venceu o Troféu Imprensa de melhor novela de 1991. Antônio Fagundes levou o prêmio de melhor ator e Fernanda Montenegro, o de melhor atriz.
Por suas atuações, Glória Pires e Cláudio Corrêa e Castro foram eleitos pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a melhor atriz e o melhor ator coadjuvante na televisão em 1991.

Protagonista canalha

Em 2008, questionado pelo livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” sobre qual personagem mais gostou de criar, Gilberto Braga citou vários, com destaque para Felipe Barreto de O Dono do Mundo: “Apesar de toda a crise, eu gostava muito de escrever.”

Na mesma época da novela, Antônio Fagundes participava da série infantojuvenil Mundo da Lua, da TV Cultura de São Paulo.
“Eu usava o mesmo bigode nos dois trabalhos. Na série era o Papai Silva e Silva, bom caráter. Na novela, o vilão”, destacou Fagundes.
Para conciliar a agenda profissional, o ator, de segunda a quarta, no Rio de Janeiro, rodava todas as cenas para o folhetim da Globo e, de quinta a sábado, na capital paulista, atuava no seriado da Cultura. (“Biografia da Televisão Brasileira”, Flávio Ricco e José Armando Vannucci)

A falta de ética de Felipe Barreto irritou diversos cirurgiões, que protestaram junto à emissora.
O Conselho Regional de Profissionais de Relações Públicas do Rio de Janeiro também manifestou sua indignação, em nome de todos os profissionais da área, diante da prática que a personagem Vanda (Lucinha Lins) tinha de plantar notícias falsas em colunas sociais.

Quando, já nos capítulos finais, Felipe se revela um eterno canalha, a Golden Cross – que aproveitara a fase “boazinha” do personagem para utilizá-lo como garoto propaganda – mudou o anúncio da sua campanha publicitária por outro em que Antônio Fagundes se distanciava do personagem, lembrando que a vida não é novela.

Como Felipe aparecia em cerca de 60% das cenas das primeiras semanas da novela, não tardou muito para que o coração de Antônio Fagundes lhe pregasse um susto e o obrigasse a algum repouso.

Felipe Barreto foi citado na novela A Próxima Vítima, de Silvio de Abreu, em 1995, como o médico que fez uma cirurgia na vilã Isabela Ferreto (Cláudia Ohana). Porém, Felipe não apareceu. O ator gravou uma participação especial nesta novela, mas vivendo outro personagem.

Elenco

Destaque para a interpretação de Nathalia Timberg, como a vilã Constância Eugênia em sua luta para derrubar a rival Olga Portela (Fernanda Montenegro).

O personagem Guilherme, o Beija-Flor, foi escrito já com um ator na cabeça de Gilberto Braga: Felipe Camargo, com quem apenas tinha trabalhado na minissérie Anos Dourados (em 1986). Porém, problemas pessoais do ator o impediram de ficar com o papel, recaindo sobre Ângelo Antônio, vindo do sucesso de Pantanal, da TV Manchete.

O carisma de Beija-Flor junto do público foi tamanho que o personagem deixou de fazer surf ferroviário e de estar envolvido com marginais e foi transformado em um baluarte à honestidade pela Associação Brasileira de Marketing – após uma trama em que Beija-Flor recusou 10% de comissão para fechar um negócio. A campanha levou o nome do personagem.

Beija-Flor foi assim batizado em homenagem a Cazuza – referência à sua canção “Codinome Beija-Flor”, que entrou para a trilha da novela em uma gravação de Luiz Melodia. Do figurino do personagem constava uma camiseta da sociedade Viva Cazuza.

Ângelo Antônio conheceu Letícia Sabatella nesta novela, com quem se casou pouco tempo depois. A união durou até 2003 e o casal teve uma filha, Clara, nascida em 1993.

Primeira novela das atrizes Letícia Sabatella, Suzana Ribeiro e Aléxia Deschamps, e dos atores Jorge Pontual, Rodrigo Mendonça e Aloísio de Abreu (os dois últimos haviam feito pequenas participações anteriormente).
Estreia na Globo dos atores Paulo Gorgulho e Ângelo Antônio (egressos da TV Manchete), e da veterana atriz Odete Lara.
Foi também a primeira novela na Globo de Ana Rosa, em uma personagem fixa (anteriormente ela havia feito uma participação em Brega e Chique, em 1987, e atuado na minissérie Riacho Doce, em 1990).

A escritora e roteirista Fernanda Young, antes de ficar conhecida por suas séries de humor na TV (como Os Normais), atuou em O Dono do Mundo em um pequeno papel, como Jurema, a séria e compenetrada empregada de Stela (Glória Pires).

Figurinos

A insatisfação com a personagem Márcia se refletiu no seu figurino, idealizado para ressaltar o lado inocente e romântico da personagem. A figurinista Marília Carneiro pensou na heroína da novela usando tênis e vestidinhos de algodão estampados, inspirados na grife inglesa Laura Ashley. Porém, devido à rejeição do público, teve de mudar tudo, recorrendo ao básico jeans com camiseta, mais realista. (Site Memória Globo)

Um erro de cálculo do perfil da personagem em seu figurino: era difícil de engolir uma moça tão ingênua, para a época, formada, morando no Rio de Janeiro de 1991 e usando vestidos de “maria mijona”.

Cenografia e ambientação

Uma casa inteiramente cenográfica foi construída para a novela, uma inovação na teledramaturgia brasileira: era a primeira vez que o usual processo de gravar as externas em frente a uma fachada, e as internas, em estúdio, não era usado. A mesma tecnologia utilizada para a construção das cidades cenográficas foi aplicada na montagem da casa, cenário dos personagens Lucas (Hugo Carvana) e Ester (Odete Lara). (Site Memória Globo)

O prefeito da cidade de Barra Mansa (RJ), citada na novela, incentivou a população a enviar cartas de protesto a Gilberto Braga e à TV Globo por, segundo ele, mostrar a cidade como um local assolado por verminoses e dengue.

Abertura

Destaque para a belíssima abertura de Hans Donner e sua equipe: a sobreposição de imagens de mulheres sensuais sobre um globo na famosa sequência do filme O Grande Ditador, de Charles Chaplin (1940), em que seu personagem emulava Hitler.

Os direitos sobre o filme demoraram para sair. Hans Donner chegou inclusive a gravar uma abertura alternativa em que o modelo Beto Simas fazia as mesmas ações de Chaplin no filme. Porém, ao final, a versão original foi liberada com os direitos sobre as imagens cedidos diretamente a Hans Donner.
“Para usar o filme, descobri quem era o chefão da distribuidora. Por sorte, ele viu uma exposição minha em Londres e gostava do meu trabalho”, revelou Hans a Flávio Ricco e José Armando Vannucci para o livro “Biografia da Televisão Brasileira”.

Para a versão de exportação da novela, foi exibida uma terceira abertura, em que o globo, no qual apareciam as mulheres, passeava pelo universo – sem a participação de Chaplin ou referência ao filme.

Reprise

O Dono do Mundo foi reapresentada no Viva (canal de TV por assinatura pertencente ao Grupo Globo), entre 27/10/2014 a 13/06/2015, à meia-noite (com reprise ao meio-dia do dia seguinte).

Trilha sonora nacional

01. QUERIDA – Tom Jobim
02. EU SEI (NA MIRA) – Marisa Monte (tema de Yara)
03. CODINOME BEIJA-FLOR – Luiz Melodia (tema de Beija-Flor)
04. UNA MUJER – João Gilberto (tema de Felipe Barreto)
05. CIDADE MARAVILHOSA – Caetano Veloso (tema de locação – Rio de Janeiro)
06. SUPER-HERÓI – Roberto Carlos (tema de Rodolfo)
07. DONO DO MUNDO – Nova Era (tema de Felipe e Márcia)
08. AMOR QUENTE – Leda Badaró (tema de Humberto)
09. SOLIDÃO – Gal Costa (tema de Márcia)
10. SÁBIOS COSTUMAM MENTIR – João Bosco (tema de Otávio)
11. ACONTECIMENTOS – Marina Lima (tema de Thaís)
12. LOGRADOR – Orlando Moraes (tema de Stella)
13. SERENA – Nova Era (tema de Gilda)
14. CORAÇÃO DE GELO – Edmon (tema de Herculano)
15. RAP DA RAPA (ENQUANTO ISSO EM ALGUM LUGAR…) – Ademir Lemos (tema de locação – subúrbio)

Sonoplastia: Adirson Sansão
Produção Musical: Paulo Henrique e Iuri Cunha
Direção Musical: Mariozinho Rocha

Trilha sonora internacional

01. UNFORGETTABLE – Natalie Cole & Nat King Cole (tema de Rodolfo e Stella)
02. I’VE BEEN THINKING ABOUT YOU – London Beat
03. I LOVE YOU – Vanilla Ice
04. SADENESS PART 1 – Enigma
05. UNCONDITIONAL LOVE – Suzana Hoffs (tema de Yara)
06. PRETTY BABY (SWEET LADY) – Jeff Rubin
07. MORNING DEW – Byron Prescott
08. CRY FOR HELP – Rick Astley (tema de Otávio e Márcia)
09. GONNA MAKE YOU SWEAT (EVERYBODY DANCE NOW)- C&C Music Factory
10. YOU ARE EVERYTHING – Rod Stewart (tema de Júlio e Teresinha)
11. ONLY TIME WILL TELL – Nelson (tema de Beija-Flor)
12. WHAT’S A WOMAN – Vaya Con Dios (tema de Thaís)
13. THE DAY THAT LOVE DIED – Revoc
14. SPRING LOVE – The Cover Girls

Gerente de produto: Toninho Paladino
Seleção de repertório: Sérgio Motta

Tema de abertura: QUERIDA – Tom Jobim

Longa é a tarde
Longa é a vida
De tristes flores
Longa a ferida
Longa é a dor do pecador
Querida

Breve é o dia
Breve é a vida
De breves flores
Na despedida
Longa é a dor do pecador
Querida
Breve é a dor do trovador
Querida

Longa é a praia
Longa a restinga
Da Marambaia
À Joatinga
Breve é a fé do pescador
Querida
E a longa espera do caçador
Perdida

O dia passa
E eu nessa lida
Longa é a arte
Tão breve a vida
Louco é o desejo do amador
Querida
Longo é o beijo do amador
Bandida
Belo é o jovem mergulhador
Na ida
Vasto é o mar, espelho do céu
Querida
Querida, querida, querida

Você tão linda nesse vestido
Você provoca minha libido
Chega mais perto meu amor bandido
Bandida, fingido, fingida, querido, querida…

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