Sinopse

O professor Luciano Lima chega à cidadezinha de Nova Esperança para assumir a direção do principal colégio local. Viúvo, ele contrata a jovem Paula como governanta, para tomar conta de seus quatro filhos: Rui, Babi, Júnior e Zizi. O professor e a governanta se apaixonam, mas o romance encontra forte resistência dos filhos, especialmente de Babi, a mais rebelde dos quatro.

Luciano também encontra dificuldades no colégio. Sua antiga namorada, a professora Maria do Carmo, faz o que pode para lhe roubar o cargo de diretor. Paralelamente, uma turma de alunos desajustados, liderada pelo motoqueiro Rafa, tumultua o ambiente escolar e incomoda os outros estudantes. Nesse cenário, surge Giovana, jovem psicóloga contratada por Luciano para ajudá-lo a lidar com os alunos rebeldes. Ela acaba formando um triângulo amoroso com Paula e o professor.

Do outro lado da história, a dupla de trapalhões Shazan e Xerife arma as maiores confusões pela cidade. Eles trabalham em uma oficina de bicicletas e passam os dias a inventar objetos estranhos  – como a “camicleta”, cruzamento de caminhão com bicicleta. Ao final, os dois deixam Nova Esperança iniciando uma jornada em busca da peça mágica que lhes permitirá realizar o sonho de construir uma bicicleta voadora.

Globo – 19h
de 24 de janeiro a 17 de outubro de 1972
228 capítulos

novela de Walther Negrão
direção de Wálter Campos e Régis Cardoso

Novela anterior no horário
Minha Doce Namorada

Novela posterior
Uma Rosa com Amor

SÉRGIO CARDOSO – Luciano Lima
LEONARDO VILLAR – Luciano Lima
ROSAMARIA MURTINHO – Paula
TÔNIA CARRERO – Maria do Carmo
ARACY BALABANIAN – Giovana
PAULO JOSÉ – Shazan (Hércules)
FLÁVIO MIGLIACCIO – Xerife (Jetárcere)
MARCOS PAULO – Rafa
SUZANA GONÇALVES – Babi
ROBERTO PIRILO – Hélio
RENATA SORRAH – Mariana
NÍVEA MARIA – Helena
MARCO NANINI – Rui
DJENANE MACHADO – Glorinha
CÉLIA BIAR – Olga
SADI CABRAL – Quim
ELZA GOMES – Júlia
MURILO NERY – Vicente
ÊNIO CARVALHO – Léo
JARDEL MELLO – Professor Silas
REYNALDO GONZAGA – Maurício
ÂNGELO ANTÔNIO – Moby Dick
SÉRGIO MANSUR – Rica
JOÃO LUÍS WILDNER – João
UBIRATAN MARTINS – Bira
NAIR PRESTES – Maria
JOÃO ZACARIAS – Astrogildo
MIELI AMARO – Zeni do Cartório
ANTÔNIO CARLOS – Jairo (advogado)
MACEDO NETTO – Dr. Mateus
TERESA CRISTINA – Cris
JEANETTE LUPE – Silvia
KLEBER DRABLE – Aristides
MARGOT LOURO – Mercedes
MARIO GUIMARÃES – Padre Celso
LUIZ NARDINI – Josuel
MÁRIO GOMES – Bill
SOLANGE RADISLOVICH – Rosa
DARCY DE SOUZA – Professora Araci
LÍCIA MAGNA

as crianças
ROSANA GARCIA – Zizi
HERIVELTO MARTINS FILHO – Júnior

Morte de Sérgio Cardoso

O Primeiro Amor ficou marcada por um fato triste: a súbita morte do ator Sérgio Cardoso, então com 47 anos, no dia 18/08/1972, quando faltavam 28 capítulos para o desfecho da novela. Ironicamente, a última fala de seu personagem na trama foi “Não aguento mais! Vou embora daqui…” (“Almanaque da TV”, Bia Braune e Rixa)

O papel de Sérgio Cardoso na novela – o Professor Luciano – passou a ser interpretado por Leonardo Villar, seu amigo pessoal. A substituição do personagem (no capítulo 200) foi feita com todo o elenco reunido no palco do Teatro Fênix, no Rio de Janeiro. Sérgio Cardoso aparecia saindo por uma porta em sua última aparição na novela. Depois, com a cena congelada no vídeo, um texto lido por Paulo José explicava o que acontecera e relembrava a trajetória do ator. Por fim, batia-se à porta e, quando a cena recomeçava, entrava Leonardo Villar, sendo recebido pelo elenco.

A morte de Sérgio Cardoso gerou grande comoção entre o público. Sobre esse impacto para a novela, o autor Walther Negrão relatou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” (do Projeto Memória Globo) que os diretores da Globo se reuniram para buscar uma solução:
“Conversamos e houve muitas sugestões, muitas delas esdrúxulas. Um diretor sugeriu que o enterro do Sérgio fosse gravado e que usássemos na novela. Não tinha nada a ver. O enterro do Sérgio foi quase como o enterro do Carlos Gardel, ou do Francisco Alves, e o personagem dele era um professor do interior, que não tinha esse carisma todo. Optamos pela substituição.”

Dois meses depois da morte de Sérgio Cardoso, um jornal de Manaus publicou que, de acordo com um ex-empregado, o ator sofria de catalepsia. Com isso, surgiu o boato de que Sérgio havia sido enterrado vivo, de que o corpo teria sido exumado e que, ao abrir a tampa do caixão, ele estaria de bruços, com o nó da gravata desfeito e o rosto arranhado. Boato. Na verdade, duas equipes médicas examinaram o cadáver (quando o ator morreu) e, segundo o laudo, a morte aconteceu por hemorragia cerebral causada por aneurisma. (“Almanaque da TV”, Bia Braune e Rixa)

Pesquisa com o público

Havia dois grupos distintos na trama de O Primeiro Amor: o drama, em que o casal romântico Luciano e Paula (Sérgio Cardoso e Rosamaria Murtinho) conduzia a trama central, e a comédia, gerada pela dupla Shazan e Xerife (Paulo José e Flávio Migliaccio). A história bem urdida fazia com que uma situação envolvesse a outra e seguissem para o sucesso. (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)

Antes de começar a escrever a novela, Walther Negrão, se reuniu com Homero Icaza Sanchez, então responsável pelo Departamento de Análise e Pesquisa da TV Globo, para analisar, com base em uma pesquisa junto ao público, os elementos que haviam funcionado na novela anterior, o sucesso Minha Doce Namorada, de Vicente Sesso. A partir das conclusões da conversa, Negrão criou personagens que pudessem gerar respostas equivalentes junto ao telespectador.

Shazan e Xerife, uma dupla de “superanti-heróis”, como eram descritos nas chamadas da novela, davam o tom cômico e juvenil (em O Primeiro Amor) do parque de diversões de Minha Doce Namorada.
Já a gangue de motociclistas, comandada por Rafa (Marcos Paulo), foi criada para atrair o público masculino entre 15 e 25 anos, o qual Homero Icaza Sanchez apontava como uma parcela dos telespectadores a ser conquistada.
As ameaçadoras motocicletas que os rebeldes da gangue de Rafa pilotavam, serviam como contraponto às bicicletas que apareciam na abertura da novela e na oficina de Shazan e Xerife. (Site Memória Globo)

Bicicletas

As bicicletas foram a marca registrada de O Primeiro Amor e representavam uma tentativa de conferir à trama um tom nostálgico e lúdico. Fizeram sucesso e se tornaram mania entre o público, a ponto da fábrica Caloi lançar um modelo novo, que foi popularizado pela novela. Iniciava-se assim o merchandising de produtos dentro de telenovelas.

Ao livro “A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo” (de André Bernardo e Cíntia Lopes), Negrão afirmou:
“A ideia partiu, como deveria ser, do Departamento Comercial da Globo. Houve interesse da Caloi e ela aproveitou para turbinar as vendas do modelo Caloi 10, recém-lançado no mercado. Foi um sucesso porque não se tornou um merchandising invasivo. (…) Em agradecimento ao bom serviço prestado, ganhei uma bicicleta para dar ao meu filho, que estava com sete anos de idade. E só.”

Ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, Negrão disse que nem a fábrica de bicicletas esperava tanto sucesso: “A Caloi teve que parar de exportar – exportava muito para o Chile – porque não conseguia dar conta do mercado interno. (…) Os personagens sofriam assédio da Monark para mudar de marca.”

Na novela, a dupla Shazan e Xerife dirigia uma “camicleta” – que seria uma mistura de caminhão com bicicleta. No primeiro projeto, seria uma moto com sidecar, mas resolveu-se colocar a oficina dentro do carro, e assim o veículo passou a ter um aspecto circense que lembrava o táxi maluco dos circos do interior. Além de uma variedade incrível de objetos, incluindo um chuveiro, havia uma foto de Santos Dumont como símbolo do inventor brasileiro.

Shazan e Xerife

Os personagens Shazan e Xerife fizeram tanto sucesso que a dupla ganhou um seriado próprio ao fim da novela: Shazan, Xerife e Companhia, exibido em 66 episódios, entre 1972 e 1974. O seriado estreou em outubro de 1972, praticamente uma semana após o término da novela. O programa apresentava as aventuras da dupla e sua saga para construir a bicicleta voadora. Foi a primeira vez que uma novela gerou um spin-off.

Segundo Paulo José, a ideia do seriado já existia desde o início e a novela fora considerada o veículo ideal para se testar a popularidade dos personagens. (Site Memória Globo )

A primeira dupla escolhida por Walther Negrão para viver Shazan e Xerife foi Paulo José e Armando Bógus – este último, com quem Negrão havia trabalho em sua última novela na Globo, A Próxima Atração (1970-1971).

O autor mudou de ideia depois que Daniel Filho sugeriu o nome de Flávio Migliaccio, com quem Paulo José havia trabalhado no teatro e no cinema. Negrão explicou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” a justificativa do diretor:
“Daniel Filho disse que eu estava cometendo um equívoco, porque os dois tinham o mesmo biótipo e que, para fazer um par, um deles não poderia ter nenhum vislumbre de galã. Realmente, eu precisava de um Sancho Pança, e não de dois iguais. Aí entrou o Flávio.”

Por seu trabalho, Flávio Migliaccio foi premiado com o Troféu Imprensa de revelação masculina na televisão em 1972.

Além de excelente química diante das câmeras, Paulo José e Flávio Migliaccio reuniam outras qualidades que se complementavam e que ajudaram a definir o estilo de interpretação e a apresentação visual de Shazan e Xerife. Ambos exerciam outras atividades no teatro (Paulo dirigia, e Flávio escrevia), o que facilitava o trabalho de direção. Eram também ótimos desenhistas (Flávio Migliaccio chegou a ser premiado como cartunista) e criaram seus próprios figurinos. O macacão tipo jardineira, usado por Shazan, tornou-se moda nas ruas. (Site Memória Globo)

Os nomes de Shazan e Xerife foram inspirados nos apelidos de dois primos do autor.

Em 1998, em comemoração aos 25 anos da criação dos personagens, Walther Negrão fez com que a dupla Shazan e Xerife retornasse à cena em uma participação especial em sua novela Era uma Vez… – cuja trama, por sua vez, também se passava em uma fictícia cidadezinha chamada Nova Esperança, como em O Primeiro Amor.

Elenco

Primeiro trabalho na Globo dos atores Flávio Migliaccio, Leonardo Villar e Aracy Balabanian.

Primeira novela de Rosana Garcia (irmã mais velha de Isabela Garcia), então com 8 anos, que viveu a garotinha Zizi. Ainda criança, a atriz emendou várias novelas e fez sucesso como a primeira Narizinho do Sítio do Picapau Amarelo da Globo (entre 1977 e 1980).

Glória Pires, com 8 anos na época, fez teste para a personagem Zizi, mas foi reprovada pelo diretor Daniel Filho, que preferiu Rosana Garcia, lourinha de olhos azuis e carinha de boneca.
“A história daquela rejeição foi terrível para mim (…) Quando cheguei em casa, me enfiei debaixo de uma mesa e chorei muito!”, revelou a atriz ao livro “40 Anos de Glória” (de Eduardo Nassife e Fábio Fabrício Fabretti).
Muitos anos após o ocorrido, Daniel e Glória lembraram, brincando, que ele a reprovou por ela ser feia.

Trilha sonora

A trilha sonora nacional da novela foi a primeira da Globo feita por encomenda, com assinatura, prática entre a maioria das novelas da emissora entre 1972 e 1974. A trilha nacional de O Primeiro Amor foi composta pela dupla de músicos baianos Antônio Carlos e Jocafi.

Em 2006, a Som Livre relançou a trilha sonora nacional de O Primeiro Amor, em CD, na coleção “Master Trilhas”, 26 trilhas nacionais de novelas e séries da década de 1970 nunca lançadas em CD.

Locações

Muitas das cenas de Nova Esperança foram gravadas no Alto da Boa Vista, bairro nobre do Rio de Janeiro. (Site Memória Globo)

E mais

Lamentavelmente não existem mais imagens dessa novela (a não ser algumas chamadas). A hipótese mais provável é que as fitas tenham-se perdido no incêndio que ocorreu na TV Globo em junho de 1976.

Trilha sonora nacional

01. HEY SHAZAN – Osmar Milito e Quarteto Forma (tema de Shazan e Xerife)
02. DESMAZELO – Maria Creusa (tema de Maria do Carmo)
03. MARIANA – Eustáquio Sena (tema de Mariana)
04. PERAMBULANDO – Golden Boys
05. CADA SEGUNDO – Os Vips (tema de Rafa e Babi)
06. O PRIMEIRO AMOR – Quarteto Forma (tema de abertura)
07. ENCABULADA – Osmar Milito e Quarteto Forma (tema de Helena)
08. DISTORÇÃO – João Luís
09. SAQUE SAQUE – Betinho (tema de Rafa)
10. FOGO DE LENHA – Jacks Wu
11. PODES CRER – Osmar Milito e Quarteto Forma
12. CADÊ VOCÊ – Luís Roberto
13. AMARELINHA – Paulo José

Sonoplastia: Roberto Rosemberg
Músicas: Antônio Carlos & Jocafi
Coordenação geral: João Araújo
Produção musical: Eustáquio Sena
Arranjos: Waltel Branco

Trilha sonora internacional

01. POP CONCERTO – Pop Concerto Orchestra (tema de Shazan e Xerife)
02. FILLE DU VENT – Pierre Groscolas (tema de Maria do Carmo)
03. IT’S IMPOSSIBLE – The Supremes & The Four Tops
04. MAMINA – Pascal Danel (tema de Giovana)
05. I WANNA BE WHERE YOU ARE – Michael Jackson
06. GIVE ME SOME KIND OF SIGN – Mardi Grass
07. PRELUDE POUR PIANO – Saint-Preux (tema de Luciano e Paula)
08. LONG AGO TOMORROW – B.J. Thomas (tema de Rafa e Babi)
09. DON’T COUNT YOUR CHICKENS – Honey Cone
10. HURT SO BAD – Dionne Warwick
11. SHAFT – Ricky Jones (tema da turma de Rafa)
12. SEE ME – David Smith
13. STICK UP – Honey Cone
14. I DON’T KNOW ANY BETTER – B. J. Thomas (tema de Rafa e Babi)

Tema de abertura: O PRIMEIRO AMOR – Quarteto Forma

Ah que sensação
Imaginação, nova dimensão
Amor demais é sempre traiçoeiro
O primeiro amor é eterno e verdadeiro
Conquistou toda razão
Surrupiou meu coração
Para ocupar de novo a posição
Carrego o mesmo amor

Ah que sensação
Imaginação, nova dimensão
Amor demais é sempre traiçoeiro
O primeiro amor é eterno e verdadeiro
Devastou a solidão
Rodopiou na confusão
Para levantar de novo a sensação
Arrasto o mesmo amor…

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A Próxima Atração

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Editora Mayo, Bom Dia

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Cavalo de Aço

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