Sinopse

O fazendeiro Horácio Falcão é assassinado em sua fazenda, em Goiás, em uma covarde emboscada, quando procurava minério em sua propriedade. Em seu enterro, Justo, o filho mais velho, soube onde estavam os três assassinos. Troca um olhar cúmplice com Ana, a viúva, e estabelece com a mãe um pacto de vingança. Justo consegue matar dois dos assassinos, mas o terceiro foge.

Desde que o pai foi assassinado, Justo desaparece para a família e empenha-se em vingar a morte do pai. Parte para o Rio de Janeiro, atrás do terceiro assassino. Na Cidade Maravilhosa, ele envolve-se com o Capitão Flores, ligado à repressão da época da Ditadura Militar, e vai trabalhar como segurança de Antônio Barjal, um empresário rico, mafioso e influente.

Ana Falcão perde a fazenda em um processo cheio de contradições. Sentindo-se ameaçada, não lhe resta outra alternativa senão fugir para o Rio de Janeiro com os outros três filhos, Máximo, Caio e Júlio. Eles vão sem contar com a ajuda de ninguém, totalmente entregues ao destino e à sorte. Na cidade grande, os irmãos tomam rumos diferentes, que a mãe não consegue controlar.

Máximo se envolve com a marginalidade. Seu objetivo é vencer na vida a qualquer custo. Ele se alia ao marginal Rico, passando a frequentar o submundo da prostituição masculina e da venda de drogas, e conhece a prostituta Paula, por quem se apaixona. Cada vez mais afundado nesse tipo de vida, Máximo resolve tentar uma saída por meio do box, determinado a tornar-se um campeão.

Caio, rapaz íntegro e incorruptível, dedica-se a ser alguém na vida. Torna-se cavalariço do Jockey Club. Porém, envolvido por vigaristas, que aplicam doping nos cavalos, acaba suspenso. Júlio desaparece e torna-se um defensor da Teologia da Libertação, sujeitando-se a perseguições. A palavra é sua arma. Levando alento aos oprimidos, ele se torna uma figura popular.

Manchete – 21h30
de 22 de agosto de 1988
a 6 de janeiro de 1989
117 capítulos

novela de José Louzeiro e Wilson Aguiar Filho
baseada no argumento de Wilson Aguiar Filho
colaboração de Geraldo Carneiro e Leila Miccolis
direção de Marcos Schechtmann e Tânia Lamarca
direção geral de Ary Coslov e Atílio Riccó

Novela anterior no horário
Carmem

Novela posterior
Kananga do Japão

FLÁVIO GALVÃO – Justo Falcão
GEÓRGIA GOMIDE – Ana Falcão
MÁRIO GOMES – Máximo Falcão
CAÍQUE FERREIRA – Caio Falcão
NEHEMIAS DEMUTCHA – Júlio Falcão
RENÉE DE VIELMOND – Bárbara Zimmer
ALEXANDRE FROTA – Rico
BETH GOULART – Paula
HERSON CAPRI – Antônio Barjal
JONAS BLOCH – Capitão Flores
MARIA PADILHA – Marina
SÔNIA CLARA – Leonor
ÂNGELA VIEIRA – Elisa
DANIEL DANTAS – Lucas Macall
SÉRGIO VIOTTI – Eliseu Pádua de Freitas
LUCIANA BRAGA – Lana
FERNANDO EIRAS – Rodrigo Del Vecchi
JOSÉ DUMONT – Delegado Eurípedes Peçanha
ANALU PRESTES – Delegada Belisa Queiroz
NELSON DANTAS – Dr. Hugo Perez
FELIPE WAGNER – Gester
NILDO PARENTE – Cafi
CLÁUDIA CELESTE – Dinorá
ANTÔNIO PITANGA – Detetive Baba-Ovo (Ofélio Fonseca)
MONAH DELACY – Lenira
ISIO GHELMAN – Miro
ANTÔNIO GRASSI – Heleno
ZAIRA ZAMBELLI – Débora
MARIANA DE MORAES – Marlene
FÁTIMA FREIRE – Suzy
ROBERTO FROTA – Dudu Fonseca
IVAN SETTA – Edgard Zebrado
RICHARD RIGHETTI – Teixeira
LEILA RIBEIRO – Clara
RUY REZENDE – Eládio
THELMA RESTON – Laura Jane
JOSÉ MARIA MONTEIRO – Xavier
SÔNIA ESPER – Das Dores
BRENO BONIM – Padre Pedro
JECE VALADÃO – Mazano
THÁIS PORTINHO – Ana Lídia
PROCÓPIO MARIANO – Mirinha
LOURDES MORAES – Fátima
EDUARDO GUERRA – Cícero
JULIANA CARNEIRO DA CUNHA – Gina Ferraz
FRANCISCO DANTAS – Xerém
GUIDA VIANNA – Maribel Marley
BRUNO ROCHA – Rabo-de-Galo
ERI JOHNSON – Casca
DARCY DE SOUZA – Carolina
TONICO PEREIRA – Gentil
LEONARDO JOSÉ – Dr. Valdir
MIRIAN PIRES – Fernanda
ROSIMAR DE MELO – Lola
RICARDO FRÓES – capanga
CLAUDIONEY PENIDO – Jacaré
MARIA SILVIA – Maria
MARIAH DA PENHA – Penha
ANDRÉ BARROS – Xuxa
VALÉRIA SEABRA – Safo
DANIEL HERZ – Eko
GILBERTO MOURA – Black-Out
GILSON MOURA
CRISTIANE COUTO
KATHELINE BONAK
LU MENDONÇA
MARIA LÚCIA DAHL
AUGUSTO CARRERA

e
ANA LÚCIA TORRE – Lúcia (gerente da companhia de seguros onde Ana e Pádua vão no início da história)
HÉLIO SOUTO – Waldemar Sampaio
HENRIQUE MARTINS – Horácio Falcão (patriarca da família Falcão, morre assassinado no início)
JOSÉ MOJICA MARINS – Lúcio Fera (cliente do detetive Lucas)
KLEBER DRABLE – padre
MARCUS VINÍCIUS – funcionário da OAB
MARIA FERNANDA – Henriqueta Del Rio (ricaça que contrata os serviços de michê de Máximo)
PAULO JOSÉ – Marcelo Fernandes
TONY FERREIRA – secretário de Justiça
VICK MILITELLO – mãe-de-santo

– núcleo da família Falcão:
o pai HORÁCIO (Henrique Martins, participação), fazendeiro em Goiás. Está procurando minério em sua propriedade quanndo é covardemente assassinado, por três homens, em uma emboscada
a mãe ANA (Georgia Gomide), mulher de fibra e determinada. Quer vingar a morte do marido. Perde a fazenda da família e muda-se com três filhos para o Rio de Janeiro. Luta para evitar que a família se disperse com a mudança para o Rio
os filhos: JUSTO (Flávio Gaivão), o mais velho, parte em busca dos assassinos do pai – com o apoio da mãe -, matando dois deles. Obrigado a fugir para o Rio, acaba ligando-se a uma organização paramilitar e envolvendo-se em crimes políticos,
MÁXIMO (Mário Gomes), o mais extrovertido. Ambicioso, quer subir na vida a qualquer preço. Assim que chega no Rio, conhece um marginal que o introduz no submundo. Faz michês, negocia drogas. Cada vez mais afundado nesse tipo de vida, resolve tentar uma saída por meio do box, determinado a tornar-se um campeão,
CAIO (Calque Ferreira), íntegro, honesto e incorruptível. Não gosta de aventuras e vai trabalhar no Jockey Club, onde sua destreza como domador é logo notada. Porém, é obrigado a deixar o emprego após uma falsa acusação de doping,
e JÚLIO (Nehemias Demutcha), o caçula. Não se adapta ao Rio, tornando-se uma preocupação para a mãe – apesar de ser dele que vem grande parte da força espiritual de que Ana necessita. Torna-se um defensor da Teologia da Libertação, sujeitando-se a perseguições. Levando alento aos oprimidos, torna-se uma figura popular
a noiva de Justo em Goiás, DÉBORA (Zaira Zambelli), vai atrás do noivo no Rio.

– núcleo de RICO (Alexandre Frota), marginal envolvido com drogas e prostituição. Ensina a Máximo os preceitos da marginalidade, apresentando-o e introduzindo-o ao submundo:
o amigo CAFI (Nildo Parente), figura misteriosa que cresceu no mundo do crime
as prostitutas PAULA (Beth Goulart), faz ponto no calçadão da Glória, envolve-se com Máximo e os dois se apaixonam,
e DINORÁ (Cláudia Celeste), travesti, parceira de Paula, com quem mora. Artista, deseja sair da rua para fazer shows em boates
o instrutor de box DUDU FONSECA (Roberto Frota), seu sonho é encontrar um pupilo que seja grande no ringue. Acredita que Máximo possa ser uma promessa.

– núcleo de ANTÔNIO BARJAL (Herson Capri), todo-poderoso de um grupo empresarial, homem mafioso e influente, portanto, perigoso. Envolve-se com política. Emprega Justo como seu segurança:
a irmã LEONOR (Sônia Clara), cabeça de alguns negócios do grupo
a mulher MARLENE (Mariana de Moraes), bela e bem mais jovem. Casou-se porque precisava de uma esposa, mas não se amam. Ela terá um caso com o fotógrafo Rodrigo
a marqueteira BÁRBARA ZIMMER (Renée de Vielmond), trabalha sua imagem quando ele entra para a política. Envolve-se com Máximo
o advogado DR. HUGO PEREZ (Nelson Dantas), de caráter duvidoso
a secretária LENIRA (Monah Delacy), conhece segredos do grupo
o mordomo XAVIER (José Maria Monteiro)
a empregada DAS DORES (Sônia Esper), faz uma dupla com Xavier
o chefe da segurança HELENO (Antônio Grassi), executa os trabalhos sujos
o segurança MIRO (Ísio Ghelman), parceiro de Heleno e Justo
a amiga de Marlene, SUZY (Fátima Freire)
a secretária do Dr. Perez, CLARA (Leila Ribeiro).

– núcleo do CAPITÃO FLORES (Jonas Bloch), ligado à repressão da época da Ditadura Militar, representa uma poderosa organização de exterminadores. Envolve Justo:
o chefão GESTER (Felipe Wagner), amigo de Barjal, comanda a organização à qual Flores está vinculado
o detetive BABA OVO (Antônio Pitanga), corrupto, sempre corre por fora e pega dinheiro com Flores.

– núcleo de MARINA (Maria Padilha), filha de Leonor que ela esconde. Foi criada pela mãe adotiva. Cientista dedicada à Biologia. Vai viver um caso de amor com Justo:
a mãe adotiva ELISA (Ângela Vieira).

– núcleo da delegacia:
DELEGADO EURÍPEDES PEÇANHA (José Dumont), homem sério. Não aceita que o Código Penal tenha sido feito para punir os mais pobres
DELEGADA BELISA QUEIROZ (Analu Prestes), expansiva e leal. Tem uma rixa com Peçanha, com quem não fala.

– núcleo de LUCAS MACALL (Daniel Dantas), detetive particular especializado em adultérios:
o pai ELISEU PÁDUA DE FREITAS (Sérgio Viotti), velho aposentado, síndico do prédio onde Ana vai morar no Rio
a irmã IONA (Luciana Braga), mais nova, intelectualizada, vive lendo Freud e Jung e tem grande influência sobre ele
o amigo RODRIGO (Fernando Eiras), fotógrafo profissional, aluga um quarto na casa de Pádua
os clientes: ELÁDIO (Ruy Rezende), marido que o procura para investigar os passos de sua mulher,
LAURA JANE (Thelma Reston), mulher de Eládio, por sua vez, procura o detetive para ele investigar os passos do marido,
LÚCIO FERA (José Mojica Marins), figura estranha e misteriosa.

– núcleo do Jockey Clube, onde Caio vai trabalhar:
o treinador EDGARD ZEBRADO (Ivan Setta) , um dos que tramam o afastamento de Caio
o jóquei TEIXEIRA (Richard Riguetti), ajuda Edgard Zebrada nas trapaças contra Caio.

Clima policial e marginalidade

Após a boa repercussão de Corpo Santo, a TV Manchete investia no mesmo tema, contando, mais uma vez, com a cancha de José Louzeiro em roteiros como esse, com clima policial e marginalidade carioca. Porém, infelizmente, nem sempre boas ideias resultam em boas telenovelas.

Slogan de lançamento da novela: “Tudo o que você sabe, como você nunca viu!”

Saída e volta do autor

O argumento era de Wilson Aguiar Filho, que largou a novela nas mãos de José Louzeiro para escrever as minisséries Abolição e República para a Globo. (TV Pesquisa PUC-Rio, Jornal do Brasil, 10/05/1988)

Primeira novela do roteirista e poeta Geraldo Carneiro, atuando como colaborador de José Louzeiro. Porém, ele não ficou até o fim: em dois meses foi substituído por Wilson Aguiar Filho, autor do argumento que originou a novela, de volta à Manchete, e por Leila Miccolis. (TV Pesquisa PUC-Rio, Jornal do Brasil, 18/10/1988)

Inspirações

Segundo os autores (em entrevista na época da estreia), o roteiro tratava-se de uma versão brasileira da obra-prima do italiano Luchino Visconti, o filme Roco e Seus Irmãos, de 1960. “Tudo tem sabor de decadência da ética diante da miséria.”
(TV Pesquisa PUC-Rio, Jornal do Brasil, 10/05/1988)

Outra inspiração foi o filme Coração Satânico (1987), de Alan Parker. O detetive Lucas (Daniel Dantas) entra em contato com o misterioso Lúcio Fera (José Mojica Marins, o Zé do Caixão, em uma participação especial) e, no fim do caso, acaba descobrindo que estava investigando seu próprio passado, que ele desconhecia totalmente, quando era um misto de cantor de rádio e galã. Daniel Dantas e Zé do Caixão viveram os personagens equivalentes aos de Mickey Rourke e Robert De Niro no cinema. (TV Pesquisa PUC-Rio, Jornal do Brasil, 10/05/1988)

Elenco

O ator Mário Gomes trocava a Globo pela TV Manchete, cansado de ficar mais de três anos na “geladeira” depois do sucesso de seu personagem Luca na novela Vereda Tropical (1984-1985) – por problemas, à época, com o diretor artístico Paulo Ubiratan, que apelidou o ator de uma de suas “safenas”. (TV Pesquisa PUC-Rio, Jornal do Brasil, 10/05/1988)

O elenco contou com a presença de uma travesti, Cláudia Celeste – que na novela viveu a travesti Dinorá. Cláudia já havia feito uma participação em outra novela, Espelho Mágico (Globo, 1977), como uma dançarina. Porém, teve de sair porque, na época, a censura do Regime Militar não permitia travestis na televisão. Com o fim da censura formal do Governo Federal, a artista pôde finalmente participar de uma novela inteira.

Para compor sua personagem, uma prostituta, Beth Goulart contou com a orientação de Gabriela Silva Leite, na época secretária-geral da Associação de Prostitutas do Rio de Janeiro. (TV Pesquisa PUC-Rio, jornal O Dia, 18/09/1988)

Primeira novela do ator Nehemias Demutcha, irmão da atriz Lídia Brondi, em um papel de destaque, como o caçula da família Falcão, os protagonistas.

Fim da Censura Federal

Olho por Olho, da TV Manchete, e Vale Tudo, Bebê a Bordo e Fera Radical, as novelas da Globo na época, foram as últimas censuradas pela DCDP (Divisão de Censura de Diversões Públicas), órgão ligado ao Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça, extinto com a aprovação da Constituição de 1988 (em setembro deste ano, quando essas novelas estavam no ar).

E mais

Não confundir Olho por Olho com Olho no Olho, novela de Antônio Calmon, exibida na Globo em 1993, cuja história nada tem a ver com a trama da Manchete.

Música tocada na novela:
CAMINHOS QUENTES – Sagrado Coração da Terra

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