Sinopse

Cidinha e Leda são amigas desde a infância – nasceram no mesmo dia e hora, no mesmo hospital. Mais tarde, na faculdade, disputaram o amor do mesmo homem, Belo, que engravidou as duas. Cidinha levou a melhor casando-se com ele. A toada das coincidências reunindo as duas amigas continuou quando elas tiveram os bebês também no mesmo dia, horário e hospital. Duas meninas.

A filha de Cidinha morreu. Belo trocou as crianças e Leda achou que foi ela quem perdeu o bebê. Neste ponto, as duas amigas se separaram, seguindo caminhos opostos. Cidinha virou uma dona de casa que jamais pensou em trabalhar fora. Leda tornou-se uma jornalista bem-sucedida que tem aversão a casamento e filhos. Embora satisfeitas com a opção que fizeram, de certa forma, uma sente inveja da outra.

Anos depois, Leda está de volta ao Brasil. As amigas se reencontram e a disputa pelo mesmo homem reacende antigas rivalidades. Ao descobrir a troca das crianças, Leda passa a disputar com Cidinha o amor de Belo e a guarda da filha, a adolescente Tuca, que vive um grande conflito ao saber que fora trocada na maternidade.

Paralelo ao drama de Cidinha e Leda, Belo se envolve com os negócios escusos da mafiosa família Torremolinos, uma organização de contrabando comandada pelos poderosos primos Dom Franco e Dom Branco Torremolinos. Para desbaratar os mafiosos, a equipe do delegado Venâncio entra em ação, com os policiais Paulinho Pamonha, Téio, Giovanni, Johann, Romano e Joana.

Globo – 19h
de 10 de fevereiro a 29 de agosto de 1992
173 capítulos

novela de Carlos Lombardi
colaboração de Maurício Arruda
supervisão de texto de Lauro César Muniz
direção de Roberto Talma, Jodele Larcher e Flávio Colatrello
direção geral de Roberto Talma

Novela anterior no horário
Vamp

Novela posterior
Deus nos Acuda

VERA FISCHER – Cidinha
SILVIA PFEIFER – Leda
MÁRIO GOMES – Belo (Antônio Belotto)
ALEXANDRE FROTA – Jaú
GUILHERME KARAN – Hector
BETH GOULART – Diana
JOHN HERBERT – Cervantes
CLÁUDIA LIRA – Manuela
JOSÉ LEWGOY – Dom Branco Torremolinos
CASSIANO GABUS MENDES – Dom Franco Torremolinos
NAIR BELLO – Gema
FLÁVIO MIGLIACCIO – Venâncio
NICETTE BRUNO – Vívian
TATO GABUS MENDES – Paulinho Pamonha
FRANÇOISE FORTON – Caroline
RÔMULO ARANTES – Téio (Otávio)
BIANCA BYNGTON – Téia (Stephanie)
IRVING SÃO PAULO – Johann Boll
GERSON BRENNER – Giovanni Barbieri
ALBERTO BARUQUE – Romano Garcia
FABIANA SCARANZI – Joana Carvalho
FELIPE MARTINS – João Maluco
SILVIA BUARQUE – Maria Doida
ANA PAULA BOUZAS – Pimenta
ROSITA TOMAZ LOPES – Walkíria
CISSA GUIMARÃES – Zu
CARLOS KROEBER – Michelângelo
LEINA KRESPI – Ambrósia
VICTOR BRANCO – PH (Pedro Henrique)
INÊS GALVÃO – Joaninha
FLÁVIO COLATRELLO – Baby Face
GUILHERME LEME – Anjo (Gabriel Fernandes))
LUÍS MAGNELLI – Raimundo
MÁRCIA DORNELLES – Mayara
ILYA SÃO PAULO – Robles
GIBRAN CHALITA – Flavinho
HILTON COBRA – Operário
CHAGUINHA – Operário
FERNANDA MUNIZ – Irina
VITOR HUGO – Caco
TATIANA TOFFOLI – Bia
JOÃO PHELIPE – Tatá
ANDRÉ FILIPPI – Dentinho

as crianças
NATÁLIA LAGE – Tuca (Andrea, filha de Cidinha e Belo)
IGOR LOGULLO – Toninho (filho de Cidinha e Belo)
ADRIANA TAUSZ – Zazá (Suzana, filha de Cidinha e Belo)
TATIANNE GOULART – Marília
DEMIAN TEMPONI – Victor (filho de Caroline e Paulinho)
VIVIANE NOVAES – Patrícia (filha de Caroline e Paulinho)

e
ANA MARIA BARRETO DE OLIVEIRA
ANA PAULA GRECCO
ANDRÉ SPÍNOLA – contato de Jaú nas transações misteriosas
ARAÚJO HULK
ARICLÊ PEREZ – promotora no julgamento de Cidinha
BIA SEIDL – advogada de Cidinha
CARLA TAUSZ
CARLOS GREGÓRIO – Sampaio (corregedor)
CARLOS TAKESHI – cabeleireiro de Cidinha
CATALINA BONAKI – traficante que leva um tiro numa perna
CHICA XAVIER – presidiária amiga de Cidinha
CININHA DE PAULA – Batista (presidiária)
CLEYDE BLOTA – mãe de Maria Doida
COSME DOS SANTOS – Puxeta (chefe de uma quadrilha que rouba veículos)
CRISTINA PEREIRA – funcionária na maternidade
ERNANI MORAES – presidiário
FABIANA MELO E SOUZA – govenanta da família Torremolinos
FÁBIO SABAG – Dom Federico Visconti (mafioso e padrinho de Dom Branco Torremolinos)
FAUSTO GALVÃO
FLORIANO PEIXOTO – Capitão (jogador de futebol, amante da mãe de Maria Doida no passado)
IARA JAMRA – Tina
ISABELA GARCIA – Violeta (prostituta)
IVAN CÂNDIDO – Souza (padrasto de Maria Doida)
IVAN CORRÊA
JAMAICA MAGALHÃES
JOÃO VITTI – Jonathan (namorado de Maria Doida no início)
JOSÉ AUGUSTO BRANCO – juiz no julgamento de Cidinha
KARLA SABAH
LEANDRA RIBEIRO
LEZZER
MARA MANZAN – senhoria do quarto onde João Maluco está hospedado antes de ir para casa de Cidinha
MARCELO VALL
MÁRCIA REGO MONTEIRO
MARIA ALVES – funcionária do presídio onde Cidinha vai parar quando é acusada de ter atirado em Belo
MARIANNE VICENTINI – enfermeira de Dom Franco Torremolinos
MÁRIO LAGO – Garcia (mafioso rival da família Torremolinos)
MARTA BERARDO
NELSON DANTAS – Delegado Palhares
NICOLE PUZZI – Irma
NORTON NASCIMENTO – bombeiro
PAULO CARVALHO
PAULO REZENDE
RAUL CORTEZ – cartomante
RAUL GUTIERREZ
REJANE ZILLES
RODOLFO BOTTINO – Rodrigo Garcia (filho de Garcia)
ROSIMAR MELLO – “Aerovelha”
ROBERTO SANTANNA
SÉRGIO DIRELL
WAGNER FERRARA
WALDIR RODRIGUES
XÊNIA D´AVILA – Alice (amiga de Leda)

– núcleo de CIDINHA (Vera Fischer), bem-humorada, ansiosa e esforçada dona de casa, naturalmente atrapalhada. Faz força para tudo dar certo, mas acaba fazendo tudo errado ou, pelo menos, não conseguindo agradar a todos ao mesmo tempo. Anulou sua personalidade para ser só esposa e mãe. Adora o marido e os filhos, mas não se realiza no casamento nem vê muita importância nisso. Está no time de mulheres que, lá no fundo, se sentem muito infelizes mas afastam este sentimento sem reclamar de qualquer coisa. Morre de inveja de uma amiga do passado, porque as duas fizeram juntas uma prova para conseguir um estágio em um jornal, e esta ficou com a vaga sozinha. Mas Cidinha ficou com o marido – como se o destino tivesse distribuído dois prêmios, um para cada uma:
o marido BELO (Mário Gomes), que Cidinha pensa trabalhar com negócios de importação e exportação da família Torremolinos, mas ele não passa de um empregado da máfia, levando uma vida dupla. Não deixa faltar nada em casa, ama os filhos, e está sempre pronto para o amor com a mulher, mas tem dezenas de namoradas. Esconde de Cidinha que trabalha com contravenção porque o pai dela é policial, e gasta mais do que tem. Fica balançado com a volta da antiga namorada e tenta recuperar a paixão dela por ele. Pego em flagrante por Cidinha, tem sua vida virada de cabeça para baixo
os filhos: TUCA (Natália Lage), menina brilhante, percebe o quanto a mãe é humilhada pelas exigências do pai, e construiu uma personalidade meio “menininho”, que recusa um pouco o lado feminino. Sempre critica a mãe, embora seja sua amiga e conselheira, e fica transtornada quando descobre que não é sua filha legítima, TONINHO (Igor Logullo) e ZAZÁ (Adriana Tausz)
o pai VENÂNCIO (Flávio Migliaccio), homem duro e, ao mesmo tempo, carinhoso. Ex-militar, muito honesto, um pouco inconformado com a situação do país. É delegado de polícia, do tipo implacável, que não livra a cara de ninguém. Cidinha acha que o pai é um amigão e que vai protegê-la para o resto da vida, mas essa ilusão é logo desfeita. Sua relação com o filho foi interrompida quando o menino tinha apenas dez anos e fugiu de casa, sob a acusação de ter acidentalmente matado a mãe. Este é um assunto doloroso na vida deles
o irmão JOÃO MALUCO (Felipe Martins), vive sozinho e traz um traço de autodestruição, resultante do trauma sofrido na infância. Acreditou na versão do pai sobre a morte da mãe e, sentindo-se culpado, voltou-se totalmente para si mesmo. É calado, ressabiado, mal encarado, um “bicho do mato”. É brigado também com Cidinha, porque pegou Belo traindo a irmã e, ao contar para ela, foi tratado como intrigueiro
os sogros, pais de Belo: MICHELÂNGELO (Carlos Kroeber) e GEMA (Nair Bello), uma legítima italiana. Foi muito pobre, e isso a irrita profundamente. Jamais gostou da nora, e a acusa de ser uma absoluta incompetente. Acha o marido um “zero à esquerda”, e se comporta como viúva de filho único. Dá força para Belo ficar com a ex-namorada e largar Cidinha, só para separar o filho. Mais tarde, reconhece que a antiga nora fazia bem para ele
a vizinha ZU (Cissa Guimarães), amiga, mas extremamente espaçosa. Sente atração por Belo, mas não considera isso uma traição, já que só quer “tirar uma casquinha”
o professor de dança ANJO (Guilherme Leme), ex-palhaço
MARIA DOIDA (Sílvia Buarque), menina “descolada”, que vive uma grande paixão com João Maluco.

– núcleo de LEDA (Sílvia Pfeifer), ex-melhor amiga de Cidinha. Mulher prática e inteligente, adotou a palavra sofisticação. É muito chique, daquelas que vestem um jeans com camiseta e recebem os maiores elogios. Digna, inteligente, sutil, sarcástica, mas sempre com muita classe. Independente, frequentemente solitária, Leda parece ter tudo, mas sente falta de amar, de não dividir nada com ninguém. Colunista respeitada, vem de São Francisco, EUA, disposta a resolver o que deixou para trás: o amor de Belo. Leda faz a linha durona, que não chora, e foge da emoção o tempo todo com um vocabulário bastante irônico. Sua aparência de mulher resolvida é pura fachada, e a aversão que tem por marido e filhos é consequência direta de ter sido preterida por Belo, que escolheu Cidinha, e perdido o bebê que esperava dele. Mas no decorrer da trama, descobre que sua filha está viva e foi trocada na maternidade: Tuca, a suposta filha de Cidinha:
a governanta VALQUÍRIA (Rosita Thomaz Lopes), mulher fina, de bom gosto, que conversa com Leda sobre tudo. De vez em quando, quebra a rigidez da patroa com bons e divertidos conselhos. Conhece Leda profundamente
o ex-namorado PEDRO HENRIQUE, o PH (Vitor Branco), editor de jornal. Com inveja do casamento de Belo e Cidinha, Leda pede PH em casamento, mas ele esquece que a bajulou a vida inteira e diz que não está a fim de contrair matrimônio
a repórter MAYARA (Márcia Dornelles).

– núcleo da mafiosa família Torremolinos, que comanda uma organização de contrabando e para quem Belo trabalha:
os primos BRANCO (José Lewgoy) e FRANCO (Cassiano Gabus Mendes), o velho patriarca da família. Ladino, safado e perigoso, exige muito respeito por parte dos filhos e os deixa inseguros porque ainda não escolheu seu sucessor, mas demonstra uma clara preferência pelos empregados. Tem tara pela enfermeira, e vive fazendo estripulias numa cadeira de rodas
CERVANTES (John Herbert), filho mais velho de Franco. Não tem índole de gânster, mas briga com o irmão pela sucessão familiar. Só que logo se percebe que se os negócios caíssem em suas mãos, toda a família iria à falência na semana seguinte
HECTOR (Guilherme Karam), filho caçula de Franco. Ambicioso, totalmente infiel ao pai e ao irmão. Consegue ludibriar todo mundo e roubar a própria família, e mantém uma relação sadomasoquista com a esposa
DIANA (Beth Goulart), esposa de Hector, é uma perua perigosa, que bebe sem parar e passa o tempo tentando chamar a atenção do marido. Inteligente e bonita, deixa claro que está entediada com a vida que leva ao lado de Hector. Sugere o tempo todo que casou por dinheiro, mas, no fundo, é apaixonada por ele e, ao longo da trama, traça um plano diabólico para conseguir o que quer
MANUELA (Cláudia Lira), filha de Cervantes, menina rica e mimada, vive andando de lingerie pela casa, clamando por repreensão. Parece uma irrecuperável “filhinha de papai”
FLAVINHO (Gilbran Chalita), marido de Manuela, usado por ela
o empregado JAÚ (Alexandre Frota), tem segredos quanto a sua verdadeira função naquela casa. O que complica sua tarefa é a atração que sente por Manuela. Envolve-se com Leda.

– núcleo de PAULINHO PAMONHA (Tato Gabus Mendes), policial competente, mas desacreditado. Passa horas a fio enfiado em sua sala, na delegacia, trabalhando na investigação de crimes através da avaliação do lixo dos suspeitos. Faz o estilo estudioso, que trabalha na polícia porque gosta de desvendar mistérios e pesquisar as coisas, e não propriamente porque seja simpático a situações de violência, já que é tímido e inseguro. Apaixona-se por Cidinha:
a mulher CAROLINE (Françoise Forton), inferniza a vida de Paulinho. Esteticista insuportável, ambiciosa e perigosa, sente-se incapaz de conseguir sozinha o que quer da vida
a sogra VÍVIAN (Nicette Bruno), escriturária da delegacia, amante de Venâncio. Tem uma sensualidade semelhante a de uma ex-vedete do teatro de revista, e usa roupas bem justas para valorizar o corpo. Paparica as filhas, e acha os genros uns fracassados
a cunhada TÉIA (Bianca Byington), metida e ambiciosa como Caroline, mora com o marido na casa da mãe, e bate nele na frente de qualquer um, mas é apaixonada por ele
o concunhado TÉIO (Rômulo Arantes), marido de Téia, uma espécie de Rambo que, no trabalho, faz o tipo fortão, que resolve tudo na base da força, mas em casa apanha da mulher. Atrapalhado como seus companheiros da delegacia, disputa com eles os elogios do delegado Venâncio
os filhos PATRÍCIA (Viviane Novaes) e VITOR (Demian Temponi).

– núcleo da delegacia onde atuam Venâncio, Paulinho Pamonha e Téio, que tem como desafio desbaratar as ações da família Torremolinos:
GIOVANNI (Gerson Brenner), policial fortão, grosso, ignorante e trapalhão. Descendente de italianos, é bem-humorado, daqueles que perdem um amigo mas não perdem a piada
JOHANN (Irving São Paulo), investigador ligado em técnicas de relaxamento e filosofia zen. Tem jeito de menino abandonado, que precisa de colo. Na verdade, sabe usar a timidez a seu favor
ROMANO (Alberto Baruque), o policial mais incompetente do grupo. Não consegue escrever direito, e só prende marginal inofensivo. Complementa seu parco salário vendendo esfihas no serviço
JOANA (Fabiana Scaranzi), policial das boas, especialista em lutas marciais, e de ótima pontaria. Mas é uma moça ingênua, meio tonta, que não consegue conciliar seu universo interior com a violência que gira em torno de seu trabalho. Vira o troféu dos companheiro.
DONA AMBRÓSIA (Leina Krespi), mãe de Romano, uma típica “mama” italiana, tem um casarão no bairro da delegacia, que transformou em pensão para garantir a sobrevivência.

Novela agitada

Agitada e divertida comédia impulsionada com a mesma vivacidade que o autor, Carlos Lombardi, impingiu a Bebê a Bordo (1988-1989), seu trabalho anterior. Com uma boa linha folhetinesca, Lombardi conseguiu movimentar a novela com novidades a cada semana. (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)

Carlos Lombardi afirmou que a ideia de Perigosas Peruas surgiu da vontade de falar sobre as dificuldades enfrentadas pelas mulheres que têm de se desdobrar entre ser dona de casa e uma profissional bem-sucedida. (*)

Novela adiada

Perigosas Peruas estava cotada para estrear no segundo semestre de 1990. Seria a substituta de Mico Preto no horário das sete e chegou a ser noticiada pela imprensa como a nova novela da faixa. Nessa altura, Lua Cheia de Amor seria a novela das seis.

Em outubro, os jornais começaram a anunciar que Lua Cheia de Amor entraria às sete. Perigosas Peruas acabou protelada, indo ao ar somente em 1992, após Vamp, a sucessora de Lua Cheia de Amor.

Problemas

Lauro César Muniz era – oficialmente – o supervisor de texto, mas, por problemas pessoais que enfrentava à época, teve uma participação pequena no acompanhamento da trama. (*)
Porém, estranha o fato de Lombardi, um autor já experiente, estar sujeito à figura do supervisor de texto quando, na época, este cargo estava arrolado a autores iniciantes.

O autor revelou, em 2008, ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” (do Projeto Memória Globo), que o momento mais difícil de sua vida profissional ocorreu enquanto escrevia Perigosas Peruas:
“Minha mulher entrou em trabalho de parto no quinto mês de gravidez. Nasceram duas meninas antes da hora. Uma nasceu morta, a outra sobreviveu poucas horas. Vi minha mulher com hemorragia, sentado em frente de meu computador. Fui até o hospital e, na manhã seguinte, tive que voltar para o computador para trabalhar.”

Vera Fischer vivia o auge de sua carreira, com filmes e peça de teatro em evidência. Contudo, quase que ela fica de fora da novela por desentendimentos com a produção. De acordo com Flávio Ricco e José Armando Vannucci, no livro “Biografia da Televisão Brasileira”, as revistas da época não perdoaram os problemas causados por Vera na fase inicial das gravações. A intempéries foram contornadas e a substituição da atriz, cancelada. No auge do conflito, o alto comando da Globo sondou Natália do Valle, Bruna Lombardi e Maria Zilda Bethlem para o papel de Cidinha, mas nenhuma delas aceitou assumir às pressas, já com alguns blocos adiantados.

No início, Perigosas Peruas enfrentou forte concorrência com o jornalístico Aqui Agora, do SBT. Lombardi comentou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”:
“Foi uma das primeiras vezes em que vimos como era difícil concorrer com esse tipo de programa apelativo, que explora o crime, a tragédia e outras coisas inacreditáveis. Mas a direção da Globo foi calma o suficiente para lidar com isso e, no segundo mês de exibição, a novela pegou.”

Duas mudanças foram feitas no texto original: a tentativa de suicídio da menina Tuca (Natália Lage), de 13 anos, cortada pela direção da emissora; e o final escrito para Belo (Mário Gomes), que deveria morrer por volta do capítulo 100. Como Belo tinha grande popularidade entre os telespectadores, preferiu-se manter o personagem vivo. (*)

Elenco

Carlos Lombardi gosta de subverter a imagem que os atores têm diante do público. Assim como contou com Tony Ramos fazendo comédia em sua novela Bebê a Bordo, em Perigosas Peruas fez com que a estrela Vera Fischer fosse para o tanque. (*)

Além do trio central Vera Fischer (Cidinha), Silvia Pfeifer (Leda) e Mário Gomes (Belo), foram destaques Natália Lage (Tuca, a filha de Belo), Tato Gabus Mendes (como o atrapalhado Paulinho Pamonha), Nair Bello (como a italianíssima Gema, a mãe de Belo), e o casal vivido por Rômulo Arantes e Bianca Byngton (Téio e Téia).

Em uma participação especial, o novelista Cassiano Gabus Mendes atuou em Perigosas Peruas interpretando o velho mafioso Dom Franco Torremolinos. Na trama, Dom Franco morre após um ataque de riso, uma irônica homenagem de Lombardi ao seu mestre – ele foi colaborador de Cassiano em Elas por Elas (1982), um de seus primeiros trabalhos na televisão.
Cassiano Gabus Mendes faleceu um ano após o término de Perigosas Peruas, em 18/08/1993, aos 64 anos, vítima de um enfarte no miocárdio, após completar o trabalho em sua novela O Mapa da Mina.

A família Torremolinos da novela era uma alusão aos Corleone, a família de mafiosos da trilogia de filmes O Poderoso Chefão (1972, 1974 e 1990), de Francis Ford Coppola.

Perigosas Peruas foi o único trabalho como atriz da então modelo e hoje jornalista e apresentadora Fabiana Scaranzi. Após a novela, ela migrou para o telejornalismo.

Também a primeira novela dos atores Ilya São Paulo e Ana Paula Bouzas.

Falso gancho

Inspirado por Glória Perez, e referenciando-a, Carlos Lombardi repetiu em Perigosas Peruas a cena dos tiros à queima-roupa que não atingem a pessoa alvo, que a autora criou para sua novela Carmem (1987-1988).

No final de um determinado capítulo de Carmem, uma personagem disparou seis tiros contra o marido. A cena terminou no auge da ação, como gancho. No capítulo seguinte, porém, o telespectador percebeu que nenhum tiro havia atingido seu alvo, recurso conhecido no jargão novelístico como “falso gancho”, já que os tiros não tiveram consequência alguma na trama. “Os seis tiros de Carmem” tornou-se o mais notável falso gancho de nossas novelas.

Carlos Lombardi homenageou o falso gancho de Glória Perez em tom de comédia, repetindo a cena dos tiros que não acertaram o alvo em Bebê a Bordo (1988-1989), Perigosas Peruas (1992), Kubanacan (2003-2004) e Bang Bang (2005-2006).

Locações

Uma das principais locações da novela era a mansão da família Torremolinos, cuja fachada era uma imponente residência com vasto jardim situada na Estrada da Gávea Pequena, 1077, no Alto da Boa Vista, Rio de Janeiro.

Essa casa ficou famosa por ter servido de fachada ou locação para várias outras novelas ao longo dos anos: foi a casa da família Newman em Brilhante (1981-1982), a casa de Renato Villar em Roda de Fogo (1986-1987), da família Abdalla em Sassaricando (1987-1988), da família de Isabela Garcia em O Sexo dos Anjos (1989-1990), da clínica de José Mayer em História de Amor (1995-1996), da família de Zazá em Zazá (1997), dos San Marino em Andando nas Nuvens (1999) e outras.

Abertura

A abertura da novela foi assinada pelo cartunista Miguel Paiva (da personagem Radical Chic), que fez mais de 400 ilustrações para apenas 1 minuto e 10 segundos no ar.

A música-tema da abertura, gravada pelas Frenéticas, foi composta por Nelson Motta, Renato Ladeira, Roberto Lly, Julinho Teixeira e Boni – José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, então vice-presidente de operações da TV Globo.

(*) Site Memória Globo

Trilha sonora nacional

01. PERIGOSAS PERUAS – Frenéticas (tema de abertura)
02. EU NÃO SEI DANÇAR – Marina (tema de Cidinha)
03. SÁBADO – Os Paralamas do Sucesso (tema de Tuca)
04. SERÁ – Simone (tema de Leda)
05. TÔ INDO EMBORA – Sandra de Sá (tema de João)
06. COISAS DA PAIXÃO – Emílio Santiago (tema de Téio e Téia)
07. TORREMOLINOS – Nova Era (tema da família Torremolinos)
08. EU TE AMO – Zezé di Camargo e Luciano (tema de Cidinha)
09. SITUAÇÃO MÁGICA – Instrumental
10. FÊMEA – Fábio Jr. (tema de Jaú)
11. GLÓRIA – Silvia Patrícia (tema de Leda)
12. SENTADO A BEIRA DO CAMINHO – Erasmo Carlos (tema de Paulinho Pamonha)
13. PROFISSIONAL DA NOITE – Rômulo Arantes (tema de Téio)
14. BAILA BAILA MANUELA – Espírito Cigano (tema de Manuela)
15. SAGA – Nova Era
16. ESSE MUNDO – Vange Leonel (tema de Maria)
17. RITMO QUENTE – Instrumental

Sonoplastia: Guerra Peixe Filho
Produção musical: Paulo Henrique e Iuri Cunha
Direção musical: Mariozinho Rocha

Trilha sonora internacional

01. ALL TOGETHER NOW – The Farm (tema de Hector)
02. SPENDING MY TIME – Roxette (tema de Cidinha)
03. I’M TOO SEXY – Right Said Fred (tema de locação: Rio de Janeiro)
04. SENZA UNA DONNA – Zucchero featuring Paul Young (tema de Tuca)
05. CHANGE – Lisa Stansfield (tema de Manuela)
06. I JUST WANNA HAVE YOU – Megabeat (tema romântico geral)
07. GIVE IT AWAY – Red Hot Chilli Peppers (tema dos policiais)
08. MILONGA – Julio Iglesias (tema de Venâncio)
09. SLIPPING AWAY – Information Society (tema de Leda)
10. GET READY FOR THIS – 2 Unlimited (tema de locação: boates)
11. TEARS IN HEAVEN – Eric Clapton (tema de Téio e Téia)
12. HOLD ON MY HEART – Genesis (tema de Diana)
13. JUST YOU AND ME – Gary Thorts (tema de Vívian e Venâncio)
14. INNOCENCE – Deborah Blando (tema de João e Pimenta)

Seleção de repertório: Sérgio Motta

Tema de abertura: PERIGOSAS PERUAS – Frenéticas

Perua!
Tira e bota, troca-troca, sai da toca
Perua!
Lava, passa, enxágua, enxuga
Molha, seca, enruga
Sobe, desce, veste, despe
Cuidado!
Perua!

Ohhhhh! Perua!
Põe e tira, vira-gira, pira-pira
Perua!
Bate, leva, estica e puxa
E a festa continua
Tá na sua, tá na lua
Perigo!
Perua!

Morde, assopra, agita e usa
Rala e rola, enxágua, enxuga
Tira e bota, bota e tira, vira-vira
Perua!
Bole-bole, senta e rola
Chic-chic, checo-checo
Tira pouco, nheco-nheco

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