Sinopse

O Dr. Fernando Silveira chega à cidade de Redenção e desperta paixão em três mulheres: a doce Ângela, a malvada Marisa e Lola. Paira uma dúvida na cidade em relação ao seu passado. Seria ele mesmo um médico?

Fernando casa-se com Ângela, filha do sapateiro Carlo, mas ela morre repentinamente. O médico passa então a conviver com as armações da diabólica professora Marisa, filha do prefeito Juvenal.

Excelsior – 19h
de 16 de maio de 1966
a 2 de maio de 1968
596 capítulos

novela de Raimundo Lopes
direção de Dionísio Azevedo, Waldemar de Moraes e Reynaldo Boury

Novela anterior no horário
Em Busca da Felicidade

Novela posterior
Legião dos Esquecidos

FRANCISCO CUOCO – Fernando Silveira
MÍRIAM MEHLER – Ângela
LOURDES ROCHA – Marisa
MÁRCIA REAL – Lola
RODOLFO MAYER – Juvenal
LÉLIA ABRAMO – Carmela
PROCÓPIO FERREIRA
ARMANDO BÓGUS – Eduardo
VICENTE LEPORACE – Carlo
EDMUNDO LOPES – Padre João
NEWTON PRADO – Mário
GEÓRGIA GOMIDE – Helena
FERNANDO BALERONI – Mateus
MARIA APARECIDA BAXTER – Dona Marocas
WILMA DE AGUIAR – Dona Zilda
TURÍBIO RUIZ
LURDINHA FÉLIX – Marta
EDSON FRANÇA
ALDO CÉSAR – Ananias
FLORA GENY – Sílvia
RITA CLEÓS – Diana
SÍLVIO FRANCISCO – Matraca
MARIA CECÍLIA – Hortência
ZÉ LUIZ PINHO – Manoel
MÁRCIO TRUNKL – Mário (jovem)
MÁRIO GUIMARÃES – Onofre
JOVELTY ARCHÂNGELO – Sérgio
VERINHA DARCI – Glória
e
FERNANDA MONTENEGRO – Lisa

Realidade

O autor Raimundo Lopes levou à TV a adaptação de um sucesso do rádio de sua própria autoria, transmitido em 1957 pela Rádio Mayrink Veiga. (**)

Na linha das superproduções, a TV Excelsior exibia uma boa obra. A história se passava na fictícia cidade de Redenção – título da novela -, dando margem à criatividade de cenógrafos e figurinistas.

Redenção conseguiu eliminar a insegurança que os realizadores de telenovela tinham em transportar a realidade imediata para o vídeo. O seu sucesso foi um dos fatores decisivos para que terminasse a importação (e adaptação) de textos de novelas estrangeiras na nossa televisão. (*)

Redenção foi premiada com o Troféu Imprensa de melhor novela de 1966. Francisco Cuoco levou o prêmio de melhor ator por dois anos seguidos: 1966 e 1967. Miriam Mehler foi eleita a melhor atriz coadjuvante em 1967.

Novela mais longa

Redenção foi a mais longa telenovela brasileira: ficou dois anos no ar, ininterruptamente, somando 596 capítulos, contando uma mesma história com o mesmo elenco, que sofreu poucas variações. Transformou-se em uma espécie de Peyton Place brasileira (famosa soap-opera – novela americana – da época, também sobre uma cidadezinha, ficou quase cinco ano no ar), onde cada morador gerava uma subnovela.

A trama foi, a princípio, criada para ter 100 capítulos. Porém, seus números de audiência eram tão bons que quase no final resolveu-se criar mais 50 capítulos. Daí por diante a história foi sempre sendo esticada. (*)

Segundo o depoimento do Sr. Carlito Adesi, do Departamento Comercial da Emissora, a novela ficou longa porque a própria Companhia Gessy-Lever, dona do horário, sentia que, quando acabasse esse sucesso, seria muito difícil colocar outro no ar, nas condições que a Excelsior atravessava. (*)

A trama teve basicamente duas fases distintas: a primeira, focalizando os mistérios e as dúvidas em relação ao caráter do protagonista Fernando (Francisco Cuoco); e a segunda, mostrando o paradeiro de seu filho e os novos personagens que chegam à cidade de Redenção.

Elenco

O autor Raimundo Lopes desenvolveu artimanhas para renovar sua novela de tempo em tempo, uma vez que o projeto inicial previa 100 capítulos. Uma das soluções foi criar personagens para participações especiais de atores populares, entre eles Procópio Ferreira, Fernanda Montenegro e Geórgia Gomide, que ficavam no ar por algumas semanas até que desaparecessem da história. (“Biografia da Televisão Brasileira”, Flávio Ricco e José Armando Vannucci)

Francisco Cuoco atingiu o auge como galã de telenovelas. Porém, teve de dividir a repercussão com Maria Aparecida Baxter, a mexeriqueira Dona Marocas, outra personagem muito popular.

Dona Marocas também saía da novela em sua nova fase, morrendo. Logo após sua morte, o público interveio e, pressentindo uma queda de audiência, o texto foi logo reformado. Dr. Fernando fez-lhe um transplante de coração e ela viveu. Assim, foi em Redenção que se deu o primeiro sucesso de transplante cardíaco humano do mundo – antes mesmo do Dr. Christiaan Barnard, na África do Sul, em 03/12/1967.

Atração turística

Redenção foi a primeira cidade cenográfica da TV brasileira. Atrás dos estúdios da Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, foi reproduzida uma típica cidadezinha do interior de São Paulo, em apenas sete dias. Sobre 9.000m2 foram projetadas três pequenas ruas, ao longo das quais foi erguido um pequeno hotel, um boteco, uma mercearia, casas, igreja, delegacia, prefeitura e praça com um obelisco, como pedia o roteiro. O cenógrafo Luiz Marinho idealizou as plantas. (**)

Uma locomotiva e um vagão foram cedidos pelo Museu Imperial (Museu do Ipiranga) para a estação ferroviária fictícia da novela. O governo do estado de São Paulo autorizou uma extensão de trilhos até Redenção, onde funcionários da Estrada de Ferro Sorocabana prestaram auxílio. Ciente de que a cidade se transformaria em atração turística, a prefeitura de São Bernardo do Campo arcou com os custos da obra, estimados em 100 milhões de cruzeiros, e ainda inaugurou um parque infantil no local, a Cidade da Criança. Ao final da novela, o ator Mário Guimarães, que interpretava o Seu Onofre, da estação ferroviária, recebeu o título de Chefe Honorário da Estrada de Ferro Sorocabana. (**)

Conforme explicou o diretor Waldemar de Moraes: “Arranjamos um local atrás da Vera Cruz e montamos a cidadezinha. Conseguimos junto ao governo do estado (de São Paulo) um trenzinho da Sorocabana… que atuava numa linha de uns 30 metros porque chegava, parava e só. (…) A cidade de São Bernardo do Campo começou a ficar cheia de forasteiros que iam assistir as gravações e depois iam para os restaurantes, almoçar ou jantar, dando lucro ao comércio local.” (*)

A população se mobilizava nos dias de gravação e os visitantes passeavam livremente por Redenção nos fins de semana. Na cidade de São Carlos, um conjunto habitacional com 104 casas foi batizado de Vila Redenção em homenagem à novela. (**)

(*) “Glória in Excelsior”, Álvaro de Moya.
(**) “Almanaque da TV”, Bia Braune e Rixa

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