Sinopse

Na vastidão das plantações de cacau, um homem sem posses e sozinho no mundo finca seu destino aos pés de um jequitibá-rei, tendo a natureza exuberante da região como testemunha e estabelecendo um pacto que o acompanhará ao longo de toda a sua trajetória. “Enquanto o meu facão estiver encravado aos seus pés, nem eu nem você haveremos de morrer… nem de morte matada… nem de morte morrida!

Assim como a semente de cacau, José Inocêncio também cria raízes naquela terra. Ele renasce ao sobreviver a uma impressionante emboscada, que lhe deixa cicatrizes pelo corpo e espalha a fama de que o “coronelzinho” tem o corpo fechado para morte. Logo Zé Inocêncio torna-se uma figura mítica e o fazendeiro mais bem-sucedido da região por seus êxitos como produtor de cacau. Porém, a maior de suas conquistas, talvez, seja o amor da jovem Maria Santa.

A arrebatadora paixão entre os dois gera quatro filhos: José Augusto, José Bento, José Venâncio e o caçula, João Pedro, o único que não teve a oportunidade de conviver com a mãe, que morre ao dar à luz. A fatalidade com Maria Santa provoca a revolta em Zé Inocêncio, que por toda a vida culpa João Pedro pela morte de seu grande amor. A indiferença e a mágoa marcam a relação entre o patriarca e o caçula ao longo dos anos.

Apesar do desprezo e de ter tido negadas as oportunidades que foram concedidas aos irmãos, João Pedro sente enorme admiração pelo pai. Seu único desejo é ter o amor paterno. Anos mais tarde, a chegada da misteriosa Mariana coloca à prova todos esses sentimentos quando pai e filho se apaixonam pela mesma mulher. Mariana é neta de Belarmino, o maior desafeto de Zé Inocêncio, do passado, assassinado de forma misteriosa, em que as suspeitas recaem sobre o próprio coronel.

Contudo, Zé Inocêncio tem um outro inimigo perigoso: o ardiloso Teodoro, seu vizinho, com quem trava uma luta por posse de terras. Sentindo-se em desvantagem para disputar com o pai o amor de Mariana, João Pedro, para espanto de todos, anuncia seu casamento com Sandra, filha de Teodoro, ato que Zé Inocêncio enxerga como uma afronta, acirrando ainda mais os ânimos entre pai e filho.

Globo – 20h
de 8 de março a 14 de novembro de 1993
213 capítulos escritos, 216 apresentados

novela de Benedito Ruy Barbosa
colaboração de Edmara Barbosa e Edilene Barbosa
direção de Luiz Fernando Carvalho, Mauro Mendonça Filho e Emílio di Biasi
direção geral de Luiz Fernando Carvalho

Novela anterior no horário
De Corpo e Alma

Novela posterior
Fera Ferida

ANTÔNIO FAGUNDES – Zé Inocêncio (Painho)
MARCOS PALMEIRA – João Pedro
ADRIANA ESTEVES – Mariana
TARCÍSIO FILHO – Zé Bento
MARCO RICCA – Zé Augusto
TAUMATURGO FERREIRA – Zé Venâncio
PATRÍCIA PILLAR – Eliana
LUCIANA BRAGA – Sandra
HERSON CAPRI – Teodoro
ELIANE GIARDINI – Iolanda (Dona Patroa)
MARIA LUÍSA MENDONÇA – Buba (Alcides)
OSMAR PRADO – Tião Galinha
TEREZA SEIBLITZ – Joaninha
JACKSON COSTA – Padre Lívio
CHICA XAVIER – Inácia
JACKSON ANTUNES – Damião
ISABEL FILLARDIS – Ritinha
ROBERTO BONFIM – Diocleciano
REGINA DOURADO – Morena
COSME DOS SANTOS – Zinho Jupará
PALOMA DUARTE – Teca
LUÍS CARLOS ARUTIM – Rachid
NELSON XAVIER – Norberto
JOFRE SOARES – Padre Santo
CLÁUDIA LIRA – Kika (Walkíria)
JOSÉ DE ABREU – Egberto
MARA CARVALHO – Aurora
LEILA LOPES – Lú
KADU MOLITERNO – Rafael
OBERDAN JÚNIOR – Pitoco
CASSIANO CARNEIRO – Neno
ÍRIS NASCIMENTO – Lurdinha
CECIL THIRÉ – Delegado Olavo
EVANDRO MONTEIRO – Tarcísio

primeira fase
LEONARDO VIEIRA – Zé Inocêncio (Coronelzinho)
PATRÍCIA FRANÇA – Maria Santa (Santinha)
CACÁ CARVALHO – Venâncio (o Bumba)
ANA LÚCIA TORRE – Quitéria
JOSÉ WILKER – Belarmino
BETTY ERTHAL – Nena
FERNANDA MONTENEGRO – Jacutinga
SOLANGE COUTO – Inácia
LEONARDO BRÍCIO – Diocleciano
GÉSIO AMADEU – Jupará
LUÍS CARLOS ARUTIM – Rachid
NELSON XAVIER – Norberto
JOFRE SOARES – Padre Santo
CYRIA COENTRO – Morena
DANIELE RODRIGUES – Juliete
RITA SANTANNA – Flor
TONINHO DA CRUZ – capanga de Belarmino
BERTRAND DUARTE – capanga de Belarmino
CLEMENTINO KELÉ – vende um caminhãozinho a Zé Inocêncio em Ilhéus
EVANDRO MONTEIRO
MARCOS MACENA
CARMEM SANTANA
RITA SENA
SARA VICTÓRIA
HADA ZABERUTCHA
LEANDRO FIGUEIREDO – José Bento (criança)
PABLO SOBRAL – João Pedro (criança)
MARCELO SANTOS – Zinho Jupará (criança)
Mariana (criança)

e
ADENOR DE SOUZA – capanga de Teodoro
GILBERTO PIQUIRI – jagunço
GRANDE OTELO – Seu Francisco (pai de Ritinha)
JOÃO DO REINO – jagunço
LAMARTINE FERREIRA – trabalhador
MARCOS – jagunço
PATATIVA DO ASSARÉ (ANTÔNIO GONÇALVES DA SILVA) como ele mesmo, canta quando Damião retorna do sul
ROBERTO GUARABIRA – jagunço

1ª fase

– núcleo de JOSÉ INOCÊNCIO, o CORONELZINHO (Leonardo Vieira), jovem valente, obstinado e sonhador que finca um facão aos pés de um jequitibá-rei na esperança de se tornar eterno. Vítima de uma tocaia, tem a pele de seu corpo arrancada por um bando de jagunços:
o mascate libanês RACHID (Luís Carlos Arutin), que salva sua vida costurando a pele ao seu corpo
os empregados e amigos: DIOCLECIANO (Leonardo Brício) e JUPARÁ (Gésio Amadeo), fiéis a ele
a empregada INÁCIA (Solange Couto), que o adora, em uma relação quase maternal
o pároco de Ilhéus PADRE SANTO (Jofre Soares).

– núcleo de MARIA SANTA (Patrícia França), moça pura e ingênua que se casa com Zé Inocêncio quando é expulsa de casa, dando a ele quatro filhos. Morre no parto do caçula, para desespero do marido:
os pais: VENÂNCIO (Cacá Carvalho), conhecido como o BUMBA, homem extremamente severo e carola. Sente desejo pela própria filha, motivo de seu ciúme doentio pela menina,
e QUITÉRIA (Ana Lúcia Torre), mulher abnegada e submissa ao marido, tenta ao máximo proteger a filha do pai.

– núcleo de BELARMINO (José Wilker), vizinho ambicioso de Zé Inocêncio que almeja suas terras e para isso tenta matá-lo a todo custo. Porém acaba vítima de sua própria tocaia e a culpa recai sobre o coronelzinho:
a esposa NENA (Betty Erthal), mulher rancorosa que está sempre do lado do marido. Após a morte dele, jura vingança contra Zé Inocêncio.

– núcleo de JACUTINGA (Fernanda Montenegro), cafetina amiga de Zé Inocêncio. Acolhe Maria Santa em seu bordel quando ela é expulsa de casa pelo pai. Trata a menina como uma filha. É em seu bordel que Maria Santa se casa com o coronelzinho:
as prostitutas: MORENA (Cyria Coentro), que casa com Diocleciano, JULIETE (Daniele Rodrigues), que tem inveja de Morena, e FLOR (Rita Santanna), que casa com Jupará
o vizinho NORBERTO (Nelson Xavier), dono de um bar-mercearia que nutre uma paixão platônica por ela.

2ª fase

– núcleo de JOSÉ INOCÊNCIO, o PAINHO (Antônio Fagundes), homem bom e justo que prosperou como fazendeiro na região de Ilhéus, conhecido como o Rei do Cacau. Nunca superou a morte da mulher, mas sente renascer quando apaixona-se por uma moça misteriosa que surge em sua vida:
os filhos mais velhos, que o pai mandou estudar na capital para se tornaram “doutores”: JOSÉ AUGUSTO (Marco Ricca), médico sem vocação, JOSÉ BENTO (Tarcísio Filho), advogado, e JOSÉ VENÂNCIO (Taumaturgo Ferreira), engenheiro
o filho caçula JOÃO PEDRO (Marcos Palmeira), que trabalha com ele na fazenda. Rapaz ingênuo e sem instrução, foi o único dos filhos que não recebeu educação formal. Apesar da admiração que sente pelo pai, é renegado por Zé Inocêncio por causa da morte de Maria Santa, falecida em seu nascimento
a namorada de João Pedro, no início, MARIANA (Adriana Esteves), jovem misteriosa que se aproxima de Zé Inocêncio com a intenção de vingar o avô Belarmino, que ela acredita que ele matou. Porém, apaixona-se de verdade pelo painho, trocando o filho pelo pai e acirrando ainda mais as desavenças entre eles
as empregadas da casa: INÁCIA (Chica Xavier), sua velha amiga e conselheira, e a jovem RITINHA (Isabel Fillardis)
o empregado DAMIÃO (Jackson Antunes), a princípio um jagunço destinado a matá-lo. Conquistado por ele, torna-se seu empregado fiel. Casa-se com Ritinha
o pai de Ritinha, FRANCISCO (Grande Otelo, participação), que morre no casamento da filha com Damião
a fazendeira AURORA (Mara Carvalho).

– núcleo de Zé Bento, o mais ambicioso dos filhos de Zé Inocêncio:
a esposa KIKA (Cláudia Lira), também advogada, com quem vive sem ser casado no papel. Mulher vaidosa e perdulária
a professora (Leila Lopes), com quem se envolve, mas é apaixonada por João Pedro.

– núcleo de Zé Venâncio, outro filho de Zé Inocêncio, morto em uma tocaia feita para o pai:
a esposa ELIANA (Patrícia Pillar), mulher bela e oportunista que inferniza a vida do marido. Envolve-se com Damião
a amante BUBA, intersexo cujo nome verdadeiro é ALCIDES (Maria Luísa Mendonça). Vai ter um caso com seu irmão Zé Augusto
o detetive EGBERTO (José de Abreu), contratado por Eliana para saber com quem o marido a trai. Envolve-se com Kika.

– núcleo de Zé Augusto, outro filho de Zé Inocêncio, apaixona-se por Buba após a morte do irmão:
a garota de rua TECA (Paloma Duarte), menina grávida que ele adota para ficar com o bebê, já que Buba não pode engravidar
os amigos de Teca: NENO (Cassiano Carneiro) e PITOCO (Oberdan Jr.), também garotos de rua.

– núcleo do fazendeiro TEODORO (Herson Capri), vizinho de Zé Inocêncio que o inveja, com quem trava uma disputa por terras. Envolve-se com Eliana quando a esposa o abandona:
a esposa IOLANDA, que ele chama pejorativamente de DONA PATROA (Eliane Giardini), mulher submissa e infeliz, frequentemente humilhada pelo marido. Finge não saber das traições de Teodoro. Envolve-se com Rachid quando ele retorna a Ilhéus
a filha SANDRA (Luciana Braga), moça instruída e rebelde que não aprova os métodos do pai, motivo pelo qual vivem em pé de guerra. Acaba se casando com João Pedro, filho do inimigo de seu pai.

– núcleo de TIÃO GALINHA (Osmar Prado), simplório catador de caranguejo, empregado de Teodoro. Desiludido com a vida, sonha em livrar-se da miséria em que vive com a mulher. Comete suicídio na cadeia ao ser condenado injustamente e sentir que foi desonrado:
a esposa JOANINHA (Tereza Seiblitz), moça bela e conformada com a vida. É constantemente assediada por Teodoro
o PADRE LÍVIO (Jackson Costa), substituto de Padre Santo. Vive em conflito com sua vocação religiosa. Apaixona-se por Joaninha e os dois têm um caso de amor.

– núcleo de DIOCLECIANO (Roberto Bonfim), melhor amigo de Zé Inocêncio, trabalha para ele:
a esposa MORENA (Regina Dourado), mulher alegre e de bom coração. Como não pôde ter filhos, ajudou a criar João Pedro, quando ele foi renegado pelo pai após o nascimento
o filho adotivo ZINHO JUPARÁ (Cosme dos Santos), abandonado pela mãe, Flor, quando ela ficou viúva de seu pai, Jupará, amigo da juventude de Diocleciano e Zé Inocêncio
a namorada de Zinho, LURDINHA (Íris Nascimento).

Resgate do autor

No final da década de 1970, Benedito Ruy Barbosa apresentou a sinopse de Os Imigrantes para a direção da TV Globo, que a recusou. A novela foi então produzida pela TV Bandeirantes, entre 1981 e 1982, e tornou-se o maior sucesso da dramaturgia da emissora.
Em 1990, a Globo não se interessou em produzir Pantanal, fazendo com que Benedito a levasse à TV Manchete, tornando-se um fenômeno na história de nossa televisão.

Após o êxito de Pantanal, a Globo tratou logo de resgatar Benedito Ruy Barbosa para sua equipe de novelistas. Com Renascer, o autor conseguiu, finalmente, apresentar o seu trabalho em grande estilo, em uma superprodução, contando com a repercussão global no horário nobre, que ele tanto almejava. Antes disso, a Globo só lhe cedia o horário das seis, considerado “menor” até mesmo dentro da emissora, por seu menor alcance e audiência.

Benedito mostrou-se à altura do compromisso e exibiu seu talento de maneira sedutora. O ritmo lento da narrativa e o estilo contemplativo da direção de Luiz Fernando Carvalho não foram obstáculos para os telespectadores.

Renascer ganhou a maioria dos prêmios de televisão referentes ao ano de 1993. A APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) a elegeu melhor novela, melhor ator (Antônio Fagundes), melhor ator coadjuvante (Osmar Prado), melhor atriz coadjuvante (Regina Dourado) e ator revelação (Jackson Antunes).
Também ganhou o Troféu Imprensa de melhor novela, melhor ator (Antônio Fagundes) e revelação do ano (Jackson Antunes).

Bumba-Meu-Boi e Jacarandá-Rei foram títulos cogitados para a novela. (“Almanaque da TV”, Bia Braune e Rixa)

Primeira fase

Inesquecível a primeira semana de exibição de Renascer, na qual foi contado o passado dos personagens, com imagens belíssimas e direção cinematográfica (direção de fotografia de Walter Carvalho).
José Bonifácio de Oliveira Sobrinho revelou em seu “Livro do Boni”: “O início era tão forte que tivemos que reduzir o número de capítulos, pois haveria possibilidade de rejeição da segunda parte da novela.”

Nesta primeira fase, Patrícia França, revelada no ano anterior na minissérie Tereza Batista (1992), estreava em novelas.

Também estreou Leonardo Vieira – que interpretou o protagonista Zé Inocêncio quando jovem – tornando-se o novo galã da casa. Leonardo e Patrícia, pelo sucesso com seu casal romântico em Renascer, estrelaram a próxima atração das seis da emissora, Sonho Meu.

Uma sequência marcante da primeira fase: Zé Inocêncio jovem (Leonardo Vieira) finca um facão na terra junto a um frondoso pé de jequitibá e jura que não morreria nem de “morte matada” nem de “morte morrida”.

Críticas a Adriana Esteves

Adriana Esteves recebeu muitas críticas por sua atuação como Mariana, a principal personagem feminina de Renascer. Este era seu segundo papel de destaque em uma novela das oito da Globo (no ano anterior, ela viveu Marina em Pedra Sobre Pedra).

De fato, o público não recebeu bem a personagem, de caráter dúbio. Neta de Belarmino (José Wilker), Mariana se aproxima de José Inocêncio (Antônio Fagundes) com o intuito de vingar a morte do avô, mas se apaixona pelo fazendeiro, o que piora a relação já deteriorada do pai com o caçula, João Pedro (Marcos Palmeira), que também gosta dela.

Por causa das críticas e do momento pessoal que vivia, a atriz se sentiu pressionada e tão mal que entrou em depressão – o que a levou, posteriormente, a recusar o papel de Babalu em Quatro por Quatro (1994) e a se afastar voluntariamente por dois anos da televisão.

“Foram os anos mais difíceis da minha vida”, desabafou em entrevista à revista Cláudia, em agosto de 2016.
“Eu era muito nova e fazia uma protagonista muito grande e complexa em Renascer. Claro que eu não tinha muita maturidade para lidar com o sucesso tão grande de uma protagonista de novela das oito. E o que tudo que isso requer”, disse Adriana a Lázaro Ramos para o programa Espelho, do Canal Brasil, em julho de 2013.

Problemas com atores

Um dos personagens de maior destaque foi Tião Galinha, uma interpretação marcante de Osmar Prado. Porém, o ator foi afastado da novela, apesar do excelente trabalho como o caricato matuto e este ser um dos melhores personagens da trama.
A morte de Tião Galinha estava prevista na sinopse, mas teve de ser antecipada. Ao ser preso, Tião sofreu uma grande humilhação na cadeia e, depois de levar um tapa na cara, tomou a resolução de suicidar-se, enforcando-se. (“Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas”, Fábio Costa)

Em matéria para a revista Caras (publicada em junho de 2015), o ator revelou detalhes: “Durante a novela tive um embate com um executivo da Rede Globo e eu pedi pra sair, pra antecipar a morte do Tião, com ele no auge. Ele ia morrer, mas não sabia quando. (…) Aí eles botaram o Tião se suicidando. O Tião foi preso, foi pra cadeia, e se matou. Aí falei pro Luiz Fernando Carvalho [o diretor] que a cena não estava completa. Como que esse personagem, com tanta força, vai se matar por nada? Disse que queria uma bofetada na minha cara, bater em uma pessoa digna.”
Após este episódio, Osmar Prado foi para o SBT e só retornou à Globo cinco anos depois, na novela Meu Bem-Querer (1998).

Também Taumaturgo Ferreira deixou o elenco de Renascer antes do final. Seu personagem, Zé Venâncio, acabou morto em uma tocaia armada por Teodoro (Herson Capri), na qual o alvo, na verdade, era seu irmão João Pedro (Marcos Palmeira). Na época, foi divulgado que a emissora (entenda autor e diretor) não gostou da construção do personagem pelo ator e decidiu excluí-lo do elenco. Taumaturgo retornou à Globo cinco anos depois.

Elenco

Primeira novela dos atores Jackson Antunes, Maria Luísa Mendonça, Marco Ricca, Paloma Duarte e Isabel Fillardis.

Benedito Ruy Barbosa iniciou em Renascer uma parceria de sucesso com Antônio Fagundes, que viveu o protagonista, Coronel Zé Inocêncio, na fase definitiva da trama. O ator trabalhou com Benedito ainda em O Rei do Gado (1996), Terra Nostra (1999), Esperança (2002), o remake de Meu Pedacinho de Chão (2014) e Velho Chico (2016).

Uma das cenas mais emocionantes da novela: a morte de Zé Inocêncio (Antônio Fagundes), no final. Ele pede ao filho, João Pedro (Marcos Palmeira), que o abrace para desculpá-lo por tantos anos de indiferença.

O bordão do personagem de José Wilker (Belarmino) – “É justo, é muito justo, é justíssimo!” – nasceu de um improviso. O ator esquecera sua fala durante a gravação de uma cena trabalhosa, que envolvia o diretor de fotografia Wálter Carvalho, e, sem graça de ficar em silêncio, enrolou (justo… muito justo… justíssimo!), criando a fala que se tornou marca de seu personagem. (Site Memória Globo)

Abordagens

Benedito Ruy Barbosa abordou um tema inédito em nossa Teledramaturgia que, na época, soou como uma ousadia: criou a primeira personagem intersexo das novelas: Buba, que marcou a carreira da atriz Maria Luísa Mendonça e pela qual ela é lembrada até hoje. Na época, usava-se o termo “hermafrodita” (inclusive no texto da novela), hoje não mais aceito para o caso em questão. Buba – cujo nome de batismo era Alcides – tinha os dois sexos e seu sonho era ter um filho.

Outros temas de apelo social levantados pelo autor foram o celibato religioso – o Padre Lívio (Jackson Costa) se apaixonava pela bela Joaninha (Tereza Seiblitz) – e a questão dos meninos de rua, conteúdo sugerido em um congresso da Unicef para autores latino-americanos de telenovelas. Na história, a menina Teca (Paloma Duarte) engravidou precocemente e foi acolhida na casa de Zé Inocêncio.

Nada se cria

Comparações entre as tramas de Renascer e Pantanal foram inevitáveis:
– Marcos Palmeira viveu o filho enjeitado do protagonista nas duas novelas (Tadeu/João Pedro);
– O protagonista de ambas as tramas (Zé Leôncio/Zé Inocêncio) era dono de uma vasta propriedade e possuía um vizinho mal intencionado (Tenório/Teodoro) cuja filha (Guta/Sandra) se envolve com o filho enjeitado (Tadeu/João Pedro);
– Havia também a mulher submissa que era tratada pelo marido machista (Tenório/Teodoro) com um apelido depreciativo (Maria Bruaca/Dona Patroa);
– Ainda a presença de uma estranha (Muda/Mariana) que surgia para se vingar de um personagem, e que descendia de um antigo inimigo dele.

O diabo preso na garrafa por Zé Inocêncio já foi um filão explorado pelo autor em sua novela Paraíso (1982-1983), na qual o Coronel Eleutério (Cláudio Corrêa e Castro), igualmente, possuía um diabo na garrafa, com os mesmos entrechos usados em Renascer.

Ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, do Projeto Memória Globo, o autor explicou que a inspiração para essa trama veio de uma viagem à Bahia, a uma fazenda de cacau:

“Eu tinha ouvido um causo sobre um tal de Seu Firmo, o fundador das fazendas da região, que havia dividido suas terras entre os sete filhos. (…) Seu Firmo tinha a proteção do capeta e guardava o diabo na garrafa. Contaram que um dia, Seu Firmo havia aparecido com essa garrafa, botado dentro de casa e, a partir de então, virado protegido: nenhuma bala entrava nele. (…) nas noites de florada, Seu Firmo abria a garrafa, o diabinho pulava para fora e virava um bode enorme, com os olhões brilhando feito brasa. Seu Firmo montava nele e o bode saía voando, mijando no cacau. (…) Na manhã seguinte, o que nascia de flor era uma maravilha! Por isso que não tinha cacau que desse mais do que o do Seu Firmo, por causa do mijo do diabo, que adubava.”

Cenografia

Os cenários de Renascer – que teve muitas cenas gravadas em Ilhéus, na Bahia – reproduziam o interior de quatro casas de fazendas de cacau.
As cenas que mostravam as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo foram gravadas nos estúdios da TV Globo, no Rio.

Apenas um cenário foi montado na cidade cenográfica em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio (atual Estúdios Globo): a casa de Jacutinga (Fernanda Montenegro), dona do bordel, mais tarde transformada em uma pensão que abrigou diversos personagens da trama. (Site Memória Globo)

Abertura

A abertura – criada por Hans Donner e sua equipe, desenvolvida em animação 3D – enfatizava os mundos rural e urbano. Um pingo caía sobre um solo árido e dali crescia uma frondosa árvore, de onde surgia um moderno edifício envidraçado. Em seguida, a mesma mensagem era reforçada de outra forma, a partir de outra linguagem e técnica, baseada em maquetes produzidas pelo artista plástico Flávio Papi: uma fazenda de cacau, que, à medida que o chão se esfacelava, revelava uma metrópole, cheia de arranha-céus, que eram literalmente enrolados fazendo surgir o logotipo da novela.

A vinheta pecou pela grande quantidade de eventos e pela pouca harmonização estética entre a animação 3D e as maquetes. Isso se deve, talvez, por causa do alto entusiasmo de querer trabalhar com chromakey e animação gráfica tridimensional. Porém, os conceitos empregados e suas formas de representação foram interessantes tanto pela poética quanto pelo surrealismo no intuito de representar a analogia do desenvolvimento urbano – e do próprio protagonista – a partir da cultura do cacau. (André Luiz Sens, blog Televisual)

A partir de 1993, o tema de abertura das novelas apresentadas naquele ano (Mulheres de Areia às seis horas, O Mapa da Mina às sete, e Renascer às oito) deixou de ser apresentado no encerramento, sendo substituído por alguma outra música de sua trilha sonora.

Exibições

A apresentação do último capítulo fugiu do esquema habitual. Como haveria a exibição de um jogo de futebol na sexta-feira (12/11/1993), parte do capítulo foi ao ar naquele dia e outra parte no sábado. No domingo (dia 14/11), o último capítulo foi reprisado na íntegra depois do Fantástico.

Renascer foi reapresentada no Vale a Pena Ver de Novo entre 14/08/1995 e 01/03/1996.

Reprisada também no Viva (canal de TV por assinatura pertencente ao Grupo Globo), entre 07/11/2012 e 05/09/2013, às 16h15.

A novela foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming do Grupo Globo) em 11/10/2021.

Remake

Em janeiro de 2024, estreia o remake de Renascer, com atualização de texto de Bruno Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa. No elenco, Marcos Palmeira retorna como o Coronel José Inocêncio, enquanto Juan Paiva interpreta João Pedro e Theresa Fonseca é Mariana.

Trilha Sonora 1

01. DITO E FEITO – Roberto Carlos (tema de Dona Patroa)
02. AI QUE SAUDADE DE OCÊ – Fábio Jr. (tema de Damião e Ritinha)
03. LINDEZA – Caetano Veloso (tema de José Inocêncio / tema de Maria Santa – instrumental)
04. SÓ PRA TE MOSTRAR – Daniela Mercury (participação especial de Herbert Vianna) (tema de Buba)
05. O LADO PRÁTICO DO AMOR – Guilherme Arantes (tema de Eliana)
06. SPORT TIME – Sunshine Orchestra
07. CONFINS – Batacoto (participação especial de Ivan Lins) (tema de abertura)
08. LUA SOBERANA – Sérgio Mendes (tema geral / tema dos extratores de cacau / tema das vinhetas de intervalo)
09. ME DIZ – Fagner
10. PARABOLICAMARÁ – Gilberto Gil (tema de locação: Bahia)
11. DE VOLTA AO COMEÇO – Roupa Nova (tema das terras de José Inocêncio)
12. MENTIRAS – Adriana Calcanhoto (tema de Mariana)
13. EM NOME DO AMOR – Agnaldo Rayol (tema de Rachid)
14. TO AIM – Franco Perini

Trilha Sonora 2

01. ALÉM DA ÚLTIMA ESTRELA – Maria Bethânia (tema de Sandra)
02. CHEIRO DE SAUDADE – Ney Matogrosso (tema de Morena)
03. EU QUERO MEU AMOR – Elba Ramalho
04. ROMANCE – 14 Bis (tema das terras de José Inocêncio)
05. LAVRADOR – Moraes Moreira (tema de Damião)
06. MEMÓRIAS (PATCH MEMORY) – Franco Perini
07. ESSA TAL FELICIDADE – Tim Maia (tema de Zé Augusto)
08. SETE DESEJOS – Alceu Valença (tema de Damião e Eliana)
09. DOIS CORAÇÕES – Nana Caymmi (tema de João Pedro)
10. PALAVRA ACESA – Quinteto Violado (tema de Tião Galinha)
11. JOANINHA – Itamara Koorax (tema de Joaninha)
12. RENASCER (PROTECTION) – Franco Perini

Sonoplastia: Aroldo Barros
Produção Musical: André Sperling
Direção Musical: Mariozinho Rocha

Tema de Abertura: CONFINS – Batacoto (partic. especial Ivan Lins)

Nada cai do céu nem cairá
Tudo que é meu eu fui buscar
Aprendi viver e caminhar
Entre os bons e os maus e me guardar

Fico me remoendo com meus remendos
Pra me lembrar
Que lá vem desavença
E eu tenho que enfrentar
Isso é o que me alimenta
Que me sustenta, me faz amar
Nesses confins de mundo
Nada vai me assustar

Nada cai do céu nem cairá
Tudo que é meu eu fui buscar
Aprendi viver e caminhar
Entre os bons e os maus e me guardar

E todo dia eu cresço
Com os tropeços que Deus me dá
Mas não há capoeira pra me desafiar
Faço da lua cheia uma candeia pra iluminar
Os olhos do inimigo que possa me roubar…

Veja também

  • renascer2024

Renascer (2024)

  • pantanal1990

Pantanal (1990)

  • reidogado_logo

O Rei do Gado

  • terranostra_logo

Terra Nostra