Sinopse

Laura é uma linda mulher, fina, elegante, misteriosa e calculista. Viúva e milionária, é dona de uma empresa metalúrgica, herdada do marido, que se suicidou cinco anos antes para evitar a falência. Desde que enviuvou, Laura não se apaixonou por ninguém. Vive em uma redoma esperando que alguém reaqueça seu coração.

Alberto é o diretor executivo da metalúrgica de Laura. Apaixonado há anos por ela, se torna a alma da empresa para se aproximar mais dela. Porém, não consegue conquistá-la, nem decifrar alguns de seus enigmas. Quem é realmente Laura? Aonde ela vai? Por que esconde certas facetas de sua vida? Por que, jovem e bonita, recusa todos os homens?

Laura aguça a curiosidade de todos que a cercam ao colocar um anúncio no jornal oferecendo 20 milhões a quem decifrasse seu enigma: “Não existia, mas aprisionou e torturou, envenenou e corrompeu, atormentou, levando à ignorância e ao medo. Suplício do qual o homem, cumprindo seu destino, libertou-se e transcendeu. Dragão maligno que os jovens de hoje, venceram com a espada da esperança“.

O anúncio desperta interesse em um grupo de pessoas, de diferentes tipos e classes sociais, que passam a se relacionar com Laura.

Como Albertina, mulher divorciada de um português que vê no dinheiro a possibilidade de ir a Portugal resgatar a filha levada pelo pai; Pedro, operário aposentado que luta contra a família para decifrar o enigma e acaba se apaixonando por Laura; Marta, que sonha com uma volta ao mundo; e Sérgio, William e Paulo, universitários que querem o dinheiro para uma pós-graduação no exterior.

Bandeirantes – 20h
de 4 de abril a 22 de julho de 1983
95 capítulos

novela de Jorge Andrade
escrita por Jorge Andrade e Jaime Camargo
direção de Roberto Talma

Novela anterior
Renúncia

SANDRA BRÉA – Laura
RAUL CORTEZ – Alberto
GIANFRANCESCO GUARNIERI – Pedro
CÉLIA HELENA – Isolina
FLÁVIO GALVÃO – Guilherme
FRANÇOISE FORTON – Rebeca
MILA MOREIRA – Luba Assunção
CLÁUDIA ALENCAR – Teresa
EVA TODOR – Marta
KARIN RODRIGUES – Albertina
JÚLIA LEMMERTZ – Beatriz
CARLO BRIANI – Sérgio
TAUMATURGO FERREIRA – William
GIUSEPPE ORISTÂNIO – Paulo
MAYARA MAGRI – Terezinha
CARMEM SILVA – Jojô
ZAÍRA BUENO – Flávia
CRISTINA PROCHASKA – Ângela
LUIZ SERRA – Humberto
MARIA HELENA IMBASSAHY – Valquíria
ELIAS GLEIZER – Pacheco
ILEANA KWASINSKI – Fedora
ROBERTO OROSCO – Oliveira
IVAN LIMA – Afonso
SÔNIA SAMAIA – Sônia
KIKO GUERRA – Devair
MARTHA OVERBACK – Verônica / Flora
RENATO BORGHI – Vicente
LÚCIA MELLO – Mariana
LUIZ CARLOS DE MORAES
THAÍS BEZERRA – Odete
NEIDE GIACON – Irene
ELZA MARIA – Marialva
YARA MARKES
e
CLODOVIL HERNANDES como ele mesmo
ODILON WAGNER – Samuel (falecido marido de Laura)

– núcleo de LAURA (Sandra Bréa), mulher bela, fina, elegante, misteriosa e calculista. Viúva e milionária, é dona de uma empresa metalúrgica, herdada do marido. Desde que enviuvou, não se apaixonou por ninguém. Vive em uma redoma esperando que algum homem reaqueça seu coração. Coloca um anúncio no jornal oferecendo 20 milhões a quem decifrar seu enigma, o que atrai um grupo de pessoas, interessado em sua fortuna:
o marido falecido SAMUEL (Odilon Wagner, participação), suicidou-se cinco anos antes para evitar a falência de sua empresa metalúrgica, deixando-a para a mulher
os amigos: CLODOVIL HERNANDEZ, famoso e badalado costureiro,
e LUBA ASSUNÇÃO (Mila Moreira), modelo de alta costura, desfila para Clodovil. Sonha ter sua própria butique
os empregados: FEDORA (Ileana Kwasinski), secretária
OLIVEIRA (Roberto Orosco), motorista
AFONSO (Ivan Lima), mordomo
e SÔNIA (Sônia Samaia), copeira.

– núcleo de ALBERTO (Raul Cortez), homem charmoso e sedutor. Diretor executivo da metalúrgica de Laura. Apaixonado há anos por ela, se torna a alma da empresa para se aproximar mais dela. Mas não consegue conquistá-la:
a filha REBECA (Françoise Fourton), jovem alegre, moderna e sem preconceitos.

– núcleo de PEDRO (Gianfrancesco Guarieri), metalúrgico aposentado que só quer aproveitar bem o resto da vida, passada em sua maior parte na fábrica. Encantador, vibrante, é o rei da Boca do Lixo de São Paulo. A contragosto da família, empenha-se em decifrar o enigma de Laura e acaba se apaixonando por ela:
a mulher ISOLINA (Célia Helena), pudica em excesso, é o espelho do fracasso como mulher e amante, para desgosto do marido, que a despreza. Um contraponto de Laura
os filhos: GUILHERME (Flávio Galvão), funcionário na empresa onde o pai trabalhou a vida toda. É o metalúrgico mais atraente da fábrica. Honesto e competente, depois que viu Laura nunca mais se aproximou de outra mulher. É alvo do interesse de várias mulheres,
e TEREZINHA (Mayara Magri), trabalha nos escritórios da metalúrgica e sonha ascender socialmente.

– núcleo de ALBERTINA (Karin Rodrigues), dona de uma loja de artigos masculinos. Sua obsessão é sequestrar a filha, que vive há dez anos em Portugal com seu ex-marido. Interessa-se em decifrar o enigma de Laura para levantar dinheiro:
a outra filha BEATRIZ (Júlia Lemmertz), estudante de Direito.

– núcleo de MARTA (Eva Todor), viúva, trabalha muito, numa agência de turismo e vendendo jóias, para sustentar as filhas. Quer desvendar o enigma de Laura para poder conhecer o mundo:
a mãe JOJÔ (Carmem Silva), senhora de 70 anos com mentalidade de jovem. Alegre, comunicativa, moderna, se entende às mil maravilhas com os jovens, atacando os mais velhos
a filhas: TERESA (Cláudia Alencar), dentista, decide morar sozinha, chocando sua mãe,
FLÁVIA (Zaíra Bueno), estudante de Direito, colega de classe de Beatriz,
e ÂNGELA (Cristina Prochaska), a caçula, romântica e sonhadora, pretende cursar Letras.

– núcleo dos estudantes, recém-formados em Física pela Universidade de São Paulo. Interessam-se pelo enigma de Laura porque sonham com uma pós-graduação no exterior:
SÉRGIO (Carlo Briani), envolve-se com Beatriz,
WILLIAM (Taumaturgo Ferreira)
e PAULO (Giuseppe Oristânio).

– núcleo de HUMBERTO (Luiz Serra), viúvo, técnico em computação. Acha que com auxílio das máquinas vai conseguir a solução do enigma de Laura:
a irmã VALQUÍRIA (Maria Helena Imbassahy), solteirona, tem por ele verdadeiro amor materno, com grande dose de ciúme
o melhor amigo PACHECO (Elias Gleizer), com quem trabalha.

Brecha na Globo

Sabor de Mel estreou aproveitando-se de uma rara situação na Globo. A morte do ator Jardel Filho (em fevereiro de 1983) apressou o término da novela das oito na qual ele atuava, Sol de Verão. Até que a produção seguinte, Louco Amor, pudesse estrear, a Globo reprisou a novela O Casarão (de 1976), em uma versão compacta, como tapa-buraco.

Lançada com uma campanha publicitária bombástica enquanto O Casarão estava no ar, a novela Sabor de Mel, da TV Bandeirantes, tinha slogans como “A novela das oito mudou de canal”, na tentativa de os espectadores deixarem a Globo, órfãos de uma novela inédita, para sintonizar a concorrente.
Outro slogan: “Quem não sabe que a Carolina não vai casar com João Maciel? Dia 4, mude de atitude. A Bandeirantes não reprisa emoção, cria!”, fazia alusão aos protagonistas de O Casarão (*)

No dia da estreia de Sabor de Mel, a Globo esticou o Jornal Nacional até as 20h45, e a Band foi de carona com seu Jornal Bandeirantes. A novela começou bem e conquistou, nos primeiros capítulos, audiência de 4 milhões de telespectadores, com índice perto dos 20% que a emissora queria. Porém, na semana seguinte, a Globo antecipou em duas semanas a estreia de sua nova atração, Louco Amor, prevista para estrear no dia 25/04, e recuperou sua audiência. Ficou então impossível concorrer com a nova trama da Globo. (*)

Fracasso

Ismael Fernandes, em seu livro “Memória da Telenovela Brasileira”, afirmou que o autor Jorge Andrade e o diretor Roberto Talma entraram em atrito e que Andrade não terminou a novela, sendo substituído por Jaime Camargo.

Já Fábio Costa, em “Novela, a Obra Aberta e Seus Problemas”: “pressionado para retomar os índices iniciais e, se possível, ampliá-los, Jorge Andrade terminou por abandonar a novela por volta do capítulo 60, recusando-se a ‘nivelar o trabalho por baixo’, como declarou ter-lhe sido solicitado, para atingir um público, por assim dizer, menos sofisticado. Foi substituído por Lafayette Galvão, mas não havia muito a fazer. Dos 120 capítulos previstos, Sabor de Mel terminou em julho, com 95.”

Na verdade, Sabor de Mel representou um grande fracasso para a TV Bandeirantes. De acordo com matéria publicada no Jornal do Brasil, em 17/07/1983 (TV Pesquisa PUC-Rio), no início, a novela chegou a obter 18 pontos no Ibope – talvez por ser novidade para o público – mas foi caindo até 1.4, quando o autor foi substituído. No Rio, a novela – mesmo nos seus capítulos finais – vinha obtendo 1 ponto de Ibope, em média. O público preferiu abandonar a novela a decifrar enigmas.

O enigma de Laura

Na história, a rica e excêntrica Laura (Sandra Bréa) colocou um anúncio no jornal oferecendo 20 milhões de cruzeiros (moeda corrente na época) a quem decifrasse o seu enigma:
“Laura, esfinge do Morumbi, tem um enigma para lhe propor. Se adivinhar, ganhará Cr$ 50 milhões. Venha e encontre sua sorte e seu verdadeiro caminho. Mas com uma ressalva: posso revelar a resposta àquele ou àquela que tiver o olhar do tempo, portanto o da verdade. Tel: 211.3011.”

O Jornal do Brasil de 03/04/1983 (TV Pesquisa PUC-Rio) informa o anúncio com o valor de 50 milhões de cruzeiros. Já uma chamada da novela (no YouTube) e uma edição da revista Amiga da época do lançamento informam que o valor era de 20 milhões.

A trama da ficção pulou para a vida real: o enigma de Laura virou um concurso promovido pela Bandeirantes no qual Sandra Bréa sorteava cartas enviadas pelos telespectadores. No decorrer da novela, algumas dicas foram fornecidas em alguns capítulos e sinalizadas com o logotipo da emissora em um canto da tela. O vencedor do concurso foi sorteado após a apresentação do último capítulo, em 22/07/1983, ao vivo, pelo diretor Roberto Talma.

O enigma: “Não existia, mas aprisionou e torturou, envenenou e corrompeu, atormentou, levando à ignorância e ao medo. Suplício do qual o homem, cumprindo seu destino, libertou-se e transcendeu. Dragão maligno que os jovens de hoje, venceram com a espada da esperança”.

A resposta certa era “o pecado”.

Elenco

A Bandeirantes contratou Roberto Talma, diretor da Globo, que levou para a novela alguns atores conhecidos da concorrente: Sandra Bréa, Raul Cortez, Gianfrancesco Guarnieri, Eva Todor e Mila Moreira. Também Françoise Forton, que estava há seis anos afastada da televisão nacional (mudara-se para Brasília em 1977, onde chegou a apresentar um telejornal local).

Paulo Autran estava em negociação com a Bandeirantes e as primeiras chamadas de Sabor de Mel já anunciavam seu nome. Porém, o ator preferiu ir para a Globo fazer a nova novela das sete, Guerra dos Sexos. Foi então substituído por Gianfrancesco Guarnieri.

Primeira novela da atriz Cristina Prochaska.
Também a presença no elenco do costureiro Clodovil Hernandes, vivendo ele mesmo.

Abertura

A abertura, simples, mas de charme e bom gosto, trazia a modelo Lívia Mund com o busto à mostra em meio a produtos de beleza ao som da música “Tantas Palavras”, de Chico Buarque e Dominguinhos.

Exibição

Sabor de Mel terminou em 22/07/1983, um sábado, pois em 07/07, sexta-feira, a novela não foi ao ar porque a emissora havia veiculado notícias sobre a Greve Nacional dos Trabalhadores, o que era proibido, e teve seus transmissores lacrados por 15 horas naquela sexta-feira. (*)

Sabor de Mel foi reprisada de 17/07 a 31/10/1989, de 2ª a 6ª feira, às 16h30.

* Fonte: livro “Mercado Brasileiro de Televisão”, de César Bolaño (EDUC, 2ª edição, 2004).

01. TANTAS PALAVRAS – Chico Buarque (tema de abertura)
02. NAÇÃO – João Bosco
03. TEIA DE RENDA – Milton Nascimento
04. SETE CANTIGAS PARA VOAR – Elba Ramalho
05. COMO DOIS ANIMAIS – Alceu Valença
06. RASGO DE LUA – Geraldinho Azevedo (tema de Pedro)
07. NEM PENSAR – Kleyton & Kledir
08. LUZ DO SOL – Gal Costa (tema de Laura)
09. TANTO AMAR – Ney Matogrosso
10. EMOÇÕES – Marina (tema de Tereza)
11. BRANCO DE ALMA NEGRA – Tadeu Mathias
12. VIRAÇÃO – MPB 4

Sonoplastia: Salathiel Coelho
Direção musical: Cayon Gadia

Tema de abertura: TANTAS PALAVRAS – Chico Buarque

Tantas palavras que eu conhecia
Já não falo mais, jamais
Tantas palavras que ela falava
Ditas de novo
Não são iguais
Mesmo a palavra “não”
Não era bem assim
E quando estava no calor da paixão
Ela falava “ai de mim, ai de mim”
Numa canção feroz
Nós inventamos
Palavras sem voz
Palavras ocas
Que nem nossas bocas
Ou fora de si
Minha boca, sem que eu compreendesse
Falou “frenesi, frenesi”
Nossas palavras que se cruzavam
Já não parecem mais casais
Hoje andam tortas
Feito uma jura
Que quer voltar pra trás
Nós aprendemos palavras duras
Como dizer “perdi, perdi”
Palavras tontas, essas palavras
Quem falou não está mais aqui…

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