Longe de mim desmerecer o horário das 6. O título é uma alusão ao tanto que se cobrou que a novela passasse às 9.
Finalizada a fase inicial de “Órfãos da Terra” – em que tudo aludia às melhores produções do horário nobre, da direção criativa ao texto e interpretações irretocáveis de Herson Capri (saudades Sheik Roy) e Letícia Sabatella – parecia mesmo que a novela das seis deveria passar às nove.
A trama da vingança de Dalila (Alice Wegmann) tomou conta da narrativa. Rende uma novela, claro. Porém, colocou “Órfãos da Terra” em seu devido lugar: o horário das seis, para o qual foi concebida. A produção perdeu muito do charme e da força inicial. Não é exagero dizer que nem parece mais a mesma novela da primeira fase. Uma pena.
Contra o fato da vingança de Dalila ter tomado a trama central, pesa a falta de coerência. Aziz (Herson Capri) foi assassinado, mas quem o matou? E as investigações? Vai ficar para o final? A novela não é sobre o “quem matou“, mas sobre a “vingança de Dalila“. Porém, para tanto, simplesmente abandonou-se (ainda que momentaneamente) um entrecho mais forte – o que poria por terra o prolongamento da trama da vingança.
Como Dalila pode ter certeza de que a família Faiek deve ser responsabilizada pelo assassinato do pai a ponto de merecer tanto ódio e todos os seus esforços para destruí-la? Dalila sequer cogita que possa haver outro culpado? No frigir dos ovos, é uma trama de vingança pela vingança, já que é um tanto questionável. Falta ser revelado ao público o alicerce forte que justifique essa vingança gratuita. Não seria mais coerente Dalila mover mundos e fundos para descobrir quem de fato matou seu pai?
Todavia, as autoras Duca Rachid e Thelma Guedes, garantem alguns bons entrechos. Ainda que a perseguição ao endividado Miguel (Paulo Betti) esteja se estendendo por demais – há capítulos essa trama não evolui. Ainda que o mocinho Jamil (Renato Góes) seja demasiadamente tolo e ingênuo (nem parece que foi empregado de Aziz).
“Órfãos da Terra” acaba por repetir uma questão recorrente na atuais novelas da Globo: a primeira fase de tirar o fôlego, mas que não consegue se sustentar. Foi assim com “A Dona do Pedaço“, “Verão 90” (a história inicial com a qual a novela foi vendida nada tem a ver com sua continuidade), “O Tempo Não Para“, “Segundo Sol“. Já vimos essa novela antes.
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Os autores se perderam. Abandonaram as tramas principais dos refugiados e assassinato do Aziz, e insistiram em fazer todos os personagens serem tontos só para manter uma trama ruim de disfarce da Dalila, com uma vingança despropositada. O Jamil se deixa levar por ela, mesmo casado com a Laila, e pelo jeito vão fazer até ele se casar com a Dalila. A impressão que me dá é que se qualquer uma insistir nele ele já trai a esposa. Onde está aquele casal que fez de tudo para viver tranquilo e junto mesmo sendo ameaçado de morte pelo Aziz? Quem é que torce para o casal em que eles se tornaram? Eu é que não. Nem parece mais a novela do início. Parei de assistir à algumas semanas por causa disso.
A novela começou boa. Um mês depois ficou boba. E a trama anda em torno de uma só personagem (Basma/Dalila). O tema dos refugiados ficou solto e perdido. Eu lamento pois a proposta inicial prometia uma grande novela.
Parece que vai começar a virada na trama.
A primeira fase da novela cativou o público. O grande erro foi matar o Aziz no começo da novela e só a Dalila com sede de vingança, sem ngm desconfiar das maldades dela, e o padre tb é muito ingênuo. Só salva o núcleo do querido Marcelo Médici que consegue arrancar gargalhadas com seu atrapalhado Abner.
Tem momentos que sinto a trama muito arrastada sabe?? E certas cenas testam a inteligência do telespectador, como a foto da Dalila associada com a do pai Aziz. Se o neto do Paulo Betti é viciado em tecnologia, por que demorou tanto tempo para stalkear a Basma e associá-la a Dalila sabe?
Big Beijos
Lembro que no início da novela, enquanto todo mundo repetia exaustivamente que a novela tinha que ir ao ar no horário nobre, vc falou no Twitter que tinha lido a sinopse da novela e tinha concluído que ela tinha que ser necessariamente uma novela das seis pela trama, pelo folhetim mesmo. Tá aí a prova! É uma boa novela, mas sem o impacto e a força iniciais.