Sinopse

Dona Benta é uma velha senhora que vive no Sítio do Picapau Amarelo, afastada do barulho e da correria da cidade grande. A cozinheira Tia Nastácia compartilha dessa vida calma fazendo quitutes para a sinhá e sua neta, Lúcia, mais conhecida como Narizinho. Vivendo sozinha e tendo apenas as duas mulheres idosas como companhia, a menina cria um mundo de fantasias do qual a personagem principal é a sua boneca Emília, feita com restos de pano por Tia Nastácia.

Um dia, Narizinho conhece o Príncipe Escamado, soberano do Reino das Águas Claras que, por coincidência, fica localizado no ribeirão do sítio. O príncipe fica encantado com a menina e a convida a conhecer seu reino. Lá, ela é apresentada aos mais proeminentes súditos de sua majestade, como o Doutor Caramujo, um renomado cientista que dá à boneca Emília a pílula falante. Depois que ingere o remédio, Emília começa a falar e não para mais.

Durante o período de férias escolares, Narizinho tem como companhia o seu primo Pedrinho, que estuda na cidade grande, onde vive com sua mãe. O menino também tem um amigo montado por Tia Nastácia, o Visconde de Sabugosa, feito de uma espiga de milho velha, que também ganha vida. Por ter sido esquecido por um bom tempo em meio aos livros, o Visconde adquiriu uma admirável sabedoria, tornando-se um intelectual e cientista.

Tudo é possível no Sítio do Picapau Amarelo. A fantasia se mistura com a realidade fazendo parte do cotidiano da menina Narizinho e de seu primo Pedrinho. E são com personagens adultos que as crianças compartilham suas aventuras em um mundo fantástico, onde transitam a boneca Emília, o Visconde de Sabugosa, o Saci Pererê, a Cuca e outros personagens fantasiosos.

Tupi – 19h30
de 3 de junho de 1952 a 1962

360 episódios
criação, roteiros, produção e direção de Júlio Gouveia e Tatiana Belinky
baseada na obra de Monteiro Lobato

LÚCIA LAMBERTINI – Emília
DULCE MARGARIDA – Emília
SÉRGIO ROSEMBERG – Pedrinho
JULINHO SIMÕES – Pedrinho
DAVID JOSÉ – Pedrinho
ANDRÉ JOSÉ ADLER – Pedrinho (Rio de Janeiro)
LIDIA ROSEMBERG – Narizinho
EDI CERRI – Narizinho
LENY VIEIRA – Narizinho (Rio de Janeiro)
RÚBENS MOLINO – Visconde Sabugosa
LUCIANO MAURÍCIO – Visconde Sabugosa
HERNÊ LEBON – Visconde Sabugosa
ELÍSIO DE ALBUQUERQUE – Visconde Sabugosa (Rio de Janeiro)
SYDNÉIA ROSSI – Dona Benta
WANDA A. HAMMEL – Dona Benta
SUZY ARRUDA – Dona Benta
LEONOR PACHECO – Dona Benta
INÁ MALAGUTI – Dona Benta (Rio de Janeiro)
BENEDITA RODRIGUES – Tia Nastácia
ZENI PEREIRA – Tia Nastácia (Rio de Janeiro)
RICARDO GOUVEIA – Rabicó
PAULO BASCO – Dr. Caramujo
DANIEL FILHO – Dr. Caramujo (Rio de Janeiro)
MARA MESQUITA – Peter Pan

Antecendentes

O Sítio do Picapau Amarelo, obra imortal de Monteiro Lobato, foi criado em 1921 e seu sucesso não restringiu-se apenas às publicações reeditadas de tempos em tempos, pois já teve, pelo menos, 2 versões para o cinema e 5 séries de televisão. Em 1951, a turma do sítio foi retratada no filme O Saci, com direção de Rodolfo Nanni e Nelson Pereira dos Santos, e, em 1974, em O Picapau Amarelo, dirigido por Geraldo Sarno.

Em 1952 o programa Teatro Escola de São Paulo (TESP) – um teleteatro dirigido ao público infantil, criado em 1948 por Júlio Gouveia e sua esposa Tatiana Belinky – levou ao ar a primeira adaptação do Sítio para a televisão. “A Pílula Falante”, um dos capítulos do livro “Reinações de Narizinho”, foi a história escolhida para ser exibida ao vivo na TV Tupi. O sucesso alcançado por esta única apresentação levou a emissora a produzir a primeira série de televisão do Sítio do Picapau Amarelo.

Primeiro merchandising

Exibido às quintas-feiras, às 19h30, o programa estreou em 03/06/1952, com a reprise do episódio “A Pílula Falante”, e permaneceu no ar por 11 anos. Paralelamente à exibição ao vivo em São Paulo, a TV Tupi do Rio de Janeiro exibiu, por dois meses no ano de 1955, uma versão da série com direção de Maurício Sherman e produção de Lúcia Lambertini, que também interpretava a boneca Emília, juntamente com um elenco carioca (diferente do de São Paulo).

Os produtores tinham como objetivo manter a respeitabilidade do original trazendo situações que possibilitassem a educação infantil sobre a história universal e problemas do cotidiano da época, tal qual os livros de Lobato.

Cada episódio tinha a duração de 45 minutos, iniciado com o tema da música “Dobrado”, composto por Salathiel Coelho, com as imagens de Júlio Gouveia abrindo um livro para contar uma história. Ao final, o episódio terminava com Júlio fechando o livro.

A repercussão atraiu os patrocinadores tranformando a série no primeiro programa a utilizar a técnica do merchandising na TV brasileira. As histórias não tinham interrupção para o intervalo comercial, por isso, durante os diálogos ou cenas com os atores fixos, eram introduzidas divulgações de produtos como vitaminas, bolos, Biotônicos Fontoura e Kibon.

Recursos da época

Apesar de ter conquistado o público e os patrocinadores, a produção da série era reduzida a um único cenário fixo, a varanda do sítio, na qual ocorria a maioria das cenas. Os demais eram montados na hora dependendo das exigências de cada história. Também não havia efeitos especiais e muitas mágicas, inerentes às histórias, precisavam ser adaptadas aos recursos da época.

“Quando um anjinho caía do céu, ele literalmente desabava sobre o cenário”, lembrava Tatiana Belinky. Um LP era segurado pelos dedos em um toca-discos para dar os efeitos sonoros. Para encenar “No Reino das Águas Claras”, Tatiana pôs o aquário de sua casa à frente da câmera: os atores eram vistos cercados por peixinhos.
“Só fizemos o que fizemos porque ninguém contou que não era possível!”

Poucas histórias de Lobato foram descartadas na TV Tupi, por serem de difícil execução ao vivo, como “O Poço do Visconde”.

O programa encerrou sua produção em 1962, com um total de 360 episódios, quando Júlio Gouveia afastou-se de seu trabalho em televisão. No entanto, os episódios do Sítio foram “reprisados” durante o ano de 1963. Por terem sidos exibidos ao vivo, a reprise consistia em reencenar cada episódio com pequenas variações de diálogos e textos, as quais eram feitas por Lúcia Lambertini.

A atriz Dulce Margarida interpretou a boneca Emília em duas ocasiões substituindo Lúcia Lambertini: quando Lúcia se casou e quando ficou grávida.

Versões posteriores

Em 1964, o Sítio do Picapau Amarelo foi resgatado pela TV Cultura, em uma nova produção comandada por Lúcia Lambertini. Também pela TV Bandeirantes, em 1967, novamente sob o comando de Júlio Gouveia e Tatiana Belinky e os respectivos atores da Tupi.

Entre 1977 e 1986, a Globo, em coprodução com a TV Educativa, levou ao ar a versão de maior sucesso do Sítio, com Zilka Salaberry (Dona Benta), André Valli (Visconde), Jacyra Sampaio (Tia Nastácia) e outros.
Finalmente, entre 2001 e 2007, foi ao ar a última adaptação, também pela Globo, com elenco renovado de tempos em tempos.

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A PÍLULA FALANTE
O CASAMENTO DA EMÍLIA

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