
Sinopse
Manoela trabalha como empregada doméstica na casa de Donato. Após a morte do patrão, o resto da família – formada pela viúva Carolina, as filhas Silvia e Regina, e o pai de Donato, Seu Nicolau – passa a enfrentar dificuldades financeiras. Donato tinha passado um longo período no hospital, fazendo tratamentos caríssimos.
Carolina, com a casa hipotecada e uma dívida alta para pagar, decide demitir a empregada. Manoela, no entanto, solidária, não aceita a demissão e se oferece para trabalhar de graça. Para ajudar os patrões, costura para fora e dá uma ideia a Carolina: que ela alugue dois quartos da grande casa em que vivem.
A sugestão é aceita e os novos moradores são quatros rapazes de diferentes estados que chegam à capital para prestar vestibular: Ribamar, do Maranhão; Chicão, de Minas Gerais; Gabriel, de Santa Catarina; e Solano, de Pernambuco. No Rio, os jovens sentem-se deslocados e não conseguem fazer amizade com os cariocas, cuja mentalidade e valores são muito diferentes.
Os amigos conhecem, no cursinho pré-vestibular, Marcelo, um homem de 40 anos que tenta inutilmente passar no concurso. Conhecido como Marcelo, o Belo, já havia prestado vestibular nove vezes para diversas faculdades, mas acabava sempre desistindo da opção e trocando de curso. No decorrer da trama, Marcelo se envolve com Manoela.
MARÍLIA PÊRA – Manoela
PAULO JOSÉ – Marcelo (o Belo)
CARLOS VEREZA – Solano
ANTÔNIO PEDRO – Chicão
FAUSTO ROCHA JR. – Gabriel
CARLOS ALBERTO RICCELLI – Ribamar
ZILKA SALABERRY – Carolina
SUZANA GONÇALVES – Regina
CARMEM MONEGAL – Sílvia
MANFREDO COLASSANTI – Nicolau
LÚCIA ALVES – Raquel
IRENE STEFÂNIA – Laurita
ROBERTO PIRILO – Paulo
GRACINDO JÚNIOR – Mário
RÚBENS DE FALCO – Diógenes
DAISY LÚCIDI – Maria Elvira
SÉRGIO BRITTO – Jorge
DIANA MOREL – Tereza
JOÃO SIGNORELLI – Nando
ODILON WAGNER – Renato
ROSITA TOMAZ LOPES
ANA MARIA JENSEN – Marlene
RITA DE CÁSSIA – Kate
MANOEL VIEIRA – Manoel
ZEZÉ MOTTA – Doralice
APOLO CORRÊA – Felipe
ELEONORA SOLEDADE – Aninha
ADA CHASELIOV – Tetê
KÁTIA D’ANGELO – Roseli
RUY FIUZZA – Manoel
ROGÉRIO PITANGA – Kiko
e
ARNALDO WEISS – Nabuco
ARY FONTENELLE – Max
AUGUSTO CÉSAR – amigo de Solano
ENÉAS RICARDO – da turma no Nando
FABIO SABAG – síndico do edificio de Marcelo
FAUSTO FAMMA – construtor
FRANCISCO DANTAS – Donato
FRANCISCO SILVA – motorista de Diógenes
FRANK MELLO – da turma do Nando
GINA TEIXEIRA
GONZAGA VASCONCELLOS – Alcides
ÍSIO FUKS – da turma do Nando
JORGE BOTELHO – Lula
JOSÉ STEINBERG – Dr. Isaac
JUNIA SARITA – Dona Maria
LEONEL LINHARES – da turma do Nando
LUIZ PAULO – da turma no Nando
MARCUS ANTÔNIO – da turma no Nando
MARGARETH BOURY – da turma do Nando
MARIA LIGIA – Lígia
MARLENE COSTA – Matilde
MOACYR BASTOS – porteiro do edificio de Marcelo
MOISÉS WAISSMAN – da turma do Nando
NICOLE KLEIN – Márcia
PEDRO VERAS – da turma do Nando
TERESA CRISTINA – Lúcia
TONY FERREIRA – empregado de Jorge
VINÍCIUS SALVATORE – Reinaldo (irmão de Manoela)
WILMA COELHO – Jô
ZILAMAR ROSA
Nada de super
Uma das mais problemáticas novelas da TV Globo na primeira metade da década de 1970.
O título Supermanoela era uma referência à protagonista Manoela, uma espécie de super-heroína, capaz de tudo para cumprir missões quase impossíveis. Porém, de “super” a novela não tinha nada, como reconheceu o autor Walther Negrão mais tarde. Foi uma produção de muitos conflitos, entre Negrão, elenco e direção, que afetaram o processo criativo.
Atores insatisfeitos
O ponto de partida para Walther Negrão foi a sua peça “O Sobrado”. A ideia inicial era emular o sucesso da novela O Primeiro Amor, que o ator escrevera dois anos antes. Apostou-se em Marília Pêra, estrela da casa, e Paulo José – o Shazan de O Primeiro Amor -, inicialmente com um foco maior no romantismo. Não funcionou.
Marília Pêra aborreceu-se com Supermanoela a tal ponto que só voltou a atuar em novelas treze anos depois (Brega e Chique, em 1987). Era a sua quarta novela consecutiva na Globo (depois de O Cafona, Bandeira Dois e Uma Rosa com Amor). A atriz ainda comandou um programa mensal na faixa de shows, o Viva Marília.
“Depois de estar fazendo a quarta novela eu estava cansada. Avisei ao Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho) e ao Daniel (Filho) que eu estava estressada. Chegou um momento em que eu não conseguia mais decorar o texto”, disse Marília em entrevista. Apesar do excesso de trabalho, a atriz cumpriu seu dever até o final.
No decorrer da novela, os quatro jovens vestibulandos da história – Solano (Carlos Vereza), Chico (Antônio Pedro), Ribamar (Carlos Alberto Riccelli) e Gabriel (Fausto Rocha Jr.) – ganharam o foco narrativo na trama, diminuindo assim o número de cenas de Marília Pêra.
Ainda outro dissabor: Carlos Alberto Riccelli e Carmem Monegal (na época casados) pediram rescisão de contrato por não concordarem com o texto. (“Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes)
Autor demitido
Após tanto desgaste com Supermanoela, Walther Negrão foi dispensado pela Globo, indo escrever novelas para a TV Tupi.
Outro fator que pesou na demissão de Negrão foi o veredito final (que saiu na época) do processo de plágio movido contra a Globo em 1970 pelo dramaturgo Hélio Bloch, que viu na novela A Próxima Atração (escrita por Negrão na ocasião) tramas de sua peça “A Úlcera de Ouro”. A Globo foi obrigada a pagar uma polpuda indenização a Bloch e demitiu Negrão. O novelista só retornou à emissora em 1980. (“Biografia da Televisão Brasileira”, Flávio Ricco e José Armando Vannucci)
Censura
A Censura do Regime Militar não viu com bons olhos o protagonista masculino da novela, Marcelo, vivido por Paulo José. De acordo com o pesquisador Cláudio Ferreira no livro “Beijo Amordaçado – A Censura às Telenovelas Durante a Ditadura Militar”:
“(…) foi pedida uma modificação rigorosa em relação ao personagem Marcelo: ‘Solicitamos a imediata SUPRESSÃO (assim mesmo, em maiúsculas) do referido personagem do contexto da novela, pois não é da competência da Censura Federal sugerir modificações de comportamento de personagem. Simpatia típica do carioca, não vive com a família e os motivos não são revelados. Sua idade mental é de criança, bastante distante da cronológica, não trabalha, não estuda, não tem ideias e deixa claro ser alheio, desligado de qualquer responsabilidade social. Audacioso, irreverente e bon vivant, é cativante. O personagem integra as tendências negativas da juventude urbana hodierna’.”
Elenco
A atriz Elizângela, depois de gravar dez capítulos como a personagem Regina, descobriu-se grávida (de sua única filha, Marcelle) e foi substituída na novela por Suzana Gonçalves.
Primeira novela dos atores Odilon Wagner, João Signorelli, Ada Chaseliov, Katia D´Angelo e Margareth Boury.
Primeira novela na Globo da atriz Daisy Lúcidi. Também a estreia na Globo dos atores Carlos Alberto Riccelli, Carmem Monegal e Fausto Rocha Jr., egressos das novelas da TV Tupi.
Trilha sonora
A trilha sonora nacional foi feita, sob encomenda, pela dupla de músicos baianos Antônio Carlos e Jocafi, que já havia assinado a trilha de O Primeiro Amor, em 1972.
Walther Negrão mudou o nome de uma personagem por causa de sua música-tema. Antônio Carlos e Jocafi compuseram a bela canção “Laura” para uma personagem que, inicialmente, se chamaria Camilinha, vivida por Irene Stefânia. Como fazia parte do núcleo jovem, Laura era chamada na novela de Laurita. (“Teletema, a História da Música Popular Através da Teledramaturgia Brasileira”, Guilherme Bryan e Vincent Villari)
Em 2006, a Som Livre relançou a trilha sonora nacional de Supermanoela, em CD, na coleção “Master Trilhas”, 26 trilhas nacionais de novelas e séries da década de 1970 nunca lançadas em CD.
E mais
Lamentavelmente não existem mais imagens dessa novela. A hipótese mais provável é que as fitas tenham-se perdido no incêndio que ocorreu na TV Globo em junho de 1976.
Trilha Sonora Nacional
01. QUANDO ME SINTO SÓ – Wanderley Cardoso
02. MARCELO, O BELO – Coral Som Livre (tema de Marcelo)
03. MOÇA DO ROSTO BONITO – Wanderley Cardoso (tema de Silvia)
04. TORÓ DE LÁGRIMAS – Djalma Dias
05. SIMPLESMENTE – Maria Creusa
06. SUPERMANOELA – Betinho (tema de abertura)
07. MANOELA – Rildo Hora
08. LAURA – Pery Ribeiro (tema de Laurita)
09. DONA DE CASA – Antônio Carlos e Jocafi
10. OI LÁ – Eustáquio Sena
11. PERNOITE – Waltel Branco
12. PRESUNÇOSA – Djavan
Sonoplastia: Roberto Rosemberg
Músicas: Antônio Carlos & Jocafi
Coordenação geral: João Araújo
Produção musical: Eustáquio Sena
Arranjos: Waltel Branco
Trilha Sonora Internacional
01. SYLVIA – Stevie Wonder (tema de Silvia)
02. THE LOVE I LOST – Allen Brown
03. HEY HEY – Pop Concerto
04. BETCHA BY GOLLY, WOW! – The Stylistics (tema de Manoela e Marcelo)
05. WITCH DOCTOR BUMP – The Chubukos
06. YOU ARE EVERYTHING – Diana Ross & Marvin Gaye
07. GOODBYE YELLOW BRICK ROAD – Elton John (tema de Chico)
08. I’M FALLING IN LOVE WITH YOU – Little Anthony & The Imperials (tema de Laurita e Solano)
09. HOT ROD – Willy Zango & The Mechanics
10. DEVIL OR ANGEL – Brian Hiland
11. CHÉRIE SHA LA LA – Anarchic System
12. PARLEZ-MOI DE LUI – Nicole Croisille
13. LIKE I DO – Pat McManus
14. SOFTLY – Free Sound Orchestra (tema de Manoela)
Tema de Abertura: SUPERMANOELA – Betinho
Supermanoela em ação
Dialogando em termos de amor e paz
Sonhos, trunfos, decepção
Vão se misturando mais e mais
Supermanoela em ação
Se aperfeiçoando sem virar robô
Super, super contradição
Mais um contra-golpe do amor
E quanto mais eu rezo, irmão
Mais aparece assombração…
Tenho curiosidade, mas deve ter sido ruim hein, a julgar todos os problemas de bastidores…
Queria ter conhecido… não existe uma imagem sequer dessa novela!
Lembro bem dessa novela. Muito divertida, como é comum em novela das 19hs. Gostava muito da trilha sonora.
A única coisa que eu sei é que depois dessa novela, Marília Pêra ficou 13 anos, sem fazer novela. Voltou só em 1987, com força total, como a diviníssima Rafaela Alvaray, de “Brega & Chique”. Mas a espera, valeu muito a pena.
Mas Marília Pera voltou às novelas triunfante como a rica Rafaela Alvaray de Brega&Chique 1987.
Era fraca mesmo….