A Record TV estava há quatro anos sem apresentar uma novela contemporânea e não-bíblica – a última foi “Vitória“, em 2015. A longa espera valeu a pena. Há duas semanas, estreou “Topíssima“, escrita por Cristianne Fridman (autora das ótimas “Chamas da Vida” e “Vidas em Jogo“, entre outras). Fridman não decepciona e entrega uma trama ágil e sedutora, apesar de “nada de novo no front“. É a direção de Rudi Lagemann que se encarrega da novidade, imprimindo frescor a velhos recursos folhetinescos.
O enredo batido do casal que se detesta mas acaba apaixonado (“A Megera Domada” pela enésima vez visitada na teledramaturgia) vem embalado em uma trama policial consistente: autoridades tentam desbaratar uma quadrilha que produz e trafica uma droga nova e poderosa. Há também um “núcleo Malhação“, no caso, jovens universitários envoltos em confusões amorosas. A caricatura fica por conta de Cristiana Oliveira, ótima como a perua exagerada. A atriz não altera a voz, como derrapam suas colegas Cláudia Raia e Juliana Paes, com personagens semelhantes em “Verão 90” e “A Dona do Pedaço“.
O roteiro de “Topíssima” apresenta um trabalho bem dosado de drama, comédia e ação. A trama é dinâmica e recheada de ganchos interessantes. Como deveria ser toda novela. No elenco, bem escalado, já deu para perceber que Camila Rodrigues e Felipe Cunha têm uma química avassaladora na tela, excelentes como o casal protagonista Sophia e Antônio; e Silvia Pfeifer em ótima forma vivendo uma mulher pobre, moradora do Vidigal, distante das elegantes com as quais estávamos acostumados.
É a direção de Rudi Lagemann que se encarrega de dar forma e vitalidade ao roteiro de Cristianne Fridman. Vindo do cinema e da publicidade, e com boa experiência na televisão, Lagemann assina sua primeira direção-geral em uma novela. Ele também foi o responsável pela direção da ótima série “Conselho Tutelar” (3 temporadas, exibidas entre 2014 e 2018). Em “Topíssima“, Lagemann trabalha com Rogério Passos, que já era diretor na Record, e dois diretores egressos da publicidade, Guga Sander e Hudson Vianna.
Além de comandar as sequências de ação e com atores, a direção usa recursos atraentes – como elementos gráficos na finalização das cenas – que ajudam a dar o gás que o roteiro demanda. “Topíssima” é gostosa de ver, ágil e reúne todos os elementos para cativar. É uma ótima opção de folhetim para quem está cansado da comédia nonsense na concorrente Globo. Além de uma opção a mais ao telespectador, a nova produção da Record areja a dramaturgia da emissora, impregnada com as novelas bíblicas.
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Novela espetacular. Não perco um capítulo, fazia tempo que eu não me envolvia afetivamente com uma trama como estou envolvido com topíssima. Além do texto e dos atores, as músicas da trilha sonora são muito boas. Coisa que não tenho visto nas tramas da globo. Topíssima é popular, passa no morro do Vidigal e nem por isso caíram na cilada que a Globo caiu com A dona do pedaço que tem uma trilha péssima. Pena que a Record como sempre não toma vergonha na cara para lançar a trilha da novela.
Realmente é uma boa arejada na programação novelesca da Record e uma opção a mais na teledramaturgia, mas fico esperando uma trilha sonora.