Sinopse

Vitória Bonelli é uma mulher firme, decidida e de grande personalidade. Por uma série de circunstâncias, ficou enclausurada durante vinte anos em seu quarto, vivendo fora da realidade, em um mundo particular. De repente, sai de seu refúgio para enfrentar um ambiente hostil e passa a viver em função dos problemas de seus quatro filhos, Tiago, Mateus, Lucas e Verônica. Vitória irá protegê-los usando toda a sua garra na luta para vencer a depressão econômica que se abateu sobre a família.

O marido, Jaime Bonelli, homem que enriquecera por meios duvidosos, morreu durante uma festa em sua mansão quando tentava conseguir mais dinheiro emprestado de seu círculo de amigos para livrar-se das dívidas. Com a derrocada financeira, a família Bonelli perde tudo e Vitória luta para sobreviver e conscientizar os filhos dessa nova realidade. A princípio eles não aceitam a situação e revoltam-se contra a mãe. Para piorar, Verônica aceita casar com Wálter, filho dos Moglianni, principais credores dos Bonelli.

Apesar de sua personalidade, Vitória Bonelli é uma mulher tímida que sempre esteve à sombra do marido. No conforto, ocupava-se apenas de cuidar dos filhos, levando uma vida tranquila e burguesa. Com a reviravolta na situação econômica, Vitória deixa seu casulo e converte-se na grande matriarca, tomando para si a responsabilidade de salvar a situação. Preocupada em manter a família unida, deixa de lado o conforto no qual se criara, abandona os hábitos burgueses e abre uma cantina para dela tirar o sustento de sua prole.

Tupi – 19h
de 13 de setembro de 1972
a 14 de julho de 1973

novela de Geraldo Vietri
direção de Geraldo Vietri

Novela anterior no horário
Na Idade do Lobo

Novela posterior
Rosa dos Ventos

BERTA ZEMEL – Vitória Bonelli
TONY RAMOS – Tiago
CARLOS ALBERTO RICCELLI – Mateus
FLAMÍNEO FÁVERO – Lucas
ANNAMARIA DIAS – Verônica
CARLOS AUGUSTO STRAZZER – Wálter
IVAN MESQUITA – Sr. Moglianni
YARA LINS – Madame Mercedes Moglianni
NORAH FONTES – Mãe Ana
CARMEM MONEGAL – Carla
ETTY FRASER – Pina (Hipólita)
RUTHINÉIA DE MORAES – Néia
AMILTON MONTEIRO – Dudu (Eduardo)
CLÁUDIA MELLO – Dora
PAULO FIGUEIREDO – Julian
DINA LISBOA – Esmeralda
SYLVIA BORGES – Pérola
LEONOR NAVARRO – Safira
GRAÇA MELLO – Carlo
ELIZABETH HARTMANN – Ivone
GIAN CARLO – Hugo
SÉRGIO GALVÃO – Clóvis Jurandir
MARCOS PLONKA – Divino
MARIA VIANA – Maria
CLENIRA MICHEL – Dona Pura
FELIPE LEVY – Galante
SEBASTIÃO CAMPOS – Sr. Rodrigues (amigo de Jaime a quem ele devia dinheiro)
LÍDIA COSTA – Madame Rodrigues
XANDÓ BATISTA – Sr. Pardini (amigo de Jaime a quem ele devia dinheiro)
MARIA APARECIDA ALVES – Madame Pardini
OSMANO CARDOSO – Sr. Lopes (amigo de Jaime a quem ele devia dinheiro)
Madame Lopes
Sr. Felipelli (amigo de Jaime a quem ele devia dinheiro)
Madame Felipelli
VERÔNICA TEIJIDO – Hortência
ÚRSULA PEREIRA – Angélica
CARLOS NUNES – Diego
MUÍBO CÉSAR CURY – Miranda
DALVA DIAS
UCCIO GAETA
MARTHUS MATHIAS
DÁRCIO DELLA MONICA
CUBEROS NETO
NEUZA BORGES
LÍLIAN NOVAES
ANTON ERNEST RUNGE

e
RAUL CORTEZ – Jaime Bonelli
WÁLTER FORSTER – Dr. Fontana
AMÁLIA RODRIGUES
AGNALDO RAYOL
LUÍS CARLOS ARUTIN – Pedro Sanches (secretário e cúmplice de Jaime em suas negociatas)
BENJAMIN CATTAN – Sr. Sharaki (amigo de Jaime a quem ele devia dinheiro)
MIGUEL ROSEMBERG – oficial de justiça que avisa a família de Vitória qie eles perderam tudo

Obra-prima

Uma verdadeira obra-prima da telenovela: texto, imagem e interpretação absolutamente precisos. Um raro momento da televisão onde tudo atingiu a tônica certa. (*)

Em Vitória Bonelli, havia traços da paixão de Geraldo Vietri pelo Neorrealismo Italiano e a clara inspiração em Rocco e Seus Irmãos (1960), de Luchino Visconti, um de seus filmes preferidos. (***)

A novela procurou aliar a técnica da TV com a do cinema. A maior parte das externas foi feita por uma equipe de cinema, tendo à frente Antônio Tomé, como ilumninador e câmera. (**)

Momentos memoráveis

– Alguns capítulos aconteciam com apenas dois atores em cena;
– Dina Lisboa interpretando a feiticeira Esmeralda;
– Yara Lins como Madame Moglianni (que afirmou ter imitado em sua interpretação o temperamento difícil do autor-diretor Geraldo Vietri);
– Ruthinéia de Moraes criando a humilde e meiga Néia, sonhando com a felicidade;
– a presença de Berta Zemel em papel feito especialmente para ela, a protagonista Vitória;
– E a importante participação de Raul Cortez como Jaime Bonelli, no primeiro capítulo. (*)

A protagonista

Geraldo Vietri criou a personagem-título a partir da personalidade de sua amiga e intérprete Berta Zemel:
“Sua figura, seus gestos, sua voz, seu talento dramático prontamente me sugeriram uma figura de mulher dominadora, capaz de tomar as rédeas das piores situações. A partir daí nasceu o enredo dessa novela que, para ser inteiramente coerente com sua natureza, acabou tendo como título o nome de sua personagem principal: Vitória Bonelli.”

Em entrevista à revista Veja (de 27/09/1972), Berta Zemel afirmou:
“Só concordei em voltar [à TV] porque Vitória Bonelli é efetivamente o primeiro personagem épico da TV brasileira. As outras novelas sempre trataram de probleminhas pessoais de duas ou três pessoas e, em Vitória Bonelli, é a sociedade que é tratada.” (**)

Para a revista Melodias (nº 188, 1972), Berta Zemel disse:
Vitória Bonelli tem ensinado as pessoas a encararem o mundo com otimismo, sejam quais forem as situações. Além de educadora, tem sido uma professora que não obriga, mas indica os caminhos a quem desejar. É por isso que eu amo Vitória Bonelli! (**)

Bunda

Berta Zemel proferiu, pela primeira vez na TV, a palavra “bunda”.

Foi quando a personagem Vitória flagra o filho Tiago (Tony Ramos) prestes a acender um palito de fósforo para incendiar a mansão de onde a família havia sido despejada. Depois de um tremendo sermão, ela ordena que ele risque o fósforo e termine o que começou, pois já era um homem feito, mas se lhe faltasse coragem para isso, era sinal de que ele continuava agindo como criança, e nesse caso seria tratado como criança. Portanto, ou Tiago riscava o fósforo e acendia o que queria, ou Vitória lhe desceria as calças e ele apanharia como uma criança, onde todas as crianças apanham: na bunda!

Era 1972 e a censura do Regime Militar não deixaria passar esse “palavrão” em pleno horário das sete. Existem duas versões para a liberação da fala no roteiro da novela.

A versão de Geraldo Vietri: ao enviar o capítulo para a análise dos censores de Brasília, o autor incluiu um recado anexado: “Senhor censor, a situação é essa com esse diálogo. Eu não vejo outra forma da mãe dizer isso ao filho. Se o senhor vê outra forma ou sinônimo, por favor, mande-me dizer que eu ponho na novela”.
Ao retornar de Brasília, em cima do recado mandado pelo autor, veio o carimbo de aprovado.

A versão de Berta Zemel: ela e Vietri foram a Brasília dar explicação aos censores, que queriam saber quantas vezes iriam dizer “tamanho palavrão”. Vietri garantiu que seria uma só vez e ouviu: “Se é uma vez só, pode!” (***)

Homossexualidade

Em Vitória Bonelli havia uma abordagem homossexual bem atrevida para a época, e envolvia Mateus, personagem de Carlos Alberto Riccelli. No primeiro capítulo, o garotão era levado pelo pai, Jaime Bonelli (Raul Cortez) ao encontro de um amigo (Benjamim Cattan) a quem ele devia muitos favores, muito dinheiro. E o pai dizia ao filho para ser atencioso e cordial com esse homem mais velho, que mantinha um casamento de fachada e gostava da companhia de garotões.

Esteta, Geraldo Vietri tinha extremo cuidado com as imagens. E toda essa cena ocorria através de um aquário, que representava a máscara do personagem de Cattan. (***)

Elenco

Ao início de cada capítulo, um ator do elenco relatava em monólogo o capítulo anterior. Uma novidade na época.

Além de Berta Zemel, outro grande destaque do elenco foi Tony Ramos, se afirmando como grande ator. (*)

A princípio, a personagem Mercedes Moglianni fora confiada à atriz Márcia de Windsor. Na última hora, Yara Lins a substituiu. (**)

Primeira novela dos atores Amilton Monteiro e Carlos Nunes.

(*) “Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernandes.
(**) “De Noite Tem… Um Show de Teledramaturgia na TV Pioneira”, Mauro Gianfrancesco e Eurico Neiva.
(***) “Geraldo Vietri, Disciplina é Liberdade”, Vilmar Ledesma.

01. CASTHITY – Orquestra Phonogram (tema de abertura)
02. LA PRIMA COMNPAGNIA – Sergio Endrigo
03. BLUES FOR STRINGS – Orquestra Phonogram
04. CASTHITY (Tema Romântico) – Orquestra Phonogram
05. MADEMOISELLE – George Baker Selection
06. IRENE – Enio Morricone e Banda
07. LAST SUMMER DAY (ADIEU L’ETÉ, ADIEU LA PLAGE) – Paul Mauriat & Orchestra
08. WEDDING SONG (THERE IS LOVE) – James Last & Orchestra
09. BUDDY JOE – Golden Earring
10. NO MAR NEGRO (AM SCOWARZEM MEER) – Orquestra Phonogram
11. AIUTAMI AMORE MIO – Orquestra Phonogram
12. TEMA DO ENCONTRO (baseado no Concerto “IMPERADOR” de Beethoven – Orquestra Phonogram

Direção de produção: Cayon Gadia

Ainda
SO LUCKY – Freddy Davis (tema de Tiago)
PEACE WILL COME – Tom Paxton (tema de Tiago)
SEMPRE SEMPRE – Peppino Gagliardi
L’ULTIMO ROMANTICO – Pino Donaggio
SE O AMOR PUDESSE – Marilia Medalha
LA BALLATA DELL´UOMO IN PIÙ – Peppino Gagliardi

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