Sinopse

Na vastidão das plantações de cacau, um homem sem posses e sozinho no mundo finca seu destino aos pés de um jequitibá-rei, tendo a natureza exuberante da região como testemunha e estabelecendo um pacto que o acompanhará ao longo de toda a sua trajetória. “Enquanto o meu facão estiver encravado aos seus pés, nem eu nem você haveremos de morrer… nem de morte matada… nem de morte morrida!

Assim como a semente de cacau, José Inocêncio (Humberto Carrão/Marcos Palmeira) também cria raízes naquela terra. Ele renasce ao sobreviver a uma impressionante emboscada, que lhe deixa cicatrizes pelo corpo e espalha a fama de que o “coronelzinho” tem o corpo fechado para morte. Logo José Inocêncio torna-se uma figura mítica e o fazendeiro mais bem-sucedido da região por seus êxitos como produtor de cacau. Porém, a maior de suas conquistas, talvez, seja o amor da jovem Maria Santa (Duda Santos).

A arrebatadora paixão entre os dois gera quatro filhos: José Augusto (Renan Monteiro), José Bento (Marcello Melo Jr), José Venâncio (Rodrigo Simas) e o caçula, João Pedro (Juan Paiva), o único que não teve a oportunidade de conviver com a mãe, que morre ao dar à luz. A fatalidade com Maria Santa provoca a revolta em José Inocêncio, que por toda a vida culpa João Pedro pela morte de seu grande amor. A indiferença e a mágoa marcam a relação entre o patriarca e o caçula ao longo dos anos.

Apesar de lhe serem negadas as oportunidades que foram concedidas aos irmãos, João Pedro sente enorme admiração pelo pai. Seu único desejo é ter o amor paterno. Anos mais tarde, a chegada da misteriosa Mariana (Theresa Fonseca) coloca à prova todos esses sentimentos quando pai e filho se apaixonam pela mesma mulher. Mariana é neta de Belarmino (Antônio Calloni), o maior desafeto de José Inocêncio, do passado, assassinado de forma misteriosa, em que as suspeitas recaem sobre o próprio coronel.

Contudo, José Inocêncio tem um outro inimigo perigoso: o ardiloso Egídio (Vladimir Brichta), seu vizinho, com quem trava uma luta por posse de terras. Sentindo-se em desvantagem para disputar com o pai o amor de Mariana, João Pedro, para espanto de todos, anuncia seu casamento com Sandra (Giullia Buscacio), filha de Egídio, ato que José Inocêncio enxerga como uma afronta, acirrando ainda mais os ânimos entre pai e filho.

Globo – 21h
estreia: 22 de janeiro de 2024

novela criada por Benedito Ruy Barbosa
escrita por Bruno Luperi
direção de Alexandre Macedo, Walter Carvalho, Ricardo França e Mariana Betti
direção geral de Pedro Peregrino
direção artística de Gustavo Fernandez

Novela anterior no horário
Terra e Paixão

MARCOS PALMEIRA – José Inocêncio (Painho)
JUAN PAIVA – João Pedro
THERESA FONSECA – Mariana
RENAN MONTEIRO – José Augusto
MARCELLO MELO JR. – José Bento
RODRIGO SIMAS – José Venâncio
SOPHIE CHARLOTTE – Eliana
VLADIMIR BRICHTA – Egídio
CAMILA MORGADO – Iolanda (Dona Patroa)
GIULLIA BUSCACIO – Sandra
GABRIELA MEDEIROS – Buba
IRANDHIR SANTOS – Tião Galinha
ALICE CARVALHO – Joaninha
BRENO DA MATTA – Padre Lívio
EDVANA CARVALHO – Inácia
XAMÃ – Damião
MELL MUZZILLO – Ritinha
JACKSON ANTUNES – Deocleciano
ANA CECÍLIA COSTA – Morena
SAMANTHA JONES – Zinha
LÍVIA SILVA – Teca (Tereza Cristina)
ALMIR SATER – Rachid
MATHEUS NACHTERGAELE – Norberto
CHICO DIAZ – Padre Santo
ELI FERREIRA – Lú (Maria Lúcia)
JULIANE ARAÚJO – Kika (Walkíria)
PEDRO NESCHLING – Eriberto
MAC SUARA – Seu Francisco
JOSÉ DUBOC – Du
JUAN QUEIROZ – Pitoco
GABRIEL LIMA DA SILVA – Neno
Aurora
Rafael
Delegado Olavo
Tarcísio

primeira fase
HUMBERTO CARRÃO – José Inocêncio (Coronelzinho)
DUDA SANTOS – Maria Santa (Santinha)
FÁBIO LAGO – Venâncio
BELIZE POMBAL – Quitéria
JULIANA PAES – Jacutinga
ANTÔNIO CALLONI – Coronel Belarmino
QUITÉRIA KELLY – Nena
ENRIQUE DIAZ – Coronel Firmino (Coronel Pica-Pau)
MARIA FERNANDA CÂNDIDO – Cândida
EDVANA CARVALHO – Inácia
ADANILO – Deocleciano
EVALDO MACARRÃO – Jupará
GABRIEL SATER – Rachid
MATHEUS NACHTERGAELE – Norberto
CHICO DIAZ – Padre Santo
UILIANA LIMA – Morena
JÚLIA LEMOS – Flor
FLÁVIA BARROS – Juliete
CAÍQUE IVO – João Pedro (criança)
DAVI SALTINO – José Augusto (criança)
PEDRO FRÓES – José Augusto (adolescente)
THÉO LUCCA – José Venâncio (criança)
GUILHERME LEAL – José Venâncio (adolescente)
NICOLAS DA PAZ – José Bento (criança)
MURILO LIMA PEREIRA – José Bento (adolescente)
LARA MANAÇAS – Mariana (criança)
HELENINHA REPERTÓRIO – Zinha (criança)
GUILHERME BRUMATTI – Egídio (adolescente)
BRUNO IBANEZ – jagunço que manda esfolar José Inocêncio, no início
RONEY VILELA – um dos jagunços que tentam matar José Inocêncio a mando de Belarmino
REGINALDO CELESTINO – um dos jagunços que tentam matar José Inocêncio a mando de Belarmino
RICARDO TEODORO – um dos jagunços que tentam matar José Inocêncio a mando de Belarmino
MARCUS HOLLANDA – entre os convidados na festa de casamento de José Inocêncio e Maria Santa
WALDO PIANO – empregado na fazenda de Belarmino

e
DANIEL RATTO – jagunço de Egídio que Padre Santo e Pastor Lívio presenciam expulsando moradores
MANUELA OFREDI – filha de Tião Galinha e Joana
OSVALDO MIL – Marçal (capanga de Egídio)
PEDRO CUPIDO – filho de Tião Galinha e Joana

1ª fase, década de 1990

– núcleo de JOSÉ INOCÊNCIO, o CORONELZINHO (Humberto Carrão), jovem de origem desconhecida, sem posses e sozinho no mundo, valente, obstinado e sonhador. Chega na região de Ilhéus, sul da Bahia, aos 25 anos, munido de um facão e um diabinho dentro de uma garrafa, que, diz ele, tem o poder de fechar seu corpo protegendo-o da morte. Finca o facão aos pés de um jequitibá-rei na esperança de se tornar eterno. Vítima de uma tocaia, tem a pele do corpo arrancada por jagunços, ficando entre a vida e a morte, mas é salvo por um mascate, que o costura. Assume as terras de uma viúva do cacau e, com o tempo, torna-se um dos maiores plantadores da região. Conhece seu grande amor, com quem se casa e tem quatro filhos. A mulher morre no parto do caçula, tirando-lhe a alegria de viver e fazendo com que guarde rancor pelo filho mais novo:
o mascate libanês RACHID (Gabriel Sater), que o encontra quase morto na floresta e salva sua vida, costurando a pele ao seu corpo. Única testemunha do acontecido, tem o paradeiro desconhecido por muitos anos
os empregados e amigos: DEOCLECIANO (Adanilo), seu braço-direito, Corajoso e de boa índole, é fiel ao patrão, a quem tem admiração e respeito,
e JUPARÁ (Evaldo Macarrão), mateiro conhecedor das plantas e árvores, é um tipo trabalhador e despachado
a cozinheira INÁCIA (Edvana Carvalho), que o adora, em uma relação quase maternal. Sensitiva, é dela as premonições que salvaram sua vida das inúmeras tocaias
o pároco da região PADRE SANTO (Chico Diaz), homem sábio, bondoso e erudito, é mestre na arte da diplomacia.

– núcleo de MARIA SANTA, a SANTINHA (Duda Santos), moça pura e ingênua que vive sob as rédeas do pai e da moral conservadora do seu entorno. Quase sem sair de casa, ajuda a mãe nos trabalhos domésticos. No dia que tem autorização para acompanhar o Bumba-meu-boi, apaixona-se por José Inocêncio, que se torna seu primeiro e único amor. Amor este desaprovado pelo pai. Acreditando estar grávida e vivendo em pecado, acaba sendo largada pelo pai no bordel da cidade, onde é acolhida pela cafetina. Casa-se com Inocêncio dando a ele quatro filhos. Morre no parto do caçula, para desespero do marido:
os pais: VENÂNCIO (Fábio Lago), homem bruto, severo e carola. É conhecido por ser o miolo do boi nas festas do Bumba, uma tradição local. Sente desejo pela própria filha, motivo de seu ciúme doentio pela menina. No passado, expulsou de casa a filha mais velha MARIANINHA, grávida, história que se repete ao largar a caçula no bordel,
e QUITÉRIA (Belize Pombal), mulher abnegada e submissa ao marido, não questiona suas decisões, mas também não o perdoa por ter expulsado a primogênita de casa. Sente-se cúmplice daquela tragédia. Tenta ao máximo proteger a filha do pai.

– núcleo de JACUTINGA (Juliana Paes), cafetina amiga de José Inocêncio, mulher de grande força e sabedoria. Torna-se uma segunda mãe para Maria Santa quando o pai da menina a larga na porta de seu estabelecimento. É lá que Maria Santa se casa com Inocêncio. Realiza o parto dos quatro filhos do casal:
as prostitutas: MORENA (Uiliana Lima), apesar de já ter sido muito maltratada pela vida, é uma moça alegre e faceira, de personalidade forte e língua afiada. Casa-se com Deocleciano, mas carrega a dor de ter perdido seu único filho em um aborto espontâneo,
FLOR (Júlia Lemos), mais jovem que as colegas, é alvo das brincadeiras por conta de seu recato e inocência. Casa-se com Jupará,
e JULIETE (Flávia Barros), rapariga ambiciosa, está sempre tentando se colocar em vantagem em relação às demais companheiras
o vizinho NORBERTO (Matheus Nachtergaele), dono da única venda da vila, ponto de encontro onde tudo acontece. Detentor de muitos causos e notícias, para não dizer fofocas. Na intimidade, carrega dores do amor por sua eterna amante, Jacutinga.

– núcleo do CORONEL BELARMINO (Antônio Calloni), homem influente e poderoso, fez fama e fortuna nos tempos áureos do cacau abusando da violência. Rude e implacável, é conhecido por armar tocaias para se livrar de seus desafetos. Com o avanço nas roças de cacau da praga conhecida como “vassoura-de-bruxa”, perde muito dinheiro. A chegada de José Inocêncio na região lhe desperta a inveja. Inocêncio torna-se seu vizinho, mas Belarmino almeja suas terras. Para isso, tenta matá-lo a todo custo. Porém acaba vítima de sua própria tocaia e a culpa recai sobre o coronelzinho:
a esposa NENA (Quitéria Kelly), mulher rancorosa que está sempre do lado do marido. Ao ficar viúva e sem rumo, sente-se obrigada a aceitar a oferta de José Inocêncio por suas terras e vai embora com os filhos. A sede de vingança pela derrocada de sua família fez com que criasse a neta curtida no ódio que sente por Inocêncio.

– demais personagens:
CORONEL FIRMINO, conhecido pelo apelido CORONEL PICA-PAU (Enrique Diaz), fez fortuna atuando como intermediário da compra e venda do cacau na região e, mais tarde, como agiota. Ardiloso, não deixa transparecer suas reais pretensões. Acaba morto em um ajuste de contas jamais esclarecido
CÂNDIDA (Maria Fernanda Cândido), viúva de um fazendeiro morto enforcado em um pé de cacau. Mulher honesta e gentil, se vê às voltas com os negócios do falecido e com a ganância dos coronéis Belarmino e Firmino, que insistem em tomar posse das terras afirmando que o marido lhes devia dinheiro. Acolhe José Inocêncio entre a vida e a morte, trazido por Rachid à sua fazenda, e cuida de sua recuperação. Depois de entregar suas terras ao coronelznho, decide recomeçar a vida longe dali.

2ª fase, década de 2020

– núcleo de JOSÉ INOCÊNCIO, o PAINHO (Marcos Palmeira), homem bom e justo que prosperou como fazendeiro na região de Ilhéus, conhecido como o Rei do Cacau. Nunca superou a morte da mulher Maria Santa, mas sente renascer quando apaixona-se por uma moça misteriosa que surge em sua vida:
os filhos mais velhos, que mandou estudar na capital para se tornarem “doutores”: JOSÉ AUGUSTO (Renan Monteiro), formou-se médico na incessante busca pelo orgulho do pai. Sua vida, porém, sai dos trilhos quando passa a ser investigado no hospital e é impedido de exercer sua profissão, ao mesmo tempo em que passou por uma separação traumática,
JOSÉ BENTO (Marcelo Mello Jr.), formou-se advogado. Malandro, é avesso ao trabalho e adepto do mínimo esforço. Vive às custas do dinheiro do pai sem pudor, e dos trambiques em que se enfia. Também é financeira e afetivamente dependente da namorada. É o primeiro a preocupar-se com a divisão dos bens do pai quando ele decide casar-se novamente,
e JOSÉ VENÂNCIO (Rodrigo Simas), formou-se publicitário. É o único dos filhos que conquistou a independência financeira. Ainda assim, vive na esperança de receber afeto do pai. É casado, mas o pai nem conhece a nora. Tem uma relação conturbada com a mulher, com quem desejava ter filhos, sem sucesso
o filho caçula JOÃO PEDRO (Juan Paiva), que trabalha com ele na fazenda. Rapaz ingênuo, honesto, simples e trabalhador, não teve instrução, pois é o único dos filhos que não recebeu uma educação formal financiada por Inocêncio. Apesar da admiração que sente pelo pai, sofre com a sua indiferença e com a sina de ter tirado a vida da mãe, que morreu em seu parto. Ao contrário dos irmãos, nunca saiu da fazenda, onde aprendeu todos segredos do pai na lida com o cacau. Afilhado de Morena e Deocleciano, que sempre o trataram como o filho que nunca tiveram
a misteriosa MARIANA (Theresa Fonseca), moça com um ar inocente e jeito faceiro que arrebata o coração de João Pedro, mas seduz José Inocêncio, que também acaba se encantando por ela, depois de anos em luto por Maria Santa. Neta de Belarmino, a princípio chega à região com o ímpeto de vingar a morte do avô e recuperar as terras que ela acha que tem direito. Astuta e dissimulada, está disposta a tudo para alcançar seu objetivo. Contudo, acaba perdida e confusa entre os sentimentos que lhe despertam João e Inocêncio. Acaba escolhendo o patriarca, com quem se casa, o que acirra os desentendimentos entre pai e filho
o amigo RACHID (Almir Sater), mascate libanês que no passado salvou sua vida. Com o paradeiro desconhecido por muitos anos, retorna à região para cumprir uma missão do passado
as empregadas da casa: INÁCIA (Edvana Carvalho), velha amiga e conselheira, e sua filha RITINHA (Mell Muzzillo), que vive sob a criação rigorosa da mãe e a rédea curta do pai
os empregados: SEU FRANCISCO (Mac Suara), marido de Inácia, pai de Ritinha. Rígido na criação da filha,
DAMIÃO (Xamã), valente e destemido, é um sujeito misterioso que carrega um rastro de mortes em suas costas. Contratado para dar fim em José Inocêncio, acaba conquistado pelo coronel e desiste da ideia, tornando-se um de seus empregados. No início, apaixona-se por Ritinha,
e a professora (Eli Ferreira), que dá aulas na escola da fazenda. Paciente e bondosa, conquistou a todos quando chegou na região, especialmente a João Pedro, de quem se torna grande amiga. Com um passado misterioso, não revela suas origens.

– núcleo de DEOCLECIANO (Jackson Antunes), melhor amigo de José Inocêncio, trabalha para ele desde a juventude:
a esposa MORENA (Ana Cecília Costa), mulher alegre e de bom coração. Como não pôde ter filhos, ajudou a criar João Pedro, quando ele foi renegado pelo pai após o nascimento
a afilhada ZINHA (Samantha Jones), abandonada pela mãe, Flor, quando ela ficou viúva de seu pai, Jupará, amigo da juventude de Inocêncio e Deocleciano. Foi criada como uma irmã para João Pedro. Ao lado do melhor amigo, domina a lida do cacau. É uma moça afetivamente imatura e aprende a lidar tardiamente com assuntos do coração.

– núcleo do fazendeiro EGÍDIO (Vladimir Brichta), filho único do Coronel Firmino, herdou as terras do pai. Fez-se um coronel temido e influente na região, atravessador que vive da compra e venda do cacau de produtores da região. Herdou também do pai a rivalidade com José Inocêncio, seu inimigo declarado, com quem trava uma disputa por terras:
a esposa IOLANDA, que ele chama pejorativamente de DONA PATROA (Camila Morgado), mulher submissa e infeliz. Frequentemente humilhada pelo marido, finge não saber de suas traições. Busca nas orações e na fé convertê-lo e endireitar seus tortuosos caminhos. Envolve-se com Rachid quando ele retorna a Ilhéus
a filha SANDRA (Giullia Buscacio), moça instruída e rebelde que não aprova os métodos do pai, motivo pelo qual vivem em pé de guerra. Acaba se envolvendo com João Pedro, filho do inimigo de seu pai.

– núcleo de TIÃO GALINHA (Irandhir Santos), simplório catador de caranguejo, empregado explorado por Egídio. É um homem humilde, mas, acima de tudo, sonhador. Almeja sair da miséria e oferecer uma vida de rainha para a mulher. Tem esse nome por sempre andar com uma galinha embaixo do braço na intenção de proteger aquela que irá chocar o ovo que lhe dará um diabinho igual ao que José Inocêncio guarda em uma garrafa:
a esposa JOANINHA (Alice Carvalho), moça bela, trabalhadora e conformada com a vida. Apesar de apaixonada pelo marido, sofre com seus devaneios. Chama a atenção do Coronel Egídio, que a leva para trabalhar em sua casa, sob as ordens da esposa Iolanda. Será constantemente assediada por Egídio
o PASTOR LÍVIO (Breno da Matta), com a vida dedicada à religião, cresceu em um lar evangélico batista. Percorre o caminho da fé até que seus questionamentos o levam a cruzar com os caminhos do Padre Santo. Vive em conflito com a vocação religiosa ao apaixonar-se por Joaninha.

– núcleo do Rio de Janeiro:
ELIANA (Sophie Charlotte), mulher de José Venâncio, sofisticada e sedutora. Modelo de sucesso e um tanto paranoica, abriu mão da carreira para viver ao lado do marido no Rio. Nunca teve vocação nem vontade para a maternidade, enquanto o sonho de Venâncio era dar um neto ao seu pai. Não vai aceitar a separação amigavelmente
BUBA (Gabriela Medeiros), moça obstinada e competente, formou-se em Psicologia e está cotada para assumir um cargo importante. Apaixona-se por José Venâncio e sonha em formar uma família com ele e ser mãe. Porém, o preconceito por ser uma mulher trans acaba sendo um grande obstáculo para o casal
KIKA (Juliane Araújo), namorada de José Bento desde os tempos de faculdade, vive uma relação instável de idas e vindas. Advogada, é ela quem assume os casos e participa das audiências no lugar dele, que sequer possui licença para atuar na área
ERIBERTO (Pedro Neschling), melhor amigo e sócio de José Venâncio na agência de publicidade, é um profissional talentoso, porém invejoso. Ao saber que Eliana e o sócio não vivem uma boa fase, aproveita a situação para se aproximar dela
TECA (Lívia Silva), adolescente que vive em situação de rua. Ao se descobrir grávida e sozinha, entra em desespero, até o destino colocar Buba em seu caminho, que fará de tudo para adotar o seu bebê
os amigos de Teca, garotos de rua como ela: DU (José Duboc), líder do grupo, é o grande amor de Teca,
PITOCO (Juan Queiroz), apaixonado por Teca,
e NENO (Gabriel Lima da Silva).

Diferenças entre as duas versões

Remake da novela de Benedito Ruy Barbosa 31 anos depois, agora atualizada por seu neto Bruno Luperi, o mesmo da atualização de Pantanal, em 2022. Com a novela, a Globo pretende repetir o sucesso do último remake de obra de Benedito.

Renascer pisa em um Brasil mais profundo de forma mais potente. Assim como Pantanal, são obras épicas, atemporais e que estão na memória afetiva do público e da televisão, e que agora temos a possibilidade de trazê-las para os dias de hoje. Porque o tempo escreve com a gente. E os valores foram muito ressignificados de 30 anos para cá. Isso determina a maneira como abordar e tratar as narrativas e de como se traduz aquela cena ou dramaturgia para os dias atuais”, afirmou Bruno Luperi.

Sobre as diferenças entre as versões da novela, continuou o autor:
“Estamos recontando uma história depois de 30 anos. Nesse tempo, a realidade do país mudou muito e o Brasil está a cada dia mais consciente sobre diversas questões. A maneira que meu avô [Benedito Ruy Barbosa] trabalhou está diretamente ligada ao tempo dele, isso me obriga a olhar para o nosso tempo, para o retrato da nossa época e urdir a novela nesse novo tempo.”

“Na primeira versão, a primeira fase acontece no período áureo do cacau onde ele era o ‘ouro amarelo’ que brotava da terra. Na transição para a segunda fase, a crise da ‘vassoura de bruxa’ começa a preocupar as pessoas sobre o futuro do cacau. Na nossa adaptação, já partimos 30 anos depois desse cenário em que a situação do cacau está muito mais crítica. A cultura dele está correndo risco e agora apontando para novos caminhos. Acho que esse é um novo contexto, uma nova leitura. Eu me baseio na mudança dos cenários, mas respeitando sempre o sagrado da obra”, concluiu Luperi

O diretor artístico Gustavo Fernández complementou:
“A grande diferença tem a ver com as mudanças profundas que aconteceram na região cacaueira nessas três décadas. Na primeira versão, em 1993, a região ainda era de grande produção de cacau e a produção caiu profundamente. E agora 31 anos depois, a região está começando a vislumbrar uma retomada econômica voltada, não só para a quantidade do cacau, mas para a qualidade e isso só pode ser feito com a preocupação ecológica. E essa é a grande mudança que influencia nos personagens. A discussão da agrofloresta está na própria essência de José Inocêncio que é um ser um pouco místico na relação dele com a natureza, então acho que a grande mudança é esse novo cenário da região cacaueira.”

Elenco

Marcos Palmeira e Jackson Antunes são os únicos atores presentes na duas versões de Renascer. Palmeira, que foi o jovem João Pedro em 1993, agora vive José Inocêncio, pai de seu personagem na primeira versão (vivido na ocasião por Antônio Fagundes). Jackson Antunes, o Damião em 1993, agora é Deocleciano, melhor amigo de José Inocêncio (Roberto Bonfim em 1993).

A personagem Buba, que na versão de 1993 era intersexo, interpretada pela atriz cisgênero Maria Luísa Mendonça, foi reescrita para ser uma mulher trans. Assim, a Globo escalou a atriz transexual Gabriela Medeiros para o papel.

Locações

Uma das sequências mais marcantes da novela é o encontro de José Inocêncio jovem com o jequitibá-rei, no primeiro capítulo. Como na primeira versão as cenas foram feitas na Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, a produção da nova novela foi atrás deste mesmo jequitibá. Porém, por conta de uma tempestade anos atrás, a árvore acabou caindo. Um novo jequitibá foi encontrado no Parque Estadual dos Três Picos, em Cachoeira de Macacu, parque ecológico fluminense. Essa árvore tem aproximadamente mil anos de idade e 40 metros de altura, tendo crescido e se desenvolvido ao lado de uma pedra, com uma nascente de água natural embaixo.

A cidade de Ilhéus, no Sul da Bahia, região em que a história central da novela é retratada, foi o cenário escolhido para iniciar as gravações em outubro de 2023, em cenas vistas nas duas fases da novela. Ao longo de três semanas, uma equipe formada por 200 profissionais – entre elenco, direção, produção e profissionais locais – auxiliou nos trabalhos para as gravações de sequências que se passam no centro histórico de Ilhéus, como o tradicional restaurante Vesúvio, e a Casa de Cultura Jorge Amado para a segunda fase da novela.

As fazendas produtoras de cacau da região também serviram de cenário para a maioria das cenas gravadas. A Lagoa Encantada, com seu grande espelho d’água de 15 km², e as cachoeiras desta região, como a Véu da Noiva, ajudaram a contar a história do carregamento das sacas de cacau, que é embarcado nos barcos dos anos 1990.

Em Uruçuca, município de Ilhéus, foram gravadas as cenas nas plantações de José Inocêncio (Marcos Palmeira) na segunda fase. As sequências foram feitas em uma locação que adota a cabruca (técnica de manejo e plantio do cacau à sombra das árvores nativas da Mata Atlântica) e o sistema agroflorestal para a produção de cacau, que consiste em diferentes espécies vegetais na mesma área e contribui para o meio ambiente. Desta forma, o cacaueiro fica à sombra de outras espécies, o que gera produção e colheita mais qualificadas. Diferentemente da primeira versão, a novela traz outras maneiras de manejo do cacau, desta vez, mais focado no cuidado com a terra e o meio ambiente, além de novas formas para se obter produtos mais requintados a partir do cacau.

Cenografia

Cores e clima de fazenda dão o tom à cenografia assinada por Fábio Rangel, que traz uma estética renovada para a atual versão. “Eu me concentrei em tentar uma história nova como se nunca tivesse sido feita. Com olhar focado no agora, busquei cores alternativas e espaços arquitetônicos diferentes”, contou Fábio.

Ao todo são três cidades cenográficas nos Estúdios Globo. A primeira representa a sede da Fazenda Jequitibá-Rei, com 3.000m2. A segunda, com 2.100m2, representa um anexo da sede e local de trabalho com o cacau, incluindo as barcaças, que são estruturas de madeira para a secagem do cacau – local onde se promove a famosa pisada no cacau. E a terceira reproduz um vilarejo de Ilhéus, com 6.400 m2, onde ficam a venda de Norberto (Matheus Nachtergaele) e a casa de Jacutinga (Juliana Paes), com características rústicas e um quintal em meio a ruínas, bem marcado com terra batida e árvores.

No total são 11.500 m2 de área cenográfica, além de cenários fixos que ocupam o estúdio no MG4 – o interior da casa de José Inocêncio e a casa de Egídio (Vladimir Brichta), na segunda fase.

Figurinos e caracterizações

A figurinista Marie Salles inspirou-se nas principais referências no Brasil entre as décadas de 70 e 90. Ela ressaltou as diferenças da primeira para a segunda fase da novela:
“Eu acho que a ruptura maior neste processo seria o José Inocêncio. Propus à direção que ele deveria usar camiseta e calça jeans ou cargo. Mesmo um cara como ele, dono da fazenda, mas que está ali trabalhando, com a mão na massa e acaba se vestindo assim. E foi uma ruptura grande. Colocar o protagonista com camisa e uma calça jeans acho que é o nosso maior desafio.”

Uma das características marcantes do núcleo da fazenda Jequitibá-Rei foram as galochas brancas, típicas dos trabalhadores da região cacaueira de Ilhéus, marca registrada de José Inocêncio (Marcos Palmeira) e seu filho João Pedro (Juan Paiva).

O contraponto entre Ilhéus e Rio de Janeiro também ficou visível no figurino. Na Bahia, as peças possuem muitas cores, enquanto o núcleo do sudeste tem cores mais sóbrias, como preto e branco. Já na caracterização, assinada por Auri Mota, o desafio foi transmitir a naturalidade dos personagens que vivem e trabalham no interior da Bahia. Do brilho na pele dos trabalhadores das roças aos cabelos mais longos para as mulheres, a caracterização foi concebida após o estudo de referências nas últimas décadas.

Para personagens como Jacutinga (Juliana Paes), Inácia (Edvana Carvalho), Norberto (Matheus Nachtergaele) e Padre Santo (Chico Diaz), interpretados pelos mesmos atores nas duas fases, um processo de amadurecimento marcou as passagens de tempo na história e o envelhecimento dos personagens.

Na primeira fase, Jacutinga esbanjou cabelos armados e com “permanente”, característico dos anos 1990, batom vermelho e um estilo único, que se destacava nas noites animadas de seu bordel. Já para Mariana (Theresa Fonseca), na segunda fase, o corte repicado foi o escolhido para ressaltar seu jeito menina.

Efeitos especiais e produção de arte

Além da caracterização dos personagens, houve parceria das áreas de maquiagem e efeitos especiais, como a sequência do despelamento de José Inocêncio (Humberto Carrão). Referências médicas de secação de pele foram usadas como inspiração para o efeito desejado.

Na produção de arte, assinada por Nininha Médicis, os facões, uma marca registrada da trama, possuem características de cada época e personagem. O primeiro facão de José Inocêncio, que é fincado nos pés Jequitibá, também sofreu com a ação do tempo e envelheceu. Outro elemento marcante foi o cramulhão, o diabinho na garrafa na trama, criado pelo artista plástico Dante, que optou pelo uso de material sustentável.

Tecnologia

O remake conta com imagem em 4k e som imersivo. Enquanto a novela exibida em 1993 foi gravada com câmeras analógicas com resolução máxima de 720×480 pixels, as câmeras atuais possuem 3840×2160 pixels de resolução, que geram imagens seis vezes mais nítidas.

O som digital em apenas dois canais e com exibição em mono deu lugar à tecnologia Dolby Atmos – que permite que o próprio device (TV ou soundbar) seja capaz de identificar e processar o áudio enviado para ter a melhor definição possível. A tecnologia de surround sound abraça o espectador, colocando-o no centro da cena de ação.

Outro exemplo de como o avanço tecnológico contribui para uma imersão na trama é a animação em 3D do cramulhão. O personagem, que na versão atual é representado por um boneco dentro de uma garrafa, ganha “vida” em alguns momentos graças ao uso de computação gráfica.

Trilha sonora

Compositores e intérpretes baianos encabeçam a seleção de canções originais e de regravações, como o duo Luedji Luna e Xênia França, que canta a música da abertura, regravação de “Lua Soberana”; Maria Bethânia em parceria com Almério na inédita “Quero Você”; “Trem das Cores” na voz de Caetano Veloso; “Toda Menina Baiana”, com Gilberto Gil, entre outros.

O Nordeste ainda está representado por Fagner, Chico César, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Xangai e Quinteto Paraíba na trilha. Nomes como Milton Nascimento e parcerias de Ney Matogrosso e Criolo, como em “Algorítimo Íntimo”, também integram a trilha sonora.

Os intérpretes da nova geração da música popular brasileira trazem mais brasilidade para a novela. Agnes Nunes e Neo Beats, Juliana Linhares, Maria Maud, Gilsons, Rachel Reis e Mulu, se juntam a nomes como IZA, Alice Caymmi, Monica Salmaso e Dori Caymmi.

AI QUE SAUDADE DE OCÊ – Marcelo Jeneci
BALANCEIRO – Juliana Linhares
CANTO SEDUTOR – Dori Caymmi e Mônica Salmaso
JARDIM DA FANTASIA – Martins (tema de José Inocêncio e Maria Santa)
LUA SOBERANA – Luedji Luna e Xênia França (tema de abertura)
NÃO SEI DANÇAR – Maria Maud
NO TOCA-FITA DO MEU CARRO – Bartô Galeno
QUERO VOCÊ – Almério e Maria Bethânia (tema de José Inocêncio e Mariana)
SERESTEIRO DAS NOITES – Amado Batista

Tema de abertura: LUA SOBERANA – Luedji Luna e Xênia França

Aiá cariá
Ilê ilê ilá
Aiá cariá eia!

Veio de Madagascar
Ilê ilê ilá
Essa lua soberana
Sobre as águas de Iemanjá
Ilê ilê ilá
Neste mar de rosa branca

Essa lua veio a Salvador
Arrastada por um pescador
Ilha das marés
Mestre de afoxés
Filho de Olodum
Filho de Olodum

Aiá cariá
Ilê ilê ilá
Aiá cariá eia!

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