Sinopse

Marta Corrêa Lopes é médica há cerca de 40 anos. Foi uma das primeiras mulheres no Brasil a exercer a profissão de ginecologista e obstetra, sendo muito respeitada por toda a comunidade médica. Conservadora e politicamente correta, Marta é doutora-chefe da Clínica Machado de Alencar e julga suas falhas com grande rigor.

A jovem Cristina Brandão é uma médica dedicada e idealista, mas também gosta de frequentar a noite carioca. Apesar de ser filha de uma rica família mineira, sempre buscou por conta própria suas vitórias pessoais e profissionais. Às vezes contraditória, ela alterna a competência na profissão com o caos na vida particular.

Ambas são profissionais abnegadas e, apesar de pertencerem a gerações diferentes, movem-se pela mesma paixão pelo trabalho e pelo compromisso ético. Com a missão de salvar e proteger seus semelhantes, as duas são incansáveis e abrem mão até mesmo de suas vidas particulares.

Marta vislumbra em Cris uma possível sucessora e a convida para trabalhar na Clínica Machado de Alencar. Cris aceita e as duas passam a compartilhar as dificuldades da profissão e o convívio com Afrânio, dono da clínica, médico de ética duvidosa e sem muito senso de responsabilidade social.

Globo – 22h
de 1 de abril de 1998
a 7 de dezembro de 1999
62 episódios

criação de Daniel Filho, Antônio Calmon e Elizabeth Jhin
idéia original de José Bonifácio Sobrinho (Boni)
roteiristas: Euclydes Marinho, Álvaro Ramos, Maria Helena Nascimento, Doc Comparato e outros
pesquisa de texto de Marília Garcia
direção de Daniel Filho, José Alvarenga Jr., José Carlos Piéri, Mário Márcio Bandarra, Cininha de Paula e outros
supervisão de Daniel Filho

EVA WILMA – Marta Corrêa Lopes
PATRÍCIA PILLAR – Cris (Cristina Brandão)
CÁSSIO GABUS MENDES – Afrânio
MÔNICA TORRES – Anair
CARLOS ZARA – Otávio Lopes
MAURÍCIO MATTAR – Carlos
CARLA DANIEL – Shirley
NILDO PARENTE – Samuel
LÚCIA ALVES – Telma
PAULO BARBOSA – Amaury
ALEXANDRE BORGES – João Pedro
ALESSANDRA AGUIAR – Claudinha
EDUARDO GALVÃO – André
RICARDO PAVÃO – Euler
RAPHAEL MOLINA – Bola
KARLA MUGA – Noelza
ADRIANA GARAMBONE – Valderez
FERNANDA AZEVEDO – Cynthia
EDYR DE CASTRO – Cissa
VERA HOLTZ – Luiza
ISABEL FILLARDIS – Helena
CLÁUDIA LIRA – Letícia
OTHON BASTOS – Tadeu

e
ADRIANA ESTEVES
ANA KUTNER
ANA PAULA ARÓSIO
BRUNO GARCIA
CHRISTIANE TORLONI
CLÁUDIO MARZO
ELIZABETH SAVALLA
ELOÍSA MAFALDA
GARCIA JÚNIOR
GINO SANTOS
HELENA FERNANDES
HENRI PAGNONCELLI
JACQUELINE LAURENCE
JOANA FOMM
JOÃO SIGNORELLI
JOSÉ AUGUSTO BRANCO
JOSÉ MAYER
LICURGO SPÍNOLA
LUCIANA BRITES
LU GRIMALDI
LUÍSA THIRÉ
MAITÊ PROENÇA
MARCELO SERRADO
MARCOS OLIVEIRA
MARIA ISABEL DE LIZANDRA
MARIANA LIMA
MYRIAN FREELAND
NATÁLIA LAGE
NICETTE BRUNO
NUNO LEAL MAIA
PATRÍCIA TRAVASSOS
RENÉE DE VIELMOND
STEPAN NERCESSIAN
SUZANA PIRES
SUZANA WERNER
YONÁ MAGALHÃES

Roteirista estrangeira

Exibido semanalmente às quintas-feiras, o seriado Mulher foi uma espécie de versão brasileira e feminina do americano Plantão Médico, que já era exibido pela Globo.

A partir de uma sugestão de Daniel Filho (o diretor) e Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, executivo da Globo na época), a emissora contratou a roteirista norte-americana Lynn Mammet, com vasta experiência em seriados, para ajudar a dar o formato de Mulher. A roteirista, em conjunto com a equipe de criação brasileira, desenvolveu uma história interna e planejou todos os episódios do primeiro ano antes mesmo do primeiro capítulo ser levado ao ar.

Além de Euclydes Marinho, Álvaro Ramos e Maria Helena Nascimento, participaram da equipe de roteiristas: Leandra Pires, Maria Adelaide Amaral, Antônio Calmon, Daniel Filho, Elizabeth Jhin, Glória Perez e Doc Comparato – que, por ser médico, também contribuiu na formatação do programa.

Daniel Filho narrou em seu livro “O Circo Eletrônico”:
“Esse seriado foi o que mais me agradou. Realização industrial, conceito, scripts, direção e, logicamente, o aplauso do público e da crítica.”

A APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) premiou Mulher como o melhor programa de TV de 1998.

Abordagens

Cada episódio compreendia três tramas: uma central, mais forte, outra que lhe fazia contraponto, em geral mais leve e cômica, e uma terceira, que se passava entre o elenco fixo. Os personagens principais não assistiam simplesmente aos problemas propostos para cada um dos episódios, mas a própria vida de cada um estava exposta na trama. (“O Circo Eletrônico”, Daniel Filho)

Mulher abordava questões éticas e médicas, como gravidez na adolescência, aborto, eutanásia, síndrome de Down, frigidez e câncer de mama. A ênfase, no entanto, era dada às relações humanas, à forma como as pessoas reagiam diante dos problemas. Alguns episódios trataram de temas com implicações sociais e psicológicas, como gravidez prematura, ameaça de demissão de mulheres grávidas, adultério, estupro, filhos perdidos e relacionamento entre mãe e filha.

Em um dos mais fortes momentos do programa, o episódio “Casa de Ferreiro, Espeto de Pau”, a própria Drª Marta (Eva Wilma), uma das protagonistas, vive um momento dramático: é obrigada a tirar um seio por causa de um câncer de mama.

Tecnologia

O cuidado com a produção garantiu um bom trabalho, com destaque para os temas impactantes, dando oportunidade a grandes interpretações, não só do elenco fixo, como também das participações especias.

O primeiro ano (1998), com 26 episódios, foi filmado em 35mm. O segundo ano, com 36 episódios, foi filmado em videoteipe.
Os dois últimos episódios, “Grávidas” (no ar em 30/11/1999) e “Mães” (em 07/12/1999), foi filmado em HDTV (TV digital de alta definição). Outra tecnologia utilizada nesses episódios foi o som dolby surround estéreo, até então inédito em nossa teledramaturgia. (“Almanaque da TV”, Bia Braune e Rixa)

Médicos no estúdio

Sobre o seriado, falou Antônio Calmon, um dos roteiristas, ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, do Projeto Memória Globo:
“Eu sugeri ao Daniel Filho que a clínica da história fosse como a clínica do nosso médico no Rio. Nós dois nos consultávamos com o mesmo médico, na época. A ideia era escapar da parede branca, do clima de hospital.”
E depois: “Acho que conseguimos um realismo depurado, não só no visual, como no perfil dos personagens. As reuniões da equipe com os médicos eram comoventes. Eu sempre me emocionava, principalmente com as histórias de uma das consultoras, que trabalhava em clínica particular, ambulatório e consultório. Essa mulher tinha uma vivência impressionante da tragédia humana. Era muito impactante. E acho que o seriado conseguiu mostrar isso. A Eva Wilma e a Patrícia Pillar souberam traduzir essas emoções.”

Todo o aparato de um hospital foi reproduzido, usando-se bonecos com movimento para representar recém-nascidos.

Daniel Filho no livro “O Circo Eletrônico”:
“Trabalhávamos com médicos dentro do estúdio o tempo todo e Cininha de Paula, além de ser uma das diretoras, é médica. Depois de algum tempo, só dirigi uma ou duas cenas dentro do campo cirúrgico, as outras cenas cirúrgicas tendo sido dirigidas pela Cininha de Paula.”

“Eu queria a luz e a atmosfera do filme Tucker (1988), de Coppola, que tem na fotografia cores um pouco fantasiosas porque o ponto de vista é o de um grande sonhador. Mulher era o contrário disso, pois íamos falar de coisas muito sérias e reais de forma didática. A iluminação era importante para conseguir esse objetivo. Portanto a luz tinha uma difusão que tornava as cenas agradáveis de se ver.”

“No início de 1999, assumi a direção de criação da TV Globo, tendo que largar a direção do seriado Mulher e ficar apenas como produtor do programa, que entrava no seu segundo ano de exibição. Antônio Calmon e José Alvarenga assumiram o comando. Calmon como produtor e redator final e Alvarenga como diretor geral..”

Elenco

Sobre a escalação de Patrícia Pillar, Daniel Filho comentou no livro “O Circo Eletrônico”:
“Nossa primeira escolha era a Fernandinha Torres, mas depois reconsideramos e, como já tinha conversado com ela, pedi desculpas. Eu achava que a Patrícia tinha um lado mais romântico, importante na história, e que a Fernanda não tem tão forte, tão pronto. Patrícia abraçou apaixonadamente a personagem.”

Em sua biografia “Eva Wilma, Arte e Vida”, a atriz comentou sobre a presença de seu marido Carlos Zara no programa: (*)
“Foi muito importante para mim tê-lo como companheiro de trabalho nessa época. A saúde dele se agravara e ele estava com dificuldade de locomoção. Felizmente tivemos a assistência de um médico excelente, no Rio de Janeiro, e a compreensão da equipe.”
Mulher foi o último trabalho de Zara, que faleceu em 11/12/2002, aos 72 anos, em decorrência de falência múltipla de órgãos e insuficiência respiratória provocadas por um câncer de esôfago.

Repetecos

Reprisado no Viva (canal de TV por assinatura pertencente à Rede Globo), a partir de 18/05/2010.

A série foi disponibilizada no Globoplay (plataforma streaming da Globo) em 04/03/2024.

Trilha sonora volume 1 (1998)

01. MULHER – Emílio Santiago (tema de abertura)
02. QUANDO É AMOR – Só Pra Contrariar
03. DESDE QUE O SAMBA É SAMBA – Beth Carvalho & Belô Veloso
04. MINHA E TUA – Martinho da Vila
05. AMOR E AMIZADE – Exaltasamba
06. FALA BAIXINHO – Maria Bethânia
07. PIRRAÇA QUE EU GOSTO – Terra Samba
08. OS PASSISTAS – Caetano Veloso
09. SAUDADE E SOLIDÃO – Negritude Jr.
10. ÉBANO – Luiz Melodia
11. SENHORA LIBERDADE – Carla Daniel
12. ALENTO – Paulinho da Viola
13. NÃO QUERO MAIS – Olívia Byinton
14. RETRATO A PIXINGUINHA – Jacob e seu Bandolim com Radamés Gnattali e Orquestra

Trilha sonora volume 2 (1999)

01. NOVAMENTE – Ney Matogrosso
02. INJURIADO – Chico Buarque
03. AQUELES OLHOS VERDES (AQUELLOS OJOS VERDES) – Milton Nascimento
04. SAMBA DO APPROACH – Zeca Baleiro
05. SOSSEGO – Sandra de Sá
06. CÓDIGO DE ACESSO – Zélia Duncan
07. MORO NO BRASIL – Farofa Carioca
08. SER, FAZER E ACONTECER – Gonzaguinha
09. QUANDO VOCÊ NÃO ESTÁ POR PERTO – Barão Vermelho
10. FALSO – Cláudio Lins
11. ALGO ME PEGOU (SOMETHING’S GOT ME) – Marina Lima
12. BUSY MAN – Carlinhos Brown
13. PSQUIATRA – Zé Renato
14. LÁGRIMAS E CHUVA – Verônica Sabino
15. MULHER – Emílio Santiago

Produção musical: Guilherme Dias Gomes
Direção musical: Mariozinho Rocha

Tema de abertura: MULHER – Emílio Santiago

Não sei
Que intensa magia
Teu corpo irradia
Que me deixa louco assim, mulher

Não sei
Teus olhos castanhos
Profundos estranhos
Que mistérios ocultarão, mulher
Não sei dizer…

Mulher
Só sei que sem alma
Roubaste-me a calma
E a teus pés eu fico a implorar
O teu amor tem um gosto amargo
E eu fico sempre a chorar nesta dor
Por teu amor, por teu amor
Mulher…

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