Sinopse

Um parque de diversões ambulante chega a Ouro Preto, Minas Gerais. Com ele, a alegre Patrícia, moça pobre e órfã, que vai trabalhar como copeira em uma pensão para estudantes, pois o parque só dá prejuízo. Frequentemente Patrícia consulta a astróloga Dona Carmem. Certo dia, Carmem se atrapalha com suas leituras e declara que Patrícia, de Aquário, vai conhecer um rapaz de Peixes que será o grande amor de sua vida, contradizendo o que dizem os astros: piscianos não combinam com aquarianos.

Em uma discussão, Patrícia é ajudada pelo estudante Renato, que a defende. Encantada, ela faz a pergunta crucial: qual o seu signo? Peixes! E começam as confusões, pois Aquário apaixona-se por Peixes, mas Peixes não quer saber de Aquário. Com a morte de seu pai, Renato parte de Ouro Preto porque seus tios César Leão e Sarita planejam se apoderar da perfumaria da família. E o parquinho também, parte em busca de melhores dias. Chegando ao Rio, Patrícia, apaixonada, começa a entrar na vida de Renato, que só a repudia.

Enquanto isso, Patrícia arranja um emprego de copeira na firma de um tio-avô de Renato, o Dr. Hipólito Peçanha, dono da holding da qual faz parte a perfumaria do rapaz. Em um encontro no elevador de serviço, Patrícia fica amiga de Hipólito sem saber que ele é o chefão. Ela até o apelida de Pepê e lhe conta as falcatruas que os familiares de Hipólito aprontam na empresa. Enquanto isso, Patrícia é escolhida para ser símbolo da campanha publicitária de uma nova linha de cosméticos e transforma-se em uma modelo famosa.

Renato continua insensível ao amor de Patrícia. A história encaminha-se para um desfecho quando Pepê finge-se de morto para observar o comportamento da família diante da suposta herança. Escondido no parquinho, ele assiste à luta feroz entre César Leão e Sarita. Convencido de que Renato é o bom caráter da família, Pepê resolve salvá-lo das garras de Verinha, a noiva que só está interessada no dinheiro dele. Contudo, o velhinho terá que enfrentar a rabugice da tutora de Patrícia, Tia Miquita, vendedora de maçã de amor.

Na hora do casamento de Renato e Verinha, Seu Pepê interfere e acaba levando o noivo para seu verdadeiro amor: em um avião alugado, voam para Salvador, onde Patrícia está posando, pois decidira sair do Rio para não presenciar o casamento do amado. E como ela está fotografando de vestido de noiva, e ele ainda está com o terno do casamento interrompido, os dois tornam-se marido e mulher na igreja de Santo Antônio da Barra.

Globo – 19h
de 19 de abril de 1971 a 25 de janeiro de 1972 (Rio)
de 19 de abril de 1971 a 22 de janeiro de 1972 (SP)
242 capítulos

novela de Vicente Sesso
direção de Fernando Torres e Régis Cardoso
supervisão de Daniel Filho

Novela anterior no horário
A Próxima Atração

Novela posterior
O Primeiro Amor

REGINA DUARTE – Patrícia
CLÁUDIO MARZO – Renato
SADI CABRAL – Pepê (Hipólito Peçanha)
CÉLIA BIAR – Tia Miquita
MÁRIO LAGO – César Leão
VANDA LACERDA – Sarita
MARIA CLÁUDIA – Verinha
MARCOS PAULO – Julinho
SUSANA VIEIRA – Nelita
PAULO PADILHA – Cerqueira
HELOÍSA HELENA – Carmem
PAULO GONÇALVES – Tibúrcio
RENATA FRONZI – Marianita
URBANO LÓES – Juanito
ELZA GOMES – Tia Zezé
ROBERTO PIRILO – Milton
REYNALDO GONZAGA – Glauco
PATRÍCIA BUENO – Kátia
ÊNIO CARVALHO – Sérgio
ÍRIS BRUZZI – Baby
JARDEL MELLO Tony
DORINHA DUVAL – Maura
SUZANA GONÇALVES – Lúcia
RACHEL MARTINS Dona Rosina
JUAN DANIEL – Pepe
CARMEM SILVA – Dona Nina
NORAH FONTES – Dona Anita
CARMINHA BRANDÃO – Dona Mirtes
MARIA CRISTINA NUNES – Regina
THAIA PEREZ – Sônia
ELISABETH GASPER – Marly
YARA CORTES – Madame Jordão
PAULO GAMA – Dr. Calmon
ÉRIKO DE FREITAS – Pedro
FRANCISCO DANTAS – Seu José
SÔNIA DUTRA – Lulu Marcondes
NELSON RAUEN – Sandro
NELSON MARIANI – Vicente
CARLOS GILL – Silvio
UBIRATAN MARTINS – Caio

o menino HERIVELTO MARTINS FILHO – Márcio

e
DANIEL FILHO – Carlos
GRACINDA FREIRE – dona da pensão
LÉA GARCIA – cozinheira da pensão
SÉRGIO MANSUR – estudante
SOLIMAR RODRIGUES – estudante

Namoradinha do Brasil

O gênero “água-com-açúcar” teve aqui o seu maior expoente. Minha Doce Namorada foi um sucesso e popularizou Regina Duarte como a “namoradinha do Brasil”. Atribui-se o apelido às personagens cândidas e românticas que a atriz interpretou entre os anos de 1960 e início dos 70, sendo o auge a sua atuação em Minha Doce Namorada.

Porém, na realidade, o título não surgiu nessa época. Em depoimento ao projeto Memória Globo, Regina afirmou que só depois passou a ser chamada de “namoradinha do Brasil”, quando já havia decidido dar um rumo diferente à sua carreira, de forma a se afastar da imagem de mocinha romântica e sofredora.

Foi em 1975, em uma entrevista às “páginas amarelas” da revista Veja, por ocasião da peça “Réveillon”, em que viveu uma prostituta. O título da reportagem era “A Ex-Namoradinha do Brasil”:
“O título da novela [‘Minha Doce Namorada’] veio a inspirar a imprensa, anos depois, a me chamar de ‘namoradinha do Brasil’ (…) Mas já como ‘ex’ porque eu já estava rompendo com essa imagem”, disse a atriz.

Às pressas

O autor Vicente Sesso teve de preparar a novela às pressas. A atração que cumpriria o próximo horário das 19 horas tornara-se inviável e a emissora precisava de um novo texto. O autor nem apresentou um script completo, mal escrevera os primeiros capítulos e já começaram as gravações. Assim, em menos de vinte dias, estava esboçada Minha Doce Namorada.

Sesso inspirou-se em textos que escrevera anteriormente e escolheu como eixo uma história infantojuvenil já apresentada no Teatro de Fantasia, exibida no início da década de 1950 pela TV Record de São Paulo.

O autor encontrou uma dificuldade: a trama se passava em Ouro Preto, mas devido aos custos, a Globo só poderia gravar alguns capítulos na cidade. Era preciso fazer com que os personagens se mudassem para o Rio de Janeiro. Sesso chegou a pensar em um circo, mas acabou optando por um parque de diversões que, oportunamente, iria de Ouro Preto para o Rio.

As principais cenas foram gravadas em um parque de diversões à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.

Elenco

Regina Duarte e Cláudio Marzo, que estavam no ar em Irmãos Coragem, saíram dessa novela antes de seu fim para começar as gravações de Minha Doce Namorada.

Regina Duarte dividiu o prestígio com os atores Sadi Cabral e Célia Biar, que interpretaram o bondoso Seu Pepê e a rabugenta Tia Miquita, vendedora de maçã do amor.

No elenco, a presença de Herivelto Martins Filho (então com 10 anos de idade), filho do compositor e músico Herivelto Martins com Lourdes Torelly, irmão da atriz Yaçanã Martins. Herivelto atuou ainda nas duas novelas seguintes do horário das sete: O Primeiro Amor e Uma Rosa com Amor, entre 1972 e 1973.

Estreia da atriz Patrícia Bueno em novelas. Também a primeira novela na TV Globo dos atores Roberto Pirilo, Yara Côrtes e Suzana Gonçalves (irmã de Susana Vieira).

Desentendimento com diretor

O diretor Fernando Torres não ficou até o fim e acabou substituído por Régis Cardoso. De acordo com Régis, em seu livro “No Princípio Era o Som”, Vicente Sesso havia barrado seu nome para dirigir Minha Doce Namorada após desentendimentos entre eles na novela anterior do autor, Pigmalião 70.

Foi quando Daniel Filho, diretor artístico da emissora na época, sugeriu o nome do ator Fernando Torres para dirigir Minha Doce Namorada.
“Achamos que com um ator-diretor conseguiríamos melhor resultado de interpretação”, disse Daniel no livro “Antes que me Esqueçam”.

Devido aos problemas com Fernando, Daniel o afastou e chamou Régis Cardoso, que finalizou a novela, mesmo a contragosto de Vicente Sesso.

Perrengues

Daniel Filho narrou, ainda no livro “Antes que me Esqueçam”, os perrengues na gravação em meio a uma procissão da Semana Santa, em Ouro Preto:
“As primeiras cenas seriam gravadas em Ouro Preto, onde filmaríamos a tradicional procissão da Semana Santa. Propus ao Fernando Torres que, quando a procissão passasse, colocássemos a Regina Duarte e o Cláudio Marzo no meio do povo, usando aquele espetáculo lindo na novela. Quando a procissão foi se aproximando, para variar, estava tudo pronto, menos a câmera. (…) Fernando Torres estava nervoso, e tanto empurrou a Regina para o meio da procissão que ela acabou nas costas do padre. O padre quando percebeu o que estava acontecendo, parou a procissão e deu a maior bronca. Cláudio Marzo saiu de fininho e nós viramos a câmera para o outro lado, deixando a pobre namoradinha ouvindo cobras e lagartos do padre de Ouro Preto, que, aliás, era conhecidíssimo por seus sermões inflamados.”

Vicente Sesso se viu obrigado a contornar a saída momentânea de Mário Lago, o vilão da história. Com pouco mais de um mês no ar, o ator sofreu um infarto, desfalcando todo um esquema planejado pelo novelista. Sesso não teve dúvida e inventou também um infarto para o vilão César Leão, afastando ator e personagem da trama. Com autorização médica, Mário gravou uma cena no hospital explicando o motivo pelo qual o personagem desapareceria durante alguns capítulos. A atriz Vanda Lacerda, que interpretava sua esposa na novela, Sarita, ganhou mais destaque e assumiu a função de vilã. (“Biografia da Televisão Brasileira”, Flávio Ricco e José Armando Vannucci)

Em seu livro “No Princípio Era o Som”, o diretor Régis Cardoso descreveu um acidente de carro ocorrido com Vanda Lacerda durante uma gravação:
“Num cruzamento em Ipanema, Vanda (…) chocou-se violentamente com um outro que vinha em sentido contrário. Vanda quebrou a clavícula e teve que aparecer a novela inteira em close (só o seu rosto) porque ela fazia uma mulher rica, tinha muita importância na novela e não podia ser afastada. Vanda, como merecia, foi carregada no colo durante toda a novela.”

Trilha sonora

Em 2006, a Som Livre relançou a trilha sonora de Minha Doce Namorada, em CD, na coleção “Master Trilhas”, 26 trilhas nacionais de novelas e séries da década de 1970 nunca lançadas em CD.

E mais

Lamentavelmente não existem mais imagens dessa novela. A hipótese mais provável é que as fitas tenham-se perdido em um dos incêndios que ocorreram na TV Globo: em 1971 (enquanto a novela estava sendo gravada, no qual alguns de seus cenários e figurinos foram atingidos) ou em 1976.

01. O QUE É QUE HOUVE – O Som Livre (tema de Renato)
02. DEZ PRAS SEIS – Nonato Buzar (tema de Patrícia)
03. VOCÊ ABUSOU – Maria Creuza (tema de Verinha)
04. VESPER – Jacks Wu (tema de Patrícia e Renato)
05. RELAX – Ilka Soares (tema da família de Renato)
06. TUDO MUITO AZUL – Ângela Valle (tema de Patrícia)
07. MINHA DOCE NAMORADA – Eduardo Conde (tema de abertura)
08. INSTANTÂNEO – Luiz Carlos (tema do parque de diversões)
09. MINHA DOCE NAMORADA – Orquestrada
10. SEX APPEAL – Marília Pêra (tema da agência de modelos)
11. CASA BRANCA – Jorge Nery (tema de Pepê)
12. GAROTA DE AQUARIUS – Betinho (tema de Patrícia)
13. VESPER – Violao (tema de Patrícia e Renato)
14. TIA MIQUITA – Marilia Barbosa (tema de Tia Miquita)

Sonoplastia: Roberto Rosemberg
Coordenação geral: João Araújo
Produção musical: Nonato Buzar
Arranjos: Dori Caymmi, Ivan Paulo, Lyrio Panicali, Roberto Menescal, Paulo Machado e Raymundo Bittencourt

Ainda
THELICIA – Illustration

Tema de abertura: MINHA DOCE NAMORADA – Eduardo Conde

Hoje não sei mais quem sou
Eu só sei de você
Eu só sei dessas ruas de sol
Clareando o seu rosto em riso
Quero você
Mais que tudo que eu possa querer
Eu só quero saber que você
Está rindo, está perto, amiga
Hoje e amanhã, nessas ruas sem tempo
Nas claras manhãs de um verão que eu sonhei
Sem começo e sem fim
Sempre
Seja onde for
Seja tempo de riso ou de dor
Ao teu lado será
Como um dia de sol…

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