Sinopse

Em uma vila do bairro do Bixiga, em São Paulo, tradicional reduto de imigrantes italianos, mora Nino, o amigo de todos. O rapaz tinha quinze anos quando chegou ao Brasil em companhia de um tio, Ângelo. Com muito trabalho, Nino tornou-se dono de uma mercearia.

Alegre, simples e de bom coração, Nino não consegue conquistar o amor da ambiciosa Natália, sua vizinha, também pobre, que está tentando se aproximar de Renato, seu milionário patrão. Ele é dono de uma joalheria e filho de Dona Virgínia, proprietária das casas da vila, completamente contra o envolvimento do filho com uma funcionária.

Enquanto Nino sofre por Natália, Bianca sofre de amores por Nino. Ela é uma jovem meiga, tímida, não muito bonita e que, ainda por cima, tem um defeito na perna que a faz mancar. Apaixonada por Nino, Bianca vive seu ciúme em silêncio, até que ele vê despertar em si o verdadeiro amor em relação a ela.

Em torno desse drama sentimental, os outros moradores da vila vivem suas pequenas batalhas do dia a dia. Como Dona Santa, viúva, mãe de três filhos homens, o protótipo da mamma italiana: abnegada, trabalhadora, expansiva e superprotetora. A ela recorrem todos os vizinhos em caso de dificuldade. E foi justamente Dona Santa quem acabou aproximando Nino de Bianca, fazendo-o esquecer de Natália.

Tupi – 19h
de 1º de maio de 1969
a 5 de julho de 1970
304 capítulos

novela de Geraldo Vietri e Walther Negrão
direção de Geraldo Vietri

Novela anterior no horário
Antônio Maria

Novela posterior
Simplesmente Maria

JUCA DE OLIVEIRA – Nino
ARACY BALABANIAN – Bianca
BIBI VOGEL – Nathália
WILSON FRAGOSO – Renato
MYRIAN MUNIZ – Dona Santa
DINA LISBOA – Dona Virgínia
ELIZABETH HARTMANN – Cláudia
ELIAS GLEIZER – Donato
ETTY FRASER – Adelaide
DIRCE MIGLIACCIO – Dona Nena
LÚCIA MELLO – Leonor
MARCOS PLONKA – Max Blinder
GRAÇA MELLO – Vicente
MARISA SANCHES – Júlia
GUY LOUP – Norma
DENIS CARVALHO – Julinho
PAULO FIGUEIREDO – Vítor
TONY RAMOS – Rubinho
GIAN CARLO – Franco
ANNAMARIA DIAS – Elza
UCCIO GAETA – Ângelo
OLÍVIA CAMARGO – Aurora
FELIPE LEVY – Felipe
MARINA FREIRE – Luísa
XISTO GUZZI – Pedro
LORIVAL PARIZ – Dr. Eugênio
JOSÉ BUCK – Gerson
GIANETE FRANCO – Neuzinha
FLAMÍNEO FÁVERO – Chiquinho
BETH CARUSO – Silvia
ÁUREA CAMPOS – Antônia
LUCIANO GREGORY – Botelho
TEREZA SANTOS – Beatriz
HÉRCIO MACHADO – Carlito
GENÉSIO ALMEIDA JR. – Eduardinho
CHICO MARTINS
ADOLFINA P. SILVA
OSWALDO CAMPOZANA
RENATO JORGE
LEIRY MARIA FRANCO
LINO BRAGA
ANTÔNIO LEITE
JUDITH DA SILVA BRITO
GUALBERTO CURADO
FÁBIO TOMASINI

e
ANA ROSA – Valéria
NÉA SIMÕES – Catarina
LIANA DUVAL

Neorrealismo na televisão

Depois do sucesso de Antônio Maria, escrita, dirigida e produzida por Geraldo Vietri, a TV Tupi repetia a dose junto a outra colônia paulista de imigrantes: sai o protagonista português, entra o italiano.

Nino, o Italianinho foi uma novela representante do Neorrealismo na televisão. (*)
Uma história simples que ficou mais de um ano no ar, mas graças ao talento do elenco garantiu a audiência em todos os seus momentos.

Foi a primeira telenovela brasileira exportada: o seu texto foi comercializado com países da América Latina e apresentado em produção hispano-americana, inclusive, nos Estados Unidos. (*)

Inspirações

Geraldo Vietri, filho de imigrantes, foi buscar na infância, vivida na Mooca, bairro italiano de São Paulo, inspiração para compor Nino, o Italianinho. Recordações contadas pela família ajudaram-no a montar uma vila típica e, baseado na história de sua avó, criou uma das personagens mais fortes da novela, Dona Santa, interpretada por Myrian Muniz.

O autor revelou em entrevista à revista Intervalo:
“Nino lembra muito meu pai. Morávamos numa vila e sua maior preocupação era a união das famílias da vizinhança.”
Vietri era adolescente quando o pai morreu e o personagem viveu muito tempo em sua cabeça até que surgisse a oportunidade de inclui-lo em uma de suas histórias. (**)

Elenco

Os destaques foram inúmeros. Transformou Juca de Oliveira em cartaz número um na TV e lançou a atriz Bibi Vogel. (*)

Por sua atuação na novela, Juca de Oliveira foi premiado com o Troféu Imprensa de melhor ator de 1969. Geraldo Vietri e Walther Negrão levaram o prêmio de melhores novelistas e Myrian Muniz, o de revelação feminina na televisão.

A novela deu margens a interpretações inesquecíveis: Dina Lisboa mostrou pela primeira vez como se representava uma grã-fina na TV.

Aracy Balabanian fez sucesso apresentando-se como uma antiestrela, a mocinha manca desprovida de beleza. Vietri fez uma campanha a favor dos paraplégicos dentro da novela, por meio da personagem Bianca, que tinha um problema na perna que a fazia mancar.

Foi a primeira novela a criar tipos especiais para seus personagens: a fofoqueira Dona Nena (Dirce Migliaccio), a solteirona Leonor (Lúcia Mello), o turco Max (Marcos Plonka), a mulher desagradável Júlia (Marisa Sanches), o marido paciente Vicente (Graça Mello). Contudo, ninguém foi mais perfeita que Myrian Muniz como Santa, a melhor interpretação. (*)

Tony Ramos e sua mulher, Lidiane, se casaram durante Nino, o Italianinho. Geraldo Vietri e Aracy Balabanian foram os padrinhos de Tony. Apesar da festa, Vietri não deu folga e houve gravação no dia do casamento. O presente de Vietri para o casal foi uma geladeira. (**)

Em uma participação, a atriz Néa Simões viveu a mesma personagem (Catarina) que havia interpretado na novela anterior no horário, Antônio Maria, do mesmo autor. Catarina, de Antônio Maria, reaparece em Nino, o Italianinho para procurar Dona Nena (Dirce Migliaccio), moradora da vila de Nino.

Contratempos

Para Vietri, o começo das gravações de Nino, o Italianinho foi muito cansativo, pois cerca de trinta capítulos da novela tiveram de ser gravados simultaneamente com os últimos capítulos de Antônio Maria, a novela antecessora da qual também era autor e diretor.

Exibida por mais de um ano, a produção de Nino teve de enfrentar muitos contratempos, principalmente quando uma fase de doenças abateu muitos de seus atores. Alguns casos foram incorporados à trama, outros não.

Marcos Plonka sofreu um acidente em pleno estúdio, quando foi ao chão depois de tropeçar em um cabo de câmera, e sofreu uma fratura grave no pé. A perna quebrada do ator foi incorporada ao personagem e Plonka chegou a gravar cenas no hospital. O ator ouviu de Vietri:
“Essa tua perna quebrada foi ótimo pra mim e me rendeu vários capítulos!”

Na onda de baixas, Geraldo Vietri também foi hospitalizado. O ritmo estressante de trabalho abalava sua saúde frágil e muitas vezes ia parar no hospital, de onde ditava as cenas da novela para seus assessores. (**)

Reação do público

No início da novela, Nino era açougueiro. Porém, o público rejeitou o cenário com sangue. Os autores tiveram então de transformar o açougue em mercearia.
“Rejeitaram a carne, o fato de ele lidar com sangue, com gado”, disse Walther Negrão, que escreveu a novela com Geraldo Vietri. (livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, Projeto Memória Globo)

Em um determinado ponto da trama, os moradores da vila pobre eram despejados, sem ter para onde ir. Na vida real, o prefeito de uma cidadezinha do interior do país ofereceu infra-estrutura, terrenos e casas para os personagens da novela irem morar. (“Almanaque da TV”, Bia Braune e Rixa)

Exibição

Com 304 capítulos exibidos em um ano e dois meses, Nino, o Italianinho é a terceira novela mais longa da TV Tupi, perdendo apenas para O Machão (1974-1975), com 371 capítulos, e Simplesmente Maria (1970-1971), com 315 capítulos. No ranking geral de todas as emissoras, a novela ocupa a décima quarta posição na Teledramaturgia nacional.

A novela foi reprisada assim que terminou sua apresentação original.

(*) “Memória da Telenovela Brasileira”, Ismael Fernades.
(**) “Geraldo Vietri, Disciplina é Liberdade”, Vilmar Ledesma.

01. A ÚLTIMA PALAVRA (LA ULTIMA PAROLA) – Juca de Oliveira
02. VIVREMO L’AMORE – Gian Carlo
03. OS PENSAMENTOS TEUS (THE WINDMILLS OF YOUR MIND) – Wilson Fragoso
04. CASACO MARRON – Olívia Camargo
05. UN BACCIO – Uccio Gaeta
06. CANÇÃO PARA O NOSSO AMOR – Benito Di Paula
07. NINO – Benito Di Paula
08. TEMA DE BRANCA (GIA’S THEME) – Aracy Balabanian
09. O DIA EM QUE EU CHEGAR (FIRST OF MAY) – Paulo Figueiredo
10. A FLOR QUE O TEMPO GUARDOU – Sérgio Luiz
11. O SONHO IMPOSSÍVEL (THE IMPOSSIBLE DREAM) – Denis Carvalho
12. ÁRIA DE ESPERANÇA – Graça Mello

Sonoplastia e coordenação de produção musical: Salathiel Coelho

Ainda
EU AMO TANTO, TANTO – João Luiz

Trilha sonora complementar

01. MATTINO – Albano
02. MUSICA – Albano
03. IO PER AMORE – Pino Donaggio
04. GIANNI – Pino Donaggio

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